This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 32
Capítulo 32




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Capítulo 32 - Brainstorm

 Então era isso. O clube de ciências era nossa preocupação atual. Resumo da ópera: estamos tentando ganhar o máximo de mérito simplesmente participando em todos os grupos de atividades da escola. Essa ideia surgiu de nossa nova diretora Quistis, quer dizer, Silvia, que ao ver a bagunça que a Megatec era resolveu reformular tudo. Infelizmente, ela só colocou mais lenha na fogueira e as ideias malucas de Wilson só aumentaram. Como se não bastasse, o grupo de ciências contava com a presença de um rival de Wilson, que prometeu fazer o melhor projeto do semestre, disposto a derrotar nosso sempre bem-humorado líder de vez. E ele parecia estar levando aquilo à sério. Mas é claro que Wilson também era um cara sério. Bem, isso vai depender do seu ponto de vista.

- Companheiros! - Wilson, vestindo sua calça moleton comprida e surrada com chinelos havaianas, pronunciava mais um comunicado em mais uma reunião na base externa da NERD (a casa dele). E é claro que, por alguma razão, todo mundo estava lá de novo - Estamos aqui reunidos para decidir nosso projeto de ciências! Embora eu esteja confiante, derrotar o Cassio não será algo tão fácil assim

- Parece divertido - comenta Demi - Apesar de eu ser péssima em ciências...

- Ei, tudo bem você estar aqui? - perguntei - Achei que tivesse alguma coisa para fazer nesse horário

- Hoje? Ah, eu só fazia um bico como modelo para uma loja de roupas adolescentes, mas já acabou meu contrato - ela responde simpaticamente.

- Hã? Eu não sabia disso - fiquei surpreso

- Sou meio tímida para essas coisas...pouca gente sabe

- Ah, bem que eu achei que essa menina do catálogo é parecida com você - diz Karina, que estava usando o computador da sala para pesquisar sabe-se lá o que.

- Ai, que vergonha! Tira isso daí! - Demi ruboriza - Até um tempo atrás eu enchia o saco dos meus pais para trabalhar com isso, mas agora acho tão sem-graça...agora prefiro me dedicar a coisas mais artísticas mesmo como cantar ou atuar

- Para mim tá bem artístico - comenta Jorjão, comendo uns biscoitinhos (para variar)

- Bobo - Demi dá um tapinha de leve no braço dele

- Isso é um bom sinal - diz Karina, tirando os olhos da tela e olhando para o teto - Significa que você tem o mesmo sangue que nós

- Hã?

- Sim. Aposto que você começou a ficar mais tempo na Internet depois que começou a andar com a gente - fala Karina, voltando seu olhar para ela - No mínimo, anda postando mais no coisas no Twitter.

- Bem...um pouquinho e...

- Entendo. Você é mesmo uma de nós

- Para de assustar a menina! - bronqueie. Bem, mesmo que fosse verdade, Demi ainda tinha um longo caminho a percorrer...para começar, precisava parar de usar Internet Explorer. Mas como a conversa chegou nesse ponto? Wilson faz questão de nos devolver para o centro da reunião.

- Pessoal! Vamos focar! Estamos aqui para pensar no nosso projeto! - ele diz

- Mas somos um zero à esquerda em ciências - argumentei - Bem, pelo menos eu sou. O que podemos fazer?

- Um robô seria legal! - diz Jorjão

- Mas como vamos programar um robô

- Talvez eu seja um robô mesmo - diz Karina - Daniel ainda não fez o teste das leis da robótica

- Para de viajar! Se você fosse um robô, saberia que é um, não?

- Como um robô pode ter consciência de si mesmo?

- Bem...ele...ele... - esquece, ela me pegou - Ah, não sei, mas você se lembra que é uma humana, não?

- Minhas memórias podem ter sido implantadas, não?

- Duvido que exista tecnologia o suficiente para isso! - continuei discutindo

- A menos que todos aqui também sejam robôs - ela desvia o olhar, colocando a mão no queixo e fazendo uma pose pensativa.

- Se todos aqui fossem robôs seria um perigo para a humanidade! - diz Wilson - Robôs capazes de pensar em programar outros robôs causariam uma revolução das máquinas e acabaria com todos os humanos...e o governo dos Estados Unidos provavelmente já teria mandado alguém para nos eliminar

- Ou talvez ele estejam mandando - diz Karina, sem alterar o tom sério da voz - Talvez...a Demi possa ser uma espiã do governo americano

- Não! Eu juro que não! - Demi se defende - Essa conversa tá ficando estranha

- Além disso - Wilson retoma a conversa - Robôs são cliches demais...qualquer um pensaria em montar um robô

Ele fala "qualquer um" com tanta naturalidade...seja como for, parece que robô era um tema manjado para o Cassio...pelo menos foi o que entendi

- Para vocês terem uma ideia - Wilson continuava - Eu cheguei a programar esse robôzinho num trabalho alguns anos atrás

- Como? - fiz cara de espanto, quando ele aponta para um pequeno robô de brinquedo, que não devia ter mais do que uns 20 cm, mas que ele disse ter programado sozinho

- Foi fácil...usando uns esquemas de comando de voz e calculadora, com uma ajuda do meu pai que trabalha com informática, conseguimos programar um robô que diz a raiz quadrada de qualquer número

- Sério?

- É so chegar perto dele e falar algum número de 1 a 999

- Por que só de 1 a 999? - pergunta Demi

- Foi o que deu para gravar...querem ver? 247!  - ele falai, chegando perto do pequeno microfone na orelha do robô.

- Não existe raiz exata! - ele responde.

- Nossa...que louco! - falei

- Deixa eu tentar, então - diz Demi - Hmm....144

- Não existe raiz exata! - ele responde

- Como assim? Raiz de 144 é 12! Até eu sei disso! - questionei

- Que estranho...devia ter dado certo - diz Wilson - Deixa eu ver...144

Ao que Wilson fala, o robô responde

- Doze!

- Ué? Por que deu certo agora? - perguntei

- Ah, entendi...acho que ele só reconhece a minha voz - comenta Wilson - Bem, nada é perfeito, né?

 Senti uma gotinha escorrendo na minha cabeça. De novo, não sei dizer se ele é um gênio ou um maluco. Melhor considerar as duas coisas.

- E então? O que podemos montar para o projeto? - Karina volta para a reunião.

- Que tal uma máquina do tempo! - diz Jorjão. Ele tinha ótimas ideias, mas nenhuma delas parecia muito viável para o nosso orçamento.

- Hmmm...isso é mais legal...mas é muito complicado - diz Wilson - Mas que seria muito louco, seria!

Nem me fale. Provavelmente usaria a máquina do tempo para avisar meu eu do passado para não se matricular na Megatec.

- Se criássemos uma máquina do tempo poderíamos voltar ao passado e ganhar o mérito do grupo de ciências antes mesmo de ter qualquer avaliação. Nada seria capaz de derrotar uma maquina do tempo! Hehe!

- Mas nesse caso quem receberia o mérito seríamos nós do presente ou nós do passado? - pergunta Demi

- Nós do presente, é claro! No passado não teríamos criado uma máquina do tempo! - explica Wilson - Daí, nossos sujeitos do passado criariam a máquina do tempo e receberiam o mérito deles

- Mas tem alguma coisa estranha aí - Karina começaria mais uma discussão filosófica - Se eles criarem uma máquina do tempo, basta que a usem para ir ao futuro, onde já teriam o mérito

- Mas como eles vão ter o mérito se só conseguimos quando voltamos no tempo usando a máquina?

- Aí que está...sempre que se volta no tempo a história muda

- Hã?

- É o que a gente chama de paradoxo da viagem no tempo...já pesquisei sobre isso

 Por que isso não me surpreende? Mas, tudo bem, vamos ouvir o que ela tem a dizer

- Vamos fazer um experimento mental. Imagine que você queira evitar que um evento ocorra no passado e crie uma máquina do tempo para impedir, como, por exemplo, matar o seu pai

- Tá doida? Por que eu mataria o meu pai?! - estranha Demi

- É só uma suposição - explica Karina, com toda a calma do mundo - Imagine que você mate o seu pai no passado...você existiria no presente?

- Não - respondi

- Se você nunca existiu no presente, então não teria como viajar no passado. Você nunca criaria uma máquina do tempo porque simplesmente não existiria para criar uma. Aí que está o paradoxo.

- Então...é impossível viajar no tempo mesmo? - diz Demi

- Bem, é possível que quando você volte no tempo e mate seu pai, você abre uma nova possibilidade na história. Você cria dois universos: um onde você existe no futuro e outro onde você não existe.

- Então o nosso futuro não mudaria se voltássemos no tempo?

- Pelo menos não em um dos universos. Mas dái precisaríamos de uma máquina que atravessasse diferentes dimensões

- Mas e se a viagem no tempo for tão rápida de modo que não prejudique a história de modo tão relevante? - Jorjão entra na conversa.

- Como assim, Jorjão? - pergunta Wilson

- Pensei em outro experimento. Imagine que você encontre uma lâmpada mágica, com um gênio que só realiza três pedidos. Daí você pede uma máquina do tempo no primeiro pedido e uma faca no segundo pedido. Então, você pega a lâmpada, volta no tempo e mata o seu eu do passado bem na hora que ele encontra a lâmpada. Mas como foi num passado curto, a história não mudaria muito. Daí você só precisa pegar a lâmpada, conseguindo duas lâmpadas, voltar ao passado e repetir o processo, só que agora matando o seu eu que voltou no tempo..bem na hora que ele matou o seu eu que não voltou no tempo. Daí é só repetir o processo até conseguir infinitas lâmpadas.

Eu estava de boca aberta. Acho que agora entendo o motivo de não existir gênios e lâmpadas que realizam pedidos.

- Uau! Você é genial, Jorjão! - diz Wilson

- Não sei - Karina iria argumentar - E se um dos seus egos pensasse nisso e pedisse imortalidade?

- É por isso que não pedi imortalidade no começo da história. Hah!

- Eles são empolgados, né? - diz Demi, claramente mostrando que não estava acompanhando muito bem a conversa. Não a culpo. Olho para o relógio e vejo que já perdemos muito tempo ali.

- Olha, Wilson. Dá pra gente resolver isso logo? Ainda tenho um trabalho de matemática enorme para fazer - comentei

- Do professor Edson? EU também! Tô péssima nessa matéria! - diz Demi

- Não tanto quanto eu...preciso tirar 7,5 na próxima prova ou estou ferrado

- Eu preciso de 8,0. Matemática é o horror da minha vida

- Até pediria o robô do Wilson emprestado, mas ele só obedece a voz dele. Hehee - brinquei, mas Wilson parece ter tido uma ideia assim que comentei estar com problemas em Matemática.

- Vocês estão...com dificuldade em Matemática?

- S-Sim. Foi o que eu disse - respondi

- É isso! - ele grita - É isso, Daniel! Já pensei num projeto interessante!

O que? Um robô que atenda outros comandos de voz e resolva equações? Achei que ele não faria mais robôs, mas...sei lá. Seja como for, tinha medo daquela cara. Ai, ai.


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Notas finais do capítulo

Se esse povo der asas à imaginação, a história inteira seria só dos pensamentos deles.

Até a próxima (a menos que você use sua máquina do tempo para ir ao futuro e ver o que aconteceu na história. Hehe)