"Er... Então ela está viva, né?" eu sorri, amarelo.

Edward sorriu e revirou os olhos. Não era o mesmo sorriso que ele havia dado pra Victória, nem de longe era o mesmo. Eu me senti estranhamente desanimada e acabei suspirando. As lágrimas brincavam em meus olhos. Eu iria chorar a qualquer momento, ele havia me descoberto!

Agora ele vai achar que eu sou uma idiota, uma criança, que não passo de uma aluna idiota... Ai. Só pode ser TPM.

Eu abri meus braços e joguei Toot no chão. Ela caiu com um baque surdo e eu baixei meu rosto, constrangida e chateada. Eu me sentia uma criança idiota sendo descoberta em seu planinho idiota de roubar biscoitos.

"Bella..." ele suspirou. "Por que você fez isso?"

"Eu não fiz nada..." murmurei, cruzando os braços e virando de perfil, evitando seus olhos verdes.

"Bella..." sua voz estava claramente me repreendendo.

"O que?" perguntei, o encarando.

Ele arqueou uma sobrancelha e eu olhei pra baixo, brava. "Não é nada, ora! Eu não fiz nada! Eu achei que ela tinha mentido... Opa, morrido..."

"Isabella!"

"Ah, qual é?!" perguntei, puta da cara, olhando em seus olhos. "Eu queria atenção, tá legal? Você só queria saber da Victória e da droga da olimpíada que fazia com ela..Eu...Eu..." eu baixei meus olhos e suspirei, eu estava envergonhada demais agora. Meu rosto pegava fogo e eu beirava as lágrimas.

Era sempre assim, meu canal lacrimal era um cu!

Quando eu ficava constrangida demais, irritada demais ou triste demais eu chorava! Eu não sei como conseguia aguentar agora, estava tudo junto!

Meu rosado continuava baixo e eu o senti levantar. Ok, agora ele ia embora e...Meus pensamentos foram interrompidos quando senti sua mão tocar meu queixo e ele o levantar, me fazendo olha profundamente em seus olhos.

"Você?" ele incentivou a falar, me fazendo o encarar.

"Fiquei com ciúmes, droga!" disse, irritada, "Por que está me fazendo isso?" perguntei, me referindo a sua atitude de ver o que estava acontecendo.

Ele sorriu. Sorriu torto, o meu sorriso, e acariciou o meu rosto, delicadamente. "Porque você não precisa sentir ciúmes, Bella." ele disse, suspirando. "Não tem ninguém além de você." ele disse.

Eu vi que suas palavras foram escolhidas e que seu discurso foi básico. Ele disse que não tinha ninguém além de mim, tudo bem, posso contar como se não tivesse ninguém além de mim agora... Mas e daí? Eu sorri e joguei meus braços ao redor de seu pescoço, o abraçando forte. Ele me abraçou forte pela cintura, como se quisesse me prender ali e suspirou contra minha pele.

"Não tem ninguém além de você..." ele repetiu. "Você é minha vida..." posso jurar ter ouvido ele falar. Sua voz abafada pelo meu pescoço. Eu o abracei mais forte ainda, tentando me prender aquele momento.

Agora estava tudo bem... Mas e quando Victória voltasse?

*

"Ai, Eddie..."ela choramingou, na porta da sala. "Eles estão insuportáveis hoje!"

"Aham." ele concordou, distraído. Eu estava puta da cara com as manhas dela. Edward estava quase a ignorando e ela continuava a fazer voz de criança. Estou morrendo de vontade de responder, me coçando, mas toda vez que eu abria a boca, recebei um olhar do tipo: "Cala a boca ou morre." Eu calava a boca, né?

"Erm..." eu murmurei, ele me encarou fulminantemente. "Me dá um passe pra eu ir ao banheiro?"

"Toma." ele me entregou, sua mão demorou brevemente sobre a minha e eu sorri. Um sorrisinho secreto que eu me pegava dando as vezes.

Eu passei pela Porcória (Porca + Victória) e não fiz absolutamente nada a ela. Não, não estou doente. Eu só estava queimada demais com o meu lindo Mestre, então, eu segui comportada até o banheiro. Eu me olhei no espelho e suspirei fundo, se eu continuasse ali... Não, não seria nada legal! Chacina, chacina, chacina!

Eu saí da sala de aula, irritada. Virei o corredor e dei de cara com quem? Victória!

"Você fez o que com ele?" perguntou, brava.

"O beijei loucamente!" sorri, sarcástica. Era a verdade, mas quem disse que ela acreditaria?

Ela gargalhou altamente, me empurrando contra os armários que circundavam o corredor, brutalmente, depois. "Não brinque comigo!" rosnou. "Vai ter volta!"

"Como quiser!" sorri, abanando. Ela passou pelo corredor furiosa e eu bufei, tocando meu cotovelo. "Vadia!" eu havia o batido.

"Hm... Amor de sogra!" comentou um aluno nunca visto por mim, anteriormente.

"Se você diz..." larguei, internamente descontente por isso. Eu queimava tudo que era garoto, era defensiva demais. Eu virei as costas e segui pra minha sala.

"Hei, Bella!" ele gritou, parecia sorrir.

"Como você sabe meu nome?" quis saber, o encarando. Ele estava perto demais e eu nem havia notado.

"Contatos, capitã!" ele deu um beijo na minha bochecha e saiu, me deixando completamente atônita ali.

Que Diabos de garoto é esse?

Voltei pra sala completamente perdida.

"Isabella,"Edward disse, quando eu passei pela porta. "O diretor quer vê-la." ele disse, sério. "Agora."

Eu lhe olhei perdida e encarei as garotas que deram de ombros, igualmente confusas. "Hm... Ok."

Eu dei meia volta e fui até o corredor da sala do homem, batendo na porta onde dizia suas iniciais e seu cargo.

"Entre." ele mandou.

Eu me esgueirei pela porta e me sentei em uma das duas poltronas de couro marrom que ficavam em frente a sua mesa. A sua cadeira giratória balançava de um lado para o outro, me deixando impaciente. O diretor Busts era o diretor mais engraçado daquele colégio. Ele era baixo, gordo e barbudo. Não dava nenhum sinal de autoridade.

"Senhorita Swan."  ele disse, calmamente, me olhando com seus olhos miúdos e negros. "Eu sei seu segredo." disse.

Eu o olhei com cara de pouco caso. "Sabe, é? E qual é?" perguntei. Que homem estranho! Espero que hajam câmeras de segurança aqui...

"O seu...E...Do professor Cullen." ele explicou.

Eu engasguei! Meu Deus! Como assim ele sabia? Se alguém sonhasse saber com aquilo ferrava Edward pra sempre! Ai, Deus!

Ele riu. "Não se preocupe. Na sua idade é normal gostar de um professor e não ser correspondida."

"Não ser correspondida?" repeti.

"Claro, é muito normal. Ele é jovem e bonito... Eu entendo você."

"Ah... Claro! Isso aí... Sem ser correspondida... Isso! Posso sair agora?" quis saber, doida pra voltar pro meu lugar e ser comida pela Terra.

"Não!' ele parou de sorrir. "Victória esteve aqui e me contou tudo, você tem que parar de dar em cima dele."

"Eu não dou em cima dele!" Não em público, droga!

"Dá sim." ele retrucou.

"Não dou, não."

"Dá sim!"

"Não!"

"Sim!"

"Não!"

"Sim"

"Não!"

"SIM, PORRA, EU QUE MANDO NESSA JOÇA AQUI!" o diretor brigou, subindo na mesa e ficando em pé na minha frente. "Er... Desculpe, eu me excedi."

Eu concordei com a cabeça, meus olhos arregalados e minha cara em pânico.

"SENHOR DIRETOR!" a sua secretária correu pra cá. "Estão todos ouvindo!"

Eu notei o botão do microfone de avisos apitando vermelho. Todos ouviram a nossa conversa. Ou seja, todos sabiam que eu estava 'gostando' do Edward. Eu coloquei minhas mãos no rosto, quero morrer de tanta vergonha. Poxa, logo eu, que sempre, sempre, sempre fui vista como a quem odeia aquele Diabo.. Foi a Victória.

Eu saí dali sem dar ouvidos pro o que o diretor falava e sai nos corredores, querendo ir pra rua.

"Bella!" Rose me chamou, correndo até mim, junto com Alice. "Bella!" disse, me abraçando.

"Foi ela, Rose!" eu disse, me soltando. "Eu sei que foi."

"EU NÃO ACREDITO!" Alice berrou, do nada. "Rose lembra quando você disse que ela lembrava alguém?" ela concordou, confusa. "Essa cena ridícula de deixar o microfone ligado, esses cabelos ruivos... EU sei de ONDE ela saiu!"

"Do galinheiro." exclamei.

"Não!" ela riu. "Mas é pra ela que ela vai depois que nós dermos o troco nela."

"Do que você está falando, sua pirada?" eu perguntei, chateada com toda essa embolação.

"Espere e verá..." Alice comentou, misteriosamente. "Eu tenho que correr. Encontro vocês no quinto período, veremos um filme com a aula dela."

"Eu não vou!" disse, cruzando os braços.

"Você não vai mesmo querer perder isso."

Ela correu pra saída e eu e Rose nos entreolhamos.

"Doida!" exclamamos juntas.

*

Eu nunca recebi tantos olhares tortos e debochados como hoje. Parece que toda população feminina do colégio havia achado graça em eu gostar de Edward. No mínimo não sabia que eu o pegava quando eu queria, mas enfim, como a minha personalidade inabalável foi o que me fez ser líder de torcida, não dei ouvidos a nada do disseram.

"Isabella Swan." cumprimentou-me Jacob.

Eu o ignorei, Rose nem deu bola.

"Gostar do professor que você vive xingando em sala é novidade pra mim..." ele comentou, pegando meu braço e me fazendo o encarar. "Quer dizer que com ele você ficaria e comigo não?"

"Larga ela!" Rose disse, vindo pra perto de nós.

"Eu não devo satisfações a você!" eu esclarecei, tentando me soltar. "Me solta!"

"Solte-a!" uma voz soou alta pelo corredor, "Agora." Era Edward.

"Defendendo a namorada, professor?" Jacob perguntou, irônico.

"Eu mandei você a soltar!" ele repetiu, havia muita cólera em sua voz. "Imediatamente!"

"Vão descobrir seu segredinho..." ele repetiu.

"Solta ela, porra!" o mesmo garoto que havia me beijado hoje cedo chegou, bravo, dando um soco muito bem dado no maxilar de Jacob.

Preciso dizer que ele me soltou? Não! É óbvio que sim. E preciso dizer que havia uma multidão eufórica no corredor? Preciso, ok. HAVIA!

Rose me puxou pro lado dela, me abraçando. Edward marchou pra onde os dois garotos estavam e eu não via mais nada. Só um embrulhado de mãos e pernas.

"VOCÊ É UM IDIOTA! RIDÍCULO! TARADO! PERVERTIDO!" Jacob berrava. Eu não sabia se meu mestre estava o arrebentando a pau ou separando a briga.

"Cala a boca, índia! Volta pro mato!" o outro aluno berrava.

"SEU PEDÓFILO!" Jacob berrou.

Ai eu me indgnei. Eu tenho dezoito, ué! Ele só é míseros dias mais velho do que eu...1826 dias... Ora...

"Pedófilo é a mãe! Quem disse que temos algo? Seu intrometido! Gralha!" eu briguei também.

Pensei em entrar ali, mas todos pararam pra me olhar.

"Vocês não tem nada?" Jacob perguntou, com a boca sangrando e a cara roxa.

"Mesmo?" o aluno quis saber, olhando irritado pro Edward depois.

"Não temos?" Edward perguntou.

"Epa, epa, epa." Rose se intrometeu. "É óbvio que não!" ela disse. "O diretor acha que Bella gosta do Edward, não que eles tem um caso."

"Ai, caralho!" Edward murmurou, baixo. "Eu tô fudido! Sou uma anta! Você só me mete em encrencas!" e saiu, resmungando muitas coisas.

"Não tem nada?" Jake perguntou, ainda atônito.

"Se ela repetir eu vou te bater." o loirinho disse.

"Qual seu nome?" perguntei.

"James. James Cullen." ele sorriu e eu entendi.

"Rá!" eu sorri. "Você é irmão do Edward... Ah... Entendi." e fiz cara de monga. Rose me tirou dali e me levou pra aula conjunta. Alice já estava bem na frente, satisfeita.

"Que você aprontou?" perguntei, me sentando ao seu lado;

"Espere e verá..." Ali repetiu, misteriosamente.

"Espere e verá o caralho! Meu humor está um cu e ninguém brigou comigo! Deixe de história e fale logo!" Rose disse, brava, sentado-se ao seu lado.

Edward e Victória entraram na sala, nada felizes. Ele olhava pra ela irritado e ela mandava olhares hostis pra mim. O que aconteceu? Não faço a mínima ideia, mas dane-se!

"Bom," Victória começou, brava. "Nós vamos assistir um filme sobre desenvolvimento embrionário." ela disse, simplesmente.

Edward sentou do meu lado por não ter mais lugar, então Victória sentou-se à mesa pro professor. Alice estava tendo ataques histéricos e nada havia começado ainda.

A mão de Edward estava quase ao lado da minha, então, toquei brevemente sua mão por cima da mesa. Ele me olhou e eu sorri suavemente, só com um canto da boca e a larguei. Ele pegou minha mão e demorou no contato, acariciando a palma com seu polegar e a soltou. Eu sorri e baixei meus olhos, mordendo o lábio inferior, satisfeita.

As primeiras imagens apareceram na tela quando Edward apertou o play e eu quase enfartei. Roubei o controle de sua mão e joguei pra Alice que escondeu na sua bolsa. Ele me olhou estranhando mais nada disse.

Então em letras garrafais se formou o título do filme. Victória quase morreu engasgada e berrou estrindentemente depois: "QUE DROGA É ESSA?"

Essa... Meu Deus! ... Essa é a minha vingança!