This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 37
Capítulo 37




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Capítulo 37 - O Triste Conto da Princesa de Farawayland

 "Há muito tempo, em um reino muito, muito distante, conhecido como Farawayland, tão distante e tão pequeno que sequer foi colocado no mapa, vivia uma linda princesa de longos cabelos castanhos, tez clara, voz delicada e dona de uma gentileza incomparável. Seu nome era Catherine, a Bela.

   Tal princesa não era apenas agraciada com o dom da beleza e da bondade, como também possuia a benção de uma fada. Seu pai, há muito tempo, havia libertado uma pequena fada, sequestrada por comerciantes mal-intencionados e, como gratidão, a pequenina criatura mágica lhe deu uma garrafa com um estranho líquido dentro. Esse líquido, se passado no cabelo, afastaria espíritos maus dele pelo resto da vida.

   Agradecido pelo presente, o rei volta para casa, mas usa seu presente na própria filha, desejando que ela nunca conhecesse a maldade. Contudo, a fórmula tinha um efeito colateral: caso a pessoa que a usasse cortasse o cabelo, seria infeliz para sempre.

   Certo dia, a princesa fazia sua caminhada matinal pelos jardins do castelo, quando avista um corvo, pousado no muro do castelo. A ave parecia triste e, chegando mais perto, a princesa percebeu que ela estava ferida. Compadecida pelo animal, ela pergunta o que poderia fazer por ele, ao que o corvo responde: "Não podes fazer nada por mim...fui gravemente ferido e só me resta aguardar a morte". Como a princesa insistia, o corvo diz que para morrer feliz, gostaria de ter as mechas do lindo e bem tratado cabelo da princesa.

 Mesmo ciente de seu ponto fraco, a princesa era extremamente bondosa e permite que o corvo corte seu cabelo com o bico, renunciando assim sua própria sorte e felicidade em prol da felicidade do pobre animal. Infelizmente, o corvo, na verdade, era uma bruxa disfarçada que rouba o cabelo da princesa para criar uma poção de vida eterna. Enganada e desesperada, Catherine começa a chorar, mas era tarde demais...ela cai no chão e é encontrada por um dos guardas do castelo. O guarda avisa o rei sobre o ocorrido e, imediatamente, o monarca tranca a princesa em seu quarto, impedindo-a de sair para que sua má sorte não venha a matá-la.

 Triste e presa, a princesa só pode viver trancada em seu quarto pelo resto da vida. Até que, certo dia, um príncipe do reino vizinho chamado Peter visita o rei, como forma de mostrar a política de boa vizinhança entre os reinos. O rei recebe o príncipe e conta a triste história de sua filha. Enquanto passava pelo jardim, o príncipe havia visto a bela figura da princesa que só podia cantar para espantar sua tristeza e solidão. Apaixonado à primeira vista, o príncipe pergunta ao rei o que pode fazer para salvar a princesa e tudo o que o pai dela responde é que apenas recuperando o cabelo dela da bruxa malvada, o que seria impossível, já que a bruxa com certeza já o havia usado para maus propósitos.

 Não convencido, o príncipe parte em uma jornada em busca da bruxa do bosque e enfrenta todos os perigos até a casa da feiticeira. Ao invadir o local, ele exige que devolva os cabelos da princesa, mas ela ri e diz já ter usado para criar uma poção de vida eterna. Mas é claro que ele não admite a derrota e diz não sair dali sem um antídoto e a bruxa responde que o único antídoto que traria a sorte da princesa de volta seria seu sangue.

  Sabendo disso, o príncipe saca sua espada e enfrenta a feiticeira, procurando-a, se não matá-la, pelo menos conseguir tirar-lhe o sangue. A bruxa era rápida e poderosa. O pobre mancedo, mesmo após muita luta, parecia caído e ferido no chão. Caído, ele apenas pronuncia algumas últimas palavras...a bruxa não o ouve muito bem e se aproxima mais. Nisso, ele saca a espada e lança bem no peito da feiticeira, ferindo-lhe o coração. E, por sorte, o coração era o único ponto fraco da poção da imortalidade, fazendo com que a bruxa caísse morta no chão, espalhando seu sangue. Mesmo ferido, ele volta com o sangue da bruxa, que, após passado nos cabelos da princesa, faz com que eles cresçam novamente, devolvendo a alegria e sorte dela.

 Os dois se beijam, se casam e vivem felizes para sempre.

 FIM "

- Essa é a versão resumida - diz Karina, no dia seguinte, após nos mostrar o texto da sua história.

- Oohh...que lindo - diz Demi - Quando você contou sua ideia já achei que ficaria bonitinha, mas ficou melhor do que eu esperava

- Tem certeza de que isso vai funcionar? - perguntei - Contos de fada são clichês demais

- Mas todo mundo gosta de contos de fada. Vide os filmes da Disney - a baixinha se justifica

- Pode ser clichê - diz Wilson - Mas se ela conseguir escrever isso com ainda mais pompa, aposto que a gente ganha alguma coisa

- É verdade...mesmo para um rascunho já está muito bem-escrito - repara Demi - Você tem talento mesmo, Karina

- Só peguei o básico de contos de fada. Nada que uma maratona de filmes da Disney não te inspire

- Sei - falei, ainda meio cético - Mas agora não é só a gente que tá contando com o mérito...o bolso do professor Denis também. Apesar de ser um conto bonitinho, precisa tocar bem o coração daqueles professores para que eles nos entreguem o mérito

- Como eu disse...é só um rascunho - diz Karina, arrumando os óculos - Melhorando o texto e colocando mais figuras de linguagem, a leitura vai ficar mais agradável. Além disso, o que vai nos dar mais pontos não é exatamente a história

- Como assim? - estranheie

- Contos de fada são interessantes por toda a psicologia envolvida. Percebam que o fato do rei trancar a própria filha, represente, de um modo subliminar, o cuidado excessivo do pai superprotetor...a perda do cabelo protetor representa a perda da infância, ou a entrada na puberdade. A princesa entrega seu cabelo para o corvo, um símbolo de maldade, como a garota que se entrega para a vida adulta, a vida que força a criança a abandonar sua infância e entrar no mundo caótico do adulto. A única chance de recuperar sua felicidade é com o príncipe, o amor verdadeiro, mas, de certo modo, um símbolo do marido e do casamento. Toda mulher vive um dia de princesa no dia de seu casamento, o evento que inicia a formação da família, família esta que, com o nascimento dos filhos, traz de volta a infância perdida, ou, no caso, o retorno dos cabelos.

- Caraca...sério que é tudo isso? - indaga Demi

- Não, eu sequer pensei nisso quando escrevi a história - Karina esclarece - Mas com certeza é o que um acadêmico diria. Eles são fáceis de prever

Agora eu estava de boca aberta. Alguém aí ainda lembra que ela ainda está uma série abaixo do resto da turma? Uma garota de onze anos não pensaria nisso tudo, mas aquela Karina não era mesmo uma pessoa normal

- Vai mesmo escrever tudo isso?

- Foi uma versão resumida...claro que também vou lançar a crítica de que, na sociedade contemporânea, o casamento não significa necessariamente um ícone da felicidade. Mas aí teria que colocar referências de sociologia um pouco mais longas...mesmo assim, nada que não dê para fazer em uma ou duas tardes

- Isso aí, Karina! Sabia que você salvaria a gente! - fala Wilson - Se quiser, posso te ajudar nessa parte da crítica

- É...vou colocar o nome de vocês na análise psicológica e o nome do Wilson na crítica. Dessa forma, teremos a opinião do acadêmico que analisou o conto sob uma perspectiva simbólica e um acadêmico que critica essa análise do ponto de vista social. É...não é tão complicado

Não é tão complicado? Aquilo era praticamente um trabalho de conclusão de curso de um curso de Psicologia ou Sociologia. Só de ouvir aquelas ideias de uma aluna de sexta série já dava para concluir que ganharíamos o mérito. Wilson e Karina...se o gênio daqueles dois se juntasse para dominar o mundo estávamos perdidos. Pelo menos seria um grupo de atividades a menos.

- O que achou, Jorjão? - pergunta Wilson

- A história tá legal...mas se colocasse umas viagens no tempo

- CHEGA DE VIAGEM NO TEMPO! - bronqueie.

 Enviamos o texto para o professor Denis logo na semana seguinte e ele, claro, enviou uma cópia para todos os outros professores. Na outra reunião já tinhamos um resultado.

- Meninos...fiquei impressionado - diz o professor Denis - Vocês fizeram um ensaio excelente envolvendo conto de fadas, uma análise psicológica dos símbolos e uma crítica social da própria análise. Um trabalho digno de mestre. Não acharam?

- Resolvemos fazer um trabalho que cobrisse literatura, psicologia e sociologia. Achamos que o revivamento de um conto de fadas seria interessante, embora não seja tão original - explica Karina, sem mudar muito a expressão.

- Haha! Vocês são demais! - o professor Denis parecia mesmo contente - E posso afirmar que a parte de sociologia ficou ótima!

- Realmente...muito bem escrito - diz a professora Margarida 

- Bem escrito até demais - diz a professora Joseane - Vocês pediram ajuda de um profissional, não pediram? Aposto que o Denis fez tudo para vocês!

- Claro que não - responde Wilson - Mesmo porque o professor Denis não é formado em línguas, como a senhora mesmo disse

É...ela tinha dito isso mesmo.

- E além disso, podemos provar

- Podem mesmo? - Joseane continuava a provocar - Então...podem explicar num seminário tudo que escreveram aqui? Não precisa nem ser muito longo...se conseguirem expor um resumo em quinze minutos, damos o mérito a vocês. De acordo?

Os professores fazem que sim com a cabeça. Professor Denis olha com uma cara de "por favor, ganhem essa" para a gente e Karina inicia uma explanação. Infelizmente, eu não consegui gravar muita coisa do que ela disse para descrever aqui, mas só posso dizer que ela simplesmente conseguiu expor tudo que estava no texto de forma totalmente convincente. Era um prodígio, sem sombra de dúvidas.

- Incrível...simplesmente incrível - diz o professor Denis, batendo palmas - Alguém aí ainda tem dúvidas de que eles realmente fizeram o trabalho?

- Sim - responde Karina - Eles criaram a história, eu fiz a análise e Wilson a crítica. O professor Denis apenas deu algumas sugestões no papel de orientador. Foi isso.

- Hã? Mas a gente não..

Karina faz um sinal com a mão, impedindo que eu acabasse de falar. A professora Joseane, ainda estava boquiaberta. Mesmo assim, ela tinha que admitir a derrota.

- Tá. Tá bom. Que seja. Vocês venceram! O mérito do grupo de Literatura é de vocês

Wilson dá um salto e comemora. Karina apenas ajeita o óculos.

- Haha...huhauhaa...hahuahaha! - professor Denis ri - Eu disse que eles iriam conseguir! Agora quero o meu almoço!

- Tudo bem...amanhã mesmo a gente almoça - retruca Joseane - Vê se não se atrasa

- Heh! Pode deixar!

- Hmm...ansioso pelo almoço, professor? - Demi provoca

- Hã? Ansioso? Não, não...eu só...quero aproveitar a minha vitória na aposta

- Mas eu prometo que ganho a próxima aposta! - diz Joseane, se voltando para trás de repente

- É o que vamos ver!

- Sei... - murmura Demi. Enquanto isso, fui pedir explicações para Karina

- Por que disse aquilo? - perguntei - Foi você que fez tudo praticamente sozinha.

- Se eu não dissesse aquilo, eles provavelmente não dariam mérito para o nosso grupo por eu ter feito tudo. Mas relaxe, não foi nada demais

- Nada demais? Você escreveu mais de 50 páginas em dois dias

- Foi divertido - ela responde - Talvez o meu jeito de se divertir seja diferente do seu, mas pode apostar que foi

- Não precisa passar por tudo isso só pelos caprichos do Wilson - falei - Puxa...você...

- Acho que é você que precisa relaxar mais

- Hã?

- Eu repito...sua vida seria mais interessante se não tivesse conhecido o Wilson?

Olho para aquele cara, comemorando a vitória, enquanto praticamenta abraçava a professora Margarida, toda aquela maluquice e animação...ai, ai, ele pode ser doido, mas preciso admitir que não teria nenhuma história para contar se não o tivesse conhecido. Mas que teria mais sossego, teria

- Interessante ou não...a gente vive se metendo em encrenca. E ainda temos muito o que ensaiar para aquela peça

- Heh. É verdade. Mas no fim isso vai dar certo

- Como pode ter tanta certeza?

- Intuição...talvez - ela diz, sem mostrar muita emoção. Era mesmo uma garota misteriosa.

 Enfim, já vencemos três clubes. Metade do caminho já foi. Mas algo me diz que nosso próximo desafio vai ser bem dolorido...e traumático!


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Notas finais do capítulo

Karina owna sempre! Heheuhehe!

Nos próximos capítulos...um desafio realmente difícil para nossos sedentários herois. Fiquem ligados!



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