This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 214
Capítulo 214




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Capítulo 214 - Lembranças e Caixa Secreta

No dia seguinte fui um dos primeiros a chegar no nosso canto. Sim, eu acabei acordando um pouco mais cedo do que o normal por algum motivo. Talvez minha mente estivesse ansiosa para saber o que, afinal, Wilson havia descoberto naquele caderno que ele pegou na biblioteca. Devo estar ficando mole...desde quando fico ansioso para saber algo que Wilson está tramando? De qualquer modo, Jorjão chegou logo depois de mim, e, claro, fazendo sua boquinha da manhã. Dessa vez se deliciava com um cookie.

– E aí, Daniel? O Wilson também te ligou ontem?

– Quer dizer que ele ligou para todo mundo? O cara ama tecnologia, mas não tem a moral de simplesmente mandar e-mails ou mensagens para nós?

– Vai ver que ele queria falar algo que não teria o mesmo efeito por escrito - respondeu Jorjão - Você sabe como ele é.

E Jorjão continuou comendo. Percebi que raramente ficava sozinho com ele e lembrei que Jorjão conhecia Wilson há bem mais tempo do que eu ou as meninas. Não sei o que deu em mim, realmente não sei, mas uma pergunta me veio à cabeça.

– Err...Jorjão?

– Sim?

– Você conhece Wilson há bastante tempo, certo? Ele sempre foi assim?

– Assim como?

– Do jeito que ele é...tipo...maluco para conseguir o sucesso a todo custo.

Jorjão riu.

– Bem, desde que o conheço, ele sempre quis fazer algo grande...no fundo, acho que ele não quer se engrandecer, nem nada disso. Acho que, tudo que ele quer é se divertir.

– Divertir? Mas vivemos pagando mico?

– Tá. Nem sempre as coisas saem como a gente quer, mas...você não pode negar que ele quebra o tédio.

– Sei...

– Bom, quando eu o conheci, ainda éramos bem pivetes, ele me fez ver que não vale a pena ficar se incomodando com o que os outros pensam.

– Como assim?

– Bem..

* Flashback do Jorjão *

Anos atrás, no segundo dia de aula, Jorjão era apenas um garoto gordinho que ficava num canto, isolado, comendo seus lanches. Ninguém falava muito com ele, a não ser para zombar da sua...err...forma física. Foi assim no jardim de infância e seria assim no seu fundamental também.

– Haha. O Jorge já tá comendo de novo - dizia um colega.

– Ele é tão gordo que quando ele anda a escola toda treme. Hahhaha - completou o outro.

Claro que isso não deixava o garoto muito confortável. Comer era o que ele mais gostava. Qual era o problema nisso? Todas as crianças gostavam de doces, ele só...gostava um pouco mais do que as outras. Enquanto lamentava sua situação, Jorjão olhou para o horizonte do pátio, viu um garoto de óculos ser atacado por outros alunos mais velhos que, sem muito esforço, levaram o lanche dele embora. Jorjão também lamentou isso. Pobre garoto. Ele não era o único atormentado naquele pátio. Por incrível que pareça, aquele mesmo garoto começou a andar em sua direção. Não, ele não tinha visto Jorjão. Apenas calhou de andar naquele caminho. O guloso garoto Jorge viu que tinha mais um sanduíche de mortadela na sua lancheira. Gostaria de comê-lo, mas e aquele garoto sem lanche? Não seria bom oferecê-lo? Jorjão pensava, e, por mais incrível ainda que parecesse, quem começou a conversa foi aquele garoto.

– Ei.

– Hã? Ah, o que foi?

– Você também tá sozinho aí? Você é da minha sala, não é?

– S-Sim - Jorge respondeu, estranhando o fato daquele garoto que acabara de ser roubado estar todo sorridente.

– Heh! Você parece ser forte!

– Forte? Não, eu...sou só gordo.

– Mas é grande. E eu preciso de alguém grande. Todos os grandes chefões precisam de um guarda-costas gigante!

– Do que está falando?

Ele não sabia se aquele menino estava apenas tirando uma com a sua cara ou falando sério. A única certeza que tinha era de que o moleque ignorava suas perguntas e apenas falava o que queria. Ou ouvia o que queria.

– Você gosta dessa escola? - perguntou o garoto para Jorjão.

– Para falar a verdade...não - respondeu ele - Só tem pessoas chatas, que ficam me chamando de gordo.

– Eu entendo - confirmou o estranho menino - Vivem roubando meu lanche e outro dia esconderam meus óculos. Não enxergo nada sem eles.

– Como gostar de um lugar desses?

– Eu te digo como. Mudando!

– Mudar? E o que podemos fazer?

– Vamos pensar em alguma coisa. Se ficarmos juntos, podemos nos tornar os caras mais incríveis desse colégio e todo mundo vai respeitar a gente.

– Você acha que consegue?

– Pode demorar...talvez anos até encontrarmos outros que nos apoiem. Mas um dia vai acontecer. Essa escola sempre recebe alunos novos.

O sorriso era confiante, cheio de fé, mas sem muitas evidências. Mesmo assim, Jorjão confiou naquele sorriso. Acreditou que carinha estranho poderia mudar alguma coisa. Ele havia acabado de sofrer bullying, mas sorria como se nada tivesse acontecido. Ele não se importava com a opinião dos outros e esquecia dos bullies com facilidade.

– Como é o seu nome mesmo? - perguntou Jorjão.

– Wilson - respondeu ele. E foi assim que eles se conheceram. E foi assim que Jorjão também parou de se preocupar com o que falavam de sua gordura. Uma forte amizade acabara de nascer.

* Fim do flashback do Jorjão *

– Entendo - falei - Então...Wilson já tinha planos desde aquela época.

– Nunca encontramos muita gente interessada no que fazíamos e ficamos meio isolados por alguns anos. Até que você e as meninas apareceram. Daí conseguimos colocar tudo em prática. Hehe.

Apenas refleti por alguns segundos. A vida naquela escola não deve ter sido muito fácil mesmo. Wilson e Jorjão devem ter ficado bem sozinhos. Mas eu entendo. Também era bem sozinho antes de ir para o Megatec. Mas essas reflexões pararam assim que Demi chegou. Logo, Karina também apareceu e Wilson, por incrível que pareça, chegou por último.

– Wilson! Você demorou, heim? - disse Demi - Anda. Tô curiosa pra saber o que tinha naquele caderno.

– Sim, eu sei que demorei - falou Wilson - Na verdade, eu cheguei cedo, mas queria ser o último a chegar aqui. Por isso fiquei meio escondido em uns arbustos perto da entrada da escola esperando todos vocês chegarem.

– Tudo isso pelo suspense? - reclamei.

– Suspense é o tempero para qualquer coisa, meu caro Daniel - falou Wilson, realmente empolgado - Mas a revelação é muito simples.

Ele retirou o caderno da mochila e abriu na página do mapa. De acordo com seus cálculos, havia algo escondido bem no jardim atrás do nosso canto dos nerds.

– Difícil de acreditar que tenha alguma coisa aí - falou Demi - Algum funcionário da escola já teria achado.

– Ah, é? E aquela pedra ali? - apontou Wilson, para um pedregulho no meio da área gramada atrás de nosso banco.

– De fato é a única pedra dessa área - considerou Karina.

– O jardineiro poderia ter tirado ela do lugar, não? - comentei.

– Será? Em todos esses anos que passo por aqui, nunca vi aquela pedra em outro lugar. Acho que até o jardineiro tem preguiça de mexer nela - respondeu Wilson.

– Então está dizendo que o segredo pode estar embaixo da pedra? - perguntou Jorjão.

– Só tem um jeito de saber - Wilson olhou para o pátio e percebeu que não havia nenhuma inspetora por perto - Jorjão! Rápido! Tire a pedra do lugar!

Jorjão pulou a muretinha e pisou no jardim (não era permitido que alunos pisassem na grama, mas ele tinha que ser rápido). Tentou tirar a pedra, mas para alguém não muito acostumado com esforços físicos como Jorjão, era bem difícil de levantá-la.

– Rápido, Jorjão - falou Demi - Daqui a pouco as tias do pátio vão perceber.

– É...pesada - reclamou ele.

– Você consegue. Você é grande, então é forte - falou Wilson - E toda gangue precisa de um cara forte.

Jorjão associou essas palavras ao que Wilson lhe disse quando se conheceram. Sim, isso deu um pouco mais força para ele. Jorjão conseguiu afastar a pedra, mas não tinha nada embaixo dela.

– Não tem nada - comentei.

– Visível não - falou Wilson - Mas e se cavarmos?

– Rápido! Tem alguém vindo! - gritou Demi.

Imediatamente, nós cinco nos apertamos no banco, para que a inspetora que estava de passagem não percebesse nada. Nosso sorriso amarelo até poderia denunciar alguma coisa, mas, por sorte, não deu em nada.

– Ufa - Demi suspirou quando a inspetora foi embora - Foi por pouco, mas...você disse cavar?

– Sim. Trouxe uma colher para isso - mostrou Wilson, tirando uma colher de sopa da mochila - Vamos lá...continuem a vigiar. Eu cavo.

E foi o que ele fez. Cavou rapidamente e conseguiu achar uma pequena caixa.

– Achei! - gritou ele - Eu sabia! Eu sabia que era uma mensagem para um tesouro secreto!

– O que é isso? - perguntou Demi.

– Não sei. Só abrindo para ver - falou Wilson.

Ele tira toda a terra em volta daquela caixa velha e abre. Sim, havia uma coisa lá dentro. Parece que não éramos os primeiros a aprontar todas naquela escola...


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