This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 175
Capítulo 175




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Capítulo 175 - Mensagem gravada

 No dia seguinte, só havia um objetivo na mente de Wilson: desvendar o mistério do Troll que estava causando altas confusões no colégio. Até agora nosso único avanço foi descobrir que esse Troll é um ser humano (eliminar o sobrenatural pode ser grande coisa em certos casos), possui bons conhecimentos em informática e está claramente brincando com a gente. Ele sabe que está sendo perseguido e certamente se acha mais esperto que nós. Para Wilson isso era um desafio e tanto. Já para mim só queria me livrar logo desse caso...saber quem é essa figura o quanto antes. Sim, admito, poucas coisas me interessava mais do que saber quem era esse Troll, mas eu não era o único. Praticamente a escola toda estava querendo respostas.

- E aí, Wilson? Ouvi dizer que a coordenação deixou vocês investigarem o caso do Troll - disse Dimas, o cara mais mala da nossa sala, em tom de desprezo - Alguma novidade?

- Estamos dando o nosso máximo - respondeu Wilson - Ninguém quer pegar esse meliante mais do que a gente.

- Nada me tira da cabeça que é armação de vocês pra chamar a atenção - falou Dimas - Mas não vou acusar em provas, né? Aposto que estão fingindo tudo isso.

- Achar que o investigador é o próprio criminoso...até que é uma ideia original...vindo de você é surpreendente - disse Wilson.

- Não vai conseguir nada me elogiando! - reclamou Dimas, saindo de cena e claramente não entendendo a ironia da frase. De qualquer modo, ele estava certo em um ponto: nossas investigações não deram muitos frutos até agora.

- Tsc. Precisamos contra-atacar - falou Wilson para mim e Jorjão, depois de Dimas ter saído de cena para conversar sobre futebol com outros garotos (tem gosto pra tudo).

- Que tipo de contra-ataque podemos fazer? - perguntei - O safado tá sambando na nossa cara, saindo por cima sempre.

- Não é possível. Ele deve deixar alguma brecha. O que você acha, Jorjão? - perguntou Wilson.

- Concordo com você. Precisamos contra-atacar - falou ele.

- Falei? - comemorou Wilson.

- Mas por outro lado, concordo com o Daniel. Ele está sempre na nossa frente.

 Jorjão era ótimo pra ficar em cima do muro.

- Mas isso não vai ficar assim - disse Wilson, determinado como nunca - Na hora do intervalo, vamos conseguir pistas. Ah, se vamos.

- Pistas? Mas você tem alguma ideia de onde começar? - perguntei.

- Vamos ter que encarar de frente os suspeitos - disse ele - E acho melhor começarmos pelo mais difícil.

 Quando ele diz o mais difícil, está se referindo ao mais perigoso. Ou melhor, o tipo de suspeito que poderia muito bem nos matar. Sim, estamos falando daqueles três...

- Bom dia - disse Wilson, meio temeroso, seguido de nós quatro, indo conversar com o grupo de delinquentes da nossa escola que montam a banda dos Porcos Sem Alma.

- Hã? Vocês? - disse Abelardo, o líder (e mais baixinho), sem muita vontade de se levantar do banco (local que ele devia estar desde o início das aulas) - O que vocês querem?

 Eles não estavam tão violentos...por sorte, estavam de bom humor desde que a música deles que apareceu no nosso filme (se é que podemos chamar aquilo de filme) rendeu um pouco mais de visualizações em seu canal no YouTube.

- Err...estamos aqui a trabalho - disse Wilson cuja cara-de-pau era muito maior do que o medo.

- Trabalho? - perguntou Murilo - Como assim?

- Somos os investigadores oficiais do caso Troll desse colégio - disse ele, enquanto nenhum de nós ousava falar alguma coisa - Vocês sabem...dos casos que estão acontecendo por aí.

- Ah, tô ligado - falou Solano (o terceiro deles) - Ouvi falar de umas coisas bizarras que aconteceram no colégio.

- Sim - disse Abelardo - Heh. Pra mim é bem-feito. Esse colégio precisa tomar uns sacodes mesmo de vez em quando.

 A prova de que nosso colégio era uma droga em termos disciplinares era aqueles três matarem aula quase todo dia e ainda assim não terem sido expulsos. Dizem as más línguas que eles tem alguma maracutaia com a coordenação do colégio, mas isso não importava muito. Se possível, gostaria de evitar ao máximo contato com aqueles tipos, mas Wilson, como investigador, insistia na abordagem.

- Exatamente. Gostaríamos de coletar algumas informações, se possível...sabe, pra ajudar nas investigações.

- Se não for incomodar, é claro - Demi tentou ser educada.

- Qual é? Qual foi? - perguntou Abel - Vocês tão achando que nós temos alguma coisa a ver com isso? Heim?

- D-D-De forma alguma - gaguejou Wilson - Só estamos coletando o máximo de informação possível para o bem da investigação. Só porque estamos aqui, não quer dizer que estamos suspeitando de vocês...hehehe

- Sua fala não foi muito sincera - reclamou Murilo.

- Mas é! - Wilson insistiu - Err...só queremos saber o que vocês sabem, só isso.

- Vocês só precisam saber que não temos nada a ver com esse cara - falou Abelardo - Seja lá quem for.

- Espera aí, Abel - disse Solano - Talvez...eles possam ajudar a gente.

- Tsc. Já falei pra deixar isso pra lá. Vai acabar com a nossa reputação - reclamou Abelardo.

- Mas foi estranho, não foi? - Murilo entrou na conversa.

- Err...do que exatamente vocês estão falando? - perguntou Wilson.

- Bom... - Abelardo tirou um gravador debaixo do banco. Era um gravador daqueles bem antigos, que rodavam à fita. Hoje já é peça de museu, mas estava bem ali, na nossa frente.

- Nossa! Isso é da época da minha avó! - comentou Demi.

- Alguém deixou isso no nosso banco - disse Abelardo - E todo mundo sabe que só nós ficamos por aqui.

- E o que tem demais nessa fita? - perguntei.

- Ouçam vocês mesmos.

 Ele ligou o gravador e um tipo de samba (ou algo próximo da música popular) começou a tocar.

- Acho que nunca ouvi essa música - comentou Wilson.

- É em ritmo de samba, pagode ou algo assim...e nós detestamos esse tipo de música! - reclamou Abelardo.

 Estávamos falando com uma banda de metaleiros revoltada chamada Porcos Sem Alma. Claro que eles detestariam isso!

- Sem dúvida, o Troll esteve aqui - disse Karina.

- Vocês viram isso hoje? - perguntou Wilson.

- Sim. Já estava quando chegamos aqui, lá pelo horário da segunda aula - falou Solano - Mas colocaram isso hoje. Ontem não tinha nada disso.

- Hmm..estamos com sorte. Conseguimos uma pista justo hoje que viemos falar com vocês - falou Wilson - Podemos ficar com o gravador?

- Levem essa porcaria pra bem longe da gente - falo Abelardo - E quando descobrirem quem é o Troll, nos avisem para darmos uma surra nele por isso!

- Mas não foi você mesmo que disse ser bem-feito para o colégio que essas brincadeiras estejam acontecendo? - perguntei.

- Isso não muda o fato de que queremos bater nele. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

 Resumo: pimenta nos olhos dos outros é refresco. De qualquer modo, levamos o gravador. Wilson parecia ter um sexto sentido quanto aquela gravação.

- Pelo que pude entender dos ataques do Troll até agora...é bem possível que essa pegadinha também tenha alguma mensagem - disse Wilson, alguns minutos depois, quando já estávamos bem longe dos Porcos Sem Alma - E se o que foi dito no último bilhete foi verdade, então tudo a partir de agora pode ser uma pista até ele.

- Então você acha que tem alguma mensagem nessa fita? - perguntou Jorjão.

- Sim. Acho - falou Wilson - Nunca ouvi essa música antes.

- Bom, deve ser algo antigo mesmo - comentei.

- Mais do que isso - Wilson continuou - A qualidade do áudio é horrível. É como se alguém tivesse manipulado a voz para gravar isso, sei lá, nada que não possa ser feito com a tecnologia de hoje. Ele deve ter gravado algo no computador ou coisa que o valha e passado para a fita.

- Mesmo assim dá pra entender - falei. Parecia um samba que cantava alguma coisa a ver com amor e paixão não-correspondida. Sei lá. Não entendo desse tipo de música. Mesmo assim, não duvido que podia ter alguma mensagem gravada ali.

- Tenho uma hipótese - disse Karina - Vamos ouvir essa fita ao contrário.

- Ah, sim. Dá pra fazer isso. Tenho um software que faz isso bem fácil - disse Wilson.

- Ouvir ao contrário? - perguntei - E vai fazer algum sentido?

- É um recurso de mensagem subliminar bem conhecido. Você ficaria surpreso se soubesse quantas músicas usam esse tipo de mensagem.

- Isso é verdade - comentou Demi - Como eu já conheci gente que trabalha no meio musical, ouvi muitas histórias sobre isso.

- Então tá combinado. Reunião lá em casa, hoje à tarde! - falou Wilson.

 Já tínhamos ido a tantas reuniões na casa do Wilson que já nos considerávamos de casa. Dito e feito. Chegamos lá e logo colocamos a música pra rodar ao contrário. O resultado foi quase que imediato.

- Aqui! Nessa parte! Deu pra ouvir uma coisa! - falou ele, que, sabe-se lá como, conseguiu perceber alguma coisa que fazia sentido no meio daquele monte de ruídos.

- O que você ouviu? - perguntei.

- Sim...eu também ouvi - disse Demi. Mas não valia. Ela manjava de música.

- O que está dizendo? - tornei a perguntar.

- Foi algo como "Trabalho sozinho"..sim, "Eu trabalho sozinho" - completou Wilson.

 Trabalha sozinho? No mínimo, se fosse verdade, isso queria dizer que o Troll era uma pessoa só e não várias.

- Será que é verdade? Difícil alguém fazer sozinho tudo que ele faz - disse Demi.

- Se for...ele é mais impressionante do que pensamos - falou Jorjão.

- Vamos supor que é verdade - disse Wilson - Por que ele se daria ao trabalho de criar mensagens falsas? Ele está jogando, lembra? Ele quer que a gente descubra as pistas! E já estamos começando a colocar mais peças nesse quebra-cabeça.

 Mas ainda não adiantava muito. Sabíamos mais coisas sobre o Troll, mas ainda não tínhamos a menor ideia de como iríamos pegá-lo.

- A partir de agora, vamos ficar atentos a todos os tipos de pista que ele deixar - falou Wilson - Em algum momento, ele vai ter que tropeçar...e é nessa hora que nós vamos pegá-lo!

 Tá. Vamos supor que é verdade. Então é uma pessoa. Uma pessoa em especial está por trás das pegadinhas. Que outras pistas será que podemos achar?


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