This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 39
Capítulo 39




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Capítulo 39 - O Treinamento mais duro que um nerd sedentário pode ter

Sim. Era humilhante. Mas eu estava ali, implorando para a minha irmã ser a treinadora da nossa equipe. A única esperança que tínhamos de derrotar aqueles caras era com um treinamento intensivo. E...droga, por que eu fui dizer ao Wilson que tinha uma irmã que estudava Educação Física?

- Como é que é? Treinar? - ela estranha, parando a ginástica - Do que está falando?

- O Wilson fez outro desafio ridículo! Agora precisamos vencer um jogo de basquete contra alunos do ensino médio

Ela fica petrificada por alguns segundos e depois começa a cair na gargalhada. Marcela era uma pessoa sem sentimentos, caso eu não tenha dito a vocês.

- Ai, ai...ganhar um jogo de basquete contra o ensino médio? Com você no time? O que esse seu amigo tem na cabeça?

Essa é a pergunta que eu me fazia todos os dias. Mesmo assim, ainda tinhamos que usar nossos últimos recursos.

- Mas foi o que aconteceu - falei, já cansado de ficar ali ajoelhado - Vai nos ajudar ou não?

- Calma aí...primeiro, uma pergunta básica

- O quê?

- O que eu ganho com isso?

- Como assim? Eu estou aqui de joelhos, implorando para você ajudar seu pobre irmão mais novo e você ainda quer mais?

- É claro! Só lágrimas não me comovem...talvez...arrumar o meu quarto por um mês seja um pagamento suficiente

- Arrumar seu quarto...por um mês?

- Você sabe, não é, Daniel? Tudo nessa vida tem um preço...é assim que o universo mantém seu equilíbrio

Até agora o universo não fez nada para equilibrar o fato de eu ter conhecido o Wilson. Mas que escolha eu tinha? O rostinho angelical da Demi ainda estava na minha memória

- Que seja...eu arrumo seu quarto por um mês. Você ajuda a gente?

- Claro. Você sabe que eu tenho um coração de ouro

E como sei...

- Quando podemos começar? - perguntei

- Quando vocês quiserem. Tenho tardes de sexta e fins de semana livres.

- Sábado está ótimo

- Nos encontramos na quadra aqui perto de casa

E assim foi. Lá estavam os cinco iniciantes no esporte, com roupas leves e tênis, em uma manhã de sábado, prontos para fazer das tripas coração. Marcela parecia animada, em outras palavras, adorando uma situação onde pudesse torturar cinco pobres estudantes (coisa comum para professores de Educação Física)

- E aí, gente? Tranquilos? - ela cumprimenta a turma. Todos respondem com animação.

- Bem, meu nome é Marcela e sou a irmã do Daniel. Estou só no primeiro ano de Educação Física, mas acho que consigo dar umas dicas para vocês...

- Toda ajuda é bem-vinda - diz Wilson

- Bom saber que estão animados...então...podemos deixar de papo e começar logo, não é? - ela apita estridentemente e dá sua primeira ordem - Vamos começar...com umas vinte voltas correndo ao redor da quadra

- Vinte voltas? - reclama Jorjão - Tanto assim?

- Aquecimento, gente! Vambora

E a gente começa a correr. E Marcela parecia estar adorando aquilo. Por incrível que pareça, Wilson também.

- Sua irmã parece bem legal, não é, Daniel? - ele comenta comigo, enquanto corria ao meu lado.

- Legal? É que você não convive com ela!

- E bonita também

- Hã? - estranheie aquilo...apesar de ser atlética, ela nunca foi o tipo mais popular da escola. Aquele Wilson...sempre excêntrico

Depois de quase morrermos com vinte voltas, Marcela apita de novo e pede que façamos mais alguns exercícios. Coisas como polichinelos, flexões e alongamentos. Jorjão, Wilson e eu estávamos cansados, mas as meninas não pareciam tanto.

- Que vergonha - Marcela reclama - As meninas não estão tão acabadas quanto vocês

- Ah, até que eu ia bem na parte de aquecimento - diz Demi

- Não é algo muito complicado - fala Karina, que, por sinal, ficava muito bem sem óculos (era a primeira vez que a via assim).

- Acho que já emagreci uns dez quilos - diz Jorjão

- Relaxa. Ainda tá bem no seu estilo - fala Wilson

- E agora? Já estamos aquecidos o bastante? - perguntei

- Hmmm...acho que sim. Já podemos treinar o basquete - diz Marcela, pegando a bola de basquete que trouxe - Vocês sabem as regras, não?

- Pesquisei num livro ontem - diz Karina - Não é muito complicado

- Não precisa ver nos livros...é só jogar batendo a bola e tentar jogar na cesta. Simples. Tentem um pouco

Ela joga a bola para mim e eu tento jogar na cesta. Claro que foi um fracasso.

- Nada que a gente não consiga com um pouco de treino...vamos fazer algumas tentativas de jogar a bola ao cesto. Façam uma fila

A gente faz a fila, mas as tentativas foram fracassadas. Dessa vez, até a Demi e Karina apanharam. Se acertamos uma cesta nas várias tentativas, foi muito.

- Tudo bem, tudo bem - diz Marcela, coçando a cabeça - Vamos ver como vocês se saem na quadra. Meninos contra meninas. Eu, a Karina e a Demi contra vocês três. Vamos lá?

Vamos, né? Quarenta minutos de jogo...meninas 60, meninos 0. Isso até seria um bom sinal, se todas as cestas não tivessem sido feitas pela Marcela. Demi e Karina também não eram muito boas nisso. A situação estava feia para o nosso lado.

- Bem, como treinadora de vocês...preciso dizer uma coisa

- Pode falar, a gente aguenta - comenta Wilson

- Vocês, sem nenhuma sombra de dúvida, são os piores jogadores de basquete que já vi na minha vida inteira

Sinceridade era um forte dela. E, de fato, para a gente ser ruim ainda precisava melhorar muito. E quanto tempo ainda tinhamos até o jogo contra os grandões? Duas semanas? É...só um milagre mesmo salvaria a gente

- Então...não temos mesmo chance, não é? - suspirei - Eu sabia...estamos ferrados

- Nem pensem em desistir! - exclama Marcela - Ao ver a performance horrível de vocês, agora é uma questão de honra treinar vocês

- Como assim? - estranheie.

- O que vão fazer amanhã?

- Domingo...normalmente não faço nada - responde Jorjão

Sim. Domingo é um dia para não se fazer nada.

- Sendo assim, vamos treinar amanhã também...o dia inteiro!

- O QUÊ?! Um dia inteiro jogando basquete? - exclamei

- Exatamente. Se querem mesmo vencer aqueles caras, é um preço até baixo para se pagar

"Só pode ser um pesadelo", pensei. Mas é claro que Wilson não pensava como eu.

- Fechado - ele diz - Galera. Amanhã, todos aqui!

- Por mim tudo bem - diz Demi - Mas será que mesmo treinando o dia inteiro a gente consegue?

- Parando pra pensar...temos menos de duas semanas - diz Marcela - Vocês vão precisar treinar bastante...de preferência, tentem jogar no tempo livre de vocês

- Tá certo! - concorda Wilson - Galera! Vamos jogar um pouco todas as tardes, mesmo sacrificando o tempo de ensaio da peça

- É verdade..ainda temos a peça - lembra Demi

- Temos mais tempo para ensaiar a peça do que para o jogo, você sabe - lembra Karina - Tudo bem...é melhor focarmos no basquete

"Isso realmente é um pesadelo...o pesadelo de todo sedentário", pensei. E Jorjão compartilhava o mesmo pensamento que o meu.

- Duas semanas, Daniel - diz Wilson - Só duas semanas de sacrifício! Se conseguirmos o mérito do grupo de esportes, seremos mesmo as pessoas mais incríveis daquele colégio!

- Acho que só o fato de terem participado de tantos grupos já torna vocês muito incríveis - diz Marcela

- Será? - comenta Wilson - Aliás, Marcela...tem alguma coisa para fazer agora? A gente podia tomar um sorvete todo mundo junto e...

Aquele papo já estava estranho, mas Marcela estava preocupada com outras coisas

- Sorvete? Só se for suco natural! No máximo, um açaí! A alimentação de vocês é fundamental!

Ela vira para Jorjão

- Tô de olho em você, grandão!

Jorjão engole seco. Jogar basquete e maneirar na alimentação? Isso era pedir demais para o pobre garoto. Seja como for, continuamos nossa dura etapa de treinamento. Vou contar pra vocês, eu já sabia que a Marcela era má, cruel e sádica. Mas nunca pensei que fosse tanto. Ela seria mesmo uma professora de Educação Física carrasca (como se a maioria já não fosse). Jogamos basquete o dia inteiro, apenas com uma parada para um almoço rápido (e leve, para desespero de Jorjão) e algumas vezes para beber água. Mesmo assim, ainda estávamos devendo muito. A boa notícia é que Karina foi a que se desenvolveu mais.

- Uau! Parabéns, Karina! - diz minha irmã, num momento raro de elogio - Você melhorou bastante desde ontem

- Ontem à noite assisti alguns vídeos de basquete e aprendi algumas coisas - ela explica.

- Você aprendeu isso assistindo os vídeos? - perguntei

- Gravei na memória os melhores movimentos e tentei reproduzir aqui. Só isso

Cada vez mais o apelido de garota robô cabia mais nela. De qualquer forma, o domingo passa e treinamos mais durante a semana. No outro fim de semana, passamos mais um momento duro de treinos...e dessa vez, Demi tambem parecia melhorado. Wilson também estava pegando o jeito, embora ainda apanhasse muito. Apenas Jorjão e eu estávamos atrás da equipe.

- É, Daniel...você não nasceu mesmo para isso! - diz minha irmã - Pelo menos está conseguindo correr mais

- Tsc. Nunca fui bom em esportes...desculpa aí, gente

- Tudo bem - diz Demi - Tente ficar mais na defesa...assim como o Jorjão. Se conseguirem pegar a bola, passem para a gente

- Será que a gente consegue ganhar, Marcela? - pergunta Wilson

- Bom...eu diria que vocês melhoraram um pouco. Acho que a chance de vocês vencerem uma equipe normal de Ensino Médio aumenta para 10%

- 10%? - ele estranha - Tão pouco

- Não reclama! Quando começaram a chance de vocês vencerem era de 0%...e só porque não existe porcentagem negativa!

 Isso era sinal de que melhoramos muito. Continuamos treinando um pouco mais durante a outra semana até que, finalmente, chega o grande dia.

- Ora, ora - diz Jonathan, girando a bola com o dedo - Não é que vocês vieram mesmo?

- É claro! - Wilson responde, com um olhar confiante. Lá estávamos nós. Três horas da tarde. O jogo do semestre iria começar. E a plateia era grande. Tão grande quanto o dia de debate do grêmio estudantil.

- Vai, Beto! Lindo! - gritam as meninas, enquanto Beto mandava beijinhos para elas, que gritavam mais ainda. Garotas...

- Marcela? Ainda não acredito que você veio... - falei à minha irmã, que chegava ali, vindo direto da faculdade.

- Claro. Acham que eu ia perder o fruto do meu trabalho?

- Espero que a gente faça pelo menos algumas cestas - torce Demi

- E eu espero que pelo menos a gente saia vivo dessa - comentei

- Ai, Daniel! Deixa de ser dramático? O que alunos do Ensino Médio podem fazer?

Ao ver o Montanha amassando em poucos segundos uma lata de refrigerante de um jeito não muito agradável...e como se ele imaginasse que a latinha era um de nós...é...eu diria que muita coisa.

- Muito bem - diz o narrador do jogo, ninguém menos que o nosso horrível professor de Educação Física, Jubal - Vamos começar nossa partida amistosa dentro de cinco minutos

- Bem, meu caro Wilson - dizia Jonathan - Já nos enfrentamos na política...e agora vamos nos enfrentar nas quadras...estamos mesmo destinados a competir, não é?

- Parece que sim. E estamos dispostos a ganhar o mérito do grupo

- É nosso acordo, mas...eu queria deixar as coisas mais interessantes

- Como assim?

- Vamos aumentar nossas apostas...se vencermos, nós, todos nós cinco do time Tubarões Vermelhos

- Desde quando somos Tubarões Vermelhos? - pergunta Deisy, que estava ali ouvindo a conversa. De fato, eles estavam vestindo um uniforme vermelho, enquanto nós usávamos um azul e branco.

- Nossa equipe ainda não tinha um nome. Dá licença? - diz Jonathan - Bem...como eu dizia, nós da equipe Tubarões Vermelhos, prometemos sair do grupo de esportes para sempre!

- Uau! - exclama Demi - Eles estão confiantes mesmo

- E se nós perdermos? - pergunta Wilson

- Nesse caso...vocês assinam um termo renunciando TODOS os méritos que ganharam até agora

"O QUÊ?!", pensei, "Tá brincando que vamos aceitar um acordo desses!"

- Fechado! - diz Wilson - Aceitamos a aposta!

- Eu já devia ter me acostumado com isso, mas...VOCÊ FICOU LOUCO?! - exclamei - Vai levar todo nosso trabalho por água abaixo?

- Heh! É o que você pensa... - ele responde - Um motivo a mais para vencer vai nos deixar ainda mais focados no jogo!

Que jeito de pensar era aquele? Seja como for, não dava mais para fugir. Ele e Jonathan já tinham apertado as mãos e fechado acordo. Estávamos ferrados.

- Muito bem...vamos começar nosso jogo agora! - diz o treinador - Pedimos aos jogadores que entrem na quadra

Vou confesar...nunca me senti tão nervoso antes. Agora era para valer. O que seria de nós?


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Notas finais do capítulo

Vamos ver como vai ser esse jogo no próximo capítulo...

Até lá!