Fazia longos meses que não vinha nessa casa, meu nariz não sentia esse cheiro familiar da casa do Black´s. Era pequena a sala, contudo tão aconchegante, recordei algumas tardes que ficávamos jogados nesse sofá vendo televisão algum seriado ou programa de carros, somente eu e Jake, sem nenhum mundo sobrenatural nos envolvendo. Aquilo era passado, tudo era diferente, talvez eu não sou mais aquela Bella.  

Os olhos negros de Billy quando encontraram: eu e meu sol de mãos dadas, nos lançou um sorriso orgulhoso para nós dois, fiquei encabulada, acho que não era somente Charlie a torcer por nós. Além que sem duvida ele estava feliz pelo retorno do filho. Ainda havia da volta definitiva de Rachel, mesmo que tenha sido por causa de Paul. Mas para ele não importava o motivo, e sim que seus filhos estavam por perto.

-Que bom ver você, Bella. Pelo sorriso de Jake vi que ele estava o tempo todo com você. – Abaixei os olhos envergonhada.

-É – respondi encabulada, Jake revirou os olhos.

-Pai, queria dizer que eu e Bella vamos nos casar. – Meu sol tinha um sorriso vitorioso nos lábios, eu achei graça daquilo.

A cadeira de roda do meu sogro veio parar nos nossos pés, seu rosto ficou preocupado, respirou fundo e falou:

 
-Vocês sabem dos problemas que terão que enfrentar? – Billy falou sério olhando direto para Jacob.

-Eu sei. – Meu sol respondeu tão concentrado quanto o seu pai. – Contudo tendo Bells do meu lado, eu sou capaz de enfrentar qualquer coisa. Basta saber que a tenho me esperando.

Agora Billy virou sua atenção para mim, estendeu a mão, logo a peguei entre meus dedos.

-Bella, você sabe que gosto de você, como uma filha. E que sinceramente fico contente que não tenha ficado casada com aquele vampiro, se transformado em um deles. – Sua feição mostrava preocupação. – Porém vocês sabem que para ficarem juntos, poderão enfrentar alguns contra tempo.

-Bem Billy, eu sei que fui covarde por muito tempo não assumindo meus sentimentos por Jake. – Minha voz traiu um pouco, todavia consegui fala. – Mas agora estou junto dele, e disposta enfrentar os obstáculos.

Billy me encarou por algum tempo, seu sorriso apareceu em seu rosto, senti um orgulho por agradar o meu sogro com as minhas palavras, soltou a minha mão delicadamente e por fim falou:

-Vocês realmente se amam de verdade, desde primeiro dia que se reencontraram. – Billy deu uma risada. – Então seja bem vinda a família Bella. A partir de hoje, você será mais uma nesse bando de lobos.

-Algumas vezes são de loucos. – Respondeu Rachel, ganhando um beijo na bochecha de Paul.

-Obrigada Billy- Eu disse sorrindo sem graça, Jake apertou minha cintura.

-E agora vamos comer que eu estou com fome. – Disse Billy e todos nós rimos.

Almoçamos alegremente, entre implicância entre os dois lobos e conversas femininas entre eu e Rachel. Nossa afinidade era interessante, afinal tínhamos nos visto somente quando éramos crianças, mesmo assim tínhamos muitas coisas em comum no presente. Estávamos nos dando muito bem, deixando visivelmente Jake feliz.

Quando estávamos comendo a sobremesa, ouvi Paul perguntando:

-Quando será o dia que você colocará a coleira definitivamente?- olhando pro Jake

-Ah olha quem esta falando- respondeu Jake dando uma gargalhada, acompanhado de todos nós.

-Será em breve. - eu respondi surpreendendo a todos.

-Nossa que pressa. – Disse Paul debochado. Rachel o olhou feio e Jake deu um tapa na sua cabeça.

-Paul pare de se inconveniente. Desculpa Bella. – Disse Rachel envergonhada. – Se precisar de ajuda pode contar comigo. Saiba eu sempre torci muito por vocês dois.

-Obrigada Rachel. Quero ajuda sim, não sei muito sobre festas, organizar isso tudo não vai ser uma tarefa fácil.

-Será um prazer. – ela me respondeu com sorriso singelo no rosto.

Sem perder tempo, finalizamos o almoço, limpamos a cozinha, enquanto os rapazes ficaram assistindo televisão com Billy. Entre enxaguar os pratos e os guardar, ela e Rachel aproveitaram para trocarem idéias sobre alguns preparativos.

Após acabarmos de arrumar tudo, nos sentamos-nos à mesa da cozinha, Rachel pegou um lápis e papel, para notarmos algumas idéias que surgiram. Não demorou em os meninos ficarem próximo a nós, precisamente do nosso lado. Mesmo brigando com Paul algumas vezes, trocando insultos, Jake prestava atenção a todos os detalhes por nós falado, dando opiniões sobre o que ele gostava ou não das nossas escolhas.

Dizem que normalmente homens não se interessam nos preparativos, mas Jacob estava atento a tudo, lógico as vezes fazendo piada de algumas coisas, mas curtindo aquele momento. Realmente ele era um homem diferente de todos.

Ficamos o dia inteiro conversando sobre os preparativos do casamento. Em alguns momentos sentia umas indiretas de Rachel para Paul.

-Quando eu me casar. Ela enfatizava o eu com força. Fazendo eu e Jake sorrir com aquilo. – Eu quero esse arranjo de flores. O que você acha Paul?

Limitava-se a somente dava os ombros, fingindo não compreender o que ela estava querendo falar. Jake ria dessa situação, recriminava de maneira debochada que o cunhado não poderia fugir por muito tempo, que teria que por coleira logo, logo. Por sua fez Paul revirava os olhos e Rachel bufava. Isso aconteceu algumas vezes.

Alegria entres eles era bonita de ver, os lobos sempre eram muito unidos, isso era algo que eu admirava muito. Era praticamente uma família, havia alguns laços de sangue, mas também havia laços até mais profundos, como os de amizade e fraternidade. Agora eu faço parte daquela louca matilha, seria uma mulher de lobo.

As horas correram como sempre fazem quando estamos em momentos felizes, quando notei já estava anoitecendo. Então ouvimos um uivo do lado de fora da casa, depois de um minuto Seth abriu a porta nos encarando com seu jeito moleque.

-Oi Bella. – Ele veio na minha direção e me abraçou, eu gostava demais dele, é um grande amigo.

-Oi Seth. – respondi. Cada vez que o olhava me fascinava como ele havia crescido, seus traços de menino quase não existiam mais.

Meu sol rosnou com a para Seth enquanto ele me abraçava, ri daquilo como todos que ali estavam.

-Como você é ciumento. – Seth brincou dando um soco leve no ombro do meu sol.

-Você só veio aqui abraçar minha noiva? – Jake resmungou irônico.

-Não. Vim te falar que Sam mandou te avisar que ele não poderá fazer a ronda hoje, e perguntou se você poderia ficar no lugar dele?

-Sim fico. – Jake respondeu, com um olhar triste. - Fala com ele que vou levar Bella em casa e que daqui a meia hora estou fazendo a ronda.

-Ok. Falo com ele. Tchau gente, adeus Bella, até qualquer hora. – Disse Seth já dando as costas para nós.

-Esse garoto tem que lembrar que pode ter crescido, mas ainda é um moleque. – Jake falou irritado, achei muita graça daquilo.

-Só porque o corpo dele esta finalmente amadurecendo por completo, ele está todo saidinho. – Completou Paul,

Ouvindo aquilo eu e Rachel trocamos olhares cúmplice, pois o incomodo deles era cômico. Ao fim me despedi de Rachel com um abraço carinhoso, prometemos marcar outro horário para continuarmos com os preparativos. Dei um adeus de longe para Paul, que retribui com mesmo gesto, já em Billy lhe dei um beijo no rosto.

Eu e meu sol saímos de mãos dadas, o cento frio gelou minha alma, contudo meu casaco particular me abraçou, caminhamos até a minha caminhonete em silencio. Jake ainda tinha um olhar triste, aquilo me incomodava; amava meu sol radiando felicidade, não daquele sentimento tristonho.

Quando ele sentou no banco do motorista, me aninhei no seu braço, ele me lançou um sorriso que não chegou aos seus olhos, novamente isso me incomodou. Não me contive e perguntei:

-O que foi Jake? – Ele me deu de novo um sorriso sem graça. – Por que você esta com essa cara?

-Porque não queria te deixar sozinha. – Olhei atentamente nos seus olhos, havia algo a mais naquele desconforto de Jacob, eu podia sentir agora.

-Você está me escondendo alguma coisa? – Ele parou a caminhonete e abaixou a cabeça. Puxou o ar de maneira compassada, aquilo estava me assustando. Ele parecia estar deliberando se ia me contar ou não, mas no caso dele sempre optava pela verdade. E sem duvida agora não seria diferente.

Ele me encarou, bufou e ficou mais alguns segundos me olhando, aquela tensão estava me consumindo.

-Jake? – tentando encorajando a falar, afaguei seus braços que já estavam a minha volta desde hora que saímos da reserva.

-Bells, eu quero que você fique calma. – quando alguém diz isso é porque você não vai ficar calma, mexi afastando-me um pouco do braço dele, vi que isso o incomodou. Mas ele continuou. – O sangue... O Edward está descontrolado. Temo pelo o que ele pode tentar fazer conosco.

Aquelas palavras me atingiram com força, como um bote de uma cobra, minha respiração suspendeu por alguns segundos, um nó imediatamente formou na minha garganta. Lembrei da figura aterrorizante que eu vi dele no meu quintal, isso fez um arrepio cortar minha espinha. Jake percebeu isso me abraçou, tentando proteger dos meus medos, mesmo que eles fossem internos, ele sempre estaria ali para mim. Era isso que seu gesto representava

Sempre haveria algo para atrapalhar meu amor com Jacob? Por que Edward não aceitava a minha decisão? Afinal ele sempre disse que respeitaria minha escolha. Mas será que Jake tinha encontrado ele novamente? Afastei-me de novo do seu abraço e o encarei, perguntei aquilo que me deixava em duvida.

-Por que você esta dizendo que Edward está descontrolado? Você o encontrou depois?

-Porque ele quebrou o pacto. – Meu sangue gelou, senti minhas artérias pararem de pulsarem, tudo parecia ter parado dentro de mim. – com o intuito de arrumar uma briga comigo. Querendo que perdesse o meu controle e por fim prometeu continuar lutando por você.

Ao final dessa ultima frase ouvi um rosnado forte sair da garganta do meu sol, ele tinha um olhar de fúria, suas mãos apertavam o volante com força.

-Me conta exatamente o que aconteceu. – Minha voz saiu fina de medo.

Jake me observou e contou tudo com detalhes, não escondia nada de mim e nem conseguia, afinal éramos transparentes um para outro. Lógico que ele conseguia me ver com mais clareza, mas eu já estava aprendendo também decifrá-lo.

Diferente de Edward, Jacob não me achava frágil, não tinha o habito, como outro, de tentar me poupar. Na verdade ele pensava que eu deveria ficar ciente do que estava acontecendo, eu gostava assim, mesmo não acreditando muito na minha força para agüentar tantas emoções. Preferia ficar sabendo o que estava acontecendo.

Ao terminar de me contar tudo, Jake me disse:

-Bells, eu não sei até quando eu irei me controlar para não brigar com o sanguessuga. – Agora começaram os tremores. Passei a mão no seu braço, os espasmos foram cessando. Ele me deu um selinho e continuou com rosto próximo ao meu:

-Sabia que só você consegue me acalmar. Basta o seu olhar, tudo para, nada mais importa. Só você! Seu sorriso, seu toque. - eu sorri com seu comentário. - Você além de ser minha vida é a minha paz.

Dei agora um beijo carinhoso, uni nossos lábios de maneira gentil, coloquei minhas mãos no seu rosto, ele colocou as deles sobre as minhas. Quando começamos aprofundar nosso beijo, ouvimos um uivo n floresta.

Nós paramos os dois com sorriso bobo e apaixonado no rosto, rimos um do outro. Era sempre assim leve e suave estar com meu sol.

-Tenho que correr, Seth e Embry já estão impacientes. – ele me deu outro selinho e eu voltei a grudar no seu braço. – Vou ficar por perto da sua casa.

Ele ligou a caminhonete e seguimos para minha casa, não falamos nada, não havia necessidade. Afinal Jake me conhecia muito bem, sabia que eu estava pensando em tudo que ele havia me contado.

Paramos na frente da minha casa, a viatura de Charlie estava parada do lado de fora, no lugar de sempre. Suspirei triste por ter que me despedir de Jake, que também parecia ter a mesma dor do que eu.

Ele saiu da caminhonete, caminhou até a mim, abriu a porta, me ajudou a sair. Caminhamos até a porta da minha casa. Olhamos-nos por algum tempo e eu disse:

-Te amo! E olha que é muito, mais muito mesmo. – eu disse dando um beijo na sua bochecha, ele fechou os olhos na hora que meus lábios encostaram-se à sua pele quente.

- E te amo mais e mais ainda. Amo os seus beijos sejam eles onde forem. – Ao falar isso ele roçava sua boca próxima a minha, eu ri da sua declaração.

-Será sempre assim? Eternamente apaixonados? – eu perguntei agora me juntando na sua brincadeira de roçar as nossas bocas, ele sorriu da minha atitude.

-Por mim será até mais. –ele me deu um selinho demorado. Quando íamos começar nos aprofundar no beijo. Ouvimos dois uivos altos, viramos nossos rostos e vimos dois lobos nos encarando.

-Tenho que ir.- com as nossas testas coladas, ele falou derrotado. Suas mãos me apertavam com carinho, parecia que ele queria ficar agarrado em mim. – Bells lembre-se eu te amo mais que a minha vida.

-Eu também te amo mais que a minha vida! – eu respondi.

Nos despedimos com beijo rápido, escutamos os lobos rosnavam impacientes. Jake bufou irritado e revirou os olhos, eu ri com aquilo.

Eu fiquei parada vendo ele indo em direção aqueles dois animais enormes. Qualquer pessoa normal iria sair correndo e gritando por estar vendo aqueles dois lobos, mas aquilo para mim era a normalidade. Sim eu era uma pessoa com uma vida estranha.

Ao chegar perto dos lobos ouvi Jacob brigando com eles, que o acompanharam entrando na floresta. Agora aquela era minha rotina, entre lobos e suas brincadeiras.

Quando eu fechei a porta, ouvi Charlie se mexer no sofá e me encarar. Ele parecia estar estranho, havia algo esquisito nas suas feições. Escutei me chamar:

-Bells venha aqui. Quero conversar com você.

Sentei no sofá de dois lugares, que ficava ao lado da sua poltrona. Quando me acomodei ele desligou a televisão. Realmente o assunto era sério para Charlie deixar de ver um jogo. Isso está começando me deixar nervosa, minhas mãos começaram a suar.

Ele me encarou por alguns segundos, parecia estar estudando a melhor forma de me dizer algo. Na verdade sabia que independente do que ele estivesse querendo falar seria difícil, pois ele não era acostumado a falar sobre seus sentimentos e preocupações.

-Bella. Estou preocupado com você. – Seu olhar estava transmitindo exatamente aquilo. Fiquei confusa, afinal havia tanto tempo que eu não me sentia tão bem e feliz. Ao notar que eu não entendi suas palavras ele continuou:

-Você tem noção que casando com Jacob sua vida vai mudar completamente? – Continuava sem entender. – Você lembra que já se matriculou na faculdade de Dartmouth?

Sinceramente não havia pensado nada disso, nem lembrava sobre a faculdade. Porque durante esses dois últimos dias foram tão intensos, a minha vida e meu futuro mudaram tão rápido que não tinha pensado em nada. Aquelas palavras de Charlie tinha me pegado desprevenida.

Afinal ele não estava errado em ficar preocupado comigo, eram tipo de coisas que eu teria que pensar o que fazer. Ele ainda me olhava, acho que tinha que falar alguma coisa.

-Pai, não sei o que dizer. Não pensei em nada.

-Eu sei disso minha filha, porém você tem que pensar o que vai fazer daqui por diante. - ele pegou as minhas mãos e continuou me encarando. - Bells eu vou te apoiar na sua escolha, como eu já fiz quando você escolheu Jake, mas eu quero que você tenha responsabilidade.

-Sim pai, você está certo. Vou pensar e depois te falo. – Ele deu um beijo na minha testa.

Assenti e levantei, caminhei até a cozinha e perguntei:

-Pai você já comeu?

-Não. – O ouvi ligando a televisão. – Você vai fazer algo para comer?

-Vou sim. Vou fazer uns sanduíches de presunto, quer?

-Quero sim Bells.

Comecei a pegar os ingredientes na geladeira, enquanto eu arrumava o lanche nos pratos, fiquei refletindo no que Charlie tinha acabado de me falar. Tinha muita coisa para resolver, me casando com Jake eu teria que mudar alguns outros planos na minha vida, além do obvio.

Terminei o lanche e levei um prato pra Charlie, que estava com olhos vidrados na tela, era um jogo de final do beisebol. Eu sentei com meu prato nas minhas pernas, comi tudo rapidamente. Até parecia Jake quando estava com fome, não deixei nenhuma migalha. Sorri ao pensar nisso. Charlie percebeu meu sorriso bobo, falou:

-Fazia tempo que não te via sorrindo assim. Jake sempre te fez muito bem. – Eu senti rubor tingindo meu rosto e um pensamento me invadindo: “Você não sabe o quanto ele me faz bem.”

Fiquei alguns minutos assistindo o jogo, sem entender muito bem quem estava ganhando ou perdendo. Sem querer me lembrei do dia que Edward me levou para jogar beisebol com os Cullen. Foi um dia divertido, tirando o momento de encontro com James, Vitoria e Laurent. Onde tudo começou realmente se complicar na minha vida.

Suspirei ao lembrar toda aquela confusão com aquele vampiro sanguinário a minha caça. Como Edward me defendeu de James, que tinha me mordido, ele conseguiu sugar meu sangue se controlando, mesmo que meu gosto seja irresistível para ele. Ao lembrar o rosto de Edward, algo dentro de mim me incomodou, principalmente quando recordei da sua figura destruída da ultima vez que o vi no meu quintal, completamente desolado e tomado pela dor.

O buraco feito no meu peito desde primeira vez que Edward me abandonou, doeu um pouco. Ele já estava cicatrizado, Jake fez a sutura, mas a pele da cicatriz era fina, então qualquer coisa a fazia sangrava. Entretanto hoje não era como antes, não havia hemorragia, era um sangramento pequeno, fácil de controlar, bastava pensar no meu sol, no meu Jacob. Imediatamente era invadida pela sua imagem linda dizendo que me amava e o ferimento era estancado.

Em meio aos meus pensamentos ouvi o telefone tocar, Charlie me olhava com uma pergunta implícita no seu rosto: “você vai atender?” eu me levantei, peguei seu prato, juntei com meu. E caminhei para cozinha, coloquei os pratos na pia e telefone parecia impaciente. Tirei do gancho e ouvir a voz que eu não escutava desde antes de ontem.

-Bella, você sabe quem é, né? Não se esqueceu de mim ainda? – aquela voz de sinos mágicos era inesquecível, como sua velha chantagem emocional.

-Lógico que não Alice. –Eu estava feliz de ouvir sua voz. – Como você vai?

-Vou lhe dizer que estou bem, poderia estar melhor, mas tudo bem. – fingi não entender seu comentário. - E você Bella como esta? – sua voz perfeita parecia irritada.

-Estou bem Alice. Fico feliz que tenha ligado. Afinal independente de qualquer coisa eu ainda te considero a minha melhor amiga.

Ao falar isso, não escutei nada do outro lado da linha. Será que ela tinha largado o telefone? Será que ela estava também com raiva de mim? Bem desligado ela não tinha porque não ouvi o Tum tum, característico.

-Alice? Você esta ainda ai?

-Bella, eu ainda te considero minha irmã. Não consigo ter raiva de você. – Seu tom de voz era de alivio, eu ri desse seu descontrole nas suas palavras. – Eu te entendo de alguma maneira, quer dizer eu tento te compreender, a gente não manda no coração. Enfim amar um cachorro fedido tem que ser algo irracional.

Antes que ela continuasse a dizer mais coisa que me incomodasse resolvi intervir:

-Alice, eu não quero brigar com você, então não se refira ao meu noivo, como cachorro.

Falei de maneira calma e pausada, tentando me controlar para não ser grossa com a minha amiga. Mais uma vez ouvi o nada do outro lado da linha, aquilo já estava me irritando. Novamente chamei por ela, o silencio imperou, não sei se por conviver com lobos durante toda tarde a minha paciência estava curta. Acho que a convivência com eles estava me tornando uma pessoa impaciente, eu ri mentalmente disso. Mas voltei minha atenção ao calar de Alice.

-Alice se você não falar nada eu vou desligar o telefone. – o silencio continuou, quando eu ia bater o dedo do gancho pra desligar ouvi a voz histérica dela.

-Você disse noivo? Você vai casar com cacho... com Jacob? – Havia um desespero na sua voz.

-Sim Alice. –Percebi que meu rompimento com Edward feria outras pessoas. - eu o amo, não há motivo para esperar.

Novamente houve o silencio irritante do outro lado da linha, dessa vez não havia mais nenhuma cota de paciência em mim, afinal já havia gasto boa parte dela naqueles silêncios de Alice. Desliguei o telefone, fiquei um tempo olhando pro aparelho. Não sei bem se esperando ele tocar novamente ou pensando naquela conversa estranha que acabara de ter com a minha amiga.

-Quem era bella? – perguntou Charlie distraído com a televisão.

-Era Alice. – Sai da minha posição de estatua e comecei a subir as escadas.

-O que ela falou? – Agora sua atenção era para mim.

-Nada demais. – ele me olhou desconfiado, eu fingi não entender seu olhar e continuei a subir. - Vou tomar banho e depois vou deitar. Boa noite!

-Boa noite Bells. E pense no que eu te falei.

-Ok pai.

Sai em direção do banheiro, liguei o chuveiro, tirei minha roupa e coloquei meu corpo de baixo da água quente. Era gostoso, mas não se comparava ao calor do meu sol. Sorri bobamente ao lembrar-se dele, como ele me aquecia por inteiro.

Percebi que eu estava com uma saudade grande dentro do meu peito. Como era possível? Afinal eu tinha passado a tarde toda com ele, tinha poucas horas que eu tinha o visto. Mas parecia dentro de mim que havia séculos de sua ausência na minha vida.

Fiquei mais alguns minutos deixando água escorrer pelo meu corpo, era inútil, nada me aquecia como Jake. Sai irritada do banheiro, caminhei até meu quarto, coloquei meu pijama de flanela, afinal hoje meu sol estaria na ronda a madrugada inteira, dormiria sozinha. Penteie meus cabelos e os sequei. Estava sem sono, liguei meu computador pré-histórico. Talvez Renne tivesse me mandado vários e-mail perguntando o por que da minha ausência no casamento. Será que ela sabia da minha troca?

Bem essa era é uma das conseqüências que teria que enfrentar quando escolhi ficar com Jake. Respirei fundo, não podia correr e fugir por muito tempo tinha q enfrentar aquele obstáculo, talvez seja um dos mais fáceis, quando penso nos outros, como Edward.

Sentei, acessei a minha conta de e-mail. Assustei com a quantidade de e-mail de Renne, em menos de dois dias ela tinha me mandado mais de 8 e-mails. Isso me fez temer em abri o primeiro, mas não havia jeito.

Ao abrir o primeiro, vi que era uma mensagem curta e objetiva, bem diferente do estilo da minha mãe, que normalmente eram quilométricos, ela estava brava, por não ter dado noticias e além que não gostou da forma em que meu marido, no caso Edward, falou que eu tinha passado mal, ela não tinha acreditado nele, não argumentou pois iria perder seu vôo pra Jacksonville. Essa mensagem só perguntava aonde eu tinha ido ao final do casamento? E com quem?

Eu ia responder primeiramente um a um, mas depois eu pensei bem, resolvi ler todos e fazer uma única mensagem. Cada vez que eu ia abrindo novo e-mail ele ia aumentando o volume das mensagens, retornando seu estilo comum, repleto de perguntas e questionamentos. Praticamente um interrogatório.

Resumindo todos os conteúdos dos e-mails eram sobre o que tinha acontecido comigo? Porque Charlie tinha dito a ela que eu deveria contar o que aconteceu, aumentando sua curiosidade e preocupação comigo.

Respondi de forma sucinta, não podia entrar em muitos detalhes, pois acabaria esbarrar no mundo místico de lobos e vampiros. Resumi que eu agora estava com Jake e que era feliz com ele. Omiti sobre meu casamento seria muita informação impactante em um único e-mail. Ligaria depois, não sei quando, para ela. Talvez quando meu sol tivesse ao meu lado, enfim ele me dava uma força única para fazer tudo que eu temia.

Desliguei meu dinossauro eletrônico e me joguei na cama, talvez lesse um livro pro sono chegar. Peguei meu exemplar de Romeu e Julieta, como já tinha lido essa historia enumeras vezes abri em qualquer pagina. Quando meus olhos viram a parte do livro que foi aberto eu ri. Era sobre paris.

Imediatamente ri, lembrei quando comprava Jacob a esse personagem, já Edward era o meu Romeu. Mas agora tudo havia mudado, havia um novo Romeu, e sem duvida uma nova Julieta. Afinal a Bella do Jacob era muito mais leve e alegre totalmente diferente da de Edward, séria e tensa, preocupada em ser perfeita para ele, até pensando em me transformar em vampira para poder viver ao seu lado. Deixando para trás todos os que amo, para viver eternidade.

Já com meu sol eu poderia ser a Bella normal e comum, não havia necessidade de mudar, ele me amava desse jeito que eu era. Ao pensar nisso tudo parecia que Edward fazia parte de outra vida, era como algo distante, que não estava mais dentro de mim. Isso era muito esquisito, mas era o que havia dentro de mim.

Eu fiquei perdida nos meus pensamentos por um tempo incalculável, o sono acabou me encontrando mais rápido do que eu imaginei e acabei adormecendo. 

Desliguei meu dinossauro eletrônico e me joguei na cama, talvez lesse um livro pro sono chegar. Peguei meu exemplar de Romeu e Julieta, como já tinha lido essa historia enumeras vezes abri em qualquer pagina. Quando meus olhos viram a parte do livro que foi aberto eu ri. Era sobre paris.

Imediatamente ri, lembrei quando comprava Jacob a esse personagem, já Edward era o meu Romeu. Mas agora tudo havia mudado, havia um novo Romeu, e sem duvida uma nova Julieta. Afinal a Bella do Jacob era muito mais leve e alegre totalmente diferente da de Edward, séria e tensa, preocupada em ser perfeita para ele, até pensando em me transformar em vampira para poder viver ao seu lado. Deixando para trás todos os que amo, para viver eternidade.

Já com meu sol eu poderia ser a Bella normal e comum, não havia necessidade de mudar, ele me amava desse jeito que eu era. Ao pensar nisso tudo parecia que Edward fazia parte de outra vida, era como algo distante, que não estava mais dentro de mim. Isso era muito esquisito, mas era o que havia dentro de mim.

Eu fiquei perdida nos meus pensamentos por um tempo incalculável, o sono acabou me encontrando mais rápido do que eu imaginei e acabei adormecendo.