This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 72
Capítulo 72




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Capítulo 72 - Operação de Saqueamento de Salgadinhos ou...como acabar de vez com uma festa

 Resumo da ópera: participar da festa de aniversário da Patrícia nunca poderia dar em coisa boa. Embora tenha sido induzido a dançar com a Demi (o que foi algo muito bom, mesmo não sabendo patavinas de dança), acabei caindo numa armadilha e passando por uma humilhação pública nada agradável (não me obrigue a repetir tudo. Leia o capítulo anterior se quiser relembrar essa cena deprimente). Agora, tudo que queria fazer era sair logo dali e ir para casa. Mas é claro que as coisas não podem ser fáceis para mim. Não quando se tem um amigo como o Wilson planejando coisas ainda mais problemáticas (e me envolvendo nelas, é claro).

- Isso não vai dar certo - repeti para Karina, em um momento quando a hora do parabéns se aproximava.

- Tenha um pouco mais de fé - respondeu ela - Vai ser nossa vingança. E imagino que você quer muito ser vingado, não?

- Bem...de certa forma...

- Claro que quer. Ela fez todos olharem para você esperando uma apresentação de dança...e você nem estava com sua fantasia de burro.

- Não me lembre daquela apresentação! (*) 

 De qualquer forma, Patrícia já havia anunciado a hora de cantar parabéns (e até que adiantaram mais ainda essa hora). Wilson olha para mim com um sorriso maldoso e um sinal afirmativo com a cabeça. Ele iria mesmo fazer aquilo? Mas como? Na verdade, embora soubesse mais ou menos o que ele iria fazer, os detalhes do plano não foram muito bem explicados. Ele só falou para ficarmos juntos na hora dos parabéns e deixar o resto com ele. O que poderia ser? Bem, de qualquer forma lá estávamos todos nós, como nossas mochilas prontas e só aguardando a hora certa.

- Aí, Paty! - gritavam as meninas. A aniversariante se aproxima sorridente de seu bolo feito de morango, com um glacê rosa e de um tamanho absurdamente exagerado. Fico pensando como será o casamento daquela menina (coitado do futuro noivo dela). Fotos eram tiradas a todo instante e ela sorria para todos. Achava incrível a habilidade dela de sorrir meigamente sempre que quisesse, embora eu pudesse sentir na hora que era falso até o osso. E...ei, ela tinha trocado de roupa de novo? Agora usava um vestido mais longo (e rosa, claro). Provavelmente deve ter suado duas gotas e achou melhor tomar outro banho e trocar de roupa. Típico dela. Ai,ai. Bem que podiam acabar logo com aquilo. 

  Ainda bem que não demora muito para começar a cantoria dos parabéns. Nessa hora, as luzes se apagam e a música segue normalmente. E foi aí que a gente entrou.

- Paty! Paty! Paty! - gritam todos, no término da música, quando a aniversariante assopra as velinhas e as luzes se acendem novamente.

- Nossa, boa essa ideia de apagar todas as luzes da casa de uma vez na hora do parabéns, heim, querido? - disse a mãe dela para o pai dela, enquanto tirava mais fotos.

- Err...como assim? Não foi você que pensou nisso? - respondeu o pai, um homem magro, barbudo e relativamente alto. 

- Aaaaaahhhhh!! - gritam todos ao olhar a mesa do bolo.

- O que aconteceu? - perguntou o mordomo.

- Todos os salgadinhos, brigadeiros e docinhos da mesa...sumiram! - exclamou Patrícia ao ver sua mesa vazia.

- Que absurdo - falou a mãe - Não sabem que é falta de educação comer os brigadeiros antes do parabéns?

- Como isso aconteceu? - Patrícia estava histérica. Nisso, ela escuta uma gargalhada.

- Hahuahahaha! Vocês vão ter que se contentar só com o bolo! - gritou Wilson, segurando dois sacos grandes cheios de quitutes, enquanto eu e os outros três membros da NERD estávamos atrás dele sem muita ideia de como reagir (pagaria menos mico se tivesse dançado quando a Patrícia pediu).

- Vocês? - falou Patrícia - O que estão fazendo?

- Heh! Só levando uma indenização por você ter tentado armar para a gente!

- Como...conseguiram pegar tudo isso? - perguntou alguém.

- Foi fácil. Instalei um dispositivo na caixa de energia da casa e apaguei todas as luzes na hora do parabéns, causando um blecaute geral na casa. É de costume apagar a luz do salão quando se canta os parabéns, mas nunca todas as luzes da casa. A escuridão generalizada foi suficiente para Jorjão se esgueirar e pegar todos os salgadinhos da mesa.

- Como é que é?! Ele pegou todos os salgadinhos e docinhos?! - Patrícia exclamou - Mas é impossível fazer isso em tão pouco tempo!

- Nunca subestime o Jorjão quando o assunto é comida!

- Wilson, seu desgraçado! - retrucou Cássio (é, ele ainda estava lá) - Você sempre pensa em alguma coisa para me passar a perna, não é?

- Esperem um pouco - falou Dimas, um dos caras da nossa sala - Se ele é tão rápido para pegar salgadinhos, por que não é assim para jogar futebol?

- Oras - respondeu Jorjão - Porque ISSO aqui é importante!

 Todos devem ter sentido uma gotinha escorrer pela cabeça. No fundo, eu só queria sair logo dali, mas ele tinha que fazer um discurso provocativo, né? Esse Wilson...

- Hahuahuahuahha! Agora vocês sabem o que é ser passado para trás, não é? Digam adeus aos seus docinhos. Passem o fim da festa só com refrigerante e bolo!

- Que cruel! Acabar com os salgadinhos e docinhos de uma festa! - lamentou um dos adultos.

- Realmente foi um plano maligno - concordou outro.

- Isso é tudo! - concluiu Wilson - Esse é o dia que vocês sempre se lembrarão como o dia em que quase pegaram a NERD! Hahahaha!

 Ele joga uma bomba de fumaça no chão, lançando um tipo de névoa no salão e atrapalhando a visão de todo mundo.

- O que é isso?! - perguntam todos.

- Algum tipo de névoa feita com gelo seco e algo para dar cor - respondeu Cássio - É um truque fácil de se fazer quando se entende um pouco de química

 O problema é que o muro da casa era mais alto do que pensávamos e, embora Wilson tenha tido o trabalho de ter desativado a cerca elétrica, não conseguiríamos pular tão rápido.

- Oh...não lembrava que era tão alta

- Nem se a gente fizer um montinho? - sugeriu Demi.

- Vai ser difícil do último pular - falei.

  Nisso, a multidão toda da festa já tinha alcançado a gente. Estávamos cercados.

- Nem pensem em pular. Já reativei a cerca elétrica - falou o mordomo.

- Oh, droga - reclamou Wilson.

- E agora? Tem mais algum plano?

- Mas no papel parecia ser tão bom - lamentou ele.

- Plano de fuga infalível o escambau, né?! - gritei.

- Grrrrrr!!! - Patrícia assume a frente da multidão faminta por docinhos e parecia realmente furiosa - Seus...eu não ligo que tirem os salgadinhos da minha festa, mesmo porque o buffet que contratamos fez muito mais do que esses


- Sério? - Jorjão se animou.

- O que me deixa realmente nervosa...é vocês terem virado o centro das atenções justo o dia do MEU aniversário!

- Ela tá brava mesmo, heim? - reparou Karina.

- E agora? O que a gente faz? - perguntei.

- Hehe! Quando se está encurralado em grupo - falou Wilson - O jeito é se espalhar em grupo também. Corre negada!

 Ele passa um dos sacos para Karina e outro para Jorjão (esse defenderia a comida com unhas e dentes) e manda a gente se espalhar. E daí começa um verdadeiro jogo de pega-pega. Karina passa um dos sacos para Demi que sai correndo, se desviando de todo mundo que encontrava. Jorjão derrubava todo mundo como se fosse um jogo de futebol americano. Realmente, ele pode ser ruim em Educação Física, mas sabia se virar quando o assunto era comida.

- Daniel! - diz Demi, passando o saco para mim.

 Peguei o saco e sai correndo desesperado também. Nisso, Jorjão parece ter ficado encurralado por uns três garotos atletas, mas consegue passar o seu saco para Wilson. Dessa vez é Cássio que corre atrás dele.

- Grrr...volta aqui, Wilson! Não vou permitir que fique por cima dessa vez também

- Relaxa, amigo. Se ajudar a gente, também dividimos os salgadinhos com você

- Nem tenta me comprar

 Mas Cássio acaba escorregando ao pisar em um copo de plástico jogado no chão e caindo para trás. Wilson estava na dianteira.

- As festas da sua filha sempre são animadas assim? - pergunta um dos amigos do pai dela.

- Não. Normalmente são bem normais. Entendi...ela deve ter contratado esses garotos para animar a festa. 

 Na verdade, o que a gente queria mesmo era escapar da multidão de crianças furiosas. Como a gente ia sair dessa? Bem, uma coisa a gente aprendeu nisso tudo: docinhos e salgadinhos são coisa séria! Nunca tente mexer com eles em uma festa de criança. Só espero que não tenham amassado muito, porque, parando para pensar, toda aquela correria me deu fome e eu queria mesmo comer alguma coisa. Bem que podia dar tempo de pegar uma coxinha no meu saco, mas a perseguição era implacável. Wilson era o mais próximo de mim. Quando vi que não tinha mais jeito, tudo que pude fazer foi passar para ele.

- Wilson! Pega!

- Vou tentar - disse ele. O problema é que ele teve literalmente que se jogar para pegar o saco e fez isso lançando-se na mesa do bolo. Não, ele não caiu de cara no bolo, mas a mesa não tinha a parte de cima fixa e, no momento, que ele se jogou em cima dela para pegar o saco acabou usando-a de alavanca para lançar o bolo para cima. E, se algum momento da festa merecia ser filmado em câmera lenta ao som de uma valsa, seria esse: o bolo é lançado obliquamente no ângulo exato para atingir Patrícia em cheio. Bem, se ela queria ser o centro das atenções, conseguiu.

- Ops - murmurou Wilson, assim que viu o ocorrido.

- Isso...não é nada bom - falou o pai dela.

 Todos os outros apenas ficam de boca aberta. Com exceção de Karina, que saca seu celular para tirar uma foto do momento.

- Acho que isso vale por mil brigadeiros - disse ela, com certeza rindo muito por dentro (embora por fora, mantivesse a mesma expressão séria).

- Err...que coisa, não? - comentei.

- E pior que o bolo tava gostoso..hmm...morango - falou Jorjão, o único que se aproximou dela para experimentar um pedacinho do glacê. Patrícia estava com tanta raiva que derreteria o bolo só com o calor do corpo. Acho que não era um bom momento para ficar perto dela.

- Eu...- ela falava com a cara cheia de cobertura - ...eu juro que mato vocês!

- Acidentes acontecem, né? - Wilson tentou argumentar, mas nessas horas as palavras não costumam adiantar muito.

- Peguem esses palhaços! Qualquer um! Eu pago bem pela cabeça de qualquer um deles! - gritou ela. Mais uma perseguição se inicia e dessa vez era todo mundo atrás da gente mesmo.

- Realmente...salgadinho é coisa séria - comentou Wilson, enquanto corríamos alucinadamente.

- Uma coisa é certa - comentei - Se eles não gostavam da gente antes, agora temos certeza de que nos odeiam

- Pelo menos agora temos certeza - comentou Karina.

- Como a gente sai dessa agora? - perguntou Demi.

- Senhores - era o Alfred. Ele iria pegar a gente?

- Aaah...o mordomo! Ele vai nos pegar! - gritou Wilson.

- Parem, parem um instante - ele faz um gesto com a mão, parando tanto a gente quanto a multidão enfurecida.

- O que foi, Alfred? - retrucou Patrícia - Precisamos matar esses cinco!

- Sinto atrapalhar sua diversão, Senhorita Patrícia, mas o pai do Sr. Wilson está na porta. Veio buscá-lo.

- Meu pai?! Ah, Deus é bom! Vambora, galera! - disse nosso líder, puxando todo mundo no maior gás na direção do portão aberto.

- Ah...eles vão fugir! - gritou Patrícia, ainda toda melecada de bolo. Ela ainda tenta correr para nos deter, mas justamente nessa hora estava perto da piscina e, como se não bastasse, também era uma péssima hora para escorregar em um copo de plástico jogado no chão e cair dentro da água.

- Oh, isso também dava para ser fotografado - comentou Karina, olhando para trás.

- Esquece isso - falei - Vambora enquanto estamos vivos

- Aaaaaaaaahhhh!!!! - gritou Patrícia, assim que volta para a superfície. Ela lança o olhar para os outros convidados - Ousem dar uma risada para ver o que acontece com vocês!

 De qualquer forma, conseguimos chegar no carro do pai de Wilson. Mesmo com Jorjão ocupando boa parte do banco de trás, não importava. Queríamos era sair logo dali.

- Hoho! Parecem ter se divertido bastante, heim? - falou o pai dele. Cópia idêntica do filho, até mesmo no jeito de se expressar.

- Sim, sim. Essa Patrícia sabe como dar uma festa - falou Wilson.

- O importante é que conseguimos os salgadinhos - disse Jorjão - Cadê eles? Tô morrendo de fome!

- Ah, eu também tô - disse Demi.

- Calma, calma...tem para todo mundo e...ops!

- Que ops foi esse, Wilson - falei, não querendo imaginar o que poderia ser.

- Depois que derrubei o bolo...esqueci de pegar os sacos com salgadinhos de volta - falou ele - Ficaram na festa.

- VOCÊ O QUÊ?! - gritei.

- Não podemos voltar lá?! Por favor, por favor! - falou Jorjão, implorando para Wilson.

- Bem, seremos mortos se voltarmos - falou Karina - Tudo que podemos fazer é levar isso como lição.

- Mas eu tô com fome - lamentou Jorjão.

- Foi mal, gente - se desculpou ele.

 Foi mal? Foi mal? Isso é tudo que tem a dizer dessa operação infeliz? Eu sabia que não ia dar certo! Eu falei, não falei? Nunca, repito, nunca aceitem participar de uma operação de saqueamento de salgadinhos. 

  E assim, terminou nossa missão de aniversário no terreno inimigo...sem nenhum espólio de guerra e com o estômago roncando.

 Fim de transmissão.

(*) = ver capítulo 44


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Notas finais do capítulo

Uma coisa é certa: nunca mais a Paty chama ninguém da NERD pra festa nenhuma! XD No próximo capítulo, começamos um novo arco. Até lá! ^^