This Is My Gang! escrita por Metal_Will
Capítulo 42 - Está chegando a hora...
Eu já devo ter falado isso antes, mas a verdade é que o tempo passa muito mais rápido do que você imagina. Vejam só...em um momento você acha que dois meses demoram a passar, em outro você percebe que eles já passaram. Em meio a tantos inventos malucos para o grupo de ciências, contos bizarros para o grupo de literatura e um jogo de basquete desesperador no grupo de esportes, ainda tinhamos que ensaiar nossa peça Saltimbancos. Alguém ainda se lembra? É...e, por incrível que pareça, conseguimos gravar todas as coreografias e diálogos. Como seria isso? Bem, preciso agradecer o fato de uma narrativa nunca mostrar tudo para o leitor, deixando que a imaginação faça o resto do trabalho...e devo confessar que tenho um certo medo da sua imaginação, senhor leitor...mas posso adiantar que a fantasia de jumento não fica muito bem em mim, pelo menos não tanto quanto a fantasia de gata fica bem na Demi.
- Perfeito, gente. Se fizerem a mesma coisa no dia da apresentação a gente se dá bem! - Demi comemora, dando saltinhos de alegria e sorrindo abertamente. Wilson também compartilhava do mesmo entusiasmo (e acho que eu não precisava lembrar disso).
- Concordo! Essa foi uma das peças mais emocionantes que eu já vi
- Está falando isso só porque é a nossa peça, não? - perguntei.
- Se é a nossa peça, tem que ser a melhor, não acha? - ele responde, esbanjando confiança por todos os lados.
- Talvez você esteja certo - diz Karina, tirando a máscara de galinha - Eu tomei a liberdade de conferir as outras apresentações da festa junina
- Sério? Você conseguiu? - pergunta Jorjão
- Sim. Afinal de contas, somos membros do grupo de eventos, mesmo não participando das reuniões. Cortesia da Patrícia, lembram?
- Ah, é. Estamos nessa por causa dela, é verdade - lembrei
- Bem...além da nossa peça...temos uma apresentação de heavy metal e uma apresentação de country music - explicava Karina.
- Heavy metal? - pergunta Wilson
- É. Lembram desses caras? - diz Demi, mostrando uma foto em seu iPhone. Todos olhamos para a tela e reconhecemos os figuras na hora.
- Ah! Acho que os nomes deles eram Abelardo, Solano e Murilo, não? - diz Jorjão
- Eles mesmos...nossa gangue rival! - lembra Wilson, praticamente soltando chamas pelos olhos.
Gangue rival? Bem, pelo que eu me lembre eles só queriam matar aula e ouvir metal em paz. Não que fosse um bom exemplo, mas eles até que eram delinquentes pacíficos. E a turma do country era...
- Ah! É a Patrícia! - fala Wilson ao ver a foto da outra equipe competindo.
- Sim..é a Patrícia - fala Karina - Está vestindo roupa de cowgirl
- Até que ela fica bonita com a roupa - comenta Wilson, mas ele logo se vira para mim - Mesmo assim...nenhuma beleza se compara com a da sua irmã, Daniel! Ela é a número um!
- Wilson, sério, isso tá ficando estranho
- Não posso mostrar os meus sentimentos?
Devo falar que Wilson começou a agir cada vez mais estranho com a minha irmã? Após vencermos os Tubarões Vermelhos no basquete, ele ficou papeando com ela por um bom tempo. Ao chegar em casa, Marcela só me disse o quanto meu amigo Wilson era tagarela e...err...estranho? Seja como for, era melhor ele parar com essa mania logo. E, continuando nossa discussão, Demi parecia preocupada.
- Aquela Patrícia..ela também está participando apresentando alguma coisa na festa junina - comenta a morena.
- Quer dizer que ela também está competindo pelo mérito do grupo de eventos? Mas ela já não está ajudando na organização da festa junina?
- Tsc. Ela não quer ganhar o mérito...mas quer nos impedir de ganhar o nosso mérito. Aii, aquela Patrícia! - reclama Demi.
- Será que é isso mesmo? - comenta Jorjão - Talvez ela só queira...err...mostrar seu talento como cantora country
- E bem junto com a nossa apresentação? Coincidência, né? - Demi ironiza, mostrando que estava caindo na provocação da rival - Gente! Vamos ensaiar de novo! Não podemos perder para ela!
- De novo? Essa roupa de jumento tá me matando de calor! - tentei argumentar.
- Mas está frio, não está? - Karina lembra que estávamos no inverno. Sim...no hemisfério sul é inverno em junho - Além disso, já temos todas as músicas bem ensaiadas
- É isso aí...mandem ver! - fala Wilson - Estarei aqui dando todo o apoio
- Sim..você...e todo esse povo aí atrás!
É...sempre tinha uns dez curiosos para assistir nosso ensaio. Wilson não os expulsava, pelo contrário, achava isso legal para combatermos a timidez. Se estivesse ensaiando algo mais simples, sei lá, como um príncipe espadachim que sai pelo mundo defendendo os menos afortunados, duvido que isso acontecesse (*)
E assim foi. Ensaio vai, ensaio vem. Fantasia de animal pra lá, crianças curiosas te assistindo pra cá. O dia da festa junina finalmente chega. O pátio da escola havia se tornado um festival cheio de bandeirinhas, barraquinhas, crianças vestidas de caipira, jogos de atirar argola e assim vai. Todo mundo estava curtindo a confraternização, inclusive o professor Denis.
- Ah, meninos, como estão? - ele diz, se aproximando de mim e Wilson, os primeiros a chegar.
- Ah, professor! - cumprimenta Wilson - Como vai?
- Tirando a Karina vocês não apareceram mais no grupo de Literatura. O que andam aprontando?
- O senhor não soube? Ganhamos o mérito do grupo de Esportes! - ele explica.
- Ah, sim. Ouvi falar que vocês venceram um jogo de basquete. Parabéns - ele fala
- E como foi o seu jantar com a professora Joseane? - perguntei, mesmo achando que a pergunta era meio indiscreta.
- Ah, aquele jantar...bem, ela até que tem umas conversas interessantes - ele fala baixo, meio encabulado - Mas ainda precisa melhorar muito no que se refere à humildade. Ela vive insistindo que a faculdade dela é melhor do que a minha
- Entendo - comentei
- Denis! - ouve-se uma voz conhecida. Falando no diabo..ela mesma, a professora Joseane.
- Ah, você! - ele já fica em guarda - O que você quer?
A professora estava usando umas trancinhas, maquiagem de pintinhas e com um daqueles vestidos bregas de festa junina. Wilson quase ri, mas se segura. Por que ela estava daquele jeito?
- Tive uma folga da barraca de argolas...e lembrei de todas as vezes que te derrotei nas festas juninas da escola
- Derrotou? Bah! Até parece?
- Então que tal um partida de pescaria? Valendo tíquetes da festa
- Só se for agora! Vamos nessa!
Aqueles dois...sempre competindo em alguma coisa. Já nem precisava ter medo de arriscar que foram feitos um para o outro.
- Oi, gente - Demi chega, meio ofegante - Tudo pronto?
- Chegamos a pouco tempo também, mas relaxa...ainda falta duas horas até a nossa vez de apresentar - fala Wilson
- Eu sei, mas precisamos estar prontos. As fantasias estão ok?
- Tudo ok, Demi - ele fala - Estão na sala de artes, guardadas direitinho, do mesmo jeito que deixamos
- Tá legal...tá legal...não precisamos ficar nervosos, né? - ela fala (evidentemente nervosa)
- Meninos! - chega uma voz conhecida.
- AAAH! - Demi leva um susto - Professora Vitória? Que surpresa
- Surpresa? Ué? Vocês acham que eu iria perder a última apresentação dos meus alunos? Hehehe! Eu vi as prévias de vocês e parece que ficou bem legal
- Né? Ensaiamos bastante! - ela diz
- Pois é...um musical...tão lindo - os olhinhos dela começam a brilhar. Outro dos devaneios artísticos da professora Vitória. Demi estala os dedos na frente dela que desperta e nos deseja boa sorte
- Vão nessa, garotos. Estou torcendo por vocês
- Obrigada, professora - diz Demi, ainda não se recuperando do nervosismo - Tudo bem, tudo bem, vai dar certo
- Qual o problema, Demi? Você é a mais acostumada com esse tipo de situação - falei.
- Eu sei, mas...é que agora tem que sair perfeito. Se conseguirmos, levamos os últimos méritos e conseguimos a façanha que o Wilson tanto quer
- É verdade, mas...relaxe - fala Wilson.
- Hmm?
- Mesmo que a gente não consiga...vamos ser a gangue mais legal dessa escola de qualquer jeito!
A confiança dele deixa Demi mais alegre. Logo, Karina e Jorjão chegam.
- Karina! Jorjão! - Wilson chama os dois, acenando. É claro que Jorjão já estava atacando um milho verde.
- E aí? - ele cumprimenta. Karina apenas faz um sinal com a cabeça. A gangue estava completa.
- É, gente...tá chegando a hora da nossa apresentação - fala Wilson
- Eu sei. E isso me deixa com a maior fome - diz Jorjão, voltando a enfiar os dentes na espiga de milho.
- Fiquei admirada em ver que ainda vendem espigas de milho...atualmente estão vendendo mais o milho debulhado e numa tijelinha - diz Karina
- Talvez para facilitar - falei
- Mas algumas pessoas gostam de clássicos, não? Comer o milho direto na espiga é clássico...ou melhor, qualquer coisa de milho é clássica em festas juninas
- É que muita coisa pode ser feita com milho
- Pipoca, pamonha, cural...é...milho é algo bem versátil. Antigamente faziam até as crianças ajoelhar no milho como forma de castigo
- Acho que meu avô comentou algo assim - falei, me perguntando porque ainda dava trela para aquele tipo de conversa.
- É...melhor não subestimarmos o milho. Talvez descubram uma forma alternativa de energia que venha do milho. Aliás, tem amido dentro dele, não?
É...ainda tinha duas horas até a nossa apresentação, tempo suficiente para discutir muitos conceitos filosóficos de milho com Karina. A gente até podia passear um pouco pela festa antes de começarmos. Parecia tudo em paz. Tudo mesmo, quer dizer, pelo menos era o que pensávamos.
- Paty! Paty! - chega uma das cúmplices de Patrícia, que vestia uma roupinha de cowgirl como vimos na foto - Descobri uma coisa
- Fala, criatura! O que você descobriu? - ela responde, enquanto testava os microfones nos bastidores do palco no pátio principal
- Descobri onde estão as fantasias daqueles panacas. Parece que estão na sala de artes.
Patrícia muda a expressão para um sorriso
- Hmmm...interessante...até que você não é tão inútil assim, honey
- Thank you! - responde a amiguinha. Patrícia parecia sorrir maliciosamente. O que ela estaria planejando?
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