This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 206
Capítulo 206




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Capítulo 206 - Acampamento do Pesadelo

Vou resumir a história para vocês: Wilson pensou ter recebido uma chance de ganhar passagens fáceis para o melhor parque de diversões da cidade. A única condição seria passar o feriado no Acampamento Coragem. O que Wilson não reparou é que o Acampamento Coragem era mais do que um lugar com desafios legais: era um acampamento militar mirim. Sim, um lugar para aprendermos disciplina, respeito e, principalmente, coragem, afinal, o chefe do acampamento se chamava Sargento Coragem.

– Muito obrigado, Wilson - falei para ele - O que vamos fazer agora? Aquele tal sargento Coragem parece irmão do professor Jubal!

– Calma, Daniel. Talvez não seja tão ruim assim - disse ele, enquanto deixava a bagagem em cima da cama do chalé dos meninos. Chalé dos meninos...cara, eu não tenho muito o hábito de dormir fora de casa e longe da família. Agora que eu tinha me dado conta que iria passar a noite no mesmo quarto que um monte de moleques. E já adianto que o fedor de chulé do quarto era bem perceptível. Quando o feriado iria acabar mesmo? Não vai ser tão ruim assim...prove, Wilson.

– Espero que a gente não tenha muitos problema com o pessoal do quarto - falou Jorjão.

Bem lembrado. Como seriam os caras daquele lugar? Sim, eu já estava esperando um monte de garotos metidos a militares loucos para bullinar três pobres nerds que acabaram de chegar de sua calma vida de sedentarismo. Meu coração já começou a acelerar quando ouço a porta do chalé se abrir. Gostaria de me esconder debaixo de alguns dos vários beliches, mas tinha medo do que podia encontrar ali. Assim que a porta se abriu damos de cara com um garoto franzino com óculos maiores que os meus ou os de Wilson, acompanhado de um outro garoto alto, porém muito magro. Ambos tinha cabelo bem curto, usavam roupas sem estampa e fora de moda. De algum modo me senti aliviado. Não pareciam ser ameaçadores.

– Ah, chegou mais gente Giva - disse o mais baixinho.

– Olá - cumprimentou Wilson com o jeito animado de sempre - Vocês também estão no acampamento.

– Pois é. Meu nome é Mateus e esse aqui é o Givaldo - falou o baixinho.

– E aí? - cumprimentou o mais alto - Mas podem me chamar de Giva.

– Sou Wilson. E esses são Daniel e Jorjão - apresentou Wilson - Formamos a NERD.

– O quê? - estranhou Mateus.

– Somos apenas um grupo de amigos que estuda na mesma escola - expliquei.

– Também estão aqui pelo prêmio? - perguntou Jorjão.

– Ficamos sabendo - respondeu Mateus, ajeitando o óculos que parecia sempre ficar desajustado em seu nariz - Mas na verdade meu pai é metido a coisas militares e achou que seria uma boa experiência para mim.

– No meu caso foi a minha mãe - disse Giva - Ela queria que eu parasse um pouco de jogar videogame.

Sei como é, meu caro. Minha mãe nunca apoiou tanto as ideias de Wilson.

– Então vocês já sabiam que aqui era um acampamento militar? - questionou Wilson.

– Sim. Vai dizer que vocês não sabiam? - questionou Mateus.

– Só focamos no prêmio - respondeu Wilson - Fomos falhos.

– Heh! Isso costuma acontecer! - disse uma voz desconhecida, saindo do banheiro. A figura era um garoto ruivo de cabelos curtos, de camiseta regata e com muitas espinhas na cara. Mesmo assim, aparentava ter a nossa idade.

– Ei, de onde você saiu? - perguntei.

– Apenas estava usando o banheiro. Prazer, meu nome é Milton.

Ele falava com bem mais confiança que os outros dois. Talvez fosse mais descolado que os outros dois, mas de alguma forma senti que sua aura era parecida com a nossa. Digamos que todos naquele quarto estavam trabalhando na mesma frequência: uma frequência meio...nerd.

– Você também se deu mal nessa, Milton? - indagou Wilson.

– Pior. Sou veterano aqui - disse ele - Meu pai é amigo do sargento Coragem e sempre que tem alguma promoção, ele me manda para cá. Mas eu detesto esse lugar. Detesto treinamento militar, exercícios, corrida...queria ficar em casa lendo meus quadrinhos.

– Entendo você, cara - disse Mateus.

– Já vim para cá umas três vezes...e todas são um inferno. O sargento Coragem não liga se eu sou filho do amigo dele ou não. Ele não tem dó! Logo o pesadelo irá começar.

– Pesadelo? - perguntou Jorjão.

De repente, uma enorme trombeta começou a soar. Era um sinal do apocalipse, quer dizer, era um sistema de som que transmitia as informações do sargento Coragem para os campistas.

– Muito bem, soldados! - disse ele - Vocês tem um minuto para se apresentarem no alojamento principal! Atrasos serão punidos com...CINQUENTA FLEXÕES! Entenderam? UM MINUTO!

– Oh, cara. Flexões não - reclamou Jorjão, o mais traumatizado com exercícios de nós todos.

– Se querem entender a gravidade desse lugar...é como se tivéssemos um feriado inteiro só com aula de Educação Física! - explicou Milton - Entenderam? É como se tivessem morrido e ido para o inferno!

– Não pode ser! Quantos estão iguais a gente? - perguntou Wilson.

– Não costuma vir muita gente pra cá - falou Milton - Se pá, é só a gente mesmo. Só que isso não importa para o sargento Coragem. O acampamento é sustentando com dinheiro do exército. Ele não tem despesas. É como se fizesse isso pelo prazer de torturar pobres garotos sem habilidades físicas.

– Isso só vai fazer a gente odiar mais ainda atividades físicas - disse Wilson.

– O Coragem não liga para isso. Ele é conservador, sempre vai agir como um tirano - explicou Milton, enquanto todos caminhávamos como se estivéssemos indo para o matadouro - Mas eu já tenho um plano.

– Plano? - perguntei, enquanto continuava andando. Apenas deixamos nossa bagagem em beliches quaisquer e fomos para o alojamento.

– Sim. Desde a primeira vez que vim para esse lugar comecei a pensar em um plano. Um plano para fugir daqui.

– Fugir? - disse Wilson - Mas se fugirmos não vamos ganhar nosso prêmio.

– Não quero saber de prêmio nenhum! - falou Milton - Meu pai é que me forçou a vir para cá e não iria me buscar antes do acampamento acabar. Mas se eu conseguisse escapar para algum lugar, tipo a cidade perto daqui, poderia ficar lá o resto do feriado. Meus pais ficariam preocupados, culpariam o acampamento e nunca mais me mandariam para cá.

– E deixa eu adivinhar...você nunca conseguiu - comentei.

– Até esse ano, não. Mas dessa vez vai ser diferente. Estudei todos os cantos do acampamento. Tenho um excelente plano de fuga - disse ele sorrindo - Podem vir comigo se estiverem desesperados.

– Bom, queremos ganhar o prêmio - falou Wilson - É a primeira vez que o acampamento oferece algo assim?

– Pelo que eu saiba, é - falou Milton - E mesmo assim não atraiu muita gente.

Logo chegamos no alojamento. As meninas já estavam lá.

– Oh, até que enfim vocês chegaram - disse Demi, animada.

– Vocês conhecem elas? - perguntou Milton.

– Sim. São nossas amigas - disse Wilson e, como toda pessoa altamente social, ele logo faz as apresentações.

– Nossa, acho que é só a gente - comentou Demi - Pelo menos no chalé das meninas só tem nós duas.

– É. Meninas não procuram muito essas coisas - comentou Karina.

Por alguma razão, Mateus ficou olhando para Karina de modo bastante interessado.

– Ei - ele me chamou.

– O que foi?

– Aquela garota de óculos...é bem bonitinha, né? - disse ele.

Esqueça, cara. Não sei qual é o tipo da Karina, mas de alguma forma sinto que você não vai conseguir muita coisa. De qualquer modo, não tivemos muito tempo de conversar muito. Logo o sargento Coragem dá as caras.

– Muito bem. Chegaram no horário. Bom, bom.

Todos estavam, na medida do possível, com os corpos relaxados. Mas o sargento logo fez questão de mudar isso.

– Que pose indisciplinada é essa?! - gritou ele - Sentido!

Todos ficamos enfileirados lado a lado. A tropa do Acampamento Coragem estava formada.

– Muito bem. Vocês oito vieram aqui com as suas próprias pernas. Espero que estejam prontos para sair com as próprias pernas também. Declaro iniciado...mais um Acampamento Coragem. Disciplina, garra e força de vontade serão as palavras-chave aqui!

Queria chorar, mas acho que seria pior. Quero a minha mãe!

– Se pensam que isso aqui é algum acampamento de igreja, onde vão passar a noite cantando musiquinhas em volta da fogueira, podem esquecer! Aqui é trabalho! E, para começar, vamos aquecer.

– Aquecer como, senhor? - perguntou Wilson.

– Bom ver que está animado, garoto - disse o sargento, com um leve sorrisinho - Dez voltas trotando ao redor do acampamento. Agora!

"Oh!", pensei. Sim, viemos ao acampamento dos pesadelos. O que seria de nós?


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