This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 8
Capítulo 08




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Capítulo 08 - Um novo professor nunca sabe o que vai encontrar...

 

 Pelo menos o meu domingo estava tranquilo. Passei o dia jogando video-game, matando monstros, resolvendo puzzles de calabouços, coisas do gênero. Pena que minha irmã Marcela sempre me enche o saco de algum jeito

 

- Eêê, você não cansa de ficar o dia inteiro aí, não? Já está ao direto desde manhã, só parou pra comer! - ela implica.

 

- Ah, não enche! Deixe eu me divertir pelo menos no domingo! - retruquei, sem tirar os olhos da tela.

 

- Sei..fiquei sabendo que você está saindo mais de casa, arranjando mais amigos e tal...

 

- É...digamos que conheci mais gente na nova escola

 

- Isso é bom. Quem sabe assim você sai mais de casa e vê que tem um mundo lá fora

 

- Se o lado de fora é tão bom,  por que deixaram o lado de dentro tão legal? - perguntei, ainda sem tirar os olhos da tela.

 

- Bah! Tá bom! Depois não venha reclamar que está com problemas de saúde por ficar grudado nisso aí o dia todo! - ela sai do quarto sem que eu sequer desgrude da telinha. O chato de se ter uma irmã que faz Educação Física é sempre ter que ouvir um discursinho clichê sobre saúde. Enfim, lá pelas onze da noite, deixei o controle de lado e fui dormir. Começaríamos uma nova semana e...ainda não podia acreditar que Wilson reuniu mesmo cinco pessoas e podia formar um grupo de atividades. Imagino como ele conseguiria um professor que apoiasse nossa ideia, mas, se tem algo que aprendi nesses dias foi a não subestimar aquele cara. 

 

No outro dia, cheguei um pouco em cima da hora na sala, mas logo vi o bom e velho Wilson, com seu uniforme antigo, sorrindo daquele jeito de sempre e acenando para mim. Já estava marcado mesmo como "o amigo do Wilson". Sentei-me ao lado dele e logo fui atacado por uma avalanche de bom humor matutino (isso é coisa rara)

 

- Daniel! Tenho boas notícias! Passei o domingo inteiro escrevendo uma carta de pedido para criação do nosso grupo de assessoria de imprensa! Aposto que a gente consegue um professor orientador logo!

 

- Você tem alguma ideia sobre quem chamar? - perguntei, sem botar a menor fé, mas Wilson parecia animado.

 

- Não sei...talvez a dona Margarida que deve gostar dessas coisas, já que é professora de Português, mas ainda não sei exatamente quem escolher. Vai, dá uma lida na carta

 

Peguei a folha das mãos dele e comecei a ler. Acompanhe a ideia da criança...

 

"Caro professor (a)

 

 Venho, por meio dessa carta, pedir o seu apoio à criação de um grupo de atividades no colégio que tenha por objetivo o auxílio e melhora do grupo de elaboração do jornal da escola. Considerando que as notícias veiculadas nesse humilde meio de comunicação de nosso colégio trata de questões necessárias, porém simples e, por vezes, desinteressantes, entramos, então, com a ideia de nosso grupo de assessoria da imprensa escolar, onde, através de um trabalho em período fora do horário de aula, possamos nos reunir e investigar questões e temas que possam trazer um lado mais divertido e atraente a nosso jornal. Não se trata apenas de um serviço complementar ao jornal, mas de um projeto sério e dedicado à investigação e pesquisa de assuntos capazes de elevar o nível da publicação.

 

Atenciosamente,

 

Wilson Abadias

"

 

- Você passou mesmo o domingo inteiro fazendo isso? - perguntei.

 

- Tá bom, inteiro não, mas boa parte da tarde, sim. Já mandei para o Jorjão e ele gostou. E aí? O que achou?

 

- Bem...até que tá bem escrito, mas será que os professores vão entender nossa proposta?

 

- É o que veremos agora! Olha, a professora Margarida chegou!

 

- Bom dia - cumprimenta a professora, que só de entrar na sala já suspirava de chateação.

 

- Bom dia, querida professora Margarida! - diz meu animado amigo - Gostaria de ler uma proposta que meus colegas e eu fizemos para..

 

- Não!

 

- Mas eu nem mostrei ainda e..

 

- Seja lá o que for, não tenho tido tempo para ideia nenhuma. Agora senta aí e vamos começar logo a estudar essa gramática

 

Wilson não conseguiu se aproximar da professora de português. A próxima aula era de Matemática, mas não acho que o professor se interessaria por um projeto desses. Já estava esperando outra recusa, quando quem entra na sala é um professor desconhecido.

 

- B-Bom dia - gagueja a figura de óculos largos, baixa estatura e um avental de uso opcional dos professores - O professor de matemática não pode vir hoje

 

- E mandou o substituto? Mas logo na segunda semana de aula? - pergunta um mais avançadinho da turma.

 

- P-Pois é...na verdade, eu sou o novo professor de Sociologia do ensino médio, mas como eu era o único que estava disponível no momento me mandaram para cá para aplicar uma atividade de matemática básica

 

- Então o professor falta, mas deixa a lição?

 

- Acontece - ele faz uma cara meio sem-graça -Ah, sim, meu nome é Denis. Talvez vocês tenham aula comigo no futuro. Hehehe

 

 Mas ninguém acha muita graça, com exceção de nosso caro amigo Wilson, que parece ter visto um grande potencial no professor.

 

- É isso! Ele pode ser nosso orientador!

 

- Tá brincando, né? - retruquei, espantado - Ele acabou de dizer que é novo!

 

- Há quanto tempo o senhor dá aula, professor? - pergunta alguém

 

- Comecei esse ano - ele responde, deixando o giz cair e sujando a calça na lousa - Ai, droga

 

Aquele cara realmente teria problemas como professor, mas Wilson parecia determinado. No final da aula, ele corre até esse Denis e mostra a sua carta.

 

- Professor!

 

- Pois não?

 

- O senhor tem um tempinho?

 

- Para?

 

- Precisava conversar sobre uma ideia que eu e alguns amigos tivemos

 

Claro que eu não tinha a menor fé que isso iria dar certo, mas, quando o professor termina de ler, ele não consegue esconder sua satisfação.

 

- Então...vocês querem apoiar o jornal da escola?

 

- Na verdade, é algo maior que isso! Queremos contribuir com o jornal procurando notícias que realmente contribuam positivamente para o jornal

 

- Vocês querem temas novos ou algo assim?

 

- Não apenas temas novos, mas notícias de verdade! Tenho certeza que muitas coisas acontecem nessa escola e pouca gente sabe!

 

- Como assim? 

 

"Como assim?"" pergunto eu. O que de interessante poderia estar acontecendo naquela escola?

 

- Bem - Wilson faz uma pose de pensativo - Dizem que um hacker colocou um vírus misterioso na rede da escola capaz de alterar as notas da pessoa, mas ele só age muito raramente, dizem que uma vez a cada um milhão de acessos, e o acessante precisa ser um aluno

 

"Não é isso que chamam de...lenda urbana?", pensei. Bem, não adiantava falar muita coisa, só me restava ficar ali de ouvinte.

 

- Isso é sério?

 

- É o que gostaríamos de investigar!

 

- Então vocês querem abrir uma equipe de investigação?

 

- Exatamente - Wilson responde, cada vez mais animado - Vamos revelar as verdades nessa escola! Se o jornal não faz isso, nós faremos isso para ele!

 

Dessa vez eu achei que o professor iria declinar da ideia, mas ele abre um sorriso e mostra uma enorme satisfação.

 

- Uau! Uma equipe de investigação! Isso é o máximo!

 

"Como é que é, fundo de garrafa?", pensei.

 

- Na minha época de colégio, sempre quis ter um grupo que fizesse algo grande na escola! - ele confessa, praticamente deixando escorrer as lágrimas - Mas eu nunca consegui, porque nunca achei ninguém que me apoiasse! O seu projeto tem grandes chances de se dar bem!

 

- Mesmo? - dessa vez entrei na conversa - Será que a diretoria vai aceitar?

 

- Ah, eles só precisam liberar uma sala para reunião no horário da tarde. Não é muito difícil. E se não dá despesa, eles liberam, com certeza! Se vocês realmente estão dispostos a fazer isso, eu...

 

- Se estamos dispostos? - pergunta Wilson, sem tirar o sorriso - Se estamos dispostos? É o que mais queremos! Além de nós dois, já temos outras três pessoas de outras salas dentro desse trabalho! E mais, professor

 

- Mais?

 

- Iremos retomar o seu sonho de criar um grupo influente na escola! Seremos a turma mais legal e supimpa que esse colégio já viu!

 

"Peraí, ele disse supimpa?", pensei, sentindo a gotinha escorrendo de novo...

 

- Incrível! Se tivesse conhecido pessoas animadas assim na minha época - diz o professor Denis, totalmente nostálgico. Creio que ele seria um dos primeiros a entrar no time do Wilson se ainda fosse um estudante.

 

- Você ainda pode realizar esse sonho, professor! Vamos tornar o nosso grupo famoso!

 

- É assim que se fala! Alunos assim que me fazem orgulho de ser professor! - ele fala animado, sequer lembrando o tímido docente que acabara de terminar nossa aula. Que outras surpresas ainda faltariam aparecer?

 

Wilson pega o e-mail do professor e, logo à tarde, ele responde dizendo que a diretoria deu aval para criar um grupo assim, desde que tivesse concordância do jornal da escola. Naquela noite, Wilson me liga ainda mais animado do que de costume.O toque do telefone é sempre irritante, ainda mais quando se está num momento emocionante de um episódio de anime, mas mesmo assim atendi. E ele estava tão empolgado que se podia ouvir a fala dele mesmo longe do fone.

 

- Deu certo, Daniel! A diretoria libera a criação de um grupo de apoio ao jornal desde que tenhamos permissão do jornal!

 

- Ah, então ainda precisamos de permissão do jornal? - perguntei, não tão empolgado quanto ele. Algo me diz que essa vai ser a parte difícil - E...será que a gente consegue?

 

- Bom, isso vai depender do bom humor do pessoal do jornal...

 

- Você conhece eles?

 

- Então...esse é o momento difícil! Eles podem ser meio difíceis de lidar, mas o professor Denis vai com a gente. Amanhã à tarde nós vamos falar com eles. Conto com você lá!

 

Não adiantaria muito falar que não iria. À tarde, lá estavam os cinco membros da NERD, mais o professor Denis, diante da sala do jornal, prontos para divulgar nosso trabalho.

 

- É agora, Wilson! - ele comenta.

 

- Vamos nessa, prof! 

 

Os dois batem as mãos. Parecem ter ficado bem amigos. E, claro, eu não fui o único a reparar isso.

 

- Eles parecem se dar bem, né? - comenta Demi.

 

- Digamos que...eles trabalham na mesma frequência

 

"Bem, se estivéssemos sozinhos, com certeza os caras do jornal sequer olhariam para a nossa cara, mas se tem um professor do nosso lado, acho que dá para encarar", pensei. Mesmo assim, quando batemos na porta e recebemos permissão para entrar, o professor Denis não parece ter ficado muito feliz.

 

- V-Você? Aqui? - ele balbucia.


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Notas finais do capítulo

Hoje saiu mais curto, mas preferi deixar uma brecha para o próximo capítulo. Até! ^^