This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 89
Capítulo 89




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Capítulo 89 - Daniel no País das Maravilhas - Parte 2

  É. Pelo que parecia eu não iria acordar tão cedo. Continuando meu sonho, segui por uma estrada de terra até me deparar com uma casinha de madeira (não, não era feita de doces...infelizmente tenho azar até para a história que tenho no meu sonho). Não parecia ter nada de interessante ali, então simplesmente resolvi passar direto. Bem, pelo menos eu tentei. Assim que passei pela porta (que estava aberta por alguma razão) fui simplesmente atacado por uma bandeja de metal. Ai, isso doeu (apesar de ser um sonho, doeu). Seja lá quem fez isso deveria no mínimo pedir desculpa, mas ao invés disso, acabou lançando mais e mais coisas. Naquele meio tempo fui atingido por uma bola de tênis, por uma panela velha e quase morto por uma faca enferrujada.

- Ei, tá querendo me matar?! - exclamei, mas não obtive resposta. Tive que me aproximar da casa para saber quem estava jogando e não fiquei muito surpreso em ver que era uma garota exatamente igual à..Patrícia? Até nos sonhos ela me enche a paciência! Ela usava um vestido aristocrático, bem espalhafatoso, e, junto a ela, estava uma de suas colegas, com uma roupa também antiga, porém mais humilde.

- Cadê? - gritava a Patrícia do sonho, de alguma forma nervosa - Cadê aquele broche? Você não viu mesmo, Fabiane?

- Não vi, Duquesa..desculpe.

- Então onde foi parar? Oh, droga! Como vou me encontrar com a Rainha toda esculhambada desse jeito?

- Mas a senhorita está muito apresentável, Duquesa... - a tal Fabiane tenta explicar.

- Não é a mesma coisa sem o meu broche! Cadê ele? - e ela continuava procurando loucamente por seu broche, lançando objetos por todos os lados.

- Ei! Pare com isso! - resolvi gritar - Vai me matar desse jeito!

- Hã? - ela finalmente parece ter percebido minha presença - Quem é você? Não sabe que invasão de domicílio é crime?

- E não sabe que tentativa de assassinato também é? Por que está lançando essas coisas por todos os lados?

- Só estou tentando achar meu broche, querido - falou ela - Sem ele sou apenas uma..uma sem broche! Aquele broche representa muito para mim!

- Que exagero - resmunguei. Claro que ela não gostou disso.

- Ora, seu...o que um moleque de pijama sabe sobre mim? 

- Aquele broche é uma prova de que ela é uma Duquesa - falou a empregada - Embora não seja a única, mas...

- Isso mesmo! É um símbolo do meu título! Como os outros vão sentir inveja de mim se não virem a minha insígnia de duquesa? E...ei, você é bem suspeito, heim?

- Mas eu acabei de chegar!

- Não é desculpa e...

- Ei, Duquesa. Olhe!

- O que foi? - perguntou ela, esperançosa.

- Achei seu broche. Estava dentro do pote de biscoitos.

- Oh, que bom! - disse ela aliviada e com um ar mais simpático - Agora sim posso ir ver a Rainha tranquila!

- O que diabos o broche estava fazendo num pote de biscoitos? - perguntei.

- Eu gosto de biscoitos, dá licença? - reclamou a Patrícia (ou Duquesa, no caso) - Não tem problema comer um ou outro de vez em quando...é só malhar depois.

 Não sei bem o que responder aquilo. Mas a Duquesa apenas sai correndo, rindo como louca para pegar a próxima carruagem, enquanto a empregada simplesmente respira aliviada de que o problema está resolvido.

- Ufa! Ainda bem que ela achou o broche, senão era capaz de sobrar para mim - comentou ela - Bem, obrigado pela visita, mas já pode ir embora. Tchau!

 Ela entra e fecha a porta na minha cara. O pessoal daquele sonho é mesmo um poço de educação. Seja como for, parar ali foi uma grande perda de tempo. Continuo minha caminhada e entro em um tipo de floresta. Andando por ali, me deparo com uma bifurcação. Teria que decidir qual caminho pegar e isso com certeza vai demandar algum tempo. Ai, ai, sempre aparece alguma coisa para me fazer pensar. Eu iria pegar algum caminho aleatório, quando, do nada, escuto um miado (isso mesmo, um miado).

- Q-Quem está aí? - pergunto.

- Ora, só gatos miam, querido - respondeu uma voz estranha. Quando me dou conta, me vejo abraçado com uma garota vestida de gato que parece com a...Emília? Claro que me sinto arrepiado com essa situação, mas ela parecia bem mais desinibida do que de costume.

- V-Você é?

- Costumam me chamar de Gata Feliz. E você? O que um rapaz tão bonitinho está fazendo andando sozinho pela floresta?

- Estou meio perdido... - respondi, tentando me esquivar o máximo que podia - Não conheço nada por aqui.

- Sério? Se quiser eu posso te mostrar...adoro fazer boas ações! - disse ela, apertando minhas bochechas. Na verdade, a melhor boa ação que ela podia fazer era desgrudar um pouco de mim.

- N-Não precisa se incomodar..eu me viro - falei, tentando ser gentil e moderado (pelo menos tentando) - Só quero saber para onde devo ir.

- Ah, isso depende. Depende de onde você quer chegar.

- Oh, claro. Eu não sei - respondi - Sei lá....só me fala para onde cada um deles leva.

- Oh, bem, o da esquerda leva para a casa do Chapeleiro e o da direita para a casa da Lebre.

- Chapeleiro e Lebre, é? Qual deles é mais amigável?

- Bem, não sei. Os dois são loucos.

- Não estou muito a fim de encontrar com gente louca.

- Oh, não pode evitar. Todo mundo aqui é louco.

- É, percebi - respondi secamente. A gata dá um sorrisinho.

- Não quer que eu te faça companhia? Heim? Hein? - perguntou ela, mais uma vez se esfregando no meu ombro.

- Olha...não precisa me incomodar. Eu me viro. Fiz curso de sobrevivência na selva. Até!

 E saí correndo na direção do caminho que levava para a casa da Lebre. Na verdade, tanto faz Lebre ou Chapeleiro. Tenho certeza que vou me ferrar com qualquer um deles. E, claro, como eu sou uma pessoa muito sortuda, assim que avisto uma casinha de longe, dou de cara com duas figuras sentadas em uma mesa no jardim. Um deles estava vestido de lebre, com pelagem marrom e tudo (e era grande...parecia o...Jorjão?), o outro usava uma enorme cartola verde com uma etiqueta escrito 10/06...e esse....oh, droga, sabia que esse cara não podia esta fora do meu sonho...ele era igual ao Wilson. 


  O problema é que para atravessar a estrada, eu tinha que passar pela casa deles. O meu plano de passar direto foi por água abaixo. E mesmo que quisesse passar pela propriedade desapercebido, não conseguiria. Assim que me aproximo da mesa eles logo notam a minha presença.

- Desculpa, não tem mais lugar - falou Jorjão (ou seria a Lebre).

  Olho para a mesa e vejo um monte de cadeiras vazias (era uma mesa grande, muito grande, cheia de doces, bolos, salgadinhos e pratos vazios)

- Como assim? Está cheia de lugares vazios?

- Ah, mas vamos usar todos eles - falou Wilson (ou o Chapeleiro) - Quando terminamos de comer nos lugares que estamos agora, mudamos para o outro, onde tem pratos limpos.

- Mas...uma hora vocês usarão todos os lugares, não?

- Ah, por isso ainda estamos aqui - falou Jorjão - Só de pensar que quando usarmos todos teremos que lavar todos os pratos, dá uma preguiça...

- Tudo isso é preguiça de lavar os pratos? - perguntei - Então, para começo de conversa, por que colocaram tantos? Usem apenas o de vocês e só irão precisar lavá-los uma vez!

- Oh, mas teríamos que lavar logo - respondeu o Chapeleiro Wilson - E, sabe, queremos evitar a fadiga.

- Sei - falei, me sentando em um lugar próximo - Só vou me sentar porque estou cansado, tá? Não se preocupem, não vou querer nada.

- Mesmo? Nem um chazinho? - ofereceu Wilson.

- Hmm...bom, já que insiste - falei - Vou aceitar um.

- É uma pena que acabou o chá - lembrou Wilson.

- Então por que ofereceu?

- Por educação - respondeu ele.

- É uma pena - falou Jorjão - Você chegou bem na hora que o chá acabou.

- Mas aquele bule parece estar tão cheio - reparei, vendo que saía uma fumacinha de um dos bules.

- Ah, mas aquele chá não é nosso - falou Jorjão.

- Não?

- Não, não. É meu! - falou uma voz aguda, vinda de um ser bem pequenininho, saindo de uma das panelas. Não me surpreendeu muito ao ver que aquela criaturinha vestida de rato era o Cássio - Só estava tirando uma soneca, mas agora está na hora de meu chá.

- Quem é ele? - perguntei.

- Ah, nosso amigo Cássio Camundongo - respondeu Wilson.

- Wilson Chapeleiro, seu desgraçado! - gritou ele - Disse que ia me acordar antes do chá começar!

- Mas você parecia estar dormindo tão bem - desculpou-se Wilson.

- Traidor - reclamou Cássio - Está querendo fugir da nossa disputa de xadrez, não é?

- Xadrez?

- É. Jogo Xadrez com ele há anos...e até hoje ele nunca venceu - falou Wilson.

- Hoje isso vai mudar. Depois do chá, iremos nos enfrentar de novo. Dessa vez eu vou ganhar!

- Parece emocionante - falei - Bem, obrigado pelo chá.

- Já vai embora? - perguntou Cássio - Não quer nem ver como vamos terminar nossa partida de xadrez?

- Acho que o Chapeleiro vai ganhar de novo - respondi.

- Ora, seu! Vai se arrepender de ter feito essa aposta e...

 Mas nem ouvi o que ele terminou de dizer. Continuei andando por mais algum tempo, quando ouço alguém correndo logo atrás de mim.

- Hã? - me viro para trás e dou de cara com a Demi de novo. Ela continuava apressada e, mais uma vez, ignora minha presença.

- Droga! Tô muito atrasada! Minha prima tinha que me ligar no celular justo agora? Ai, ai!

 Ela passa correndo por mim e segue em linha reta. Agora estava mesmo curioso para saber onde ela estava indo. Continuo seguindo em linha reta, quando, de repente, o cenário muda para um enorme campo. No horizonte, podia ver um grande castelo, cercado de muralhas, mas, ao chegar mais perto, vejo que o portão do castelo estava aberto (que raio de castelo mais sem segurança é esse?). Entrando pelas muralhas, vejo que o jardim também é imenso. E, olhando para os lados, vejo figuras que se pareciam com o professor Fonseca e a professora Margarida, também vestidos com roupas aristocráticas e pintando a grama com tinta branca. Fico apenas olhando, quando o professor Fonseca quase passa o pincel pelo meu pé sem perceber.

- Ei, cuidado!

- Oh, desculpe - disse o velho professor, arurmando os óculos - Mas você fica no caminho.

- Esquece já estamos acabando - explica a professora Margarida - O campo já está praticamente pronto.

- O que está acontecendo aqui?

- Como assim? - perguntou a professora Margarida - Você está vestindo o uniforme dos Dorminhocos e não sabe o que vai acontecer?

- Uniforme...dos Dorminhocos? - estranhei. Tudo que estava vestindo era meu pijama.

- Claro! Você não é dos Dorminhocos? O time que vai disputar o jogo de baseball no jardim do castelo hoje contra os Acordados? - perguntou o professor Fonseca.

- Como é que é?! - agora já estava começando a ficar preocupado. Se eu tinha que jogar alguma coisa que mexia com o corpo, não podia ser boa coisa. 

- Xiii - falou o professor - Se os Dorminhocos perderem, a Rainha Sílvia vai mandar todo mundo..

- Nem termine essa frase, Sr. Fonseca - disse a professora - A Rainha apostou alto nos Dorminhocos. Eles tem que vencer!

 Eu não tinha a menor ideia do que eles estavam falando, mas quando me dei conta, várias pessoas começaram a aparecer em um tipo de arquibancada que havia perto do castelo. Do nada, outros caras uniformizados também aparecem usando um pijama igual ao meu, além de bonés e tênis. Ou quase todos. Na verdade, dois deles estavam meio diferentes. Um deles era o Jorjão Lebre, com toda sua pelagem marrom. O outro era o Wilson Chapeleiro, usando seu chapéu 10/6. Mas como eles chegaram lá se até agora pouco estavam...bem, não tive muito tempo de pensar. Os outros moleques do time praticamente me carregam para um tipo de banco e me consideram como do time deles.

- Ei, você aqui? - falou Wilson - Bem que achei sua roupa familiar quando você passou na casa da Lebre.

- Es...espera aí! - gritei - O que diabos está acontecendo? Por que VOCÊS estão aqui?

- Ah, sim. Depois que você saiu, lembrei que a gente precisava participar do jogo de baseball anual. Daí pegamos o primeiro ônibus para o castelo e chegamos a tempo. Ufa!

- Esqueceu que precisava participar de um jogo? Como... - ia perguntar alguma coisa, mas tudo estava tão absurdo que resolvi deixar quieto.

- Muito bem, pessoal! - gritou uma voz aguda. Procurei de onde vinha, mas Jorjão me cutucou e aponto para baixo. Era o Cássio.

- Treinador Cássio. Manda ver! - Wilson parecia animado (mais ainda que na vida real).

- Cale-se, Wilson! E preste atenção! Quero ver todo mundo se mexendo nesse jogo e rebatam a bola o mais longe que puderem, certo?

- Certo! - todos gritam, menos eu, claro.

 "Mas eu nem sei jogar baseball...", pensei. Não tinha muito tempo para isso. Pelo menos pude ter uma ideia do que estava acontecendo quando ouvi uma voz conhecida lá do alto da torre. Era a...Demi?

- Olá, senhoras e senhores. Aqui quem fala é sua narradora Demi White Rabbit - disse ela - Hoje iremos começar a partida de baseball anual da realeza. Do meu lado está a comentarista...

- Duquesa Patrícia - falou a comentarista, praticamente tomando o microfone das mãos de Demi - Pode deixar que eu mesma me apresento, querida. A duquesa mais linda e deslumbrante de toda a nobreza e...

- T-Tudo bem... - disse Demi, tomando o microfone de volta - Do meu lado temos a nossa amada dirigente..a Rainha Silvia!

 Todos aplaudem, mas a rainha (que definitivamente ERA a bela diretora do nosso colégio) não parecia estar com caras de muitos amigos.

- Deseja falar alguma coisa, Majestade? - perguntou Demi.

- Só uma - respondeu ela - Apostei alto nos Dorminhocos...se eles perderem...tenham certeza de que irão todos para DETENÇÃO!

- Não precisa gritar tão alto, Silvia - falou o cara do lado dela (que parecia nosso vice-diretor Rui).

- Você é mesmo um banana, Rui! - reclamou Silvia - Sem mim, não sei como conseguiria ser rei desse lugar!

 Todos ficam em silêncio. Eu me arrisco a perguntar para Wilson.

- O que significa detenção? - perguntei.

- Vamos ser presos e ser obrigados a assistir aulas de Geografia - respondeu ele.

 É. Eu me arrepiei. Aquilo sim parecia ser terrível. 

- Às vezes nos mandam assistir aulas de Matemática - continuou Jorjão.

 Pior ainda. Putz. Agora realmente estava com medo. Olhando para o time do meu lado, percebi que nenhum deles parecia ser tremendamente atlético. Mas pelo menos eu acho que eles sabem jogar baseball. Tudo bem. É só ficar na reserva que tudo vai dar certo. Talvez sejamos equilibrados com o outro time.

- É isso aí - continuou Demi - Do outro lado, temos os oponentes dos Dorminhocos...os Acordados!

 E ela mostra nossos adversários. Logo de cara, vi rostos conhecidos e nem um pouco amigáveis. Aqueles não eram..o Montanha, o Beto, a Deisy e o Jonathan.

  - Hehe! Estamos pronto para acabar com vocês! - disse o cara que se parecia o Jonathan, sorrindo maldosamente. Esses caras de novo! Bem, será que ganhamos deles? De novo? É...acho que vou ter que aprender as regras do baseball...nem que seja na marra.


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Notas finais do capítulo

Bom, claro que adaptei algumas coisas da história original, né? Hehe!
No próximo capítulo, veremos como esse sonho acaba.
Até lá! ^^