This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 88
Capítulo 88




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Capítulo 88 - Daniel no país das maravilhas - parte 01

- É... - disse minha mãe, assim que tirou o termômetro debaixo do meu braço naquela nublada manhã de quarta - Você tá mesmo com febre...

- Eu sabia - respondi com uma voz fraca. É. Febre. Gripe. Resfriado. Ficar de cama e tomar aqueles remédios de gosto horrível (por que diabos o governo não investe em pesquisas para melhorar o gosto dos remédios? Ninguém pensa nas crianças...). 

- Pois é. Acho melhor você ficar em casa hoje, Daniel - disse ela, guardando o termômetro com um olhar preocupado - Mas você nunca falta, então não tem problema.

 Caraca. Isso era sério? Terei um dia de paz. Pelo menos um único dia de paz sem me envolver em nenhum tipo de mico! Tudo bem que odeio ficar doente, mas tudo tem seu lado bom.Um dia de descanso...ora, era mais do que merecido.

- Bom, eu preciso ir trabalhar, mas antes posso ver sua garganta? 

- Minha garganta?  Tá - abri a boca, mas mal acabo de fazer isso ela enfia uma colherada de um daqueles remédios amargos e horríveis. Tsc. Caí no velho truque!

- Eca! Isso é trapaça! - reclamei.

- Hahaha - riu ela - Tô atrasada para o trabalho, não podia ficar esperando você acabar de fazer manha. Mas esse remédio vai te fazer dormir bem. Apenas relaxe e descanse.

- Tá bom - concordei. Fazer o quê? Minha mãe me dá um beijinho de despedida e me deixa ali, deitado. Antes de sair, disse que tinha algumas frutas na cozinha e que se precisasse de qualquer coisa era só ligar para o celular. Tudo bem. Acho que poderia aguentar até a hora do almoço dormindo um pouco. Ah...um dia sem enloquecer na Megatec. Era bom demais para ser verdade. E não é que aquele remédio ruim me fez pegar no sono mesmo? Em poucos instantes já estava em sono pesado e logo comecei a sonhar. Sonhar...sonhar...e cair em um buraco sem fundo. Pois é, tenho azar até nos sonhos.

- Aaaaaaaaaahhhh!!! - gritava enlouquecidamente caindo num buraco escuro e sem previsão de chegar ao fundo. Mas estava caindo por tanto tempo que em um momento cheguei até a me acostumar - Aaah...e...ei, esse fundo não chega, não?

 Já estava caindo em velocidade constante (a resistência do ar deve ter igualado o meu peso, ou algo assim...já ouvi falarem sobre isso) e nem sinal de chegar ao fundo do buraco. Quando finalmente desisti e achei que meu sonho iria se resumir em cair para sempre, dou de cara com um colchão de ar gigante que amortece facilmente minha queda.

- Nossa, graças a Deus...eu não morri - comentei - Muita sorte ter um colchão de ar gigante bem aqui no fundo do poço.

 Resolvi deitar no colchão e descansar da queda. É, eu me cansei mesmo sabendo que foi a gravidade quem fez todo o trabalho. Sou preguiçoso mesmo. Além disso, a pouca luminosidade me fez ver que estava usando meu pijama e isso contribuiu ainda mais para o clima de sono. Mas não fico ali deitado por muito tempo, logo ouço o barulho de alguém correndo.

- Ai, ai - dizia a voz apressada, olhando para o relógio do próprio celular - Meu Deus! Tô muito atrasada!

 Quando me viro para ver de quem se tratava, levo um susto (ainda bem que estava em cima de um colchão e cair para trás não iria me machucar). Aquela não era a Demi?

- Demi? É você? - perguntei.

 Era ela mesma. Usava jeans e uma camiseta escrito "Bunny" (coelhinho em inglês, ou algo assim). Além disso, estava usando orelhinhas de coelho brancas e um rabinho de coelho. Por que diabos estava fantasiada daquele jeito?

- Droga! Preciso correr! - aparentemente ela ignorou minha presença e continuou a correr - A Rainha vai me matar se chegar atrasada!

  Tudo bem que eu sou uma pessoa sem muito interesse, mas agora estava curioso para saber o que a Demi estava fazendo naquele lugar. Tentei ir atrás dela, mas ela era rápida (e eu não era nada atlético, como vocês bem sabem). Perdi ela de vista, mas, mais estranho que isso, cheguei em um lugar onde tudo que havia era uma porta gigante. Sim. Não conseguia alcançar a maçaneta de jeito nenhum.

- Como é que ela passou por aqui? - perguntei. Naquela hora já vi que não chegaria até ela nunca e praticamente me conformei em deixar a história pra lá (como alguém pode ser tão preguiçoso, né?), até que percebi que havia uma mesinha bem pequena do meu lado. Nela, tinha uma lata de refrigerante, mas, embora a aparência lembrasse uma marca conhecida, não havia o rótulo da marca. Apenas uma inscrição dizendo "Cresça e Apareça". Não entendi muito bem, mas estava com sede e como a lata parecia gelada e ainda estava lacrada, imaginei que não teria problema tomar um golinho. Abri a lata e bebi um pouco. Foi o suficiente para crescer e ficar do tamanho da porta. Sonhos são legais por isso, né?

- Então tá, né? - comentei comigo mesmo, vendo que a lata não dava mais para mim (havia ficado muito pequena). Também percebi que o colchão e a porta estavam de tamanhos normais, o suficiente para que eu passasse. É. Acho que eles não eram gigantes, eu que estava pequeno. Mas nesse caso a Demi também devia estar pequena naquela hora, né? Bem, só iria saber se chegasse até ela. Agora que podia passar pela porta (sorte ela estar destrancada), abri e...caí na água. Isso mesmo. A porta simplesmente era um portal que flutuava logo acima de um lago, ou oceano, ou sei lá o quê. Só sei que tinha água por todos os lados.

- Água.....aaaah! - gritei. Até que eu lembrei que sabia nadar. Resolvi nadar em alguma direção aleatória mas só tinha água e mais água por todos os lados. Depois de longos dois minutos nadando, é claro que fiquei cansado (é...eu sei, sou um sedentário). Por sorte vi um tipo de madeira boiando. Segurei nela e resolvi descansar um pouco. Nisso vi outras pessoas ali, também nadando e tentando chegar na praia ou em alguma coisa que se parecesse com terra firme. E essas pessoas...bem...elas se pareciam com...alunos da minha sala? Pude perceber o Dimas ali e mais uns outros moleques. Além deles, tinham três caras meio sinistros que eram...ah, não...eram o Abelardo e os outros deliquentes. Por que diabos eles tinham que estar no meu sonho?

   Torci para eles me ignorarem, mas a correnteza me levou direto para a terra firme, o mesmo lugar para onde eles estava indo. Bem, pelo menos indo na direção da correnteza não precisei nadar, mas agora como ia me virar com aqueles caras? Minha vontade era rir, já que todos estavam fantasiados de animais. Tinha esquilos, ratos, patos, enfim, animais diversos. Abelardo era um castor bem gordo e cometi o erro de olhar para ele bem na hora que ele me fitou. Péssima ideia.

- O que foi? Perdeu alguma coisa?

- E-Eu? Nada! Nada não?

- Esse cara é meio esquisito, né, Abel? - falou Solano, amigo dele, vestido de rato.

- É...deve ser estrangeiro...e nadando no nosso lago.

 "Droga", pensei, "Lá vem encrenca"

 Mas logo a confusão foi interrompida por um figura vestido de pássaro. Pelo que dava reconhecer era o...professor Denis?

- Ora, ora, gente. Não foi um ótimo dia para se refrescar um pouco? - falou ele.

- O problema é que estamos ensopados - falou Dimas, vestido de esquilo - Ninguém tem uma toalha aí?

- Toalha? Guerra de toalha! - gritou outro. Oh, não! Por que até em sonhos eu tenho que me dar mal? Eu já falei que tenho trauma de guerra de toalha, não falei? Por sorte, o professor Denis não tinha nenhuma toalha.

- Não temos toalha - falou ele - Mas podemos nos secar correndo.

- Como é que é? - indaguei.

- Sim. Acho que se dermos voltas ao redor daquela pedra podemos nos secar facilmente.

- E-Espera aí...correr para secar, eu...

 Mas logo todo mundo começou a correr e, meio que sem perceber, segui o fluxo. Longos dois minutos depois já comecei a ficar cansado.

- Arf...arf...chega. Eu já me sequei.

- Ei, devia correr mais - falou o professor - Pode pegar uma pneumonia.

- Não, não vou pegar pneumonia nenhuma. Obrigado - e saí de cena antes que inventassem alguma outra atividade física.

- Que molenga! - reclamou Abelardo - Não aguenta nem correr por dois minutos.

- É...esse pessoal não aguenta nada hoje em dia - disse Murilo, outro colega de Abelardo (esse vestido de gambá).

 Resolvi ignorar e sair logo dali. Correr? Prefiro que o calor do Sol me seque mesmo. Comecei a andar e explorar o local, vendo se achava algo interessante, mas logo comecei a ficar cansado. Ainda mais que o cenário estava ficando cada vez mais denso e cheio de mato. Na verdade, parece que as folhas do jardim tinham crescido cada vez mais e as flores que antes eram pequenas, estavam ficando cada vez maiores, maiores, enfim, o jardim tinha ficado gigante.

- Droga...se continuar assim vou ser devorado por algum passarinho - falei - Que jeito estúpido de morrer!

 Continuei andando, o mais discretamente possível (já que ouvi alguns passarinhos piando por ali), quando vejo algumas bolhas de sabão. Bolhas de sabão? Sim, isso mesmo, sigo as bolhas e dou de cara com uma garota fantasiada de lagarta, sentada em cima de um cogumelo e fazendo as bolhas calmamente. Do lado, ela tinha um pote com água e sabão. Em uma das mãos, ela assoprava as bolhas em um pequeno aro. Parecia despreocupada, sossegada e sem muita expressão. Bem, pudera, afinal aquela era a Karina (pois é...o que diabos a Karina estava fazendo ali?)

 Resolvi me aproximar e ela logo nota minha presença. Mas acho que não me reconheceu.

- Você...

- Eu - respondi.

- Quem é você? - perguntou ela, sem mudar a expressão.

- Ora...sou eu, o Daniel! Afinal, que lugar é esse? E o que está fazendo aqui?

- Bem, aqui é um jardim e estou fazendo bolhas de sabão.

- Sim...estou vendo que está fazendo bolhas de sabão. Queria saber como sair desse jardim gigante.

- Não é um jardim gigante - respondeu ela, fazendo mais bolhas de sabão - É um jardim de tamanho perfeitamente normal.

- Para mim é gigante.

- Deve ser porque você se acha muito pequeno - responde ela, ainda sem sorrir e fazendo mais bolhas. Sem dúvida, era a Karina.

- Bah, olha quem fala. Como se fosse muito alta.

- Tenho um tamanho normal para uma lagarta - disse ela - E você? Que tipo de inseto você é?

- Não sou um inseto. Sou um mamífero.

- Impossível - disse ela - Não há mamíferos adultos do seu tamanho.

- Justamente. Eu não estou no meu tamanho normal. Ou o jardim que está grande demais.

- É...acho que é você quem está pequeno mesmo - respondeu ela.

- Mas eu quero voltar a ser do meu tamanho!

- Qual era o seu tamanho?

- Bem, faz tempo que não meço...mas com certeza é mais que 1 metro e meio.

- Isso é muito grande - respondeu ela - Mas é um tamanho aceitável para um mamífero...

- Não é?

 Ela fica em silêncio por mais alguns instantes.

- E então?

- E então o quê?

- Você sabe como posso voltar ao meu tamanho normal? Não conheço nada nesse lugar.

- Ah, sim. Está vendo esse cogumelo aqui?

 Olhei para o cogumelo onde ela estava sentada. 

- Sim .O que é que tem?

- Um lado faz você crescer e outro lado faz você diminuir. É só comer.

- Só isso? Por que não falou logo?

- Por que você só perguntou agora.

 Sem dúvida era a Karina. Tá. Tá legal. Agradeci a dica dela e peguei dois pedaços, um de cada lado do cogumelo.

- Obrigado - falei.

  - Não tem de quê - respondeu ela, continuando a fazer bolhas de sabão. Vida de lagarta realmente deve ser bem tranquila.

 De qualquer forma, comi um dos pedaços de cogumelo e fiquei mais pequeno ainda. Imediatamente comi o outro e parece que voltei ao meu tamanho normal. O problema é que eu não sabia exatamente qual era o tamanho daquele lugar ou se era só o refrigerante que tinha perdido o efeito. Sei lá. Só espero continuar com esse tamanho até sair desse lugar. Mas algo me diz que ainda vou ter mais problemas por aqui. Ai, ai...


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Notas finais do capítulo

Desculpem por fazer uma paródia tão manjada, mas eu gosto tanto desse livro que sempre quis fazer minha própria homenagem a ele! XD

No próximo capítulo, vamos conhecer mais personagens de Daniel no País das Maravilhas (como um Wilson chapeleiro, é claro). Até lá!

PS: Para mais referências a Alice, veja minha outra história "Pesadelo do Real" (recomendo fortemente). ;)