This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 194
Capítulo 194




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Capítulo 194 - Que perca o pior

Resumindo, agora que deixei claro o que não sinto para Emília, ainda tenho que provar minha indignidade de possuir o coração dela (ou seja, meu maior sonho). Tudo que preciso fazer é liberar caminho para esse pobre diabo chamado Eustênio, um cara com gostos bem, err, peculiares, ganhar o coração dela. Pelo que parece, ele realmente se interessou pela Emília e eu, é claro, torço pela felicidade dela (a quem estou querendo enganar? Eu quero é me livrar logo daquela maluca!).

– Então...eis a disputa - disse Wilson, aparentemente, a pessoa que assumiu o papel de árbitro de nosso duelo pelo coração da Emília - Quem dar uma primeira volta nessa praça vence.

– Uma corrida? Bem clássico - comentou Emília - Vai lá, Danzinho! Mostra que você é o melhor corredor!

– Não vou perder - disse Eustênio - Correrei com todas as minhas forças.

– Faça como quiser - disse.

Na minha mente não podia ser uma disputa melhor. Sou um péssimo atleta. Perderia com certeza. Estávamos prontos. Jorjão deu uns últimos goles em seu refrigerante para dar a largada com seu arroto. É isso. Só precisava correr moderadamente e perder aquela disputa. Infelizmente, meus planos não pareciam estar dando muito certo. Praticamente corri de olhos fechados os primeiros instantes, imaginando como minha vida seria menos triste sem a Emília por perto. No entanto, ao abrir os olhos e ver quanto Eustênio estava na minha frente algo parecia errado. Não tinha ninguém. Será possível que ele foi tão rápido que já deu a volta na praça? Mas olhei para trás e vi ele correndo atrás de mim com toda a dificuldade.

– Você é rápido - comentou ele - Mas não vou desistir tão fácil.

– Peraí, tá dizendo que eu sou mais rápido? - estranheie.

– Isso aí, Dan! - deu para ouvir Emília gritando.

– Que coisa - comentou Karina, com as mãos no queixo em expressão pensativo - O Daniel é mais atlético do que nós pensávamos.

Não. Eu não era atlético. Acontece que Eustênio era ainda menos atlético do que eu. Nunca imaginei que isso fosse possível. Não tive escolha. Tive que reduzir a velocidade...mas se eu reduzisse mais do que aquilo, já seria forçação de barra.

"Oh, não. Não posso vencer", pensei. O que poderia fazer? Por que aquele moleque não corria mais? Droga. Faltava pouco para terminar de dar a volta. Emília já me mandava beijinhos. Não, não podia ficar mais naquela situação. Só tinha uma coisa a se fazer: me jogar no chão. Fiz isso, simulei um tropicão. Eustênio passou na minha frente. Ótimo. Agora estava tudo sob controle.

– E o vencedor é...Eustênio! - disse Wilson, levantando os braços dele.

– Oh, Danzinho perdeu...não acredito - reclamou Emília.

– Sim...eu perdi - falei, chegando meio mancando perto deles (fingimento, é claro) - Eustênio foi capaz de me superar...ele realmente é o melhor para você, Emília.

– Não, não. Espera aí - disse Eustênio, meio contrariado - Isso não tá certo.

– Como? - perguntei.

– Você tropeçou. Não foi uma disputa justa - ele disse - Não seria correto ganhar o coração de Emília assim.

Do que você tá falando, moleque? Vai logo pegar um cinema com ela e deixa a gente em paz! Isso não é hora para ser honrado! (é, eu sei, eu não presto).

– Tem razão - concordou Emília - Daniel tropeçou e não usou todo seu potencial. Essa disputa não valeu!

– Então no que eles vão disputar? - perguntou Demi.

– Que tal...aquilo! - Wilson apontou para uma mesa de pingue-pongue disponível para jogar ali na pracinha. Perfeito. Era péssimo naquilo.

– Mas o Daniel está em condições de jogar? - perguntou Jorjão.

– Milagre! Estou ótimo! - disse, saltando e dançando na mesma hora - Vamos logo jogar isso!

– Ai, tudo isso por mim! - disse Emília com um enorme sorriso no rosto.

Sim. Eu era muito ruim em pingue-pongue. Muito ruim mesmo. Não tinha como eu vencer naquilo. Era a minha chance.

E lá fomos nós. Arranjamos umas raquetes e, em menos de uma hora, já estávamos prontos para começar nossa partida. Sim, eu era péssimo naquilo. Mal consegui sacar direito. No entanto, encontrei um adversário à altura.

– Ponto para o Daniel - disse Wilson.

– Droga..não sei sacar isso aqui muito bem - disse Eustênio.

– Incrível - disse Demi - Essa pode ser uma das disputas mais tensas de todos os tempos.

– Sério? - perguntou Jorjão - Por que você acha isso?

– Basta olhar para a partida - disse ela, apontando para a mesa, onde os dois idiotas (eu era um deles) tentavam jogar com toda a dificuldade - Os dois são igualmente péssimos! E ganham pontos por causa do erro do adversário. Será uma disputa bem acirrada.

– É verdade - comentou Karina - É difícil de imaginar que algum ser humano seja tão ruim assim nesse jogo, mas esses dois conseguem. Até que um deles faça algum ponto, nenhum sairá do empate.

Sim. O pior de tudo é que nenhum dos dois conseguia sacar direito...e quando algum conseguia, o outro empatava logo em seguida. Eram erros seguidos de erros. Nunca na história desse universo houve uma disputa de pingue-pongue tão equilibrada entre jogadores igualmente ruins. Mas havia um detalhe: eu não estava perdendo de propósito para que Emília ou Eustênio não desconfiassem. Eu realmente era ruim. Mas não esperava que meu oponente fosse tão ruim quanto.

– Não vamos sair daqui nunca desse jeito - reclamou Demi - Ei, algum de vocês faça dois pontos seguidos para definir logo isso, vai!

– Serei eu! - disse Eustênio.

– Dê o seu melhor! - falei.

Mas era sempre assim. Quando um errava, o outro errava também. A disputa seguia de modo que parecia impossível sair do empate.

– Por favor...vocês só precisam fazer dois pontos seguidos! - falou Demi - Não pode ser tão difícil assim!

Pelas regras do tênis de mesa, é preciso somar dois pontos de vantagem para vencer o oponente. E ele não parecia estar disposto a abrir mão dessa regra. Mas eu também não podia perder de propósito, ou ele iria desconfiar e pedir outra disputa. Eu tinha que perder. Mas para eu perder, Eustênio tinha que vencer. O problema é que naquela situação parecia impossível. A menos que alguma coisa intervisse.

– Chega...chega! - gritei - Nós nunca chegaremos a um final nessa disputa, Eustênio. Somos muito equilibrados.

– Sim...é o que parece - Eustênio concordou ofegante.

Na verdade, nós dois éramos igualmente ruins, mas não precisamos destacar isso, não é?

– Emília - chamei.

– Sim, Danzinho - disse ela.

– Você...quer ser feliz? - perguntei.

– Sim. Muito. Ao seu lado - disse ela.

– Mas...você quer que eu seja feliz?

– Sim. Claro que sim. Você será feliz do meu lado.

– Não, não, Emília. Você não pode decidir pela pessoa se ela será feliz ou não.

– Mas você será feliz, sim - disse ela - Eu vi nas cartas...na primeira vez que eu te vi no colégio, de longe, sabia que era o amor da minha vida.

– Hã? - parando para pensar, Emília começou a gostar de mim meio aleatoriamente. Nos conhecemos quando Wilson teve a péssima ideia de criar seu próprio sistema de astrologia e ela prometeu perdoá-lo apenas se eu saísse com ela. Mas nunca ficou muito claro a razão dela gostar de mim.

– Sim - respondeu Emília - Eu vi nas cartas que encontraria meu amor naquele dia...e quando estava chegando na escola, você foi o primeiro garoto que vi. Só podia ser você!

– Cartas...que anti-científico - reclamou Wilson.

– É verdade! Funciona! - disse Emília - As cartas não mentem!

– O que exatamente elas disseram? - perguntou Demi.

– Eu li que meu amor seria a primeira coisa que veria naquele dia - respondeu Emília.

– Err...talvez você tenha interpretado errado - falei.

– Impossível. Eu leio cartas desde menina. O sistema sempre funcionou - ela reclamou.

– Escute...você assistiu televisão antes de vir à escola naquele dia? - perguntou Karina.

– Sim. Eu lembro de ter assistido até o telejornal - ela falou - Lembro até mesmo da data.

Karina pegou o iPhone de Demi emprestado e perguntou a data para Emília. Por sorte, ela conseguiu achar o noticiário da manhã daquele dia na Internet.

– Você se lembra dessa cena? - perguntou Karina.

– Sim - disse ela - Tem até um garoto de cabelos pretos passando e...

– Exato. O que te garante que esse garoto que mora do outro lado do país não seja seu amor? - perguntou Karina.

– O QUÊ?! - o queixo de Emília praticamente caiu.

– Sim. Você deve ter interpretado errado - falou Demi - Escuta, o Daniel não gosta de você do mesmo jeito. Talvez você devesse procurar outra pessoa.

– Oh, não acredito. Fiquei esse tempo todo acreditando em um amor falso...não pode ser - reclamou a pobre cartomante mirim (é, meu coração apertou um pouco, admito...mas não muito).

– O que vai fazer agora, Emília? - perguntei.

– Terei que investigar esse menino e ir atrás dele no outro lado do país - respondeu ela - Ainda tem aquela aliança, não tem, Daniel?

– Ei, não acha que pode ser mais prática? - falei.

– Como assim?

– Já parou para seguir o seu coração ao invés das cartas? Por que não procura alguém que gosta de você de verdade?

– Tipo quem?

Virei o rosto dela para Eustênio e, finalmente, caiu a ficha.

– Oh...você

– Sim - disse Eustênio - Eu gosto de você. Pode me dar uma chance.

– Não sei...é muita mudança para mim e...não sei se temos algo em comum...

– Gosto de discutir sobre a vida após a morte.

– Sério? Eu tenho muitos livros sobre isso! - disse Emília.

E os dois pareciam ter muita coisa em comum...acho que aquela era a hora perfeita para a NERD sair de fininho.

– Bom, como se sente livre da Emília, Daniel? - perguntou Demi, quando já estávamos na casa de Wilson jogando videogame e tomando o bom e velho suco de acerola da mãe dele.

– Ela já colocou no Face que está em um relacionamento sério - disse Karina - As meninas são bem volúveis hoje em dia, não é?

Mas eu não podia responder muito bem...meus olhos estavam cheios de lágrimas...de alegria.

– Acho que hoje...é um dos dias mais felizes da minha vida - respondi.

Sim. Estava livre. Livre. E pensar que tudo poderia ser facilmente resolvido se tivéssemos provado que as cartas estavam erradas desde o início. Bem, pelo menos agora Emília poderia ser amada de verdade por um namorado de verdade...e espero que ele aguente bem o que irá passar.

– E agora, Daniel? - perguntou Karina, dando o controle para mim (era minha vez de jogar, hehe).

– Como assim "e agora?"

– Já que está com o coração livre...pode investir com tudo naquilo que realmente gosta - comentou ela.

– Ah, é....é verdade - disse Demi, ouvindo a conversa - Um dia você disse que gostava de alguém, né, Daniel? De quem é?

– Hã? AH! Não era nada...achei que gostava, mas não gostava de verdade, de verdade. Hehe. Agora é a minha vez...deixa eu jogar!

Bem, ainda não estou pronto para contar para ela. Uma emoção de cada vez...uma emoção de cada vez.


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Notas finais do capítulo

Alguém aí shipava Daniel e Emília? Se sim, sinto muito..hehe. Mas cedo ou tarde eles teriam que chegar a alguma conclusão. Bem, vamos ver se consigo deixar essa última temporada o mais ajeitadinha possível (se bem que em This Is My Gang! tudo pode acontecer, mas já tenho um final mais ou menos bolado na cabeça). Mas calma. Ainda tem algumas sagas antes da história acabar. Continuem acompanhando.

Até!