POV SETH

Minha dor na mandíbula era nada perante a dor acometida em Lunna, rapidamente Carlisle colocou meu osso no lugar. Minha atenção estava presa na mulher da minha vida, já na sua forma humana, caída em cima do enorme lobo grisalho.

Michel defendia com a finco e vigor a filha dos sanguessugas que tentavam se aproveitar daquele momento de fragilidade da minha namorada, ainda havia a sua fúria em ter perdido o pai, parecia que aquele sentimento dava a aquele lobo uma força incansável e insuperável na batalha.

Nenhum vampiro se aproximou dela e sua dor, suas mãos acariciavam aquela fera inanimada pela morte. Seu choro era sofrido, silencioso, as lágrimas caiam sem serem convidadas. Lunna não parecia acreditar na partida do seu avô.

Ao terminar de me endireitar Carlisle me liberou para sair, mas não poderia me transformar, pois poderia deslocar novamente na transformação. Então a pantera de Sanny, me encarou e com movimento firme de cabeça, mandou segui-la, assenti e fui no meio do duelo.

O felino defendia o meu andar com firmeza, nenhum vampiro sequer chegou perto de mim. O nosso lado estava muito bem, lutava com garra, tive que desviar dos pedaços fétidos que cruzavam o ar.

Depois de longos minutos, cheguei perto da minha mulher, que chorava sem parar, meio atônica em cima do cadáver, com palavras entrecortadas pelas lagrimas incessantes, ela dizia:

-Eu me vinguei da maldita, mas não faria se fosse para te deixar vivo. – ela passava o rosto naqueles pêlos. – Perdi mais uma vez um grande pedaço do meu coração. Por que ela não me matou?

Aproximei-me devagar, com coração destruído com aquela imagem desoladora, queria desabar ao lado dela chorar junto, mas sei que tenho que ser forte, por ela. Agachei ao seu lado, ela nem notou a minha presença, sua dor tinha consumido toda sua atenção.

-Amor. – eu chamei próximo ao seu ouvido, passando a mão pelas suas costas nuas tentando afastá-la do lobo morto. – Vem aqui comigo.

-Não. – ela vociferou para mim segurando a pelagem. – eu quero ficar aqui, Seth, por favor.

Ela não me encarava, seus olhos só saiam gotas e mais gotas de sofrimento, eles estavam fitando o cadáver, talvez querendo ter a certeza que ele não se levantaria, provando que aquilo era irreal. Tudo iria ficar bem, mas infelizmente aquele grande homem tinha falecido de maneira cruel.

-Lunna, estou aqui com você. – peguei uma das suas mãos, pude notar que sua palma da mão estava suja de sangue. Jane torceu tão forte o pescoço que rasgou a pele de Hoh. – Temos que levá-lo daqui meu amor.

-Deixe acabar tudo. Por favor. – Lunna pedia agora olhando para mim, seu mar interno mostrava o quanto o revolto estava mediante a dor suprema sentida por aquele coração calejado. – Depois que acabar a batalha, eu saio, agora me deixa aqui, só fica do meu lado.

-Sempre. – eu disse dando um beijo em sua testa eu senti as lágrimas caindo na minha pele. – Eu vou ficar aqui com você.

Ali ficamos em meio o caos do duelo, mas parecia que havia uma atmosfera de paz ali, parecia respeitar sofrimento da minha mulher. Alisava as costas dela carinhosa e chorei junto.    

Depois de alguns minutos o silencio da vitoria pairou na campina, fiquei o tempo todo com Lunna, pedindo calado que tudo aquilo passe para mim, que ela não sofresse mais. Michel, Lana e Sanny vieram até nós já em duas pernas, os choros das mulheres eram intensos, já o filho se ajoelhou ao lado do pai e chorou em silêncio.

Deixei-os no seu momento de despedida do patriarca, que era tão emblemático para família. Fiquei ali em pé velando aquele momento, então os olhos que tanto amo me encaravam pedindo ajuda, dessa maneira estendi a mão a ela e acolhi em um abraço apertado.

-Amor, sinto muito. – eu disse no ouvido dela, que respondeu apertando mais meu corpo. – Eu te amo.

-Eu também te amo. – ela falou entre choro. – Ele não deveria ter me defendido, não era ele que deveria morrer.

-Nunca fale isso. – eu me separei dela e a olhei. – Seu avô fez o que deveria ter feito te salvado das garras da Jane. Sei que ele se orgulhou em perder a vida para o tesouro dele.

-Eu sei. – ela concordou derrotada deixando seu choro mais doído. – Sei que ele não faria diferente.

Ela me agarrou chorando novamente, a apertei em meus braços. Nesse momento notei Collin e Brady, junto com alguns vampiros machos nossos aliados, principalmente o tal do Benjamin, todos parados com as caras abobalhadas para mim, quase babando. Então lembrei um detalhe importante: Lunna estava nua.

Rosnei alto, isso não assustou meu amor que continuou abraçada a mim molhando minha pele. Ai me surpreendendo senti o perfume de Bella por perto em meio aquele odor repugnante de sanguessugas, com uma manta e um vestido ela chegou oferecendo a mim.

Agradeci com gesto a minha amiga, peguei o pano e cobri a minha namorada, ela ainda estava absorta na sua dor. Com ajuda de Bella arrumei o vestido em seu corpo, ela não tinha nenhuma reação, deixou ser vestida sem problema como uma boneca. Passei os braços envoltos dela, querendo protegê-la daquele sofrer absurdo, mas sei que só posso ficar ao lado, amando cada vez mais.  

-Seth, quero te pedir um favor. – Ela disse com voz sombria, nariz e olhos vermelhos. – quero enterrar meu avô no penhasco lindo que você me levou. Onde pode ver o mar.

-Faremos isso amor.- olhei a minha volta notei todos arrumando as pilhas de pedaços de vampiros, para serem queimados. - Só temos que terminar de arrumar aqui essa bagunça.

-Só fica comigo. – ela pediu frágil. Nunca pensei em ver aquela mulher sempre forte, chorando como uma criança e pedindo colo. Mas eu iria cuidar dela com todo amor que há dentro de mim.

-Claro meu amor. – Beijei sua bochecha com carinho, ela fechou os olhos.

Nesse momento outro cheiro se aproximando de nós dois, virei meu rosto para certificar: era Jake. Seu olhar era brilhoso, ele segurava para não desabar ali na frente de todos, tenho consciência da ligação profunda que há entre ele e Lunna, sentimentos são compartilhados de uma maneira nunca será entendida por ninguém que não foi imprintado.

O alfa parecia concentrado, sua mascara estava ali em meio o seu semblante incomodado, ele pediu para mim num sussurro para falar com ela, assenti permitindo ele abraçá-la. Virei o corpo dela em direção ao Jake, vendo o seu imprinitng de perto, pronto acolhê-la, seu choro ficou mais sofrido.

Quando meu amigo circulou os braços envolto de Lunna, os dois choraram juntos, esquecendo  que havia pessoas ao redor, a dor ali era dividida pelos dois. A minha namorada soluçava, já Jake deixava as lágrimas caírem, ao mesmo tempo pedia calma para ela.

Bella veio ao meu lado emocionada, a cena nossa frente era muito dolorida, era uma dor de alma, Lunna tinha perdido um do seus grandes amores, seu ídolo, como ela sempre me dizia. Sei o que é perder alguém que se ama absurdamente, alguém que fazia sua vida um sentido supremo, sei como doí, vivi isso quando meu pai morreu.

Invariavelmente aquele sentimento de perda surgiu, amargando meu ser, era algo que eu evitava pensar, afastar da minha consciência todo dia. Não gosto de tristeza, ela contamina tudo ao redor, gosto da alegria que traz coisas sempre boa.

Contudo perante aquela perda irreparável aquelas lembranças horríveis do falecimento do meu velho voltaram a minha mente, fazendo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Senti a mão quente da minha irmã apertar a minha.

-Eu sei Seth. - ela falou com a voz embargada. - sinto o mesmo. Essa ferida sempre ficará aberta em nossos peitos.

-Não queria que ela sentisse isso. - confessei olhando pra Lunna que ainda chorava.

-Isso é algo inevitável na vida de todos, garoto. - Falou Leah pensativa apertando minha mão.

Lunna se afastou de Jake, encarando os olhos dele, agradeceu o abraço dele e ainda pediu desculpa por ele sentir a sua dor. Ele bufou e revirou os olhos, comunicou que nós, os quileutes, faremos uma cerimonia para enterrar o seu avô, ela agradeceu.

Em seguida Jake com os braços envolto no ombro de Lunna, trouxe-a até mim. Imediatamente ela me abraçou, ela precisava de carinho. Jake ficou ali próximo a nós dois, com Bella agarrado a nós, acho que ele não conseguia se afastar do seu imprinting.

A família dela veio também consolá-la, mas nada mais tirava ela dos meus braços, ela parecia não querer sair dali para nada. Michel avisou para o alfa que não havia duvida que seu pai teve  a morte desejada, lutando contra um sanguessuga. Sanny parecia inconsolável abraçada a irmã, Quill estava atras dela chorando silenciosamente.

Agora quem chegava perto era Sam e Paul, falaram suas condolências a família Wolfie, agradeceram, em seguida Sam começou passar o relatório da batalha, isso fez Carlisle e Edward se aproximarem de nós.

-Desculpem falarmos disso agora. - começou Sam meio sem graça. - talvez mais tarde.

-Pode falar Sam. - Lunna falou tentando ser firme, mas sua voz estava muito rouca. - A vida continua, sei que Velho Hoh gostaria que continuássemos nossa missão de caçar vampiros.

-Você está certa minha filha. - Lana comentou orgulhosa. - Por favor Sam.

-Bem, destruímos boa parte da guarda dos Volturi. Ainda liquidamos um membro importante.

Isso sobressaltou todos, afinal ficamos todos entretidos durante o duelo, cada um com seu  oponente, mesmo tendo as mentes ligadas, sei que quando estamos no calor da luta ficamos focados muito em nossos pensamentos, deixando de lado os outros.

-Quem Sam? - Perguntou Carlisle curioso.

-Destroçamos o tal do Marcus. - Paul disse orgulho, com Emmet perto agora batendo na mão um do outro, num sinal de camaradagem.

-Ele escolheu o vampiro errado para carregá-lo, o mais lento. - Disse Emmet. - Foi fácil, dois labos contra um vampiro grande como eu.                  

-Muito bom. - Comentou Michel tentando participar do assunto. - Pelo menos eles tiveram  mais uma perda considerável. 

-Eles perderam bastante com nosso embate. - disse Jake. - Isso vai os deixar irados.

-Sem dúvida eles terão bastante trabalho para fazer uma novo exercito. - Ponderou Edward. - além do ataque que sofrerão com de seus inimigos.

-Como quem? - Indagou Sam.

-Como os Romenos. - respondeu Carlisle.

-Eles vieram ao nosso auxilio, lutaram ao nosso lado somente para dizimar os Volturi para conseguir o poder de novo. - comentou  Edward. - eles já foram muito poderosos no meio dos vampiros, porém perderam influencia para Aro e sua guarda.

-Então eles vão aproveitar o enfraquecimento dos fujões. - disse Paul.

-acredito que sim. - falou Carlisle.

-Mas eles estão preocupados com nós. - alertou Edward. - a nossa força junto com os lobos.

-Como assim sanguessuga? - Perguntou Jake.

-Os Romenos estão questionando se não queremos ser a nova realeza dos vampiros. - Falou Edward risonho.

-Era só o que faltava? – Leah disse entre dentes e bufando irritada.

-Isso pode ser preocupante. - Refletiu Jake. - Pode trazer novas batalhas.

-Talvez sim. - disse Carlisle tristonho, sei que ele é um ser pacifico.

-Chamamos muita atenção de muitos vampiros poderosos. - Comentou Edward.

-como eu tenho uma divida com vocês. - Falou Jake. - eu lutarei com vocês se necessário, podem contar comigo.

Jake estendeu a mão ao líder dos Cullen, que aceitou o gesto, todos nós ficamos surpresos com aquilo, mas Sam de imediato pareceu concordar com reforço da aliança entre nós.

-minha matilha também está a disposição a lutarmos lado a lado. -  Sam disse.  - Vocês já provaram sermos nosso parceiro de luta.

-Fazemos um bom time. - disse Emmet todo feliz. - até o cheiro de vocês não é tão irritante assim.

-Não posso dizer o mesmo. - Respondeu Leah.

Antes que as implicâncias começassem entre eles, Michel voltou o foco da conversa, agora num assunto mais delicado.

-além do meu pai. Tivemos mais alguma baixa?

-Irina Denali. - Falou Carlisle derrotado. - Ela atacou a vampira que feriu Esme, acabou destroçada de uma maneira que não conseguimos reverter.  Ela foi dividida ao meio em várias partes cada.

-Os meninos? - Perguntou Bella nervosa.

-Só alguns escoriamentos, ossos quebrados. O mais grave foi um dos Trigêmeos, ele precisou de descanso, Quill e Leah.

-Estou bem. - Ela respondeu, nesse momento que eu vi ela com a mão, que não estava junto com a minha, enfaixada numa tipoia, junto com a perna imobilizada. - Daqui a dois dias estou pronta para destruir mais sanguessugas. Ouviu Edward?

Edward riu da ameaça da minha irmã.

Depois disso arrumamos tudo, tiramos as cinzas dos vampiros, levantamos acampamento montado na casa do Jake, deixamos tudo limpo. Noite chegou, junto com a madrugada fria.

Em seguida levamos o corpo do lobo até o penhasco, o céu estava repleto de estrelas, em meio algumas nuvens. Velho Quill falou palavras de respeito e deixando claro que o sacrifício feito pelo patriarca dos Wolfie era algo deixar todos orgulhosos, pois ele salvou a pessoa que mais amou na vida.

Lunna ficou o tempo todo em contato comigo, o choro já tinha ido, a tristeza pareceu no lugar. Seu semblante era sério, não tinha o sorriso que tanto amo.

Depois que todos se foram, após a cerimonia realizada em honra de Hoh, ficamos nós dois ali, o vento batia bagunçando o cabelo dela, seus olhos azuis eram como oceano em dia de ressaca, era revolto e agitado.

-Vou sentir falta do Velho. - Ela disse saudosista, com sorriso tímido. - Ele me ensinou tudo de mais importante na minha vida. Sempre estará aqui.

As suas duas mãos repousaram em seu peito. Virei seu corpo para mim, eu estava abraçado atras dela, quando ela me olhou, alisei seu rosto e falei:

-Essa dor nunca vai passar. Eu sei porque a tenho aqui dentro de mim também. - Ela ficou me observando. - Mas com tempo faz você percebe que sempre terá o amor dele dentro de você, isso será acalentador.

-Obrigada pelas suas palavras, lobinho. - ela passou a mão no meu cabelo. - Sei que Hoh vai amar o novo endereço, ele sempre me fez prometer que seu descanso eterno seria a beira mar. Nosso lugar preferido o mar.

-Vocês têm bom gosto hein? - brinquei com ela, tentando aliviar o ambiente, pelo riso acho que tive resultados positivos.

Aqueles olhos azuis escuros, que eu alucino quando me fitam, mostravam que ela estava voltando ao normal, mas havia um brilho, algo diferente ali. Ela mordeu o lábio de uma maneira que me deixou inquieto.
   
-Eu te amo. - ela disse me fitando com carinho. - Obrigado por ficar comigo nesse momento.

-Sempre estarei ao seu lado. - eu falei dando um beijo na ponta do nariz dela, isso a vez rir. - eu te amo desde o dia que fomos caçar vampiros.

-Aquilo foi um encontro para você? - Lunna arqueou um sobrancelha de maneira marota.

-Acho que mais intenso que já tive.

-E foram muitos encontros lobinho? - Ela disse encostando os lábios nos meus, os tocando de leve.      
    
-Confesso que não. - ele disse rindo. - Não deu muito tempo para eu aproveitar a vida de solteiro.

-Nem quero saber quantos porque sei que me sentirei muito velha. - ela retrucou rindo.

Sua boca buscou a minha com carinho, senti um gosto diferente naquele beijo, como algo que eu havia conquistado. Sim, ela me amava, isso já era mais que a felicidade para mim. Amor é o que sinto por essa mulher, amo cada pedaço dela, tanto por fora quanto por dentro.

Viveremos juntos e nos amando, isso é um ótimo projeto de vida para mim, vou sempre estar ao lado dela, na alegria e na tristeza. Recebendo cada sorriso contente, cada lagrima eu secarei com afinco. Estou perdidamente apaixonado por Lunna, com ela quero viver o minha eternidade lupina.