Bella POV

“Será que eles já pararam de nos espionar?” Rose perguntou, espiando pela janela. Só se via o gramado do pátio e a piscina, agora, vazia.

“Depois do banho do Jasper...” Alice, riu.

“Bem feito!” Completei, meio indignada. “Ficar nos espiando foi ridículo!”

“Eu achei bem bonitinho, na verdade.” Ali comentou, sorrindo.

“Você me dá nojo!” Rose disse, a olhando com uma careta. “E se tivéssemos dito outras coisas?”

“Eles deveriam confiar na gente, Alice!” completei.

“Nós não escutamos o que eles dizem! Nem ficamos sabendo o que eles fazem por aí.” Acrescentou Rosalie.

“Eles nos contam tudo!” Alice defendeu.

“Não contam, não.” Cortei. “Na realidade, não contam quase nada. Vocês acham que eles são tão bonzinhos e engraçadinhos quanto parecem?”

“Óbvio que não!” Rose respondeu, mesmo sendo uma pergunta retórica. “Temos que dar o troco.”

“Eles já se afogaram... E já foram embora. Já estão arrependidos.” Alice defendeu. Chaaata!

“Ai, Alice, vai dizer que você não sente curiosidade?” perguntou Rose.

“Eu não sinto curiosidade.” Ela disse, firme.

“Ah, não sente?” perguntei, sorrindo torto.

(...)

Edward POV

“Isso é uma idéia estúpida... Não, estúpida, não: idiota.” Disse, indignado. “Vocês perderam o juízo?”

“Não!” disseram em uníssono, eu só sabia quem era quem porque Emmett era três vezes o tamanho de Jasper.

Eles tiveram a idéia genial de se enfiar em roupas de ninja, pretas e coladas e ainda pra deixá-las mais bonitas, uma beleza de máscara da mesma cor.

“Onde você disse mesmo que conseguiu essa roupa, Jazz?” Emmett perguntou, desconfiado.

Outro fator que me fazia poder diferenciá-los: A roupa de Emmett havia ficado muito curta. Sua barriga estava toda de fora, a blusa havia se tornado um top e a calça era supercolada , apertada e aquilo era realmente ridículo. Se eu estivesse usando aquilo, tentaria me matar.  E eu não sou vaidoso...

“Você não vai querer saber...” o outro comentou.

Emmett fez uma careta desgostosa, mas nada disse.

“E então?” Jazz começou. “Vamos entrar ou não, seus viados?”

“Viado é o caralho!” Emmett se irritou. Eu olhei pra sua roupinha e sacudi a cabeça.

“Não tem outro jeito mesmo.” Deu de ombros.

Nos dirigimos rapidamente da casinha da piscina até a porta dos fundos da casa, ela estava destrancada.

“Jasper, só uma dúvida:” eu perguntei, bem irritado. “Porque nós tentamos ouvir pela janela se a porra da porta dos fundos estava aberta?”  

“Porque era mais emocionante.” Ele disse, na minha frente.

Eu ia pular no imbecil do loiro, mas Emmett me segurou. “Não vale a pena.” Ele disse, igualmente irritado.  É, deve ser porque cair dentro de uma piscina e agüentar dois marmanjos em cima de você não são lá uma das sete coisas que eu gostaria de fazer na vida...

Adentramos na cozinha da casa, tudo estava escuro, com exceção da penumbra da lua nas janelas,  tomamos cuidado pra não batermos em nada enquanto passávamos pro corredor da casa que ligava a cozinha a sala, ao escritório e ao banheiro do térreo.

“Vamos nos separar...” Jasper disse, sorrindo maroto. “Eu subo, Emmett e você ficam aqui.”

“Por que você sobe?” Emm perguntou, chateado.

“Porque eu sou o dono da casa.”

“Nem pensar! Ou todos ou nenhum” bati o pé. “Já passamos por muitas coisas essa noite, engraçadinho. Vamos todos!”

Jasper me olhou contrariado. Ele estava com vergonha do que elas disseram dele, é óbvio.

Subimos as escadas tentando não fazer barulho algum, entretanto, Emmett tropeçou no último degrau da escada, fazendo um barulho enorme abafado por o volume alto do rádio dali.

Nos aproximamos da porta depois de um olhar feio pro grandão.

Não conseguíamos ouvir nada por causa do barulho. Óbvio!

“Viu?!” me irritei. “Foi perda de tempo vir aqui! Não escutamos nada! E estamos vestidos de palhaços!”

Jasper me ignorou, colando ainda mais o ouvido na porta. “Você não entendeu, seu imbecil?” Emmett se irritou agora. “Não podemos ouvi-las!”

“Caralho!” Jasper sobressaltou-se, dando um pulo pra trás. “Elas estão vindo! Corram!”

“Como...?” eu não entendi. A maçaneta da porta começou a se mexer e eu então percebi. “Eu estou fodido.” Sussurrei, vendo que os dois patetas já havia desaparecido.

Eu corri escada abaixo quase que imediatamente, sem ver nem sinal dos dois garotos. Droga, droga, droga!

Me escondi na cozinha, atrás da porta mais precisamente, encolhido naquele pequeno espaço entre uma porta pesada de madeira e um armário branco aéreo. E daí eu soube exatamente porque eu não costumava brincar de esconder: eu era péssimo na escolha dos lugares!

Ouvi o arrastar de pantufas invadir o lugar, quem quer que fosse não sabia caminhar. Eu não conseguia enxergar absolutamente nada de onde estava, mas ouvi a voz feminina xingar alguma coisa depois de mexer em louças.

“Cacete.” É, bem desbocada também. Com toda certeza é a Rosalie.  “quando eu tenho que secar tem copos, sempre tem copos, um milhão de copos, mas quando eu preciso onde estão? É, isso aí loura, passa trabalho, passa...”

Sua voz ia ficando cada vez mais próxima e eu já estava apavorado.  Eu não costumava ser azarado, sempre tiver sorte em tudo na vida, mas depois que Bella apareceu ela sumiu!

E havia evaporado agora.

“AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!” a loira berrou quando me viu atrás da porta.

“AHHHH” eu berrei igualmente assustado.

“UM LADRÃO, UM LADRÃO!” ela berrou.

Eu esbarrei nela e corri pra sala, a música no andar superior havia sido desligada e era questão de minutos até elas estarem aqui. Fui até a porta, mas ela estava trancada.

“Droga!” resmunguei, furioso.

Emmett e Jasper, aqueles filhos da puta... Era só o que passava na minha cabeça. Tentei refazer meu caminho, indo até a cozinha.

“LADRÃÃÃO! VÂNDAAALO! VÂNDAALO!” Alice berrou no topo da escada, descendo a toda na minha direção. Bella estava parada lá em cima, mais branca que papel, mas nada disso me assustou mais do que a loira com a cabeça enfaixada na minha frente.

Eu nem tive tempo de dizer nada. Quando eu olhei pra seu rosto, pra expressão assassina em seu rosto e pro taco em sua mão, já era tarde.

Ela acertou aquilo na minha cabeça ao mesmo tempo que eu ouvi um grito abafado de Alice e pensei em quantos pontos eu tiraria dela por isso... Loura filha duma puta, vai pra conselho de classe!

Bella POV

“Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Oh, meu Deus!” exclamei, em pânico. “Você matou ele! Você o matou! Matou!”

“Não, foi só uma pancadinha...”

“Ah, droga! Sua assassina!” outros dois fantasiados vieram correndo pra cá, tirando as máscaras. Jasper e Emmett....Então, aquele ali, desmaiado, era Edward.

“Oh, meu Deus! Oh, meu Deus! Oh, meu Deus!!” eu berrei, novamente, me abaixando até onde ele estava. “Você matou Edward! O matou! Matoou!”

“Oh, meu Deus!” ela expressou uma reação, finalmente. “Eu vou repetir de ano!”

“SUA LOUCA! VOCÊ O MATOU E SE PREOCUPA EM REPETIR?” Jasper perguntou, bravo.

“Foi culpa suua!” Alice apontou. “Quem mandou invadir a minha casa?”

“Essa casa é minha, porra!” ele berrou.

“É! É dele, caralho!’ Emmett berrou.

“Não briguem com ela!” Rose gritou, mais alto. Minha cabeça latejava.

“CALEM A BOCA!” berrei, arrancando a máscara de Edward. “Tragam álcool, seus incompetentes!”

O álcool praticamente se materializou na minha frente, Edward acordou zonzo. Imediatamente levou uma mão na cabeça, resmungando de dor quando ela atingiu seu galo. Um enorme galo.

“Você está bem?” perguntei, preocupada.

“Se eu estou bem? Vocês quase me mataram com esse cassetete! Vocês têm algum problema mental? É isso?” exclamou, furioso.

“Ei!” me irritei. “Vocês são retardados! Nada disso teria acontecido se vocês não tivessem inventado de invadir nossa reunião! É um bem feito!”

“E nada disso teria acontecido se vocês não a tivessem feito!” Emmett se intrometeu. Eu espumei de raiva.

“Você é um idiota! Eu disse que era pra ser uma noite de meninas! Quem manda vocês serem curiosos?” Alice exclamou, furiosa.

“Quem manda?” Edward exclamou. “Vocês praticamente pediram pra nós a invadirmos!”

“POR QUE VOCÊS SÓ NÃO FIZERAM UMA OUTRA REUNIÃO, PORRA?” Rosalie disse, furiosa. “Era tão mais fácil, seus idiotas!”

“Não grite comigo!” Jasper disse, furioso.

“E é isso aí!” Emmett disse, indignado. “Vamos fazer nossa própria reunião!’

“É!” Jasper concordou.

“Vais ser na casa de Edward!”

“É!” Edward concordou. “Epa...” se alarmou.

“E beberemos até cair!”  completou o grandão.

“É!” os outros acrescentaram vagamente.

“Vamos lá!” e viraram e saíram porta a fora.

Nós ficamos trinta segundos em silêncio, tempo de ouvir o volvo de Edward arrancar e sair cantando pneu pela rua vazia de Forks.

Nós nos entreolhamos. “Eles vão mesmo fazer uma reunião?” Rose perguntou, aérea.

“E irão falar da gente?” Alice quis saber.

“Droga! Droga! Droga! Peguem o carro! Peguem o carro!” eu disse, indignada. Nem trocamos os pijamas, Alice foi com o pijama rosa pink e o robe da mesma cor, eu fui com o baby doll de blusa bata cor de rosa e short preto colado e Rose foi com a camisola curtíssima.

É, meu amigo, nós somos fashions invasoras!

Chegamos em cinco minutos no prédio de Edward e nem nos preocupamos em bater. Invadimos mesmo!

Eles estavam com cara de idiotas, com garrafas de cerveja na mão e aparentemente, vendo algum jogo idiota na TV.

“Hei!’ Edward reclamou do nosso surto.

“Ah, cala boca!” Rose disse, sentando no colo de Emmett e dando um beijo demorado no grandão. Alice nem pestanejou em puxar Jazz pelo colarinho e beijá-lo vorazmente.

“Isso tudo é saudade?” perguntei meio chocada.

Edward sorriu de mim e ofereceu uma garrafa de cerveja pra minha rica pessoa. “Faz bem.” Comentei.

“Tem coisas que fazem melhor...” ele provocou.

“Tipo?” quis saber, distraída. Tentando inutilmente abrir a tampa daquela porcaria. Edward revirou os olhos e pegou a garrafa de minha mão, contornando os casais e me puxando pra cozinha.

Ele impulsionou a garrafa pra baixo, fazendo sua tampa bater contra o balcão do meio da peça e a tampa saltar perfeitamente em espiral pra cima.

Antes de ele me entregar a garrafa ele pressionou meu corpo entre o balcão e seu lindos músculos do peito, pondo sua mão no móvel na altura de minha cintura.

Ele me olhou nos olhos e falaria algo, mas eu coloquei as mãos ao redor de seu pescoço e busquei sua boca com a minha. Eu o senti sorrir por entre meus lábios, antes de mordicá-los e deixar sua língua enroscar com a minha delicadamente.

Sua mão foi pra minha nuca e ela estava levemente úmida, ela deveria ser a da garrafa, pensei, desligada.

Ele puxou meus cabelos da nuca, me prendendo ainda mais contra si. Seu quadril encaixado no meu de forma maldosa. Ele estava me causando sensações terrivelmente intensas. Sua mão estava em minha cintura me puxando pra ainda mais perto.

As minhas mãos foram pro seu cabelo e a essa altura eu nem lembrava meu nome, ou o que eu vim fazer aqui.

“Porra!” James, inconveniente exclamou da porta da cozinha. Estava com uma calça de moletom e cara de sono. “Às quatro da madrugada, o cara nem água pode vir tomar! Tem um casal se comendo na cozinha! Comida! Não carne humana...” ele disse, muito aleatório. Bem grogue de sono.

Eu sorri e ele saiu. Indo à direção da sala. “O que? Até aqui? EDWWAAARD!!” berrou indignado.

Eu ri e peguei a cerveja da mão de Eddie gatinho, rindo. “Eu também acho que existem coisas melhores...” comentei, empinando a garrafa levemente.

Ele sorriu torto, me empurrando contra o balcão novamente. Ai, meu Deus! Hormônios, por favor, acalmem-se!

*

TicTac. TicTac. TicTac.

Tanya já estava me irritando com o barulho de sua caneta. Essa era uma das poucas aulas que eu tinha com ela e com sua mania

insuportável de “Sou melhor que você em tudo.”

Sim. Ontem era domingo. E sim, nós bebemos. Muito. Nós realmente bebemos muito...O quanto eu não posso dizer, eu não poderia dizer minha idade se eu perguntasse.  Eu gargalhei. Como que eu perguntaria pra mim mesma?

“Oi, tudo bem, Bella?” eu imitei minha voz, a engrossando. “Tudo, tudo sim, Bella! E contigo? Tudo bem, tudo bem! Somos a mesma pessoa!”

Eu ri baixinho, sonolenta. Eu estava fazendo a prova de cálculo na habitual sala da Mrs. Morsa. Não, o sobrenome dela não era esse... Mas talvez tenha sido assim que eu a chamei quando entrei aqui... Bêbada.

Sim, eu estou fazendo a prova de matemática bêbada. Eu preciso me concentrar.

Eu olhava pra aquela prova tentando me focar, mas eu não via nada... Como assim “m²”? Quem colocaria m²? É burrice!

M vezes M?M Após um número é o que? Idiooooota!

Hm... Não! Que é isso? Um cubo? Pra que eu vou querer saber calcular a área de um cubo... Ai, droga! Isso não está ajudaaando!

Passeia as mãos nos olhos, desesperadamente.

Agora não era só o incômodo causado pela caneta de Tanya, agora todo tictac que ela fazia era uma facada em meu cérebro.

Pressionei meu indicador e meu dedo médio na minha cabeça, tentando arranjar uma solução rápida de pensar bêbada.

Mrs. Morsa foi até a porta e a abriu, deixando um Edward tonto, com óculos escuros passar por ela.

“Gente, o professor Edward vai cuidar um minutinho a prova de vocês, enquanto eu sair dar uma saidinha.”

Ah, que mágico. Eu não sei se fico feliz por vê-lo, ou apavorada. Ele é um Diabo de professor, com ele eu não posso colar.

E se eu levantar minha saia? Quem sabe ele se distrai...

Eles sentou na mesa do professor com cara de poucos amigos, se ele não tivesse tirado o óculos eu poderia jurar que ele estava dormindo.

O tictac da caneta da loira continuou e James, que estava bem irritado por algum motivo, reclamou: “Para, droga!” reclamou.

“Silêncio!” Edward rosnou. Na realidade não sei se ele rosnou, sua voz estava muito rouca.

“Silêncio...” o outro arrmedou, baixinho. Eu sabia que Edward estava ouvindo. “Silêncio... Ps!  A gente roda nessa porra de colégio por dormir mal e ninguém sabe porque!”

Ele me mandou um olhar levemente debochado. Eu até riria pra ele, mas um alarme estridente machucou meus ouvidos demais. Um grito terrível veio do corredor e uma várzea começou lá fora.

“Atenção! Todos pra fora! Isso não é uma simulação! Corredor norte!” era o alarme de incêndio. A voz metálica estava avisando.

A turma inteira sobressaltou e, meio perdidos e desesperados, começaram a correr pro corredor.

“Calma! Mantenham a calma!” Edward rapidamente se antenou.

Minha ressaca passou, minha dor de cabeça sumiu. Larguei minhas coisas automaticamente apavorada e preocupada com as minhas amigas.

“Agora! Vai, Bella!” ele berrou, me empurrando pro corredor.

Completamente perdida eu corri até a saída, tentando encontrar em meio aquele alvoroço de gente Rose e Alice. Eu precisava desesperadamente saber que elas estavam bem.

Eu podia ouvir as garotas da classe gritando e os professores nos portões da escola tentando manter a calma, a fumaça estava por toda parte e eu me sentia sufocada. Quando a luz finalmente me acolheu eu suspirei o ar puro aliviada.

Os bombeiros não haviam chegado ainda e eu via uma janela do segundo andar soltando fumaça pra todo lado, acontece, que a janela do segundo andar era a sala de Edward.

Eu olhei chocada pra aquilo e reparei que mais uma sala estava soltando fumaça.

“BELLA!” Rosalie gritou, correndo pra me abraçar. Ela e Alice estavam junto comigo agora.

“É o último aluno!’ Berrou o diretor da porta. “Por favor! Vocês sentem a falta de alguém?”

Eu olhei desesperada pros lados: Edward.

Eu abandonei as duas e corri até o diretor. “Edward!” exclamei exasperada. “Edward está aí dentro!”

“O que?” perguntou, confuso.

“O professor Edward não saiu!” eu berrei.

“Ok, espere...” eu não ouvi mais, eu já havia entrado.

A fumaça me acolheu do mesmo jeito que a luz do sol e o ar fresco havia feito comigo alguns segundos atrás, a única diferença era que esse ar não significava vida: era exatamente o oposto.