This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 21
Capítulo 21




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Capítulo 21 - Que comece a guerra

No dia seguinte, eu havia chegado normalmente na escola, do jeito de sempre. Minha mãe dá o clássico beijinho de despedida no carro, eu entro no colégio (mais dormindo do que acordado), ando até o pátio, ignorando praticamente 50% do mundo ao meu redor, procuro um canto vazio no pátio para dar um cochilo rápido antes do sinal tocar, quando, do nada, algo, ou melhor, alguém, tirou meu curto, porém precioso, sossego.

- Daniel! Acorda! Você precisa ver isso! - grita Wilson, que, sabe-se lá como (talvez por morar perto), chega mais cedo do que eu e parece não sentir um pingo de sono (e olha que ele também dorme tarde)

- Hã? Wilson? O que foi? - respondi, mal tirando a cara da minha mochila do Capitão Zoing que, naquele momento, servia de travesseiro.

- Já viu esses folhetos?

Ele me entrega um papel com um texto enorme escrito. Ler logo de manhã? Não força, vai...mas, de qualquer forma, peguei o papel, ajeitei os óculos e comecei a ler. Era um texto relativamente longo, e, como nunca gostei de coisas muito complicadas e sempre odiei gente que escreve, escreve e no fim não fala nada, vou dar apenas o resumo para vocês: "Membros do jornal escolar começam com uma mentira, concorrem ao grêmio estudantil logo após isso e iniciam uma propaganda política apelativa. Quem são esses caras? O que eles querem? Com certeza querem caluniar o grêmio atual para alcançar o poder e espalhar suas ideias estranhas a todos! É isso mesmo que vocês querem? O que sabemos sobre eles? De onde surgiram? Vão confiar seus votos a completos desconhecidos que tomaram o jornal e agora querem tomar a escola? Pense bem, caro aluno" e blá,blá,blá. Enfim, era um folheto que caluniava o nosso grupo. Calúnias? Bem, no fundo era verdade que Wilson queria usar a nossa gangue para dominar a escola, mas não seria algo opressor...eu acho

- Não é um absurdo? - disse Wilson, com uma cara realmente preocupada - Estão estragando a nossa imagem!

- Uou! Isso é golpe baixo, não?

-Política É jogar baixo! - fala Karina, chegando do nada atrás de mim.

- C-Credo! De onde você saiu? - depois desse susto eu até acordei.

- O fato é que realmente não apresentamos propostas convincentes para atingir os caras do grêmio - ela diz, ignorando o meu susto - Teríamos que achar alguma coisa que realmente mostrasse aos alunos que somos a melhor escolha

- O problema é que a única prova que tínhamos contra o grêmio foi confiscada e eles ainda nos chama de mentirosos e caluniadores por nos acusarem sem provas! O que podemos fazer?

- Bem, só teremos um debate oficial daqui a alguns dias. Até lá vamos ter que lutar politicamente com esses caras. Mas como vamos combater isso? - lamenta Wilson.

- A situação tá tão ruim assim? - perguntei.

Nisso, dois alunos que iam passando distraídos, assim que veem nós três reunidos, desviam. Mas Wilson, é claro, precisava de uma confirmação.

- Ei! Ei, vocês aí!

Eles tentam evitar, mas acabam se virando.

- Escutem...vocês acreditam no que esse folheto disse? - Wilson comenta

- B-Bom - diz um dos pobres estudantes abordados - É verdade que vocês não mostraram nenhuma prova sobre o grêmio e...é...é verdade que vocês tomaram o jornal da escola da professora Joseane muito de repente...a gente tem que concordar que é tudo muito suspeito

- Suspeito? Não sabem o que estão dizendo! Por acaso estão satisfeitos com o grêmio de vocês?

- Ué? Até agora eles não fizeram nada que prejudicasse a gente

- Como não? Eles estão roubando vocês na cara dura e

- Mas você não tem provas, tem?

Não, não tínhamos.

- Aaahh...seus ingratos! E ainda deixamos tirarem uma foto com a Demi!

- Bem...era de graça, não?

Wilson não fala mais nada e os dois vão embora. A nossa situação tinha virado. E, claro, não demora muito para Jorjão aparecer com mais folhetos.

- Gente..vocês viram o folheto que - mas Wilson logo o interrompe.

- Vimos, vimos sim. Isso está estragando a nossa imagem

- E o que a gente faz? - pergunta nosso fortinho amigo.

- Vamos ter que pensar em algum modo de melhorar a nossa imagem. Cadê a Demi? Vamos ter que implorar para ela sacrificar o orgulho e distribuir beijinhos no rosto

- Nem pense nisso! - gritei, já enciu...quer dizer, bravo com o abuso de Wilson - Precisamos pensar num contra-ataque racional e não em mais propaganda apelativa!

- Achei que propaganda apelativa fosse a principal arma da política

- Bem - Karina ajeita os óculos e continua a falar - Na prática é isso mesmo...mas não podemos deixar os alunos perceberem isso

- O jeito que você fala dá medo - comentei

- Ué? Não estamos falando de política? - ela retruca

- Mas desse jeito vamos nos igualar aos caras do grêmio!

- Se tiver alguma ideia melhor

- Acho bom vocês acharem uma ideia rápido! - exclama Demi, chegando apreensiva

- Nossa, o que houve? - pergunta Wilson

- Vejam isso! - ela tira uma foto da mochila. Não era o Beto, aquele cara do grêmio? Parecia uma foto autografada

- O que é isso? - pergunta Jorjão, enquanto tirava uma balinha do papel

- O que é isso? Acabou de acontecer..assim que eu cheguei na escola

E começa um flashback...

- Ei, mocinha? - Beto chama Demi, assim que ela entra pelos portões (não sem antes receber elogios de uns dois moleques quaisquer. Justo agora que o assédio tinha diminuido?) - Não quer levar uma foto autografada

- Hã? - Demi estranha - Caso tenha esquecido...eu sou da chapa opositora

- Sim...mas...vai que você muda de ideia...uma garota tão bonita - ele se aproxima, mexe no queixo dela e entrega a foto.

- Eu não quero foto nenhuma!

- Bem, tem várias aqui. Pode levar essa

Demi bufa e sai dali furiosa, mas a coisa fica ainda pior. Principalmente porque as meninas da sala dela também chegaram.

- Ora, ora, se não é A modelo da escola - Patrícia, a líder, é a primeira a falar

- Ah, não...você - diz nossa injustiçada amiga.

- Parece que se depender dos meninos, a sua chapa ganha disparado, né? - continua a patricinha - Heh! Você deve estar adorando isso

- Ah, do que você tá falando? Eu só tirei algumas fotos, só isso

- Sei...aposto que tem vários favores por trás disso...

- Cala essa boca! Não é nada disso!

- Conta outra...até o Beto está fazendo algo assim...apesar dele ser bem mais discreto do que você

- Hã? Como assim?

- Você não soube? O grêmio está sorteando um jantar exclusivo com o Beto...para participar do sorteio, basta votar no grêmio. Eles vão sortear as meninas que votarem neles

- O QUE?! Que absurdo!

- Absurdo? Que garota da Megatec não gostaria de ter um jantar com o Beto? O menino mais gato dessa escola inteira! Uau!

- Como podem votar baseando nisso? Esses caras são uns ditadores e...

- E vocês são melhores do que eles? Nós vimos o folheto que o grêmio teve o trabalho de escrever! Vocês é que estão subindo os degraus para formar uma ditadura nessa escola! Só de olhar para seus amiguinhos nerds dá para prever isso! É claro que nós vamos votar contra um grêmio assim!

- Grrrr!

Demi sai dali furiosa de novo. Patrícia debocha como sempre.

- Nervosinha, né? Deixem essa metidinha pra lá, meninas. Mudando de assunto...comprei um jogo de maquiagem fa-bu-lo-so ontem

Fim do flashback


- E foi isso o que aconteceu - ela conclui - Parece que estão se aproveitando da popularidade daquele cara para ganhar votos das meninas também

- Que absurdo! Ganhar desses caras vai ser mais difícil do que a gente pensa - comentei.

- Tá legal...mas nós ainda temos a Demi para atrair os meninos. 

- Mas eles também não vão ficar do nosso lado por muito tempo - diz Karina

- Hã? Por que diz isso?

Ela aponta para uma mesa do outro lado do pátio. Parecia a Deisy, a "mestra das cócegas" do grêmio. O que era aquilo? Parecia uam fila para...massagem?

- Cara..isso é muito bom - diz um dos alunos na fila

- Não é? Ninguém nessa escola faz uma massagem melhor do que eu - sorri a garota, enquanto estourava mais uma bola de chiclete.

- Oh..droga - lamenta Wilson

- Então...estamos em desvantagem de novo

- Tá legal! Vamos recuperar tudo isso! Primeiro as meninas! Se eles vão sortear um jantar, podemos sortear um dia inteiro com a gente e

Só pelo olhar do resto do grupo e uma auto-análise do charme dos três meninos que faziam parte da NERD, dava para deduzir que aquela não era a melhor ideia do mundo. É. Beleza e sucesso com as meninas não eram nosso forte.

- Acho que...isso não vai dar muito certo - coloquei

- Tá, então...Demi, por favor! - Wilson se ajoelha - Por favor...distribua beijinhos de graça!

- O QUE?! Tá louco, Wilson! E levanta daí...quer me matar de vergonha?

- Ou faça uma massagem melhor que a da Deisy! Você consegue se treinar e...

- Chega! Pare de abusar da Demi! - bronqueei - O que a gente precisa é dar argumentos bons o suficiente para votarem no nosso grupo! Só pão e circo não vai nos deixar melhores que ele

Todos me olham com espanto. Raramente eu falo com tanta firmeza. E, sei lá, acabou saindo sem querer.

- É verdade! Você tem razão, Daniel! Precisamos mostrar que somos a melhor escolha

- O problema é que os alunos querem pão e circo, não é? - diz a voz da razão, mais conhecida como Karina - O que podemos oferecer a eles que o grêmio também não possa?

- Eu vou pensar em alguma coisa  - diz Wilson - Mas...se tudo der errado, ainda teremos o debate

- E o que tem odebate?

- É no debate que tudo vai se resolver. Daqui a alguns dias. Até lá, vamos focar nas nossas propostas! É o que temos a oferecer! Além disso, pior do que está não pode ficar

- Ei, parece que o Jonathan do grêmio vai distribuir pão de mel e canetas de novo! - exclama um aluno que passava por ali

- Opa! Adoro! - concorda a colega dele.

- É...parece que pior do que está, fica sim! - falei, sem muita esperança.

- Ele disse pão de mel? - Jorjão parecia em transe

- Não! Nem pense nisso! Não vai nos trair por um pão de mel! - Wilson bronqueia - Ninguém aqui sabe cozinhar também, não é?

Todos negam com a cabeça


- E também não temos dinheiro para encomendar - diz Karina

- Vamos ter que confiar nas nossas propostas mesmo - suspira Wilson

- Quais são exatamente as nossas propostas?

- O bem-estar dos alunos em primeiro lugar e, claro, a segurança também! Vamos criar uma campanha de bullying ainda melhor que a daqueles caras...e vamos incentivar uma melhora nas aulas de Educação Física, algo como mais exercícios do que simplesmente nos dar uma bola para jogar futebol

- É...essa parece boa

- A gente vai poder consertar a máquina de refrigerante? - pergunta Jorjão - Ou melhor, colocar uma de salgadinhos?

- Podemos levar a proposta para a coordenação...se isso for para o bem dos alunos. Bem dos alunos. Isso. Esse é nosso lema!

- Talvez ele queira dizer o bem dos alunos injustiçados - diz Karina, com a mesma expressão séria de sempre - Afinal, o grêmio age pelo bem dos alunos populares e descolados

- E nós lutamos pela minoria...é, bem colocado, Karina

Em resumo, éramos a "esquerda nerd". Tudo bem. Professor Denis imprime folhetos com propostas, mas os alunos não pareciam muito empolgados com nossas ideias. Mesmo porque, nós, cinco excluídos da escola, não inspirávamos muita confiança. As meninas ainda insistiam em votar no Beto e a massagem da Deisy levou os votos masculinos que tínhamos. Como não queríamos mais abusar da imagem da Demi, resolvemos apenas continuar com uma campanha honesta. Mas é claro que campanhas não-apelativas não davam muito certo. Mesmo assim, Wilson tinha esperança de que tudo ia mudar no dia do debate. E, finalmente, chega o tal dia do debate, onde iríamos discutir as ideias com os caras do grêmio (e dessa vez, alguém da coordenação estaria presente para evitar qualquer violência).

- É! Chegou a hora! - diz Wilson, todo animado, vestindo terno e gravata

- Você precisava se vestir assim? - questionei

- Heh! Boa aparência é o que conta, meu caro! 

- Tá bonitão, heim? - elogia Demi - Mas...você tem que falar bem para combater a oposição, viu?

- Pode deixar! Eu tenho minha retórica

É. Isso era verdade. Restava saber se ele usaria bem essa retórica. Olho para fora das cortinas e vejo umas vinte pessoas num anfiteatro para mais de 200 alunos.

- É! Isso aqui vai bombar! - diz Wilson otimista, vendo a movimentação junto comigo.

- Ah...qual é - suspirei. Aquele escola cheia de patricinhas e playboyzinhos realmente tinha alguma consciência política? Pouco tempo depois, o ínicio do debate é comunicado.

- Atenção! O debate se iniciará em dez minutos

- Hahaha! Tá chegando a hora! - Wilson exclama otimista. Nisso, vejo Jonathan, também vestido de terno, que, ao ver meu olhar, passa o indicador pelo pescoço, num típico sinal de "vocês já eram". Engulo seco, mas Wilson parecia confiante. Era nossa vitória ou nosso fim. E pelas estatísticas da Srta. Karina, não estávamos muito bem..

- Bem...atualmente temos...umas vinte intenções de voto - ela diz

- Sério? Então tem mais vinte pessoas torcendo pela gente?

- Bem...na verdade são quinze, considerando que cinco somos nós mesmos. São quinze do fã-clube da Demi

Ah, sim. Vi uns caras da plateia com uma plaquinha "Demi, nós te amamos". Fora esses, que nao se renderam à massagem, não  tinhamos muitos eleitores.

"Seja o que Deus quiser", pensei. Que fim esse debate teria?


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo...um debate altamente intelectual entre Wilson e Jonathan...fala sério, isso vai ser uma doideira só! XD

Até lá!



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