This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 168
Capítulo 168




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Capítulo 168 - Nasce uma lenda

  A semana seguinte foi marcada por situações pra lá de inusitadas. Desde o fatídico dia que alguém colocou catchup no corrimão da escada sem ninguém perceber, o que não faltava eram mistérios. Muito embora, esses mistérios não eram de todo ruim, muito pelo contrário, o último mistério deixou minha vida bem alegre.

- Como é que é?! - gritei em voz alta ao entrar no sistema da escola e ver minhas últimas notas. Eu falei sobre isso alguma vez? Não? Bem, certamente porque não era importante, mas como agora me interessa, passa a ser importante e merece ser compartilhado: nossa escola manda os boletins para casa, como de costume, mas também oferece um sistema de consulta online aos dados e notas. De vez em quando eu entro lá, apenas para me preparar psicologicamente para as broncas que vou receber de minha mãe por minhas notas relativamente baixas em matemática. Qual não foi minha surpresa quando, durante uma inocente aula na sala de informática, resolvi ver meu boletim e dar de cara com 10 em todas as notas.

- Seu Daniel - reclamou o professor - Posso saber por que está gritando?

- Bem...nada...é que... - eu não conseguia disfarçar meu sorriso.

- O que aconteceu, Daniel? Uau! Parabéns! - Wilson estava bem no computador do lado e viu o que ocorreu.

- Por que está cumprimentando ele? - perguntou o professor, quando viu meu computador e conferiu 10 em todas as notas.

- Err...achei que tinha errado algumas coisas na última prova - comentei.

- E errou! - reclamou ele - Isso não pode estar acontecendo! Como pode? Atenção, todos! Acessem seus boletins pelo site da escola!

- Por que isso agora? - reclamou Dimas.

- Apenas façam isso - disse o professor. Em poucos instantes, a turma toda estava de olhos arregalados. Ao que parecia, ocorreu o mesmo com todos os outros alunos.

- Caraca! Nenhuma nota vermelha! - exclamou o mesmo Dimas - Eu sou mesmo um gênio!

- O que tem de tão diferente? - indagou Wilson, não estranhando ter 10 em todas as notas.

- Não notou nada de diferente no seu boletim? - insisti em perguntar.

- Tá na mesma média de todo bimestre...10, 10, 10...ai, caramba, 10 em Educação Física? Normalmente sempre venho com 9, a nota mínima pela presença. Será que aprimorei minha habilidades esportivas?

- Eu...também vim com 10 em Educação Física - comentou Jorjão, no computador da frente - Isso não pode estar certo. Sempre ganho só pela presença também.

- Peraí...todo mundo está com 10 geral? - perguntei - Como pode isso?

- Hackearam nosso site. Tsc - reclamou o professor - Achei que tinha reforçado a segurança...quem poderia ter feito isso?

- Só tem alguém na nossa sala capaz de fazer uma coisa dessas - levantou uma menina.

 Todos olharam para Wilson.

- Hã? Estão achando que fui eu? - Wilson estranhou. Epa. Peraí. Eu sei que o Wilson tem planos mirabolantes e tudo, mas não é do feitio dele fazer esse tipo de coisa. E, apesar de tudo, apesar de muita coisa, muita coisa mesmo, ele era meu amigo e eu não podia deixá-lo ser acusado dessa forma.

- Protesto!  - levantei - Vocês não tem prova de que foi ele.

- Então quem foi? - perguntou Dimas - Isso tem muita cara de vocês aí, ô, pinguins de Madagascar!

- Não fui eu e nem ninguém da NERD - disse Wilson - Não ousaríamos fazer uma coisa dessas! Não faz nosso estilo!

- Silêncio! Não quero ninguém acusando ninguém sem provas, ouviram? Isso é problema da escola! - gritou o professor - Eu vou marcar uma reunião com a coordenação sobre isso e arrumar essa bagunça. Por sorte, temos back-up de todos os dados antes de mandar para o site. Todas as notas estão salvas.

- Aaah...agora que eu já mandei uma mensagem para minha mãe dizendo que tirei 10 em tudo? - reclamou uma garota.

- Ignorem esse boletim! Tsc...hackear o colégio...aí já é demais. É motivo para expulsão - o professor falou consigo mesmo, mas era verdade. Aquilo já era um caso bem mais grave do que simplesmente colocar catchup na escada.

- Está pensando no que estou pensando, Daniel? - perguntou Wilson.

- Se isso tem alguma relação com os outros casos ocorridos no colégio? - arrisquei responder.

- Exato - falou Wilson, tentando manter a discrição - A pessoa, se é que se trata de uma só pessoa, que hackeou as notas deve ser a mesma que hackeou as câmeras. E, muito provavelmente, também deve ser a mesma que trocou o portátil daquele garoto no outro dia.

- Realmente...já ocorreram casos assim nessa escola antes? - questionei.

- Não que eu me lembre. Por isso que é estranho. E por que ele quis dar 10 para todo mundo? O que esse cara, essa pessoa ou esse fantasma pretende?

- Acha que é um fantasma? Pelo amor, já falei que o Estagiário Fantasma não existe!

- Mas não temos nenhuma pista! - continuava Wilson - Pode ser qualquer tipo de ser. 

- Pelas situações apresentadas...parece ser alguém que deseja desafiar a coordenação do colégio.

- Desafiar...a própria coordenação? - falou Wilson - É uma jogada arriscada...nunca pensei que alguém se arriscasse mais do que a NERD nessa escola.

 Ele diz isso, mas por mais malucas que nossas ideias fossem, nunca prejudicaram realmente ninguém (bom, talvez moralmente). Mas hackear o colégio era algo sério e nem Wilson se arriscaria isso. Eu o conhecia, ele queria dominar o colégio de forma aberta e não escondida, como esse hacker misterioso estava fazendo.

- Não poderia ser o Cássio? - sugeri - Não estou acusando ninguém, só levantando uma suspeita.

- Hmm...ele tem conhecimentos de hacker. É provável. Mas essa é uma escola com ênfase em informática. Muitos alunos também são bons nisso. E nós não conhecemos todos eles. Isso se o culpado for um aluno.

- Pode ser alguém do Ensino Médio...talvez o Jonathan e a turma dele...acho que seriam capazes de chegar a esse ponto.

- Também é provável - falou Wilson - Mas, de novo, não temos como provar...precisamo de mais pistas.

 Aquilo estava começando a virar uma história de detetive. Quem seria o responsável por aqueles casos? O hackeamento do colégio foi a situação mais grave, mas na verdade, não prejudicou tanto assim. Era claro para todo mundo que a escola mantinha back-up das notas e o cara até foi gente boa. Ele teria causado um estrago maior se desse zero para todo mundo, mas dez? E se fosse um hacker bom mesmo teria invadido o sistema para conseguir dados mais sigilosos, envolvendo dinheiro ou algo assim. Parece que ele fez isso apenas para chamar a atenção. Da mesma forma que outros casos.

- Você viu, menina? - uma garota comentava com outra, perto da gente na hora do intervalo - As tias da limpeza ficaram assustadas.

- Por quê? - perguntou a outra.

- Ontem elas deixaram a sala de limpeza de um jeito e hoje falaram que estava totalmente diferente!

- Alguém entrou lá?

- É. Mas não levaram nada. É muito estranho!

 Wilson também ouviu isso.

- Ouviram só isso? Outro caso estranho que aconteceu ontem à noite!

- Nossa, gente. Tá todo mundo só falando nisso - comentou Demi - Na minha sala já começaram a fofocar. Falaram até que a gente podia estar envolvido..

- "A gente" você quer dizer...a NERD? - perguntei.

- Boa parte dos alunos acha isso - disse Karina, sem tirar os olhos do livro - Afinal, Wilson é o gênio que adora chamar a atenção.

- Ei, mas eu sempre fiz isso diretamente - reclamou ele - Não iria ficar me escondendo dessa forma. Além disso, quero dominar o colégio e não ser expulso dele.

 Bom argumento. Ninguém se arriscaria tanto, afinal de contas, se o culpado for mesmo um aluno, ele seria expulso da escola sem pensar duas vezes (e conhecendo a diretora Silvia, posso ter certeza disso).

- Não foi nenhum de nós. Fique tranquila, Demi - falou Wilson - Mas eu quero muito saber quem está por trás disso tudo...a ponto de fazer as suspeitas caírem sobre a NERD.

- Seria alguém querendo nos prejudicar? - perguntou Jorjão.

 Bom, temos praticamente uma galeria de inimigos do Batman: muita gente naquela escola (quase todo mundo?) era meio pé atrás com as nossas maluquices. E mesmo suspeitando de vários deles, não tinha como nem começar a levantar uma suspeita. Que pistar nós tínhamos? Sabíamos apenas que era um hacker habilidoso (ou um fantasma, se formos considerar as hipóteses do Wilson) que agia na escola à noite. Mas também já fez coisas durante o dia. E logo teríamos uma confirmação disso.

- Esquisito, cara - agora era um moleque do nosso ano (mas de outra sala) que passava perto da gente, comentando com um colega.

- O que foi?

- Hoje alguém pegou minha caneta...sem pedir

- Roubaram?

- Sim e não. Antes do intervalo, ela estava lá na minha carteira, normal, daí, quando voltei, alguém trocou por uma outra caneta de outra marca.

- Marca vagabunda?

- O pior é que não. A caneta que o cara me deu é de uma marca até melhor que a minha antiga. Que tipo de ladrão é esse?

- Você falou isso para mais alguém?! - Wilson entrou na conversa de novo.

- Ei, de onde você veio, cara? - o garoto reclamou.

- Apenas responda...

- Não. Estou falando com ele agora. Parece ser mais um dos casos esquisitos que estão acontecendo na escola. Tá todo mundo falando disso.

- É verdade - o colega dele comentou - Outro dia ouvi falar que a escola ficou sem água...alguém tinha fechado o registro de propósito.

- A mãe de uma aluna veio conversar com a coordenação sobre isso...e eles disseram que as câmeras não registraram nada - falou o outro garoto.

- Cara...a coordenação da escola deve estar muito encrencada. Eles podem ter um prejuízo gigante se essas confusões continuarem.

- Tsc. Isso tá complicado - Wilson deixou os garotos e voltou correndo até a gente - Galera, precisamos descobrir quem é o culpado. As coisas podem ficar feias se continuar assim.

- Precisamos? - perguntei - Isso é problema da coordenação e dos professores. Eles que se virem.

- Mas, sei lá, algo me diz que não estamos lidando com algo que a coordenação seja capaz de lidar sozinha - comentou ele, com ar pensativo - Vamos ver se acontece mais alguma coisa.

 Pessoalmente, já acho que aconteceu muita coisa. Mas, como na maioria das vezes, estava enganado. Era apenas a ponta do iceberg. Só a pontinha...


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