POV Bella

 

Meus sonhos eram encantados, eram os melhores momentos da minha noite mais perfeita de toda a minha vida. Cada detalhe era relembrado pela minha mente e reprisado nos meus sonhos. De repente senti um frio percorrer meu corpo, o ímpeto de levantar surgiu, contudo meu físico precisava de mais algum tempo de sono. Assim continuei no mundo dos sonhos, que agora sem o calor do corpo do Jake se transformaram em pesadelos.

 

Hora era Edward tentando me agarrar, insistindo que transformaria a força, depois mudava para eu andando na floresta sozinha e vendo entre as arvores os olhos azuis daquela mulher. Será que não conseguiria esquecer aqueles pares de olhos?

 

Essas imagens passavam rapidamente na minha frente, alta velocidade com que elas giravam em torno de mim, se transformava num borrão, isso tudo estava me deixando tonta. Quando eu pensei que eu ia gritar e acordar, tudo de repente tudo parou: as cores disformes foram sumindo, como tivesse sendo diluídas, no meio aparecia a figura de Jake na minha frente, vestindo uma roupa branca leve, seu cabelo curto bagunçado, ele estendendo a mão para mim e dizendo: “Eu preciso de você”. E abria o meu sorriso iluminando tudo ao meu redor e destruindo por completo aquelas imagens assustadoras. A sensação de conforto saiu do campo dos sonhos e invadiu meu corpo físico, sentia-me completa de uma maneira única.

 

Dessa forma deixei minha mente brincar com as imagens de nós dois juntos, não só da nossa primeira vez, mas também havia quando eu tinha feito a minha escolha, as tardes na garagem, todo fato que aparecia meu sol estava sendo apresentado para mim nos meus sonhos.

 

Abri meus olhos no meio da memória de quando dançávamos no meu baile de formatura, quando ele ainda era um rapaz bem menor, sem aquela imensa massa de músculos, mas ainda era o meu Jacob.

 

Espreguicei todo meu corpo, lembrando um felino que se estica todo quando acorda. A sensação que existia dentro de mim era de felicidade absoluta, não havia duvidas que hoje eu fosse mulher mais feliz que existia no mundo.

 

Não precisava buscar por Jake ao meu redor, pois sabia muito bem que ele tinha ido embora algum tempo, meu corpo e meus pesadelos me comunicaram isso. Mas meu todo é tão convicto do amor dele por mim, que já criei um mecanismo total Black para me salvar durante sua ausência. Basta pensar no seu sorriso apara mim ou ele dizendo que me amava.

 

Porém mesmo tendo essa “reserva” dele dentro de mim, sei que ela era eficaz por um curto espaço de tempo, é necessário, na verdade imprescindível presença do Jake por perto, porque aquilo era eficaz momentaneamente, como um paliativo. Afinal o que meu todo ansiava era pelo calor do meu sol presente fisicamente.

 

O perfume dele era maravilhoso e impregnava todo meu corpo, meu lençol e meu travesseiro, seu aroma enchia o ambiente por completo o meu quarto. Só inalando aquilo fazia um arrepio percorrer desde dedos dos pés até o meu couro cabeludo. Virei minha barriga para baixo e afundei meu rosto no lençol, fiquei ali inspirando o cheiro mais perfeito que existe, deixando meu corpo reagir do jeito que desejasse, podia perceber a falta que sentia de Jake.

 

Eu estava ciente que deveria adiantar logo a data do meu casamento, afinal não havia mais o que esperar e eu necessito ter Jacob sempre ao meu lado, além que queria viver logo tudo que fosse possível ao lado dele. Vou conversar com as meninas sobre marcarmos logo a data.

 

Arrancando do meu momento nostalgia com aroma de Jake, ouvi o telefone tocando, levantei apressadamente, no meio do percurso vi no criado mudo um bilhete, sabia muito bem quem tinha o escrito, enfim o peguei e corri para o aparelho que berrava loucamente. Durante o caminho contabilizei três novos roxos na minha perna, devido os esbarrões e quase-quedas.

 

-Oi? – disse esbaforida, pois tinha corrido para atender ao telefone.

 

-Bella? Aqui Rachel, desculpa, te acordei? – Reconheci a voz da minha cunhada.

 

-Não Rachel, eu já ia ligar para você. – Minha voz era uma animação impressionante.

 

-Ah, já sei, você vai me pedir para vermos logo a data da cerimônia. Certo? – nossa, ela teria o mesmo poder de Alice?

 

-Sim. – Respondi timidamente num sussurro, mas achei graça da convicção dela, confesso que fiquei intrigada, todavia me sentia muito a vontade com ela, já era uma grande amiga. – Não quero mais ficar um minuto longe do seu irmão.

 

-Fico tão feliz por vocês, sempre torci muito por vocês dois. – A doçura das suas palavras me emocionou. – Além que Jake fica suspirando aqui longe de você, então é melhor adiantarmos esse casório.

 

-Obrigada Rachel, fico de mesmo jeito longe dele, além que não há motivo para esperar. – Fui mais sincera possível, e sinto muito a vontade com ela. – Fico feliz que você goste de mim.

 

-Bella, você faz meu irmão feliz isso me faz obviamente gostar de você. – Não sabia o que falar, entretanto não foi preciso ela retornou a falar logo em seguida. – Vou ver se marcamos para daqui a dez dias, o que você acha?

 

-Perfeito. Queria menos tempo, mas tudo bem. – fiz graça com a minha pressa, ouvi Rachel rir do outro lado da linha. Mesmo tendo um papo descontraído com minha amiga, minha alma pedia para perguntar. – Seu irmão esta ai?

 

-Está sim, mas ta dormindo, quer que o chame? – lembrei da figura calma de Jake dormindo quando um dia que invadi a casa dos Blacks, para conversar com ele, contudo vi meu sol dormindo calmo e sereno.

 

-Não, deixa ele descansar.

 

-Então vou sair daqui e vou atrás de Billy, que já desde cedo já está andando com sua cadeira de roda por toda reserva e ver se podemos marcar esse casório logo na praia. – ela era descontraída como o irmão.

 

-De novo, obrigada Rachel.

 

-Não precisa agradecer. Ligo-te mais tarde para conversarmos sobre decisões aqui. Mais tarde você vem para aqui?

 

-Não sei, é bem possível, não consigo ficar um dia inteiro sem ver Jake. – rimos da minha ânsia e continuei a falar. – Agora vou ligar para Alice e comunicar nosso adiantamento dos planos. – ligaria também para saber sobre os Volturi, mas isso Rachel não precisava saber.- Mais tarde nos falamos. Beijos e até logo.

 

-Até logo Bella.

 

Desliguei o telefone, sentei na cadeira da cozinha, com certa cerimônia, como aquele ato de ler seria algo muito importante, respirei fundo e desdobrei o bilhete com cuidado de Jacob comecei a lê-lo:

 

Minha lua,

 

Tive que sair correndo, pois meu amado sogro chegou e não queria deixá-la viúva antes do casamento. Saiba que foi muito difícil partir vendo você perfeita dormindo. Mas consegui, pois pensei que em breve terei você nos meus braços para sempre.

 

Ontem foi a melhor noite da minha vida, espero que tenha sido a sua também. Convencido eu, né?

 

Beijos

 

Seu sol. Jake.

 

Ao acabar de ler as palavras escritas naquele pequeno papel, notei um sorriso romanticamente bobo aparecer no meu rosto. Reli o bilhete, nessa vez consegui ouvir a voz dele na minha cabeça, isso me inflou de amor. Não havia questionamentos que eu era mulher mais sortuda do mundo, por ter um homem tão perfeito para mim.

 

-Nossa nunca te vi com essa cara de boba assim. – tomei um susto, quicando meu corpo para trás, com a voz perfeita de Alice, que estava recostada no batente da porta da cozinha.

 

-Alice? – Meus olhos estavam arregalados para ela. – Você era mais educada e batia na porta antes de entrar.

 

-Eu bati, mas você não me atendeu, ouvi você suspirando aqui e seu coração batendo acelerado, então resolvi entrar para ver o que estava acontecendo com você.

 

Agora ela corria com sua velocidade sobre humana para ficar ao meu lado, ela esticou o pescoço para papel que estava preso na minha mão. Lancei um olhar bravo para ela, mostrando que não admitia aquela invasão de privacidade, ela revirou os olhos e falou:

 

-Só queria ter certeza do obvio. – agora ela sentava bancada e balançava as pernas. – O bilhete era do cach... do Jake.

 

-Alice? – recriminei com o olhar.

 

-Acho tão engraçada você o defendendo. – seu tom de voz era descontraído e não de critica.

 

-A gente defende quem ama. – meus olhos colaram de novo na caligrafia do meu sol.

 

-Bella, nunca te vi assim com pele tão boa. – involuntariamente corei e entreguei a minha felicidade suprema. – Bella, não me diga que você e Jake...

 

-Não sei o que você esta falando Alice? – levantei da cadeira e segui para geladeira, tentando me esconder minha vergonha.

 

-Você sabe sim. – Ela ria achando graça do meu embaraço. – Vocês não perderam tempo, hein?

 

-Alice! Pare com isso. – Eu andava na cozinha pegando algo pra comer.

 

-Bella você esta feliz? Porque sua cara esta dizendo isso. – Por incrível que pareça isso não irritava Alice, na verdade ela até parecia realmente estar feliz por mim.

 

-Você esta feliz por mim? – Depois da traição da minha amiga, fiquei desconfiada dela. Algo que me incomodada muito.

 

-Belinha, não te prometi que não me meteria mais na escolha feita por você? – Alice agora sentava na cadeira da cozinha. – Você é minha irmã, assim desejo a sua felicidade, além que sem duvida o Jacob de deixa muito feliz.

 

-E quando você se convenceu assim por completo? – Realmente essa aceitação era esquisita.

 

-A nossa família conversou muito sobre você e a sua nova vida. – ela falou séria.

 

-Nossa, família Cullen não tem um assunto mais interessante não? – Brinquei com ela, sentando a sua frente, ela sorriu para mim, mas seus olhos dourados deixaram escapar que havia algo triste. – Edward estava nessa reunião?

 

-Sim, ele estava presente. Juntamos todos os argumentos possíveis para convencê-lo a te deixar em paz. – a comida que tentava engolir parou na minha garganta, vendo isso Alice tentou descontrair. - Você ficaria impressionada como Rose virou sua grande defensora da sua escolha, sem duvida ela virou sua fã, estava pior do que eu.

 

-Isso é muito surreal. Rose me defendendo! – Mas havia algo mais surreal ainda: Edward não aceitar minha escolha, quebrando a promessa q me fizera que sempre aceitasse as minhas decisões para minha felicidade. – Não há duvida que Rose não queria que eu entrasse para família Cullen. – tentei fazer um pouco de humor, mas não passou de uma piada sem graça.

 

-Você sabe que não é isso, na verdade ela te considera da família como todo o restante, o que a incomodava era você abriria mão da vida para ficar com meu irmão. – Os olhos dourados de Alice tinham certo brilho, mas sem significado para mim. – Hoje te vendo assim, toda feliz, me confirma o que ela disse ontem: “Bella finalmente viverá uma vida saudável e plenamente humana”. Quero que verdadeiramente você viva tudo possível, pena que é um Black que pode te proporcionar isso. Mas agora vamos falar o que interessa, sei que minha amiga quer adiantar o casamento. Certo?

 

Alice desviou os olhos de mim, os levou para buscar algo em seu bolso, dele saiu um pedaço pequeno de papel. Ela começou desdobrá-lo, era tantas dobraduras que parecia mais um origami, de repente o pequeno pedaço virou um pedaço grande.

 

-Bem quando tivemos a data podemos ligar para minha lista. – A voz de sininho de Alice era de pura animação.

 

-Quem tem na sua lista? – Eu estava com medo de perguntar, contudo a minha curiosidade e medo me obrigavam.

 

-Desde convidados quanto os responsáveis pelos preparativos. - essa vampira é uma força da natureza em relação a festas.

 

-Alice não se empolgue muito nos preparativos, porque temos que ver quanto que vai ficar essa festa de casamento. Não sou rica, lembra?

 

-Bella, você pode até não estar mais casada com Cullen, mas já faz parte da família, assim seu casamento será um presente nosso. – ela percebeu que eu ia argumentar, quando levantou a mão me impedindo. – Nem sonhe em não aceitar, já está decidido. Carlisle faz questão depois de tudo que aconteceu se não aceitar ele ficará muito chateado.

 

Minha amiga me conhecia muito bem para saber com aquele argumento era impossível eu recusar qualquer coisa. Odiava me indispor com as pessoas e as magoá-las, contudo sempre acabava fazendo isso, antes era Jacob agora Edward, acho que esse deve ser meu poder, magoar aqueles que amo.

 

Entretanto antes que mergulhasse mais fundo no poço das lamentações sobre a minha “maldição”, notei Alice entrar em transe, que durou uns dez segundos, já tempo suficiente para me deixar tensa. Mesmo convivendo com isso há algum tempo, sempre me assustava, afinal poderia ser alguma complicação, como os Volturi. Nota mental fiz agora: perguntar noticias sobre isso. Porém ela deu um sorriso tranqüilo e vitorioso, na mesma hora o telefone tocou. Fazendo-me assustar, todavia continuava observar Alice.

 

-Vai atender Bella, é sua cunhada com o dia da cerimônia. – Levantei e segui para o aparelho. – Acho que eu poderia arrumar tudo antes dessa data, mas pelo jeito a que foi escolhida é perfeita porque terá sol, posso ver.

 

Alice disse apontando o dedo indicador para cabeça e sorrindo, inevitavelmente ri junto com ela.

 

-Oi Rachel.

 

-Como você sabia que era eu? – minha cunhada estava assustada de uma maneira divertida.

 

-Alice esta aqui e me disse.

 

-Ah sim. – ela parecia um pouco mais tranqüila. – Marquei para daqui dez dias exatamente o seu casamento em La Push.

 

-Nossa é muito tempo. – na verdade mesmo uma hora longe de Jake já era muito tempo.

 

-Foi o melhor que eu consegui. – Rachel ria de mim, Alice acompanhava e corei com isso. – Ah, Bella tem um garoto muito chato do meu lado querendo falar com você.

 

Podia ouvir os resmungos do meu sol, seu bufar irritado ao lado da irmã, que se divertia com o mau humor do irmão.

 

-Também quero falar com ele. – eu disse animada já quicando no lugar de felicidade.

 

-Bella você esta dando pulinhos, é isso? – Alice parecia incrédula na sua fala, mas ao mesmo tempo se divertia com aquilo.

 

Fiz língua para ela que respondeu da mesma forma para mim, rimos daquilo. Alice saiu da cozinha, seus lábios moveram dizendo que ela estaria na sala esperando por mim. Sabia que ela estava me dando privacidade. Desviando minha atenção de Alice ouvi aquela voz rouca que tanto amava ouvir, que agora estava mais grossa devido ao sono, ele tinha acabado de acordar.

 

-Oi linda. – Meu coração derreteu um pouco com aquilo.

 

-Oi meu sol. – Ouvi o ruído do seu sorriso. – Dormiu bem?

 

-Não. – ouvi agora um bocejo.

 

-Por que não? – meu tom agora era preocupado.

 

-Porque você não estava aqui ao meu lado. – essa frase derreteu um pouco meu coração.

 

-Eu te amo. – Falei o obvio.

 

-Te amo muito mais. Vamos nos casar amanhã? – ele falou irônico.

 

-Quem dera casar com você amanhã. – eu brinquei

 

Nessa hora Alice gritou da sala: “Por mim tudo bem, providencio tudo em menos de 24 horas”. Eu sorri com a idéia sei que minha amiga seria capaz dessa façanha, mas não conseguiria fazer em La Push e eu quero muito que seja lá.

 

-Nunca concordei com nada que essa anã fala, mas hoje vou aceitar a idéia dela, o que você acha? – Jake falava de uma forma irresistível, quase me convencendo.

 

-Só podemos nos casar em La Push daqui a dez dias, e assim será. – fingi mandar nele, lógico que ele riu disso.

 

-A senhora que manda, só falar o horário que eu vou esta lá te esperando. Você vai de branco certo? Vai ser fácil te achar.

 

-É sem duvida.

 

Enquanto conversava com Jake sentia a mão fria de Alice no meu ombro, com um sorriso lindo no rosto, ela estendeu a mão para mim e pediu:

 

-Posso falar com noivo? – Fiquei confusa não sabia o que responder, entretanto Jake ouviu e respondeu para mim.

 

-Deixa-me falar com essa sanguessuga Bella. – Seu tom era sério.

 

Passei o telefone para ela, contudo fiquei colada nela, para ouvir o que falariam, afinal minha curiosidade me mandava fazer isso.

 

-Olá Jacob. – a tranqüilidade da voz de Alice era impressionante. – Quero te pedir um favor em nome da família Cullen.

 

-Acho que vocês não estão em posição de pedir nada para mim, afinal o seu irmãozinho aprontou muito e tenho certeza que ainda vai dar o ar da graça novamente. – sarcasmo ácido de Jake fez meu sangue gelar, porém Alice não pareceu se alterar.

 

-Vou pedir do mesmo jeito. Queremos comparecer ao casamento de Bella. – Aquilo me pegou desprevenida, só agora lembrei que eles não poderiam entrar em La Push, pois havia o tratado.

 

-Quem toma conta de lá é o Sam, tem que fazer esse pedido a ele e não a mim.

 

Ficou um silencio desconfortável entre eles, mas Alice continuou.

 

-Ok, pedirei a ele pessoalmente na nossa reunião que esta marcada... – ela parou e ficou em transe por uns segundos. – para hoje de madrugada.

 

-O problema é de vocês e não meu. – A secura em que Jacob falava me fazia estranhar a sua pessoa, era uma faceta nunca apresentada a mim. – Agora deixa Bella falar comigo.

 

-Sim. Tchau Jacob.

 

Ele não respondeu nada. Alice estendeu o fone para mim e saiu saltitando de novo para sala. Aquilo me deixou incomodada não gostava daquela grossura toda com a minha amiga, ele sabia o quanto isso me incomodava.

 

-Jake! – pelo meu tom de voz sério o ouvi bufar irritado e me responder.

 

-Bella, eu respeito sua amizade com ela, mas passar aceitar ela dando ordens para mim isso é demais.

 

-Ela te fez um pedido, só isso. – falei brava.

 

-Não quero discutir isso com você, porque isso é responsabilidade do Sam, além que não vale à pena brigar por isso.

 

-Também não quero discutir com você, mas não gostei da sua maneira de falar.

 

-Desculpa, mas você sabe que sou direto e não escondo as minhas opiniões.

 

-Sim, sei que você é desse jeito. – Revirei meus olhos pra aquela teimosia.

 

-Não sou perfeito, sou repleto de defeitos. – sua voz já tinha deixado a seriedade de lado e dando lugar para uma ironia. – Você tem que me amar assim.

 

-Ok, te amo assim, fazer o que né? – usei a mesma ironia dele.

 

-Eu te amo mesmo você sendo amiga de uma sanguessuga. – soltou um riso.

 

Era impossível ficarmos brigados por muito tempo, nos amávamos demais para isso.

 

-Vamos falar de uma coisa essencial. – Seu tom era descontraído. – vou te ver hoje a tarde?

 

-Sim vamos, vou ver agora com Alice algumas coisas do casamento aqui mesmo em Forks e depois vou para La Push, ok?

 

-Vou contar os segundos. Nossa, eu fico tão romântico ao seu lado. – A voz divertida me fazia rir. – um dos seus efeitos em mim.

 

-Te amo seu bobo.

 

-Te amo minha vida.

 

Desligamos o telefone, fiquei alguns segundos olhando para o aparelho na minha frente, sentindo meu coração batendo descompassado ao pensar quanto eu amava aquele menino lobo, que representava o sol para mim. Assim fui invadida por uma certeza, que sempre seriamos assim apaixonados um pelo outro.

 

Subi as escadas enquanto fazia isso, gritei para Alice que me arrumaria para a gente poder sair para resolver algumas coisas do casório.

 

Demorei uns dez minutos, entre a minha higienização e minha troca de roupa. Não quis tomar banho, pois queria o cheiro do Jake na minha pele, que estava em todos os cantos do meu corpo, suspirei ao constatar isso. Como sairia sem meu sol, teria que me agasalhar bem, pois o temporal de ontem deixou uma chuva fina caindo durante todo dia.

 

Desci as escadas e encontrei Alice no celular discutindo com a moça da loja de vestido de noiva, logo minha mente masoquista me fez lembrar-se daquela mulher, da minha ameaça. Algo me dizia que não seria a ultima vez que a veria, imediatamente um calafrio fez meus pêlos dos braços e eriçarem. Alice me olhou assustada, sem para de falar com a vendedora que ela pegaria o vestido hoje.

 

Quando íamos em direção ao seu Porshe amarelo, no meio da chuva bem fina, ela franziu o nariz e comentou:

 

-Você podia ter tomado um banho. Esse cheiro do lobo em você me irrita. – ela disse zombeteira.

 

-Se você quer ser minha amiga ainda, é melhor se acostumar com esse cheiro. – Brinquei enquanto entrava no veiculo.

 

-O que não faço pela minha irmãzinha humana. – Alice disse ironicamente.

 

Ficamos a tarde toda junta falando dos preparativos, na verdade eu vi Alice organizando tudo, ela só parava para me consultar as minhas vontades. Isso era lago que me assombrava, Alice estava ouvindo os meus desejos, não estava me atropelando como sempre fez quando íamos comprar roupas.

 

-Alice, estou impressionada como você esta boazinha comigo, deixando tomar minhas decisões sobre meu casamento. – ela ria da minha contestação. Estávamos sentadas em uma lanchonete de Forks, ficamos o dia todo batendo perna e precisava lanchar algo. – Você podia ser assim quando saímos para fazer compras.

 

-Bella é o seu casamento, tem que ser exatamente como você quer que seja. – Alice ria de mim. – além que todas as suas escolhas de hoje foram muito boas, eu que estou orgulhosa de você, aprendeu alguma coisa convivendo comigo: O bom gosto. Plantei uma semente que esta germinando. – ela fez um gesto teatral com as mãos.

 

-Você é terrível Alice Cullen. – voltei a comer meu sanduíche natural.

 

-E você me ama mesmo assim.

 

-Sim, amo as pessoas mais terríveis do universo. – pois nessa lista havia o meu lobo, que era terrivelmente irresistível.

 

-Bella você pode pedir para Jake vim te buscar? – Alice estava com celular na mão discando um numero e me entregou o aparelho. – vou buscar seu vestido, e sei que você não vai querer ir lá.

 

-Ok Alice. – peguei o aparelho cinza e coloquei no ouvido.

 

Depois de três toques, ouvi alguém atender, era meu sogro.

 

-Casa dos Black.

 

-Oi Billy, é Bella. – Disse animada.

 

-Oi Bella, como você esta? – Billy sempre gentil comigo.

 

-Estou bem e você?

 

-Estou. Você quer falar com Jake, que já esta aqui do meu lado quase me agredindo para tomar o telefone da minha mão.

 

-Obrigada Billy. – só pude ouvir a riso de trovão do meu sogro e Jake rindo junto.

 

-Oi amor. – Jacob falou. – Esta tudo bem?

 

-Sim, quero te pedir um favor. Se não te incomodar você pode vim me buscar aqui na lanchonete em Forks? – eu pedi toda manhosa. Alice revirou os olhos para minha postura.

 

-Estou indo de buscar, daqui uns quinze minutos ai ok?

 

-Contando os segundos. – ele riu com minha repetição da sua fala de hoje de manhã.

 

-Eu também, to indo.

 

O celular ficou mudo, já imaginava a cena de Jake saindo correndo todo elegante em seus movimentos entrando no seu rabbit e vindo ao meu encontro. Entreguei o pequeno objeto para Alice.

 

Terminei o meu lanche, que já estava mesmo no fim, pedi a conta e paguei. Eu e Alice saímos o estabelecimento, nos despedimos, ela perguntou se a veria hoje na reunião. Não sabia, mas que sinceramente tentaria estar lá sim.

 

Fiquei na calçada esperando por Jake, de acordo com meu relógio faltavam uns dez minutos para ele chegar, queria ver se ele atrasaria. Começou a chover bem fraco, me abriguei no toldo da loja de livros do lado. Havia varias pessoas andando para lá e pra cá na rua, afinal ali concentrava o pequeno comercio da cidade de Forks.

 

Meus olhos passavam displicentemente pelos moradores da cidade, que em sua maioria me conhecia. De repente um grupo de garotas mais novas, que eram do meu colégio ficaram me encarando e apontando para mim, provavelmente comentando da minha separação de Edward e meu noivado com Jake, isso era um assunto comentado por aqui. Afinal não havia segredos na “Grande” cidade de Forks. Aquilo foi me irritando, queria que meu sol me tirasse dali.

 

Mas sem perceber nada minha volta, pois minha atenção estava ligada aquele grupo de meninas, eu senti uma pessoa bem próxima a mim do meu lado direito. Quando meus olhos encararam sua figura, vestida com uma calça jeans escura, bota de salto fino e uma bata verde escuro. Meu coração parou, era o meu pesadelo mostrando sua cara novamente, a mulher dos olhos azuis.

 

-É você, a menina apavorada da loja de noivas. – Sua voz era tranqüila e firme. – Você tem o cheiro dele.

 

Eu não sabia o que falar muito menos o que pensar. Só escutei ela se aproximar de mim, puxando o ar pelo nariz bem próximo a mim. Ela continuou calmamente:

 

-Você é a menina apavorada da loja de noiva. – ela parecia emocionada? É isso? – Você é dele, eu sinto.

 

Tinha nítida sensação que ela falava com ela mesma, como se aquelas palavras fossem para ela. Seus olhos azuis escuros me encaravam num misto de tristeza e de felicidade, duas coisas tão diferentes, mas que havia ali naquele olhar.

 

Minha mente rodou num turbilhão louco, as emoções explodiam dentro de mim, não sabia o que fazer, o que falar. Ela a dona do meu maior medo encontrava-se na minha frente falando comigo, sendo que Jacob estava vindo me buscar. Ele não pode colocar os olhos nela, isso era o que minha mente começou a berrar para mim.

 

Ao perceber o que estava prestes acontecer um pavor se apoderou de mim, era um horror por mim nunca sentindo, nem quando encontrei os Volturi pela primeira vez, Jane não me assustaria mais depois disso. Acho que meu sangue se esvaiu por completo, porque senti um frio cortar minha espinha, minhas pernas ficarem bambas e falharam eu ia encontrar o chão, mas a moça branca que tinha a mesma altura minha, me amparou rapidamente.

 

Quando suas mãos encontraram meu casaco, para que eu não caísse, senti uma urgência surgir dentro. Eu precisava fugir, e assim o fiz. Num movimento impensável por mim, me esquivei dela e corria para rua. Sem olhar para os lados, parei no meio da rua, quando ouvi um carro freando bruscamente, em questão de frações de segundos, percebi que aquele veículo ia colidir comigo. Mas antes de qualquer reação minha senti mãos gélidas me tirarem dali e correrem para o bosque que ficava próximo.

 

Meus olhos estavam fechados esperando o encontro com a morte, porém alguém evitou que isso acontecesse, e pela temperatura que meu corpo estava, sei muito bem quem era. Logo sua voz linda e encantadora, como sempre, confirmaram as minhas suspeitas corretas. Edward tinha me salvo.

 

-Minha Bella. – Seus olhos que estavam numa cor ocre. – Você quase morreu. O que aquela mulher te falou?

 

-Nada Edward, agora me coloca no chão por favor. – eu me encontrava no seu colo.

 

-Sim. – ele atendeu meu pedido, mas ficou próximo de mim. – Você esta bem?

 

-Estou. – ainda estava tremendo, não era somente frio, havia medo ali dentro de mim.

 

-Bella você é péssima mentirosa, sei que você não esta nada bem. O que aconteceu?

 

-Nada. – Não queria expor meu medo para Edward, só queria encontrar meu sol.

 

Assim virei meu corpo e comecei andar entre as arvores, precisava de Jake, além que tinha que evitar dele ver aquela mulher, cada pedacinho meu gritava pela presença do calor do seu corpo e do seu amor. Edward não me impediu, como pensei que faria, na verdade ele me olhava intrigado.

 

-Aquela mulher te machucou? – Ele agora me perguntava desconfiado.

 

-Não. – minha voz falhou.

 

-Pode me falar. – ele agora estava na minha frente com a mão no meu rosto. – Eu escutarei tudo com atenção.

 

-Edward se você me ama, por favor deixa-me quieta e ir encontrar com Jake.- as lagrimas já escorriam meu rosto.

 

-Sem duvida ela te feriu, mas não entendo como. 

 

Não podia falar que aquela mulher tiraria a minha razão de viver, o meu amor com Jake seria para ele uma simples e insignificante lembrança. Ela seria o motivo da minha desgraça.

 

Nossos olhos se encontraram por um segundo, ele ficou ali me encarando, parecia que estar resolvendo um grande enigma, talvez eu sempre fui isso para ele, um grande mistério. Depois de um tempo, que para mim pareceu longo demais, ele me soltou e falou:

 

-Sei o que te deixaria assim, vi você desesperada dessa mesma forma na visão de Alice quando vocês foram para Seatlle. – Seu rosto perfeito mostrou um tom de vitória.

 

-Não sei o que você esta falando. – Sabia que era a frase mais ridícula a se falar, mas minha mente não conseguia processar muita coisa.

 

-Sabe sim. – ele disse vitorioso, com seu sorriso torto de brinde.

 

Nessa hora a figura perfeita esguia de Edward me pegou de novo no colo e correu para a beira da floresta, me deixou na beira do asfalto. Soltou-me, deu um beijo na minha testa e correu de volta para o manto verde.

 

Meus joelhos cederam, encontraram a terra úmida, agora chuva tinha aumentado sua intensidade, logo fiquei completamente ensopada. Minhas lágrimas já não eram mais sentidas por mim, pois as gotas de chuvas tinham as diluídas, porem sentia elas saindo intensamente dos meus olhos.

 

Lancei meus olhos para frente e vi o meu paraíso, correndo em meio a chuva, entre os carros, se não fosse o pavor tremendo que havia dentro de mim, poderia usufruir daquela linda imagem, mas minha mente estava absorta em dor e duvida. Será que ele a tinha visto?

 

-Bells? – Seus olhos mostravam sua preocupação comigo, contudo não respondia minha pergunta. – Você está bem?

 

Ele me pegou do chão e colocou em seu colo, como sempre eu me aninhei no seu peitoral, contudo a duvida ainda pairava na minha cabeça.

 

-O que ele fez com você? – Leve tremor balançou Jake.

 

-Nada. – minha voz era entrecortada.

 

-Bella não mente para mim. – Senti nos movendo em direção ao rabbit.

 

-Não estou mentindo. Você a viu? – eu precisava perguntar.

 

Quando perguntei seus olhos me encararam confusos, um ruga profunda cortou entre suas sobrancelhas, ele abriu a porta do carro comigo ainda no seu colo, entramos e ele perguntou:

 

-Quem Bella? – a certeza veio como um alívio para minha dor. Ele não a viu.

 

-Ninguém Jake. – minha voz começou a sair e minhas lágrimas cessaram. Agarrei o seu ombro e apertei, ele ainda era meu, só meu. – Te amo tanto Jake. – colei nossos lábios, ele correspondeu o beijo, porém suas mãos me detiveram.

 

-Bells, o que aconteceu? – eu precisava falar algo, pois podia ver apreensão no olhar do meu sol.

 

-Eu me assustei com uma pessoa e corri para o meio da rua. – A sobrancelha de Jake arqueada para cima, mostrava que não gostava da historia. – E quase fui atropelada, se não fosse Edward eu ia ser atropelada.

 

-Bella foi só isso? – Às vezes ser transparente por completo para Jake era inconveniente.

 

-Sim. – desviei meu olhar do dele, para não saber de toda verdade.

 

-E por que o sanguessuga não ficou do seu lado quando eu te encontrei?

 

-Não sei, talvez ele tenha finalmente entendido minha escolha. – não sabia o que falar.

 

-Tem alguma coisa a mais nessa historia. Quando você quiser me contar a verdade eu ouvirei, ok? – Jacob me deixou com vergonha, mas não podia contar nada, não estava disposta a perdê-lo para o destino, precisava me fortalecer para essa batalha. 

 

Durante o trajeto para casa do Jake fiquei agarrada em seu braço, o seu calor me aquecia por fora quanto por dentro, era ta aconchegante, meu sol. Ele estava com aquela mascara séria que eu odeio tanto, a sua outra mão livre apertava o volante, mostrando como ele estava nervoso com aquela situação deplorável com a qual eu me encontrava: Toda molhada, com rosto vermelho e inchado de tanto chorar, com cheiro de Edward no meu corpo e uma historia muito mal contada pela metade.    

 

Minha cabeça ainda rodopiava como um tornado enfurecido que destrói e tira tudo do lugar, em poucos minutos muitos fatos aconteceram: a mulher do meu sonho, na verdade do meu pesadelo, ela vindo pelo cheiro dele, ela o viu. Ainda havia Edward, a saber, disso tudo, porque seus olhos ocres afirmaram o entendimento dele sobre o real motivo do meu estado de desespero, e agora havia outro ponto: Jacob sabia que eu escondia algo dele.  

 

Não trocamos uma palavra sequer, só podia ouvir o barulho da chuva encontrando a lataria do carro. Isso era algo incomum entre nós, nunca faltava assunto entre nós, mas hoje havia muita coisa dentro de mim, não havia espaço para nenhuma palavra, pois tinha medo desabar ali na frente de Jake. Visivelmente aquele silêncio incomodava muito o meu sol, ele apertava o volante com raiva, sabia que havia muitas perguntas dentro dele.

 

Quando avistei a casa dos Black´s se aproximando, senti duas coisas: primeiro alivio em saber que ainda tinha Jake na minha vida, segundo medo do que falaria para meu sol. Porque eu o conhecia muito bem, ele odeia mistérios e suspenses.

 

Ele estacionou o Rabbit na garagem, desligou o motor e ficou parado. Abaixou a cabeça como se tivesse derrotado, seus ombros caídos, seus olhos negros estavam repletos de duvidas, ali também havia estampado a incerteza. Só conseguíamos ouvir as nossas respirações pesadas.

 

Minha mente agora gritava que precisava, na verdade que eu tinha obrigação de aliviar aquele imenso incomodo de Jacob. Assim ensaiei falar alguma coisa, contudo as minhas lágrimas não deixavam e tinha medo do que falar. Lógico que ele notou essa minha tentativa frustrada de dizer algo.  

 

Nesse momento ele virou seu corpo para mim, passou a mão pela minha cintura e me colocou sentada no seu colo, me pondo de frente para ele, conectando os nossos olhos, com nossos rostos próximos podia sentir sua respiração quente tocando meu rosto. Ele começou passar mão no meu cabelo molhado e começou a falar:

 

-Bella, você sabe que tudo isso esta me incomodando. – sua voz rouca era preocupada e atenta. – Mas o que mais me perturba é ver você assim.

 

-Horrorosa. – Tentei fazer um pouco de humor num momento importuno.

 

-Não. De te ver sofrendo. – Ainda sério, ele pegou meu rosto com sua duas mãos. – Vou te perguntar uma vez: Edward te fez alguma coisa?

 

-Não, ele não me fez nada. – Minha voz era um sussurro, contudo como nossos olhares estavam ligados, ele podia ver que não estava mentindo. – Na verdade ele salvou a minha vida, quase fui atropelada.

 

-E por que você quase foi atropelada? – Jake tentava ser mais delicado possível comigo.

 

-Porque me assustei... – Não sabia o que falar. -... Com as pessoas, elas apontavam e falavam de mim.

 

-Bells, ele te falou alguma coisa que te magoou?– Meus olhos marejaram intensamente, balancei a cabeça negativamente. – Sei que tem mais coisa nessa história que você não quer me contar, tudo bem, vou respeitar o seu espaço. A única coisa que me preocupava era o que aquele maldito poderia fazer com você.

 

-Jake, quero te falar uma coisa. – engoli o nó do medo e limpei minhas lágrimas. – Independente do que aconteça conosco saiba que os melhores momentos vividos por mim foram ao seu lado. E que eles serão as minhas melhores lembranças, serão como jóias para mim guardarei para sempre dentro de mim.  

 

-Bella, agora é a minha vez de falar: Você é a minha vida, nada e ninguém vão ocupar o seu lugar. Afinal se você sumir ou for embora não terei mais vida, serei vazio, não haverá mais nada dentro de mim. Cada pedaço do meu ser pertence a você, somente a você.

 

-Você não tem medo de encontrar o seu imprinting? – a pergunta foi feita sem ser pensada, simplesmente saiu da minha boca.

 

-Sinceramente eu acho impossível que meu imprinting seja melhor que você. Não existe pessoa mais perfeita para mim do que você. E você sabe como eu tenho certeza disso? – Balancei minha cabeça. – Porque meu coração te escolheu e sabe que não há outra mulher melhor para mim.

 

-Não duvido disso. – Meu coração repetia aquelas mesmas palavras para mim, contudo a figura da mulher me trazia duvida. – Eu consigo ver e sentir que nosso amor é único, mas eu já vi o imprinting acontecer, é algo incontrolável.

 

-Sei disso. Mas acho sinceramente que isso não vai acontecer. – A certeza dele era inabalável, isso aquietou meu medo por aquele momento.

 

Não queria pensar em mais nada, nem imprinting e nem quando ele vai acontecer. Na verdade queria viver tudo que fosse possível ao lado do meu sol, usufruir os momentos que tinha ao seu lado, poderia ser anos, dias, talvez horas. Não importa, viveria tudo intensamente e sem duvida lutaria pelo direito de ser merecedora disso tudo.

 

Com esse pensamento como lema e os olhos do meu sol me chamando para curtir o nosso amor, deixei todo medo de lado, me entreguei aos lábios do Jake. Que eram gentis e cuidadosos comigo, queriam demonstrar como o nosso sentimento era único. Nossas bocas e línguas exploravam cada canto do nosso rosto e pescoço, quando eles se encontravam pareciam ter vida própria, não era preciso ficar pensando nos movimentos, simplesmente eles aconteciam guiados pela nossa paixão.

 

Entretanto depois de um tempo a fome insaciável que tínhamos um pelo outro se manifestou acelerando o nosso beijo, tornando-o urgente e quente. Havia uma presa dentro de mim, queria ter sempre que possível o meu sol me aquecendo por dentro. E assim Jake, mais uma vez, saciou a minha necessidade de ter ele por completo.

 

Nossos corpos não precisam de um lugar especifico ou hora para se unir, basta estarem juntos que eles ansiavam pela presença um do outro. O mundo parecia sumir e não era necessário mais nada do que um ao outro, dessa forma agora dentro daquele veiculo nos amávamos e nos completávamos.

 

E como sempre tudo parou durante o encontro dos nossos corpos, pelo menos essa era a minha impressão, e acabamos os dois no banco de trás do Rabbit deitados e suados um em cima do outro. Meu sol passava os dedos nas minhas costas, eu deitada por cima dele, isso provocava arrepios ao longo do meu corpo por inteiro, e isso fez escapar o sorriso que tanto amo dos lábios dele.

 

-Amo quando você sorri assim. – Eu falei toda apaixonada pra ele.

 

-Não tem como não sorrir com você se arrepiado desse jeito, afinal isso faz minha imaginação voar. – agora seu sorriso era malicioso

 

E uma idéia divertida percorreu minha mente: esse menino não cansa? Inevitavelmente eu agora que estava sorrindo maliciosamente, lógico Jake conseguiu ler a minha expressão, assim colou nossas bocas, sem perder tempo já comecei puxá-lo para mais próximo a mim, não havendo nenhum espaço entre nossos corpos. Já suas mãos percorriam meu corpo apertando-o contra o dele. Mas de repente ouvimos os roncos do estomago dele e do meu isso nos fez parar e rir.

 

-Acho que estamos com fome. - eu disse apontando para mim e para ele. 

 

-É estamos sim, vamos comer algo? – assenti com cabeça. – Ah vamos comer numa pizzaria nova que abriu aqui na reserva?

 

-Sim vamos. Mas acho que preciso de um banho. – eu falei.  

 

Nessa hora imaginei a vergonha que ia sentir em chegar na casa do Jake toda suada e descabelada encarar Billy e Rachel. Ao imaginar isso tudo meu rosto já ficou vermelho e falei:

 

-Deixa para lá. – Jake me olhou desconfiado. - Não precisa.

 

-Não tem ninguém em casa. – agora eu o olhava desconfiada. – Eu não escuto nenhum outro coração batendo sem ser o seu. Vamos eu também preciso.

 

Colocamos as nossas roupas, fomos para casa de Jacob, realmente não tinha ninguém, dessa forma corri para ir ao banheiro primeiro, obvio que meu sol deixou essa minha vitoria acontecer, pois seria muito fácil ele me alcançar. Entretanto ele foi cavalheiro e deixou tomar banho primeiro. Sabíamos que não podíamos nos banhar juntos, porque acabaríamos esquecendo-se de comer de novo e acabaríamos com água quente da casa.

 

Tomei meu banho e depois Jake foi, fiquei na sala esperando por ele, que não demorou nem dez minutos direito. Quando ele apareceu de calça jeans escuro, com a camisa na mão, enxugando o cabelo com toalha, senti meu coração parar por um segundo com aquela imagem perfeita.

 

-Bella você me olhando assim me deixa constrangido. – Ele falou divertido para mim.

 

-Quem manda ser maravilhoso assim? – Falei passando meus braços pela sua cintura, o puxando para ficar próximo assim.

 

-Pode reclamar com Billy, afinal foram os genes dele de lobos, que me deixaram assim.

 

-Vou me lembrar disso. – Falei dando um selinho nele. – Falar nisso cadê a família Black?

 

-Rachel, sem duvida, para variar, deve ta atrás do Paul e Billy – Jake apontava para um bilhete na porta da geladeira. - foi na casa do Velho Quill resolver uma questão importante, ele saiu correndo.      

 

Saímos de braços dados e fomos em direção ao Rabbit, Jacob como sempre abriu a porta para mim, eu por minha vez, como sempre me aninhei no seu braço. Chegamos rapidamente na pizzaria, lá encontramos Seth, Leah e Quill. Sentamos todos juntos, ficamos por horas conversando e falando besteiras, amava o clima descontraído entre eles, era tão natural, sem duvida era uma verdadeira família.

 

Ao sairmos de lá Jake mandou todos ficarem atentos que hoje de madrugada eles iriam a casa dos Cullens para discutir táticas e estratégias sobre os Volturi, só ouvir os nomes dele um pequeno calafrio corria minha espinha, mas meu sol percebia e me apertava para mais próximo dele, isso me reconfortava.

 

Despedi-me dos meninos e da Leah, que agora estava muito mais bem humorada, contudo seu humor continuava acido e sarcástico, porém menos maldoso. Seguimos para minha casa, durante o caminho conversamos sobre os preparativos que eu tinha adiantado durante o dia com Alice, Jake queria saber de tudo, bem ele não entendia muita coisa sobre esse assunto de casamento, mas escutava-me atentamente.

 

Logo chegamos na minha rua, Jake entrou comigo ficou uma meia hora conversando com Charlie sobre os últimos jogos da liga de futebol americano e em seguida fingiu ir embora. Ainda fiquei dez minutos conversando com Charlie sobre o adiantamento da data da cerimônia, ele me olhou desconfiado e falou: “É melhor vocês casarem logo mesmo, afinal vocês não se desgrudam para nada.”         

 

Ao ouvir aquele comentário de Charlie meu coração encheu de alegria, afinal espero que sejamos sempre assim grudados um no outro, onde um estar outro também possa está. Depois da nossa pequena conversa, isso era um dos motivos mais peculiares de Charlie, não prolongar os assuntos, era objetivo e pratico, não era necessário estender a fala. Dessa forma subi para o banheiro para fazer minha higiene e trocar de roupa para dormir, pois meu pijama já ficava lá mesmo.

 

Enquanto escovava os meus dentes deixei a minha mente vagar, isso é um perigo para mim, afinal ela nunca foi muito saudável. E como sempre ela mostrou todo seu lado masoquista ao recordar o que aconteceu hoje a tarde, meu fatídico encontro com a mulher que roubará Jake de mim.  

 

Afligia-me no fundo da alma a idéia desesperadora de um dia não ter Jake próximo a mim, do seu amor ser de outra, seus olhos negros não brilharem mais para mim. De repente minha mente doentia me fez visualizar encontro com meu pesadelo no meio do temporal. A voz dela firme surgiu na minha cabeça:

 

“É você, a menina apavorada da loja de noivas. Você tem o cheiro dele.”

 

As palavras ditas por ela ecoaram por todos os cantos da minha cabeça, ela tinha vindo por causa do cheiro, imediatamente coloquei o meu nariz no meu braço e inalei, e como eu já sabia, havia ali o meu aroma preferido, o do meu Jake.

 

Na mesma hora uma punhalada forte foi sentida no meu peito, uma nova ferida rasgava meu peito, entre as várias cicatrizes que ele já possui, contudo esse novo buraco tinha uma infecção muito pior, era o medo de perder o meu amor, o temor não ter mais o meu sol me aquecendo todos os dias, o gosto amargo da incerteza poluía meus pensamentos, comecei sentir o ar faltando nos meus pulmões. Era certo que desabaria com meu pavor ali no chão frio do banheiro, porém comecei a ter outra sensação em meio a esse caos de incerteza sobre meu futuro.

 

Desta forma apertei minhas mãos contra a cuba de louça da pia, uma urgência percorreu meu sangue me sustentando em continuar de pé, olhei no espelho a minha figura com os olhos repleto de medo, porém agora eu podia sentir uma onda de calor correr livre nas minhas veias e artérias.

 

Assim uma idéia se impôs imponente perante o meu horror em perder o meu sol: Não deixarei de lutar, não será fácil para o destino afastar Jake de mim. Lutaria por nós até o fim. Toda aquela determinação era fruto da certeza do nosso amor, tanto ele me ama quanto eu o amo, essa era realidade, e esse sentimento é mais verdadeiro que uma promessa de um imprinting idiota.   

 

-Não vou deixar de lutar. – eu repetia para minha imagem refletida no espelho. – Não vou deixar aquela mulher tomar o amor do Jake para ela.

 

Inspirei de maneira profunda, o ar parecia terminar de espantar toda aquela insegurança. Sabia que precisava ser forte, como meu sol sempre foi quando lutou por mim, agora é a minha vez de provar o meu amor por Jacob Black.

 

Fiquei mais alguns segundos me olhando no espelho, terminei de escovar meus dentes, lavei meu rosto. E seguir o rumo do meu quarto, quando abri a porta do meu quarto vi Jake cochilando encostado com seu na cabeceira da cama, a sua aparência era tranqüila. Acho que fiquei tão absorta nas minhas questões pessoais que esqueci que meu sol esperava por mim. ao ver aquilo um sorriso desenhou no meu rosto.

 

Não agüentei ficar ali somente olhando, queria me juntar a ele. Dessa maneira me aproximei dele engatinhando cuidadosamente na cama, quando estava próxima ele sentei ao seu lado e comecei acariciar o seu rosto, imediatamente ele abriu os olhos e me lançou o meu sorriso preferido, como sempre retribuir com mesmo gesto. Com a voz rouca ele falou:

 

-Você demorou tanto que meus olhos não agüentaram e descansaram. – Ele piscava na tentativa de tirar o resto do sono. – Senti sua falta.

 

O selinho que ele me deu foi amoroso, era doce e tranqüilo, aquele simples toque de nossos lábios fazia qualquer dor desaparecer por completo, o calor que emana dele sempre me cura das minhas loucuras.

 

-Jake te amo muito sabia? – Falei já aninhada no colo e no peitoral dele, sendo inebriada pelo perfume da sua pele.

 

-Sempre soube, antes mesmo de você. – Nossos lábios colaram e ficaram aproveitando um ao outro por algum tempo. – Bella eu sempre te amei e sempre te amarei. Agora que eu tenho você por completo não vou deixar você escapar.

 

-Quero ser sua para sempre. – eu sorri para ele, era impressionante como meu sol sabia o que falar exatamente.

 

Ficamos nos encarando por alguns minutos e inevitavelmente um bocejo surgiu de mim, isso o fez rir.

 

-Tem gente que ta com sono. Vamos dormir? – Ele pegou uma colcha que encontrava nos pés da cama, contudo o impedi com um gesto.

 

-Vamos dormir. Mas não preciso de nada pra me cobrir, pois hoje eu não sentirei frio porque tenho um lobo lindo para me aquecer. – Dei um selinho nele, que tinha um sorriso bobo nos lábios.

 

-Nunca deixarei você sentir frio, minha vida.

 

-Eu sei. – e realmente essa é uma certeza dentro de mim, Jake sempre estará ao meu lado.

 

-Porém vou deixar essa colcha aqui perto, porque daqui.. – ele olhou para o relógio do meu quarto que marcava 22:30.- cinco horas terei que sair para reunião com os sanguessugas, e te cobrirei com a coberta.

 

-Quero ir com você. – meu tom era de manha. – Sou parte interessada nessa história.

 

-Sabia que você ia querer ir, até prefiro que você vá mesmo, porque não confio deixar você sozinha aqui com aquele maluco sanguessuga soltou por ai. – sua voz era firme, porém tinha um timbre um pouco divertido. – Tenho certeza que ele está esperando qualquer oportunidade para contra atacar.

 

-Nossa, estou me sentindo dentro de uma batalha. – tentei fazer um pouco de humor.

 

-Mal sabe ele que essa guerra ele já perdeu. – Apertava meu corpo conta o seu num abraço urso que só ele sabia dar.

 

-Não há motivo para lutar, meu coração e meu amor já te escolheram.

 

-Avisa isso para aquele seu ex fedido, que não sabe receber um não na vida. – Seu humor agora esta um pouco irritado. – Talvez eu tenha que desenhar para que ele compreenda que você agora é minha, que daqui a dez dias você será oficialmente a minha mulher.

 

-Jake relaxa, uma hora ele vai compreender. – meus dedos afagavam seu rosto.

 

-Bella, você é muito inocente. Acha mesmo que ele será compreensível e aceitará um dia o nosso amor? – Seus olhos eram incrédulos para mim.

 

-Quero acreditar que sim. – Isso era realmente uma idéia possível na minha mente.

 

Afinal Edward sempre foi uma pessoa gentil e altruísta. Sem duvida ele estava nervoso com tudo, pois nossa separação foi traumática para ele, o abandonei no dia do nosso casamento. Com o passar do tempo ele aceitará essa nova situação, a minha escolha será respeitada tenho certeza.

 

-Bells, não quero discutir com você sobre aquele ser inútil. – eu revirei meus olhos. – Vamos dormir um pouco, eu quero.

 

-Vamos sim. – Deitamos de conchinha, ter a respiração do meu sol no meu pescoço era relaxante e estimulante ao mesmo tempo, se não fosse meu cansaço, que se apoderou agora do meu corpo, sem duvida minha boca já estaria grudada na dele. Todavia meu sono me chamava para entrar no mundo dos sonhos.