This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 147
Capítulo 147




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Capítulo 147- Será que estamos sozinhos?

  Aquela semana do Megatec foi marcada por duas coisas: a primeira delas foi o retorno de nossa velha enfermeira e seu pelinho na verruga do rosto, o que deixou muitos alunos despreparados com o fato assustados e traumatizados (por sorte, ainda não precisei ver isso). É, a enfermeira Carol deixou saudades. Já o outro marco é mais importante, porque me afeta diretamente (afinal, que importância tem aquilo que não me diz respeito?)...e acho que você já deve imaginar o que significa ser afetado diretamente...é, se você disse me meter em alguma confusão com o Wilson, acertou.

  Vamos por partes. Primeiro, a velha cena de sempre. Eu chego no pátio do colégio e me deparo com Jorjão comendo um pacote de salgadinhos sabor camarão. Junto a ele, vejo Karina lendo um livro grande, bem grande, cujas páginas eram viradas em uma velocidade impressionante.

- Bom dia - falei.

- E aí? Chegou cedo! - respondeu Jorjão, ainda de boca cheia. Karina apenas acenou com a cabeça e retornou para sua leitura.

- O que está lendo? - perguntei para a menina, em um lapso raro de curiosidade.

- É uma antologia de comentários sobre história da arte - foi tudo que ela disse

 Lembre-se de que era a Karina, uma das poucas garotinhas de doze anos que leria história da arte e, o pior, entenderia história da arte.

- Oi, gente - Demi chegou logo em seguida, com uma cara sorridente.

- O-Oi - cumprimentei, tentando sorrir, o máximo que alguém conseguiria sorrir antes das sete de manhã.

- Nossa, que raro. O Wilson ainda não chegou - falou ela.

- Ele virá, não se preocupe - falei - Ele nunca faltaria ao colégio...nem que houvesse um terremoto.

- É bem típico dele - sorriu Demi - Será que ele tem alguma ideia legal para hoje?

 Demi era uma gracinha, mas tinha um defeito grave: gostar das ideias do Wilson. Sério...ela não se importava muito de pagar mais micos. E, se o meu radar de micos estava funcionando bem, aquele dia parecia propício para fazer algo bizarro. Devo admitir que Wilson estava meio devagar esse semestre...ele só planejou montar um grupo de união de casais que ruiu com nossas primeiras cobaias. Mas não podemos subestimar o gênio dele...nada impediria que ele planejasse construir um monstro frankenstein, ou procurar por algum tesouro escondido no colégio ou tentar entrar em contato com alienígenas. E eu realmente não devia ter pensando nessa último exemplo..

- Pessoal... - o alvo da conversa finalmente havia chegado.

- Wilson! Você demorou hoje - reparou Demi - Não parece estar com uma cara boa...aconteceu alguma coisa?

- Se aconteceu alguma coisa? Se aconteceu alguma coisa? - ele olhou bem nos olhos de Demi enquanto segurava nos ombros dela - Você não tem ideia!

- Nunca vamos saber se não nos contar - falei, enquanto Jorjão terminava de mandar o último salgadinho de camarão para dentro.

- Eu me lembro...como se fosse ontem - disse Wilson - Justamente...porque aconteceu ontem!

 Ele parecia bem sério.

- O que houve? Fala logo! Quer me matar de curiosidade? - reclamou Demi.

- Eu vou falar...tudo começou...ontem à noite - disse Wilson, olhando para cima em tom melancólico. Automaticamente todos olhamos para cima também (ora, todo mundo sabe que isso era um sinal dramático para flashback)

* Flashback do Wilson (ponto de vista dele) *

 Tudo começou quando eu estava em casa, assistindo a um documentário sobre extraterrestres junto com o meu pai, enquanto saboreava uma deliciosa sopa de brócolis feita pela minha mãe. Durante o intervalo do programa, meu pai começou a conversar comigo.

- Você acha que extraterrestres podem existir? - perguntou ele.

- Eu não sei - respondi - Mas sei que vida extraterrena é algo raro. Se tantas pessoas dão tantos relatos assim, pelo menos mais da metade deles deve ser enganação.

- Eu gostaria de ver um disco voador algum dia - falou ele.

- Heh! Eu também.

 E foi como se meus desejos tivessem sido atendidos. Passados alguns minutos, eu subi para o meu quarto e percebi que não havia fechado a janela. Assim que coloquei as mãos na janela para fechá-la, olhei para o céu estrelado, bem, tão estrelado quanto à poluição da cidade permitia, e me deparei com a imagem de um disco voador. Bom, na verdade não era bem um disco...era uma nave de forma estranha...parecia mais um feijão gigante, só que azul e com janelinhas piscando. Estava distante, mas fui capaz de perceber sua presença sem problemas. Minha primeira reação foi o temor..mas logo recuperei a razão e vi a grande oportunidade que tinha em mãos.

- Pai! Pai! - chamei meu pai na mesma hora - Eu vi! Acabei de ver! Acabei de ver um OVNI...Objeto Voador Não-Identificado! É uma nave extraterrestre mesmo!

 Meu pobre pai ainda estava terminando de escovar os dentes, mas subiu para o meu quarto na mesma hora, com a escova na boca.

- Cadê? - infelizmente, o tempo que desci para chamar meu pai levou a nave a sumir.

- Tem certeza do que viu, filho? - perguntou ele.

- Eu vi...tenho certeza que vi uma nave - continuei insistindo - Só podia ser um OVNI!

- Você deve ter ficado impressionado com o programa. Vai dormir.

 Meu cético pai me abandonou e eu, claro, não consegui dormir. Passei a noite em sites de ufologia, procurando informações sobre algum OVNI em forma de feijão, mas não obtive sucesso. Daí fui dormir bem tarde e acordei um pouco atrasado. Mas pelo menos consegui chegar na hora para narrar isso a vocês.

* Fim do flashback de Wilson (e agora volta para o meu ponto de vista).

- Peraí....sopa de brócolis? Sério que você gosta disso? - perguntei.

- Daniel! Você não ficou empolgado com a melhor parte! Os extraterrestres estão entre nós! A nave em forma de feijão é prova disso!

- Uma nave que só você viu e não sabe se foi ou não uma alucinação - completei.

- Você também é cético, não é? Mas eu vi...vi com esses óculos que o ferro-velho há de comer! O maior feijão piscante do universo!

 Tá, ele não tem bases para dizer que é o maior feijão piscante do universo (pois podem existir feijões muito maiores em algum lugar por aí). E não seria mais irônico se a nave tivesse um formato de brócolis? Mas, seja como for, Wilson estava certo de que havia tido um contato de primeiro grau (*) com um OVNI.

- Se isso for verdade, é mesmo uma coisa incrível - disse Demi, logo depois voltando-se para Jorjão e Karina - E vocês? O que acham?

- Se for verdade, devem alienígenas que gostam de feijão - comentou Jorjão - Ou talvez tenha acabado o feijão no planeta deles e vieram para a Terra saquear o nosso e...não, isso não! 

- Precisaria de mais evidências para afirmar alguma coisa - disse Karina - Sem uma foto ou um vídeo, seu relato é apenas subjetivo.

  Compartilho da opinião dela. Certeza de que deve ser fruto da imaginação fértil dele...além disso, Wilson não é a pessoa mais normal do mundo.

- Eu sei, mas não tive como tirar uma foto ou gravar nada - lamentou Wilson - Mas eu sei que meu relato não será em vão!

 E essa é a hora que eu começo a pressentir o perigo e o caos...

- No que está pensando? - perguntou Demi, inocentemente.

- Vou narrar minha observação de maneira pública! Amigos, vamos montar nosso próprio evento de ufologia!

 Agora eu posso dizer que o semestre realmente começou...ai, ai.

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(*) = Em ufologia, usa-se a escala de Hynek para classificar os relatos de terrestres com extraterrestres. Primeiro grau para avistamento de OVNI, segundo grau para algum outro efeito sensível ao avistar o OVNI (como sentir o calor da radiação), terceiro grau para quem viu um ser alienígena, quarto grau para abduções e assim vai, quanto maior o contato com os seres alienígenas, maior o grau na escala.


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Notas finais do capítulo

Só pra constar...essa história já tem mais de 400 reviews! Uhuu! o/o/o/

Será que chegamos aos 500? Se surgir mais uma pessoa que leia todos os capítulos e comente em quase todos é bem possível! Sonhar não custa, né?

Até o próximo!