POV BELLA

Não agüentei ficar com os olhos abertos durante toda reunião, o cansaço de todos os dias enlouquecidos que estava vivendo começaram exigir do meu corpo descanso. Sem perceber minhas pálpebras fecharam sem ao menos meu consentimento, enfim só percebi que tinha adormecido quando os sonhos começaram acontecer na minha mente.

No primeiro momento o mundo encantado dos sonhos tinha me trazido memórias doces das minhas tardes na garagem do meu sol, construindo nossas motos, horas de conversas e gargalhada, tudo regado com refrigerante quente numa sacola de papelão, com pedaços e mais pedaços de pizza. Tudo tão simples, mas tudo tão importante e único.

O cabelo ainda longo de Jake, eu achava lindo como ele tinha um brilho intenso e caia com delicadeza pela suas costas. Não precisava me ver para saber que meu rosto tinha um sorriso desenhando meus lábios, pois a imagem era maravilhosa.

Como num filme, ou até mesmo num livro, agora eu vi o tempo passando, como ele foi crescendo em todos os sentidos perante meus olhos, como os músculos foram ficando cada dia mais definidos, sua altura foi aumentando me deixando cada vez mais com a sensação de ser uma criança perto dele.

Cada sorriso perfeito e olhar penetrante que ele lançava a me ver durante nossos encontros foram passando acariciando meu ego, aquele homem, que conheci menino tão desengonçado como eu, agora era um alfa com responsabilidades enormes sobre a vida dos meninos, se tornou meu porto-seguro, o meu amor.

A última imagem feliz foi seus lábios dizendo que me amavam que sempre estaria me protegendo, meu coração parecia encharcado de tanto amor e dedicação. Estar com meu sol é algo natural como respirar, era tranqüilo, posso ser eu sem medo de ser julgada, ele me amava do jeito louco que sou.  
         
Depois dessa imagem espetacular, tudo foi ficando escuro e sombrio, juro que senti um vento frio me envolvendo, percebi que estava na casa onde seria minha e de Jake, mais especificamente no jardim, era noite, o céu parecia mais escuro que o normal, nenhuma estrela brilhava perdida, só havia um manto negro.

Olhei para o lado buscando meu lobo, aquele que sempre me aquece, mas nada achei, enfim comecei a chamá-lo e nada. Aquilo era estranho, logo um medo se instaurou dentro de mim, estava sozinha, sendo humana e o imã crônico de problema, ainda por cima era um pesadelo, algo de errado daria.

Ao final desse pensamento surgiu Jane, sempre ela, talvez por ter sido a mais assustadora para mim, seus traços infantis angelicais a fazia ser mais assustadora junto com seu sadismo em ferir os outros. Um arrepio atravessou meu corpo o sacudindo freneticamente, algo incontrolável, isso a divertiu, meu medo foi o que estimulou o sorriso malévolo na sua boca agora.

-Isabella. Você ainda não cumpriu a ordem de Aro? – ela falava de maneira ironica enquanto caminhava, tenho impressão que ela flutuava até mim. – Sabe o que isso significa?

-Jane. – minha voz saiu fraca mais pigarreei a trazendo de volta. – Me vou com vocês, cumprirei minha promessa. – aquelas palavras destruíram tudo dentro de mim, senti meu ser quebrar em infinitos pedaços que se perderam na dor que existia em abandonar tudo para salvar meu sol e todos outros que amo. – Mas antes me prometa uma coisa.

-Você sempre foi petulante. – ela falou raivosa, visivelmente mantendo a calma. – O que seria o seu pedido?

-Deixe os que eu amo em paz. – supliquei a vampira, que sorria largamente.

-Seria somente isso? – Havia uma falsa doçura nas suas palavras.

-sim. – Fechei meus olhos, as lágrimas caíram grossas, não tinha mais o que falar só aceitar a conseqüência da minha irresponsável promessa. – Eu te amo Jake. – sussurrei minha despedida.

Respirei fundo, esperando ser atingida por Jane num golpe certeiro onde ela injetaria seu veneno no meu sistema circulatorio, que me arrancaria a vida maravilhosa de mim, perderia meu Jacob para sempre, mas tudo pela sua sobrevivência, sei que seu imprinitng não o abandonará, Lunna tinha me prometido e sei o quanto ela o ama, fará ele feliz. Aquilo me feriu como ferro em brasa, onde queimava tudo dentro de mim se tornando tudo em cinza, isso tudo só de ter que me despedir do amor da minha vida. Todavia eu estaria morta pela eternidade, porém Jacob Black estaria na terra cumprindo sua missão de alfa, guardião da vida.

Contudo senti algo caindo na minha frente, um vento sacudiu de leve os fios do meu cabelo, era algo pesado, fez as folhas secas que repousavam sobre terra balançarem, escutei uma respiração alta. Abri meus olhos apressados e vi as costas de uma pessoa, que tinha uma postura de ataque direcionado para vampira, com os braços abertos levemente, com os pulsos fechados.

Notei pelo cabelo castanho que cai na altura dos ombros e pelas costas femininas que subiam e desciam devido a respiração ofegante, que era uma mulher, agora escutando a sua voz firme, descobri quem era: Lunna

-Eu não vou deixar você transformá-la num monstro como você. – ela tremia muito enquanto ameaçou Jane entre dentes.

-Lembro-me de você.- Jane sorriu diabolicamente, com ar de falsa surpressa. - Ah, eu tinha que ter que acabado com você lá na Itália. – Aqueles traços de Jane mostrando arrependimento eram assustadores. – Por que está defendendo Isabella? É impressionante como sempre há alguém para te defender. – Seus olhos vermelhos me encaram incrédula.

-Isso não te interessa sanguessuga. – Lunna trincou os dentes e bufou alto.

-Você não tem o bloqueio dela. – avisou Jane apontando para mim com seu dedo pálido.

-Eu não tenho medo de você. – a loba tremia tanto enquanto despachava suas palavras com ódio para menina congelada pela eternidade.

-Sei que vou me divertir. – Jane tinha um sorrriso torto e vitorioso nos labios, em seguida abaixou a cabeça levemente e fechou um pouco os olhos, tornando quase duas fendas.

Já tinha visto aquele desenho no seu rosto anos atras quando estive em Volterra, ela atacando Edward, logo minhas suspeitas surgiram no grito de dor da mulher que me defendia. O corpo de Lunna se arqueou pra frente, ela tentava abafar seus gemidos de dor, frustrando Jane, que parecia agora irritada investindo mais seu olhar demoníaco contra a loba, que cai de joelhos na minha frente.

Aquele quadro era perturbador, não posso negar que Lunna se transformou numa grande aliada, ainda havia o fato de ela ser parte importante do meu sol, já nutro um tipo de afeto por ela. Portanto comecei chamar por ela desesperada, ela se contorcia de dor, as veias do seu corpo estavam saltadas, porém seu rosto continuava firme em Jane mesmo com dor o tingindo, seus olhos azuis escuros pareciam concentrados em algo.

Imediatamente lembrei da nossa conversa quando a loba me confessou que tinha um plano para quando Lutasse com Jane, foram anos o ensaiando, planejando meticulosamente.

Surpreendendo-me com uma força desconhecida por mim, em meio a tremedeiras e dor, Lunna se colocou de pé com dificuldade, uma perna por fez, voltando a ficar entre eu e a vampira. Isso deixou Jane irada, que urrou mostrando sua frustração. Nesse momento a loba parecia ter um objetivo se manter com os dois pés no chão, ela estava fazendo uma força inumana contra o poder de Jane.

-Eu já falei... que não tenho medo... de você. – Lunna disse com dificuldade em meio a rosnados de sofrimento e a respiração entre cortada.

Os olhos vermelhos sangue cintilaram odio, Jane parecia estar transbordando ira, seu olhar era assasino, então fitou da mulher na minha frente e disse calmamente:

-Eu já lhe tirei o coração uma vez. – Jane tinha uma frieza na sua fala. – Não custa nada fazer isso mais uma vez.

Num movimento muito rápido, quase não percebido pelos meus olhos ridiculamente lentos por ser humanos, vi algo inimaginável. A mão de Jane atravessou o peito de Lunna, retirando seu coração que ainda batia freneticamente entre os dedos gélidos da vampira. Aquela imagem me fez um grito de pavor cortar minha garganta, imediatamente o corpo morto da loba caiu para frente repousando nos pés da vampira.

O sorriso infantil e maligno nos lábios de Jane perante aquele horror, com mão ensangüentada naquele vermelho escuro, o cheiro ferrugem com sal impregnava o ambiente, fazendo meu estomago embrulhar. Todo aquele quadro fazia qualquer filme de terror ser fraco demais.

Cheirando o órgão pulsante na sua mão, Jane veio caminhando até mim, pisando por cima do cadáver, os ossos estalando por serem quebrados, ecoando aquele som mórbido por toda floresta. A tremedeira do medo associado com estado de choque que me encontrava fizeram minhas pernas darem uns passos para trás, lógico que escorreguei indo de encontro ao chão.

Aquele monstro sem alma dava passos despreocupados, parecia sentir prazer em ver meu desespero, meu estado desolado, eu acabará de ver ela matar um ser humano friamente, com uma crueldade imensa. Na verdade ela tinha assassinado Lunna, aquela que tinha vindo para me defender, aquela que eu tinha confiado meu Jake, aquela mulher muito mais forte do que eu.

-Agora nada... – Jane falava com uma raiva enquanto terminava de pisar na cabeça de Lunna, a espatifando como uma fruta podre, aquilo me fez gritar novamente. –  E Ninguém vai te ajudar, você terá que me enfrentar, finalmente.

Ela veio como um vulto para cima de mim, um grito saiu apavorante da minha boca. Essa foi a minha saída para sair daquele pesadelo, que me pareceu tão real, até o cheiro enjoativo de sangue estava impregnado no meu nariz.

Quando voltei a realidade, senti os braços de Jake me tirando do carro, com um movimento rápido eu dei um quique no seu colo o assustando. Imediatamente pedi para ele me por no chão somente com gestos, sem entender ele fez, em seguida vomitei devido ao pânico que poluía meu ser. As mãos do meu porto seguro me ajudaram no momento que eu expulsava todo meu pavor devido aquele terror do meu pesadelo, segurando com uma mão a minha cabeça e a outra meu corpo.

-Bells. – sua voz era preocupada me chamava. – O que está acontecendo meu amor?

Não conseguia achar minha voz devido o medo ainda daquela imagem horrorosa que pulsava na minha mente, como flashes muito rapidos. Tentei sacudiu a cabeça afastando aquela perturbação, coloquei mais um pouco de vomito para fora, isso o fez ficar apavorado.

-Bella fala comigo meu amor. – Sua mão acariciava o meu rosto, tirando o suor do meu rosto. – Você está sem cor nenhuma.

-Jake. – Falei limpando minha boca, o encarei, ele estava muito nervoso. – eu tive um pesadelo.

-Isso eu vi. – Seus olhos negros eram aflitos, enquanto ele me recolhia no seu colo. – você gritou apavorada, chamou por Lunna várias vezes e gritou de maneira horripilante. O que foi que você sonhou?

-Vi Jane arrancando o coração de Lunna. – disse de uma vez só, isso o deixou perplexo. – Uma cena horrível. – comecei a chorar, ele me apertou nos seus braços. – Tenho medo dos meus sonhos Jake, eles podem acontecer.

Ele parou por um momento, talvez pensando na veracidade do que foi dito por mim, uma ruga de preocupação fincou entre seus olhos aflitos. Seus lábios beijaram o topo da minha cabeça, me abraçou com força. Mas sua ausência de palavras me fazia acreditar que aquela minha possível previsão o abalou de alguma maneira.  

Se colocando de pé comigo aninhada no seu colo, fomos até a minha casa, com a manhã já surgindo nas nuvens avermelhadas e purpuras, notei que ele foi em direção a porta e parou, de repente falou para mim:

-Sua mãe tem um sono muito leve. – Havia tanta dor no seu olhar. – Eu vou te esperar lá em cima, ok?

-Sim. – eu respondi, depois ele me pegou num abraço.

Entrei em casa andando com a ponta dos pés, pois Charlie dormia pesadamente no sofá, os roncos eram altos, quase estrondosos pela sala. Fui até a cozinha, especificamente na geladeira, peguei um litro de água fui para o banheiro, porque antes precisava limpar a boca daquele gosto horrível.

Enquanto cuspia água da torneira na pia, limpando minha língua e boca, vi minha imagem pálida e apavorada no espelho, minha mente lembrou-se do coração da loba pulsando forte na palma da mão e olhar psicopata de Jane. Respirei pesadamente, espero que aquilo seja só um sonho, uma idéia maluca construída pelo mental medroso, que fique longe da realidade.

Peguei o litro e fui para o quarto, quando abri a porta, Jake estava olhando a janela, havia uma sombra no rosto dele. Notando minha presença, ele caminhou até mim com a mão estendida, coloquei a vasilha com água no criado mudo e aceitei seu convite.

Abraço de urso me tirou do chão, ele parecia um menino indefeso que queria um simples carinho, que alguém diga para ele que tudo ficará bem no final , senti isso tudo quando nossa ligação apareceu no tocar das nossas peles. Ele sentia medo. Eu precisava falar algo.

-Jake, pode ser só um sonho. – Eu tentei me convencer daquilo, mas nem eu acreditava, pois meus sonhos estão cada vez mais premonitórios. 

-Bells eu tenho que te pedir desculpa. – Àquelas palavras roucas dele me pegaram de surpresa. – queria te dizer que não me preocupo com Lunna, que ela não me afeta, mas isso seria uma mentira imensa.  

-Eu sei. – Mas por incrível que pareça, talvez seja pela ligação que nos uni o nosso amor, por estar sentindo extamente como ele ali naquele abraço, como nossa energia fosse uma só, eu disse. – sei que você me ama de uma maneira única, sou a sua vida, porém você também ama Lunna.

-Não consigo pensar em ver ela morta. – ele se afastou e pude ver seus olhos negros brilhando de emoção. – Será perder um pedaço de mim, como um braço. Não, algo mais importante que isso.

-Entendo meu amor. – Aquilo era verdade, sempre fomos assim sentimentos compartilhados de forma intensa. A dor dele era a minha.       

Ficamos ali abraçados por um tempo, agora eu estava suturando a sua ferida dolorida criada pelo medo, agradeci por ele não ter a imagem tão apavorante que havia contaminado as minhas memórias. Aquilo não poderia acontecer, não poderia perder aquela mulher dos olhos azuis, ela cuidaria do meu sol se algo acontecesse comigo, ainda havia essa dor que Jake sentiria com sua ausência. 

Não quero ter que escolher a eternidade, pela determinação de Lunna em que isso não acontecesse me fez ter força para lutar, além do motivo obvio: meu sol. É impossível para mim imaginar minha vida sem ele, sem seu amor, toda a nossa historia ficar escrita no passado. Mas um mundo sem ele não seria correto, por isso pensei em facilitar as coisas para todos com a minha escolha. Todavia lutaria com todo afinco para que isso não seja necessário, que sacrifícios não sejam precisos.