This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 166
Capítulo 166




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Capítulo 166 - Há algo de podre no Colégio Megatec

  As últimas notícias indicaram que o Show Alto-Astral saiu do ar por motivos de força maior (na verdade, fomos nós mesmo). Da mesma forma, nosso filme de baixo custo também caiu no esquecimento. Resumindo: finamente pude desfrutar da minha paz tão sonhada. Bem, pelo menos enquanto Wilson não inventasse alguma outra situação bizarra, o que nunca demorava muito para acontecer. No entanto, desde que aparecemos na televisão, ele tem andado bem pacífico. Eu estava adorando isso, é claro, mas tirando as épocas de férias não costumávamos ficar praticamente duas semanas sem se meter em alguma encrenca. Será que ele estaria aprontando alguma coisa? Era sempre um frio na barriga a cada vez que eu chegava no colégio pela manhã e naquela terça-feira não era diferente (já perdi as contas de quantas vezes narro minhas chegadas ao colégio, mas acho que já virou uma marca registrada dessa história).

- B-Bom dia - cheguei no nosso canto de sempre do pátio, cumprimentando o trio bem na minha frente. Wilson e Jorjão parecia conversar sobre alguma coisa aleatória (envolvendo um último jogo lançado) e Karina, bem, estava tranquilamente lendo um livro antigo de Sherlock Holmes.

- Bom dia - Wilson e Jorjão me cumprimentaram em uníssono.

- E aí? - cumprimentei, aguardando alguma novidade, mas, graças aos céus, ele não tinha nada em mente.

- Bem...estava aqui discutindo com o Jorjão sobre o Alien Skunks 2 (*) que anunciaram na internet ontem - falou ele - Acho que os gráficos melhoraram, mas a jogabilidade não mudou muita coisa...e nem a dificuldade.

- O primeiro era bem difícil - comentou Jorjão - Aquele chefe gambá da fase do fogo era quase impossível.

- Era só tomar cuidado com as bolas de fogo - comentou Karina, sem tirar os olhos do livro.

- Não cheguei muito longe no primeiro. Quero terminá-lo antes de começar esse - falei.

  Ah, como isso era bom. Apenas uma conversa (tá, uma conversa nerd, mas ainda assim uma conversa). Nada de ideias malucas, nada de micos, nada de planos megalomaníacos. Como isso era tranquilizante...embora Wilson não parecesse achar o mesmo. Logo que esgotamos o assunto, ele não conseguiu se segurar.

- Ai, ai - suspirou ele - E hoje temos Educação Física, não é?

- Eu não tenho - disse Karina (ela estava um ano atrás da gente, embora duvido que tivesse dificuldades em acompanhar o oitavo ano) - Mas hoje terei duas seguidas de Educação Artística.

- Ah, que chato - falou Wilson, para logo depois se sentar entediado no banco.

- Educação Artística não é tão entendiante - comentou Karina.

- Estou falando da escola em geral - falou Wilson - Faz dias que a nossa gangue não tem feito nada de emocionante para mudar essa escola. Sem nossa atividade, esse colégio é um tédio só!

 Será que ele demorou todos esses anos para se dar conta que o colégio não é para ser um lugar divertido? Que a verdadeira diversão está fora do colégio? De qualquer maneira, a fixação de Wilson em revolucionar aquela escola parecia mesmo ter esfriado. Mas se ele estava em um período de bloqueio criativo, eu que não iria desbloquear...pelo menos não tão cedo. Depois daquele filme, aprendi a ficar com a boca bem fechada.

- De fato - Karina interrompeu a leitura por alguns instantes e olhou para cima - Nosso colégio tem estado bem pacífico nos últimos dias. Nenhuma regra nova da diretora, nenhum plano malvado das patricinhas, nenhum desafio do Cássio...e Wilson parece estar sem ideias.

- Bem, podemos aproveitar isso para descansar um pouco, não? Um filme e um programa de TV em menos de um mês cansa, ouviu? - comentei.

- Somos a NERD, Daniel! A Revolução Divertida não pode descansar! - disse Wilson - Mas...estou tão sem ideias...preciso de inspiração! Alguma coisa que faça meu sangue ferver!

  E eu só quero ir para casa jogar meus games sossegado. Por que ele acha tão difícil assim viver tranquilamente? Estou adorando esses dias de calmaria...só espero que não seja uma calmaria antes da tempestade. Ah, como eu queria estar certo pelo menos uma vez na vida.

- Gente! Gente! - a última da nossa turma, Demi Gomez, estava chegando. Não que eu reclame de ver a Demi, pelo contrário, ela é sempre um colírio para os meus olhos, mas naquele momento, ela parecia ser a portadora de más notícias (más notícias para o meu sossego) - Vocês viram?

- Bom dia, Demi - cumprimentou Wilson.

- Ah, claro. Desculpem. Bom dia - ela cumprimentou, com aquele sorriso lindo que só ela sabe dar - Mas é que...aconteceu uma coisa.

 Foi o suficiente para Wilson levantar as sobrancelhas.

- Aconteceu...uma coisa? - perguntou ele.

- Vocês não viram uma movimentação lá na escada? Tá todo mundo lá vendo isso! - disse ela.

- E o que estamos esperando? Vamos lá ver! - disse Wilson, animado. Ótimo. Meu sexto sentido anti-planos malucos já estava se ativando. Espero que não seja nada demais.

 E, quando formos ver a tão grande coisa, realmente...era algo bem chocho.

- Quem...será que fez isso? - perguntou uma menina aleatória.

- Eu nem tinha reparado nesse negócio - falou outra.

- Nojento - falou outro.

 A situação era simples: alguém havia colocado catchup e mostarda no corrimão da escada. Mas foi tão bem espalhado que ninguém reparou, a menos o primeiro que coloque a mão ali...e, claro, ninguém suspeitaria que seria traído pelo corrimão que usa para subir todos os dias. E uma menina da quinta série teve a infelicidade de ser a primeira a colocar a mão onde não devia.

- Credo - reclamava ela - Ainda bem que é só catchup...imagina se fosse uma coisa mais nojenta?

- Calma, amiga - dizia a amiga dela - Logo, logo a diretora pega quem fez essa idiotice.

 De fato, não demorou muito para a rígida diretora Silvia aparecer no cenário. E era incrível como os alunos abriam espaço sem mesmo ela precisar pedir.

- O que aconteceu? Uma das inspetoras veio correndo me avisar dessa aglomeração! - disse ela.

- Diretora - disse um garoto aleatório - Alguém colocou catchup e mostarda no corrimão da escada.

 A diretora olhou a cena do crime. Sem pensar muito, se virou para a multidão e perguntou.

- Muito bem, quem fez isso? Se confessar agora, vai ser melhor! - disse ela.

 Mas ninguém disse uma só palavra. A única certeza que eu tinha era que, seja quem fosse o autor daquilo, devia ser um tremendo de um babaca.

- Vou perguntar de novo: quem fez isso? - a diretora não era o tipo de pessoa que brincava em serviço.

 Os alunos apenas se olhavam entre si. Todos não tinham a menor ideia de quem poderia ter feito aquele tipo de coisa.

- Tudo bem - suspirou a diretora - Se vocês querem do jeito mais difícil, então será do jeito mais difícil. Essa escola tem câmeras...e eu descobrirei logo, logo quem fez essa sujeira todo. E é claro que o engraçadinho limpará isso tudo muito direitinho!

  A tia da limpeza já se aproximava do local para limpar o ocorrido, mas a diretora a impediu imediatamente.

- Não se dê ao trabalho - disse ela - O culpado é quem vai limpar!

  Apenas uma travessura idiota de colégio. Acho que nem dá para considerar isso como uma mudança no cotidiano. Nem o Wilson pareceu empolgado.

- Não me lembro de alguém ter feito essa brincadeira aqui no colégio antes - comentou Wilson - Mas não é das melhores.

- Sei lá...por que alguém faria isso? Só por zueira mesmo? - perguntou Demi.

- Pra mim...foi um grande desperdício de catchup e mostarda - reclamou Jorjão.

 De qualquer maneira, o sinal tocou nesse meio tempo. A inspetora fez toda a galera circular e subir para as salas. Hora de voltar para a rotina tediosa de estudos...mas antes uma rotina tediosa do que pagar micos. Ah, a tranquilidade. Eu podia olhar para a janela da sala e observar o céu ligeiramente nublado do lado de fora. Logo o sinal do intervalo toca, não sem antes a inspetora do pátio aparecer em nossa sala com uma expressão preocupada.

- Com licença...professora Margarida. Desculpe interromper a sua aula - disse ela, educadamente.

- Não se incomode - falou nossa não muito animada professora - Qualquer coisa para diminuir meu tempo de aula aqui será bem-vinda.

- Bem... - disse ela - ...gostaria de falar que se a pessoa responsável por sujar o corrimão da escada estiver presente para se revelar agora!

 Como assim? A diretora não pegou as imagens da câmera? De qualquer maneira, ninguém se manifestou.

- Tsc...isso está mais difícil do que eu pensava - reclamou a inspetora - Por alguma razão, as câmeras da escola não gravaram nada da noite passada.

 Como? As câmeras da escola não gravaram nada?

- Mas o vigia noturno da escola viu alguém? - perguntou a professora.

- A diretora já mandou chamá-lo, mas ele insiste que não viu ninguém - falou a inspetora - Tsc. Mais essa agora.

  O sinal do intervalo tocou. Podíamos sair da sala, não sem antes ouvirmos alguns gritos do andar superior.

- Cuidado! - era a voz de algum professor do Ensino Médio (as salas do ensino médio ficavam no último andar) - Cuidado para não pisar em nada!

  Só para lembrar, o nosso intervalo era anterior ao do Médio, então eles ainda estavam tendo aula. O que poderia estar acontecendo lá em cima?

- Algum problema, professor? - a inspetora (mesmo sendo uma mulher de idade mediana) correu rapidamente para o andar de cima, verificar o que estava havendo. Os gritos vinham do laboratório de ciência.

- Cuidado, inspetora! - falou o professor de biologia - Você pode pisar em alguns dos insetos que estão espalhados pela sala.

- Insetos?

- É. Eu tinha deixado alguns insetos mortos dentro de potes, mas quando cheguei aqui com a turma, eles estavam abertos! - falou o pobre diretor.

- Fábio! - gritou a inspetora, chamando o Fabião, um dos bullies mais conhecidos do Ensino Médio (certamente estava no top 10 da escola) - Você não está envolvido nisso, está?

- Ei, eu não! Cheguei agora! E a sala tava trancada! - ele se defendeu.

- É verdade - disse o professor - Essa é a primeira vez essa semana que eu abri a sala. É como..se alguém tivesse entrado aqui à noite.

 Wilson tinha nos forçado a chegar perto da confusão e ouvir do que se tratava. Eu queria estar envolvido com aquilo o mínimo possível, mas é claro que Wilson não pensava da mesma maneira.

- Vocês...ouviram isso? - disse ele - Primeiro, catchup na escada...agora, insetos soltos do vidro...e imagens apagadas das câmeras. Alguém entrou na escola ontem à noite!

 Essa era a conclusão óbvia. Nossa escola foi roubada ou...espera.

- Vocês entendem, não entendem? - falou Wilson - Não parece ser um ladrão comum. Afinal, que tipo de ladrão sujaria o corrimão com catchup?

- Sei lá...talvez ele tenha roubado um lanchinho e sujou o corrimão enquanto saía - falou Jorjão. Bem, comida era a especialidade dele.

- Mas ele roubou alguma coisa? - perguntou Demi.

- Não sei - falou Wilson - Talvez nem seja um ladrão...o que será? Agora eu quero ouvir o que a coordenação tem a dizer sobre isso!

  Algum meliante entrou no colégio, desativou as câmeras, sujou o corrimão e tirou alguns insetos de potes de vidro. Que tipo de pessoa faria isso? E por que estou achando que vou me envolver mais nessa história do que gostaria? Ai, ai, eu tinha a razão...era apenas a calmaria antes da tempestade.

(*) = Algo como Gambás Alienígenas...é o título do jogo fictício.


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Notas finais do capítulo

E tem início a saga mais longa dessa história...muitos mistérios virão (eu fiquei algumas boas horas bolando o roteiro, agora é colocar tudo em prática nos capítulos...espero que vocês gostem).

Até o próximo!