This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 198
Capítulo 198




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/95454/chapter/198

Capítulo 198 - Uma gangue no jardim de infância

– E então? Qual a resposta para esse exercício? - nossa querida e animada (só que não) professora de português Margarida perguntava para nossa animada (só que não) sala.

– Eu sei! Eu sei! - Wilson (a única pessoa realmente animada) balançava seus braços para o alto pedindo para responder.

– Alguém sabe? - a professora ignorava, mas ninguém mais levantava a mão.

– Eu! Eu! Eu sei! - Wilson insistia.

– Tá bom, Wilson. Diga - disse a professora, com uma cara de tédio evidente.

– O que será que vai acontecer agora? - balbuciei ironicamente em voz baixa.

– É um complemento nominal - respondeu ele - Acertei?

É. Foi o que eu pensei.

– Claro que acertou. Como sempre - disse ela, sem nenhum entusiasmo. Nisso, alguém bate na porta. A professora deu permissão para a entrada. Era a professora que chefiava o grupo de ciências da nossa escola, a professora Simone.

– Bom dia, professora. Posso dar um recado para a sala? - disse ela.

– Claro. Fique à vontade - disse Margarida, dando graças aos céus internamente por alguém ter interrompido sua aula e diminuído seu tempo em contato conosco (já disse o quanto a professora Margarida nos ama?).

– Bom dia, turma - cumprimentou Simone.

– Bom dia - dissemos em uníssono. Pelo menos bom dia era uma coisa que nossa sala sabia responder.

– Galera, o grupo de ciências está entrando em um projeto novo.

"Finalmente", pensei comigo mesmo. Até agora tudo que o grupo de ciências fazia eram experimentos chatos e fedorentos de química. Nem o Cássio andava mais por lá e olha que há pouco tempo atrás ele até tentou criar mais um projeto de robótica, agora com um robô que tentava lutar capoeira, só que não deu muito certo (segundo Cássio, o robô não era muito bom em se equilibrar). Wilson até pensou em mandar um projeto de máquina que estimula sua mente antes de dormir para você sonhar com um tema pré-definido, mas segundo ele o material necessário estava em falta. De qualquer forma, mesmo sendo o mais parado dos grupos da escola (até o grupo de informática estava trabalhando em um jogo online), fiquei feliz em saber que teria novidades. O que será? Um projeto de máquina do tempo (para alegria do Jorjão)? Um projeto de medicamente capaz de ampliar a inteligência (preciso de um desses)? Ou...

– Estamos com um projeto de ensino junior! - disse ela, em tom de animação.

Não tenho a menor ideia do que seria aquilo. Talvez fosse melhor deixá-la explicar, não?

– Direi do que se trata - continuou a professora - Estamos querendo dar chances para os alunos sentirem como é ensinar ciências. Vocês terão a oportunidade de passar um dia com a turma de jardim de infância da nossa escola. Como é uma turma da tarde, vocês não perderão aulas. Não é incrível?

Infelizmente, ninguém da nossa sala pareceu se interessar. Dar aula para criancinhas? Temos capacidade para isso?

– Calma, a professora dos meninos irá auxiliar vocês - disse ela - Vocês só precisam escolher um tema e passar a tarde com a garotada. É uma oportunidade de vocês terem mais contato com os mais novos e treinarem sua habilidade de falar em público.

– Tá louco? - comentou um aluno aleatório.

– Não sei nem as matérias para mim, quanto mais ensinar - comentou outro.

– Bom, aqueles que tiverem confiança para ensinar, podem vir falar comigo.

– Professora - Wilson levantou a mão. Agora é o momento que eu deveria atacá-lo, amarrá-lo e amordaçá-lo, afinal eu sabia muito bem o que viria na sequência. É, já convivi com Wilson tempo o suficiente para prever o que estaria a caminho.

– Sim, Wilson?

– Quantas pessoas podem participar desse projeto?

– Se tivermos um bom número...todos podem participar. Pena que ainda não temos pessoas o bastante.

– Pode contar conosco! - disse ele.

– Conosco? Espero que não esteja falando...

– Sim. Nós, da NERD, aceitamos esse desafio!

– QUÊ?! - gritei em plena sala de aula - Você quer mesmo dar aula para crianças? Tem ideia do quanto isso é difícil?!

– É uma ótima oportunidade de mostrarmos aos mais jovens quem somos, Daniel - disse Wilson - Quando crescerem, já estarão prontos para saber quem manda nesse colégio.

– Cala a boca! - Dimas fez questão de lançar uma bolinha de papel na cabeça de Wilson - A essa altura até os pivetes do jardim de infância já sabem que vocês são os caras mais otários desse colégio.

– Hehe. Não vou me constranger por uma ou outra opinião contrária - falou Wilson - Talvez a gente até consiga influenciar os alunos menos populares a reagirem, assim como nós.

Jardim de infância. É aquela época da sua vida que você vai para a escola só para se divertir, fazer pinturas e desenhos, ouvir historinhas e aprender coisas básicas, tipo...lavar a mão antes de comer. É uma propaganda enganosa para as crianças acharem que a vida é fácil, mas no momento em que você começa a escrever no caderno com caneta ao invés de lápis você percebe o quanto irá apanhar da vida. Aliás, toda essa conversa me lembra meus tenros anos de jardim.

* Flashback do Daniel *

Estava eu, na minha mesinha redonda com menos de meio metro de altura, desenhando, quando tive vontade de ir ao banheiro. Pedi à tia da sala que me deixasse ir (ah, os tempos que você podia chamar sua professora de tia) e fui. Mas, ao voltar, vi meu desenho todo rabiscado.

– Tia - disse a menina que estava do meu lado da mesa - O Daniel fez um desenho todo mal feito de propósito!

– Daniel! - bronqueou a "tia", que devia estar ocupada com alguma coisa muito interessante para não ver que as próprias meninas tinham rabiscado todo o meu desenho - É muito feio fazer as coisas relaxadamente. Vai desenhar de novo!

– Mas...mas...

E as meninas só davam risada. Incrível como crianças conseguem ser más. Quem foi o imbecil que acreditou na bondade infantil, heim?

* Fim do flashback *

– Tem certeza, Wilson? - perguntei para ele novamente, assim que as lembranças horríveis de minhas experiências de bullying vieram à tona - Crianças podem ser cruéis!

– Relaxe, Daniel. Agora estamos um nível acima. Seremos professores e não colegas. É nossa chance de divulgar o legado da NERD para as próximas gerações.

– Vocês vão ser é trucidados - gritou Dimas - Ah, lembrem de filmar. Isso vai ser hilário.

Odiava concordar com Dimas, mas as chances disso acontecer eram grandes.

– E você, Jorjão? O que tem a dizer? - perguntei.

– Ah, o jardim de infância costuma ganhar um lanchinho de vez em quando. Acho que podemos ter sorte.

Ele só pensava com o estômago. As meninas? O instinto maternal da Demi falou mais alto, é claro.

– Puxa, que legal! - disse ela na hora do intervalo, como sempre, dando corda para as ideias do Wilson (sabe, às vezes acho que sou só eu o chato pessimista desse lugar...hmm...não, não, não pode ser) - A ideia da professora é muito boa. Já assisti aulas de teatro junto com crianças e é muito gostoso trabalhar com elas.

– Bom, se a professora da sala estará junto, acho que não será tão problemático assim - comentou Karina, no tom sério e sem sorrir de sempre - Não tenho interesse em dar aula, mas posso auxiliar nas atividades, sem nenhum problema.

– Então fechou - disse Wilson - Tá legal. Demi e eu podemos cuidar da apresentação. O resto de vocês pode ajudar nas atividades. Hehe. Vamos dar uma experiência inesquecível para aquelas crianças.

Acho que aquele projeto só contribuiria para doutrinar as crianças daquele colégio no espírito insano daquele colégio desde cedo. Bem, eu não tinha muita escolha, tinha? Vamos ver o que o terrível mundo das crianças estaria reservando para mim...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "This Is My Gang!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.