This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 215
Capítulo 215




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/95454/chapter/215

Capítulo 215 - O Disquete Misterioso

Depois de cavarmos discretamente o local indicado pelo estranho mapa da escola desenhado no antigo caderno que Wilson encontrou na biblioteca encontramos uma caixa velha. Era do tamanho de uma caixa de sapatos de papelão e toda suja de terra. Apesar disso, estava bem fechada com algumas fitas adesivas. Depois de tamparmos o buraco novamente com a pedra sem que ninguém percebesse, voltamos para o banco e ficamos admirando nosso "tesouro".

– Hehe. Vamos ver o que tem aqui dentro - disse Wilson animado.

– Acho que ninguém viu a gente - disse Demi. Nos apressamos para voltar ao banco e abrir a caixa com todo o cuidado. Tá, tudo bem, a forma que Wilson arrancou aquelas fitas adesivas não era bem o que eu podia chamar de todo o cuidado, mas agora era só abrir. Apesar disso, todo cuidado ainda era pouco.

– Bom...vamos lá - disse Wilson respirando fundo.

– Espere - impediu Demi - E se...for algo perigoso. Sei lá...alguma coisa que possa nos comprometer.

– Aí escondemos a caixa de volta na mesma hora - falou Wilson - Não conseguimos tirar ela do buraco sem ninguém ver?

– Ai, mas mesmo assim... - Demi parecia receosa.

– Só tem um jeito de descobrir - disse Karina - Abrindo a caixa.

Ela tinha razão. Não deve ser pior do que a caixa de Pandora. Todos ficamos em silêncio. Wilson abriu a caixa lentamente e revelou seu conteúdo. De fato, era algo bastante curioso.

– O...o que é isso? - indagou Jorjão.

– Isso, Jorjão, é um disquete - falou Wilson, retirando aquele pequeno objeto preto de dentro da caixa. Todos olhamos admirados para aquilo.

– Uau! Faz muito tempo que não vejo um desses, heim? - disse Demi.

– É um objeto bem obsoleto - disse Karina - Mas considerando a data do caderno, não é de se espantar.

– Interessante, muito interessante - disse Wilson, examinando o pequeno disquete com cuidado.

– Que negócio mais antigo - comentei.

– Bem arcaico - completou Wilson - Salvo engano, esse disquete consegue armazenar até 1,44 MB.

– Só isso? - comentou Demi - Não cabe nem uma música em mp3!

Em uma era onde usamos HDs externos com mais de 800 GB e pen-drives com capacidade de 16 GB com o tamanho de um chave é muito difícil acreditar que guardávamos nossos dados naquele enorme quadrado.

– Pelo menos não é nada perigoso - Demi respirou aliviada.

– Mas é suspeito - falei - Agora, a pergunta que não quer calar: como vamos saber o que tem aí dentro?

– Seria suspeito utilizarmos algum computador da escola - disse Karina - Mas duvido muito que algum deles contenha leitor de disquete.

– Isso não é problema - falou Wilson - Tenho vários computadores antigos em casa, lembram? Podemos ver qual é a desse disquete lá.

– É mesmo - falou Jorjão - E sua mãe vai fazer aqueles sanduíches de novo, não vai?

– Pode ter certeza - confirmou Wilson.

E depois da aula lá estávamos nós, prontos para investigar mais uma maluquice. De alguma maneira, eu também estava curioso para saber o que tinha ali dentro. Já estávamos tão acostumados a frequentar a casa de Wilson que a mãe dele até aumentava as compras do mês já pensando nas nossas visitas. O velho sótão ainda era nosso ponto de encontro principal e era lá que os computadores antigos ficavam. Devo lembrar que como o pai de Wilson vivia comprando novos computadores, os antigos eram enviados para o filho fazer todo tipo de experimento com eles. E, de fato, não foi difícil achar um que lesse disquete.

– Nossa, demorado, heim? - reclamou Jorjão.

– Computador antigo. Windows 98 é assim mesmo - explicou Wilson. Mas não demorou muito para o conteúdo do disquete ser aberto. Continha um arquivo de texto do bloco de notas e um arquivo de imagem. Os nomes dos arquivos eram apenas números, o que não dava nenhuma pista. Wilson sugeriu que abríssemos o texto primeiro. Depois de algumas giradas na ampulheta do cursor no Windows, finalmente o arquivo foi aberto. Infelizmente, não conseguimos entender uma palavra do que estava escrito naquela coisa.

– Que droga é essa? - perguntei - Está em outra língua?

– Não, é um código - falou Karina - Certamente ele deve ter digitado tudo em código para que a escola não descobrisse.

– Mas que tipo de código poderia ser? - indagou Demi.

– Hmmm...esperem um pouco - Karina começou a ler a mensagem. O texto era curto, o que dava tempo para uma leitora voraz como Karina ler e reler várias vezes a mensagem, testando diversas combinações em sua mente genial. Esperamos por uns quinze minutos até que ela finalmente esboçou alguma reação (sim, ela ficou exatamente do mesmo jeito diante da tela do computador por quinze minutos, embora eu ache que tenha visto ela piscar por alguns instantes).

– O que foi, Ka? - perguntou Demi.

– Acho que descobri - disse ela - Ele usou o alfabeto ao contrário. Nesse código, "Z" na verdade é "A", "Y" na verdade é "B" e assim por diante. Mas não é só isso. Ele escreveu todas as palavras ao contrário. Não é um código tão difícil de desmontar, mas se a intenção dele era despistar a escola, é mais do que suficiente.

Não é difícil? Poucas pessoas além da Karina teriam paciência de analisar esse código.

– Já vi que esse cara era dos nossos - disse Wilson - Era algo que eu faria também.

– Faz sentido. Qualquer um poderia achar aquela caixa escondida - comentou Demi.

– Vocês ainda tem alguma dúvida de que ele deixou uma mensagem para as futuras gerações? Karina, por favor, pode traduzir o código?

– Já tenho ele na cabeça - disse ela - Posso digitá-lo agora mesmo.

– Essa é a nossa garota! - comemorou Wilson. Em poucos instantes, já havia uma tradução do texto na tela do monitor. Dizia algo mais ou menos assim:

"Caras, finalmente acabou.

Deixaremos o Megatec esse ano. Não sei se o Carlos vai passar no vestibular ou se o Marcos vai mesmo só trabalhar com o pai dele. Ficamos juntos desde o Fundamental, mas daí crescemos, fomos atrás de outros interesses e deixamos nossos ideais meio de lado. Vocês lembram? Queríamos tornar essa escola chata num lugar divertido! Aprontamos um monte, não é? Ninguém pode dizer que não nos divertimos. Mas resolvi fazer uma última travessura: vou deixar um disquete com essa mensagem escondido em algum canto da escola e vou doar meu caderno para a biblioteca. Talvez, em algum momento no futuro, alguém entenda a mensagem, traduza o código e lembre de nós. Se isso acontecer, será que eles irão continuar nosso legado? Espero que continuem a tornar o Megatec um lugar divertido! Espero que também coloquem algo nessa caixa para que as futuras gerações lembrem! Isso se alguém for esperto o bastante para descobrir isso, é claro."

E no arquivo da imagem, vimos a foto de três amigos sorrindo. Eram caras normais, da idade de alunos do Ensino Médio. A foto não era em preto e branco, mas era antiga se comparada aos padrões atuais. Isso era tudo que havia no disquete.

– Esses...caras... - Wilson parecia meio comovido - Eram como nós.

Eu percebi. Talvez eles não fosse uma NERD, mas aposto que no mínimo iriam se simpatizar com a nossa causa. Só pode. Alguém que tenha essa ideia, não pode lá ser muito normal.

– Que legal - comentou Demi - Então, eles eram grandes amigos que quiseram deixar um legado para as gerações futuras mesmo. Quem poderia imaginar?

– Não temos ideia de quem sejam esses caras e nem como estão hoje - falou Jorjão - Podemos até procurar nos arquivos da escola e..

– Não - disse Wilson misteriosamente. Eu jurava que ele queria correr atrás desses caras.

– Não? Mesmo? - estranhei.

– Você não está curioso para falar com eles? - perguntou Demi.

– Poderíamos até achar esses caras, mas...acho que o espírito da mensagem deles é bem claro - falou Wilson - Eles só querem que continuemos esse legado. Vocês já pararam pra pensar? Um dia teremos que nos formar no Megatec, mesmo que nos tornemos os caras mais legais de nossa geração, um dia tudo isso será esquecido.

Se eu já parei pra pensar? Penso nisso desde que te conheci!

– Precisamos continuar o legado deles. Vamos colocar algo nosso dentro dessa caixa e devolver para o mesmo lugar.

– Então quer continuar com essa cápsula do tempo? - perguntou Karina.

– Sim. Mas vamos deixar as coisas mais organizadas - falou Wilson - Vou copiar esses arquivos e deixá-lo em um pendrive.

– Oh, bem mais moderno - comentei - Se bem que...até que alguém volte a abrir a caixa, será obsoleto de novo.

– Sim. Vamos deixar nossa mensagem também. Mas não precisamos falar muito...

– Não? - estranhou Demi.

– Apenas vamos escrever: "a NERD esteve aqui"

Todos sorriram.

– E a foto? - perguntou Jorjão.

– Vamos tirar uma agora! Vou pedir para a minha mãe tirar uma...todos vamos sair nessa.

E assim foi feito. Tiramos a foto, escrevemos a mensagem e deixamos no pendrive. Usamos o mesmo código, claro. Alguém da futura geração teria que desvendar esse código do mesmo jeito que nós desvendamos. Mas também deixamos o disquete lá. Assim, quem descobrisse a caixa também saberia a data do arquivo original.

– E se ninguém achar? - perguntou Demi.

– Significa que ninguém foi digno de nos superar - falou Wilson, com toda a confiança do mundo - Mas as novas gerações sempre acabam superando a anterior em alguma coisa.

Não saí muito bem na foto, mas, de algum modo, achei a atitude interessante. De algum modo, parece que Wilson tinha amadurecido. Um outro Wilson teria pensado em correr atrás dos caras que deixaram a mensagem. Aquele Wilson parecia apenas comovido, respeitoso com uma atitude de alunos antigos que compartilhavam o mesmo ideal dele.

– Além disso, não precisamos ir atrás desses caras - falou Wilson - Vamos fazer nosso nome tão conhecido na Megatec, que eles não poderão tirar outra conclusão a não ser que encontramos a caixa!

– O mesmo sonho de sempre - pensou Demi.

Não falei nada, apenas suspirei. Bem, não dava para mudar muito aquele cara. Ainda tínhamos alguns anos de escola pela frente. Sabia que iria encarar ainda mais situações embaraçosas com aquele povo, mas...o que eu podia fazer? Eu já era daquela gangue.

Deixamos a caixa com o pendrive e o disquete no mesmo lugar novamente. Sorrimos um para o outro. Wilson deixou o caderno com o rabisco de um rostinho piscando no mapa. Talvez este fosse o sinal. Talvez o dono do caderno voltasse para a escola para relembrar sua época e olhar aquele mesmo caderno de novo. Se isso acontecesse, ele saberia que seu legado continuou. Não precisaríamos trocar uma palavra. Ele poderia ter certeza que as futuras gerações também querem deixar o mundo mais divertido...divertido...divertido? O que estou dizendo? Eu só entro em encrenca com esses caras! É...é isso mesmo...não é nada divertido. É tudo embaraçoso e...e....ah, entrou um cisco no meu olho! Até o próximo capítulo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A próxima saga fechará a história. Reparem que estes dois últimos capítulos não tiveram tanta comédia...acho que estou me preparando psicologicamente para esse último arco. Juro que não será nada longo, mas espero conseguir terminar essa história que amo tanto de forma adequada.

Se alguém ainda estiver acompanhando, espero vocês lá.

Até!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "This Is My Gang!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.