This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 36
Capítulo 36




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Capítulo 36 - Ser criativo pode ser mais difícil do que você pensa

Então era isso...assumimos um compromisso de apresentar a nossa versão de Saltimbancos (o animal é tão bacana, mas não é nenhum banana...) na festa junina, ou seja, estragar para sempre aquela peça que marcou a sua infância (ou não). Tinhamos dois meses para ensaiar todas as performances (pelo menos o roteiro a gente já sabia) e Demi teria um trabalho hérculeo para treinar a gente.

- Então é isso...podemos ensaiar terças e quintas à tarde, e mais sábado e domingo o dia inteiro - ela diz, após fazer o orçamento de tempo que precisaríamos para ter uma apresentação com o mínimo de decência - Tudo bem pra vocês?

- Perfeito - diz Wilson - Então...vamos aproveitar as segundas, quartas e sextas para focar nos grupos restantes. Aliás, hoje é quarta, não é? Quer dizer que a Karina tem reunião no grupo de Literatura e Ciências Humanas

- E você quer entrar nesse próximo grupo? - perguntei, mesmo já sabendo a resposta.

- É claro! Não deve ser tão complicado!

No fundo ele tinha razão...ciências humanas não eram muito difíceis, afinal, ler todo mundo sabe. Mas o problema era fazer isso bem...o que a Karina tinha a dizer?

- De fato...a gente ainda não faz muita coisa lá. Os professores orientadores pediram para nos organizarmos em grupos e pensar em uma monografia ou texto para apresentar no fim do semestre. Como ninguém quis fazer comigo, acabei ficando sozinha

- Sério? Ninguém mesmo? - Demi se compadece

- Na verdade, eu que não fiz questão de me juntar com ninguém. Mas se quiserem ser do meu grupo...fiquem à vontade

- Heh. Pode deixar. Estaremos lá a tarde

E aparecemos por lá à tarde. Até que o grupo de ciências humanas estava bem cheio se comparado aos outros. Nossa professora de português, a dona Margarida, estava ali lendo um jornal enquanto os alunos discutiam. Também tinha outros professores ali, cada um de uma matéria de humanas. Até a professora Joseane e o professor Denis estavam ali.

- Ah, meninos...vocês por aqui? - diz o professor - Sabia que cedo ou tarde viriam nos procurar

- Ah, professor Denis! O senhor é o professor orientador do grupo? - pergunta Deni

- Pois é...eu alterno com os outros professores na orientação dos grupos. Eu fiquei com projetos de ciências sociais, mas parece que ninguém se interessa muito por isso...a menos que vocês...a menos que vocês estejam pensando nesse projeto

- Olha...na verdade a gente ainda não sabe - diz Wilson

- Bem. Na verdade, temos mais interesse em Literatura - diz Karina, sem se preocupar muito se isso afetaria o professor ou não.

- Ooh..entendo - o professor parecia desapontado. Coitado. Como se a situação não estivesse ruim, a professora Joseane também dá as caras por ali.

- Ora, ora...quem vemos aqui? - ela diz, ironicamente - Então...vocês vieram participar do grupo de literatura e ciências humanas, é?

- Ela orienta aqui também? - perguntei para Karina

- Sim...mas não que ela faça muita coisa...

- É o dia de sorte de vocês - comenta a professora - Como sabem...eu sou professora de Inglês, formada em Letras...posso orientar o projeto de vocês

- Você? Que interesse você teria nisso? - pergunta o professor

- Como assim que interesse? Eu sou orientadora daqui, não sou? É meu dever incentivar os alunos em seus projetos.

- Na verdade, o grupo de ciências humanas dá uma menção honrosa para professores que orientem alunos ganhadores de mérito - explica Karina

- Ah, tá explicado - diz Wilson - Então...a senhora quer nos orientar, não é?

- Exatamente. Aposto que vocês tem ótimas ideias e...

- Isso não vai dar certo - Wilson continua - Conhecendo bem a senhora...vai deixar todo o trabalho na nossa mão e querer ficar com o mérito só para você

- O quê?! Seu moleque...como ousa falar assim com a sua professora e..

- Desculpe nosso amigo, professora - tentei arrumar a situação - Bem...é que ainda não temos muita ideia do que fazer

- Um projeto de Literatura, é? - o professor Denis parece ter despertado seu espírito competitivo de novo - Que seja...eu vou orientar os meninos

- Você?! - Joseane quase começa a rir - Mas nem professor de línguas você é...o que você entende disso?

- Mas eu sei interpretar um texto! Posso dizer perfeitamente se o texto dos meninos está bom ou não...aposto que eles conseguem ganhar um mérito nesse clube

- Aposta feita! - diz a professora - Um almoço em qualquer lugar que o vencedor queira, na conta do perdedor

- Feito! Se eles ganharem o mérito...você paga o almoço!

- Fechado!

Os dois apertam as mãos e fecham a aposta. Aqueles dois eram mais crianças do que todos os alunos juntos...mas, enfim, não é de se esperar menos de inimigos de infância. Agora tinhamos uma responsabilidade e tanto...

- Bem...vocês cosneguem fazer um texto bom, não conseguem?

- Damos um jeito - diz Wilson - A gente sempre dá um jeito

- Espero que sim...porque...eu não ganho muito e se perder essa aposta...a Joseane vai querer o restaurante mais caro da cidade

- Hmmm...um almoço com a professora? Impressão minha ou vocês não são tão inimigos assim? - comenta Demi

- Eu e aquela doida? Claro que somos inimigos! Não suporto ela! - ele fita a professora que, ao perceber isso, mostra a língua. Acho que a idade mental daqueles dois parou mesmo aos dez anos.

- Mas, por favor, meninos - o professor implorava - Façam algo que deixe a cara da Joseane no chão

- Deixa com a gente, professor! Vamos pensar em alguma coisa agora mesmo!

Nós cinco nos reunimos num grupo e começamos a traçar algumas ideias.

- Então...queremos algo em Literatura - começa Wilson - Alguma história ou romance, não é?

- Pode ser um conto - diz Karina - Não precisamos de algo grande, apenas algo bom

- Contos, heim? Podemos pensar em alguma história interessante...

- Tem muitas histórias por aí, né? - diz Jorjão, enquanto abri um pacote de balas - Uma história em quadrinhos seria legal

- Isso é mais a cara do grupo de artes - explica Karina - E o professor Denis entende mais de textos

- Textos - repete Demi - Você tem alguma ideia, Karina?

- Posso pensar em alguma coisa...eu gosto de ler, mas não costumo escrever muito

- Escrever...é mais difícil...nunca gostei muito de fazer isso - comentei.

- Sério? Nunca teve vontade de escrever um bilhetinho para as meninas ou algo assim? - fala Demi, com um sorriso mais maroto. Bem, eu nunca tive uma menina que realmente gostasse...embora a Demi me chamasse atenção. Bem que eu gostaria de escrever alguma coisa para ela, mas não teria coragem e nem habilidade para isso.

- Não...nem bilhetinhos - foi o que me reservei a responder.

- A maioria dos amadores costuma escrever fanfics - comenta Karina

- Fanfics? - perguntei - Tipo...escrever uma história baseada em uma já existente?

- Sim - ela continuava - Sites como o "Miau! Fanfiction" são específicos para isso...embora o servidor deles fique fora do ar várias vezes

- Bem...na verdade, sempre achei que algumas histórias pudessem ter um final diferente

- Ou que a mocinha ficasse com alguém diferente - sugere Demi

- Sim...fanfics são interessantes por fazer você pensar em versões alternativas de histórias já existentes. Uma das fanfics mais famosas do mundo foi uma mistura de elementos da mitologia grega com a época das grandes navegações

- Do que está falando? - perguntei.

- "Os Lusíadas" de Luís Vás de Camões - ela responde, na maior cara de pau. Os Lusíadas era uma fanfic baseada nos mitos gregos? Qualquer professor de literatura iria queimar a garota por uma blasfêmia dessas, mas como ela lia bastante, parecia ter moral para falar isso.

- E você, Jorjão? Tem alguma ideia? - pergunta Demi

- Cara...que tal a história de um heroi que ganha super-poderes toda vez que come pizza? - ele diz, já pensando na pizza, é claro

- Mas...isso não é mais cara de história em quadrinhos? - pergunta Demi

- Mas é legal, não é? - ele diz

- Não sei - comenta Karina - Talvez precisemos de algo mais realista...ou uma fantasia mais séria

- Nem se a gente colocar umas viagens no tempo no meio? - pergunta Jorjão.

- Hmm...se pensarmos bem nas viagens...

- Ah, não! Chega de viagem no tempo! Já discutimos muito sobre isso! - bronqueie.

- Mesmo? Mas é que viagens no tempo sempre deixam qualquer coisa mais legal! - diz Jorjão

- Se queremos mesmo aquele mérito, precisamos de uma história mais séria...nem que seja fantasia - coloquei.

- Bom saber que está animado com a ideia - diz Demi

- Hã? Eu? Mais ou menos - fiquei sem-graça, mas, na verdade, estava meio preocupado com o que iria sair dali.

- E você, Wilson? - Demi se dirige a ele - Tá tão quietinho

- Pensei numa coisa - ele responde

- Manda aí - fala Jorjão, já abrindo a terceira bala consecutiva.

- Pensem numa garota bela e emotiva...vamos chamá-la de Isabela

- Uma protagonista? Tá - falei

- Num certo dia, Isabela conhece um rapaz chamado Eduardo do Pulo e os dois se apaixonam...só que, na verdade, Eduardo é um vampiro

- Vampiro? - repeti, já não levando muito a sério a história.

- Sim. Só que o clã do Pulo é vegetariano...e eles não se alimentam de sangue e sim de seiva de árvore.

- Seiva de árvore - continuava repetindo

- Só que Eduardo se sente atraído pelo sangue de Isabela e fica tentado, não apenas em morder sua amada como trair sua filosofia vegetariana

Já sentia uma gota escorrendo pela minha cabeça, mas ele continuava

- No meio desse dilema, ele pensa em abandonar Isabela e fugir...mas surge um cara chamado Jacó, que também passa a assediar Isabela...só que Jacó, na verdade, é um lobisomem...e o pior de tudo: um lobisomem exibicionista, que sente uma estranha vontade de tirar a roupa toda hora

- Parece ter bastante fantasia - comenta Demi

- Um triângulo amoroso entre uma garota introspectiva, um vampiro vegetariano e um lobisomem exibicionista?

- Sim - Wilson confirma - Estava pensando em dar um nome poético para essa história...algo como... "Pôr do Sol"!

- Fala sério! - bronqueie - Um troço desses nunca faria sucesso!

Wilson para e pensa um pouco

- É...é verdade...talvez seja melhor pensar em outra coisa - ele diz - Sem contar...que acho que já ouvi uma história parecida em algum lugar

- Então - Karina toma a palavra - Precisamos pensar em alguma coisa rápido

- Você não tem nenhuma ideia, Karina? - pergunta Wilson - Mesmo que não tenha vampiros ou lobisomens no meio?

- Hmmm...estou pensando em alguma coisa...

Ela apresenta o que estava pensando e o grupo muda de um sorriso preocupado para um sorriso de satisfação.

- Boa - diz Wilson - Muito boa...acho que isso pode funcionar

- É bonitinha - comenta Demi - Se conseguirmos colocar isso no papel

- Se quiserem...posso trazer o texto pronto na próxima reunião

- Assim tão rápido? - perguntei

- Sim. Não vai demorar muito se eu já tenho a ideia na cabeça

- Sendo assim - termina Wilson - Manda ver! Aposto que ganhamos mérito com essa história!

Era uma história simples, mas dependendo de como ela contasse poderia sair muito boa. Era esperar pra ver...


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, vamos ver no que Karina pensou...será que ficou bom mesmo? Até lá!