This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 158
Capítulo 158




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/95454/chapter/158

Capítulo 158 - Sábado nas Telonas

  Você já teve um festival cultural ou coisa parecida na sua escola? Se sim, deve imaginar o tipo de ambiente que é: muitas e muitas pessoas, visitantes e estandes aleatórios mostrando trabalhos diversificados dos alunos. No Megatec o esquema era o mesmo. E, como dessa vez eu fazia parte de uma das equipes que estava trabalhando no evento, teria que participar do negócio ativamente. Lá estávamos nós, os cinco da NERD, organizando os detalhes da exibição de nosso filme desde as dez da manhã (e o evento abriria para o público só lá pela uma da tarde). Perto de fazer o filme, organizar a exibição não era nada demais, mas era chato ficar lá o dia todo.

- Então é isso - disse a professora Vitória, nossa orientadora, mostrando a sala onde ficaríamos durante todo o festival - Podem usar essa sala.

 Ela nos mostrou uma sala de aula relativamente espaçosa, com espaço para datashow e um telão que cobria boa parte da lousa. A maioria das salas do Megatec já tinha estrutura para exibições, mas aquela esta até acima da média.  

- Beleza! - comemorou Wilson - É só ajeitar a iluminação para que todo mundo consiga assistir sem problemas e, claro, acertar o som. O som é importante.

 Ainda mais quando a banda que colaborou com o som certamente iria querer assistir o filme por causa disso e ficaria irritada se não pudessem ouvi-lo bem. E acredite, você não gostaria de ver aqueles três irritados.

- Não vai querer o filme antes, professora? - perguntou Demi.

- Não, não - respondeu a Vitória, já saindo para verificar outras coisas - Prefiro ver junto com todo mundo. Ai, ai, um longa metragem de verdade produzido por meus próprios alunos. É fantástico, é sublime, é...

 E ela começou de novo.

- Professora - disse Demi, estalando os dedos próximo ao rosto dela.

- Oh, desculpem - disse ela, retornando a si - Fiquem à vontade para ajeitar tudo. A exibição do filme de vocês começará às duas horas. Fiquem atentos, ok?

- Valeu, professora - agradeceu Wilson - Vamos mostrar algo que esse povo nunca viu antes!

  E ele não podia estar mais certo.

- Ansioso, Daniel? - perguntou Demi.

- Por que...temos que usar as roupas dos personagens do filme? - questionei, ainda não acreditando que Wilson exigiu que Demi e eu usássemos as mesmas roupas do filme - Eu não fico bem nesse estilo.

- Deixa disso, você tá ótimo - falou Demi, mas mesmo o elogio vindo dela, não me convencia muito.

- Publicidade é importante, Daniel - falou Wilson - Imagine só. Os fãs terão a oportunidade de tirar fotos com os atores do filme com o figurino dos personagens! Isso vai contar muito ao nosso favor!

- E por que o Jorjão não está usando o figurino de monstro dele? - perguntei.

 Jorjão por sua vez estava mais preocupado em preparar o carrinho de pipocas que estaria no corredor daquela sala durante o período de exibição.

- Infelizmente tivemos que devolver as perucas com uma certa urgência - respondeu Wilson - Mas não precisa se preocupar...ele está bem representado no cartaz do nosso filme!

 Ele teve a pachorra de fazer um cartaz do filme. Tá, tudo bem, o negócio tava impresso numa folha de sulfite A4 comum, mas tirando isso o design da propaganda era bem parecido com os cartazes de filmes de verdade.

- Li algumas apostilas de edição gráfica ontem à noite - falou Wilson - Daí foi só pegar algumas imagens e trabalhar na edição antes de vir pra cá. Legal, né?

- Você dorme? - perguntei admirado com a quantidade de coisas que aquele cara conseguia fazer em tão pouco tempo. 

 Seja como for, os preparativos para a exibição do filme estavam indo a todo vapor. Jorjão havia arranjado uma pipoqueira tamanho família e muitos sacos de milho para pipoca. Se não conquistássemos o público pelo filme, nós os conquistaríamos pela pipoca, com certeza.

- Quantos sacos de milho você comprou? - perguntou Demi.

- Tinha vários lá em casa - falou Jorjão - Vou fazer a festa!

- A pipoca é para o público, não? - adverti.

- E só agora você me avisa? - perguntou ele.

- Será que vai ter pipoca pra todo mundo? - questionei.

- Duvido que as pessoas peguem mais do que um saquinho - Jorjão tentou argumentar. Já Karina, apenas organizava as carteiras em silêncio. Demi e eu estávamos apenas aguardando tudo começar. Em poucos instantes, toda a escola veria o mico do século. Minha esperança era que a sala ficasse afastada e pouca gente viesse. Mas é claro que isso era só uma esperança, ainda mais com as pessoas que aparecem na sala no meio de nossos preparativos.

- Wilson! - gritou Cássio, chegando bastante animado e quase nos matando de susto.

- De onde saiu esse cara?! - exclamei, quase caindo no colo da Demi com a aparição repentina dele (tá, essa parte não foi tão ruim).

- Ora, Sr. Cássio. Como vai? - perguntou nosso mais do que otimista líder.

- Espero que esteja preparado para sentir o gosto da derrota nesse festival - falou ele - Dessa vez eu trouxe não apenas um robô capaz de fazer contas, como também dançarino.

- Robô...dançarino? - repeti, não acreditando que alguém perdesse tempo programando algo do tipo.

- Exatamente! Mostra pra eles, Robodancer! - aparentemente "Robodancer" era o nome da coisa. Fiquei feliz dele não ter usado nenhuma referência a algum artista famoso...ou poderia esperar um nome como "Rob Travolt" numa homenagem a John Travolta misturado com um "Volt" da unidade de medida de tensão elétrica (vindo do Cássio, não estranharia). De qualquer forma, o próprio robô começa a tocar uma música e dançar rapidamente, seguindo o ritmo. Cássio estava orgulhoso. E eu espantado em ver que finalmente havia criado um robô que prestasse.

- Será que seu projeto consegue superar isso?! Heim, heim? - Cássio estava confiante - O que está fazendo nessa sala? Pretende criar um espaço simulado através de computação avançada? Ou vai trazer uma máquina gigante e colocar na sala? Vai precisar de algo desse porte pra me vencer!

- Na verdade, não temos nada disso, Cássio - falou Wilson - Dessa vez, entramos na área de cinema.

- Cinema? - Cássio parecia desapontado - Cinema? O que é o cinema perto da ciência?

- Ei, está falando de arte! - reclamou Demi.

- Arte não ganha da ciência - retrucou Cássio - Bah, que decepcionante, Wilson. Se soubesse disso não teria me esforçado tanto para montar o robô nesse festival. Eu jurava que você iria aparecer com uma invenção de alto calibre.

- Postei em todas as minhas redes sociais que a NERD faria um filme - respondeu Wilson - Tá certo que não liberamos imagens e nem um trailer para manter a surpresa, mas faremos isso assim que a aprovação de nosso filme for positiva!

 E é claro que ele tinha certeza do sucesso do filme antes mesmo da exibição. No mínimo ele já devia treinar o discurso do Oscar no chuveiro.

- Tá legal, vou assistir esse filme. Faço questão de pegar a sessão das duas - falou Cássio - Mas duvido que seja tão bom quanto sua habilidade na ciência.

- A ideia do filme não é necessariamente que seja bom - comentei - Mas que fique na memória...

- Então vai ser uma droga, acertei? - falou Cássio secamente. Acertou na mosca...

- Bem, fizemos o nosso melhor...com poucos recursos - respondeu Demi.

- Mesmo assim venho assistir - respondeu ele - Vai que eu me surpreenda. Vamos, Robodancer.

 A máquina deu uns últimos passos de dança e seguiu Cássio. Ele tinha feito um robô bem melhor agora, heim? Ele até andava direitinho...de qualquer forma, o circo estava armado. Às duas horas em ponto, os interessados em ver o filme começaram a chegar...e, por incrível que pareça, era muita gente.

- Pipoca! Peguem aqui sua pipoca! - falava Jorjão, entregando um saquinho de pipoca pra cada pessoa.

- Ei, por que você só tá dando o saquinho menor? Tem um saquinho bem maior ali - reclamou uma garotinha da quarta série, no máximo.

- Aquele é só para o staff. Não reclame de comida de graça, garota - falou Jorjão que não desperdiçaria a chance de ficar com o máximo de pipoca só pra ele.

- Hah! Quero só ver que besteira esses caras fizeram agora - falou Dimas, o cara mais chato da nossa sala (que não perdeu a oportunidade de zuar meu figurino antes de se sentar).

- Ai, amiga. Que lugar mais chechelento! - reclamou uma das colegas da Patrícia - A gente não pode voltar pro nosso estande de estética, não?

- E perder a chance de ver o mico do século que a sem-sal da Demi vai pagar? Nem morta, amore! - respondeu a própria, enquanto entrava toda saltitante na sala. Já vi que nossa primeira sessão vai ser muito mal-frequentada.

- Ora, ora. Se não é nosso amigo, Wilson entrando no ramo do cinema - falou Jonathan, seguido de seus três cúmplices..digo, amigos do Ensino Médio. Também conhecidos como os caras que já encheram nossa paciência várias vezes. Daisy pegou um saquinho de pipoca, mas continuava mascando seu inseparável chiclete. Montanha estava calado como sempre e Beto foi imediatamente aclamado pelas meninas da sala. Mais quatro na sala.

- Sentem-se - disse Wilson, ignorando todas as provocações - Vocês verão uma obra inesquecível!

 Pare de aumentar as expectativas! E é claro que não parava por aí.

- Então vocês fizeram um filme? - era a nossa diretora Sílvia, com um olhar severo como sempre.

- Oh, olá, diretora - falou Wilson - Por favor, fique à vontade.

- Espero que seja um filme de qualidade - ralhou a diretora - Se eu ver qualquer coisa que fira os padrões éticos da nossa escola...cortarei imediatamente.

- N-Não se preocupe - gaguejou Wilson. Só espero que armas de mentira para atirar em um monstro não machuquem esses padrões éticos aos quais ela se referiu.

- Muito bem - o próximo foi Cássio, devidamente acompanhado de meu robô - Vim ver o que estão aprontando. Trouxe o Robodancer comigo.

- Sente-se - Wilson mostrou uma cadeira vaga para ele - Nosso filme já vai começar..

- Acho que agora já lotamos, né? - falei, não sem antes ser atacado por uma última expectadora.

- Danzinho! - é, a Emília me abraçou assim que me virei de costas - Cheguei muito tarde?

- Não, Emília. Íamos começar agora - falei.

- Mas antes... - ela sacou a câmera de seu celular imediatamente - ...quero uma foto!

- Tá, vou chamar a Demi - disse sem muito entusiasmo.

- Não! Uma foto só sua! - ela insistiu. Tudo bem. Se esse era o preço pra ela sentar e ficar quieta, deixei ela tirar uma foto só minha. Fiz uma pose que me rendeu boas risadas dos caras folgados da minha sala e finalmente as luzes se apagaram. Wilson fez as apresentações.

- Bem-vindos, senhoras e senhores - disse ele, no jeito "Wilson" de ser - O que verão agora é a pré-estreia de uma super produção...

- Uma produção de baixo custo - sussurrei para Wilson, para deixar isso bem claro.

- Tudo bem, uma produção de baixo custo, mas trazendo um dos roteiros mais inesquecíveis da história dos filmes de terror e comédia! - disse ele - Preparem-se para assistir...

 Nisso, o celular de uma pessoa aleatória começa a tocar.

- Por favor, desliguem os celulares - pediu professora Vitória, que já havia chegado na sala bem cedo.

- Desculpa! - gritou o aluno.

- Silêncio! - exclamou a diretora. A sala ficou em silêncio imediatamente - Agora sim, pode continuar, Wilson.

- Bem...preparem-se para assistir em primeira mão..."O Ataque da Peruca Cafeinada"!

 Todos já tinham rido o bastante quando viram o cartaz do filme perto da entrada da porta. O título já era conhecido. O que não era conhecido eram as cenas que viriam na sequência. O filme iniciou. A primeira coisa que apareceu foi o ícone da NERD Studios representada por um grande círculo com uma fita e com uma cena do Jorjão rugindo como um leão (*). Sim, a vergonha alheia já começava nos primeiros segundos de filme. Risadas já podiam ser ouvidas...e eles não sabiam pelo que estava por vir.

- Vai começar - falou Demi.

- É, eu sei - disse, desviando o olhar. Agora não tinha mais volta. Nosso filme começou!

(*) = Você já deve ter visto a abertura da MGM, não?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

No próximo capítulo você confere o filme na íntegra.

Até lá!