This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 145
Capítulo 145




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Capítulo 145 - Operação cupido..ou algo parecido!

  Uma simples sugestão de que nosso professor de sociologia Denis e nossa enfermeira substituta Carol pudessem ficar juntos pareceu ter dado uma ideia para Wilson...algo inesperado, no mínimo.

- Ai, vamos, vamos sim! - concordou Demi - O professor merece!

- Ei, espera aí - interrompi - Você quer mesmo fazer isso?

- Sim - respondeu Wilson - O que tem de errado?

- Não faz muito o seu estilo ajudar pessoas sem benefício nenhum em troca - falei - No que está pensando?

- Ora, Daniel. Está dizendo que não posso torcer pela felicidade de nossas autoridades escolares?

- Claro que pode...se eu não te conhecesse.

- Saiba que estou pensando no bem-estar deles - disse Wilson - Além disso...

 Ahah! Ali estava um "além disso"

- Além disso, se conseguirmos unir dois jovens pombinhos apaixonados...podemos criar nossa própria agência de encontros! - disse ele, agora com os olhos praticamente queimando de entusiasmo. É, esse era o Wilson que conhecíamos.

- Será que vão mesmo precisar da nossa ajuda? - comentou Jorjão - Eles já parecem estar se dando muito bem sozinhos.

 Olhando para a mesa dos professores, víamos os dois conversando animadamente. Resolvemos nos aproximar discretamente (o máximo de discrição que Wilson conseguiria) para ouvir o que eles estavam dizendo, mas a enfermeira Carol já havia terminado o seu café antes mesmo de chegarmos lá.

- Bem, preciso voltar para a enfermaria - disse Carol, sorrindo - Não sei porque, mas vários alunos apareceram hoje, bem mais do que eu esperava. As crianças daqui se machucam tanto assim?

- Normalmente não - respondeu Denis - Talvez seja um fato inédito...algum fenômeno social novo, quem sabe...

- Ah, é, você é professor de sociologia, né? Hehe. De qualquer modo, estou indo. Até mais.

- Até - despediu-se o professor, para depois terminar de comer seu pão de queijo tranquilamente. Nós observávamos toda a cena ali perto, sem tentar chamar muito a atenção, mas tentando ouvir o máximo que diziam.

- Pela leitura labial que eu fiz - disse Wilson - Eles apenas se despediram, sem sequer trocarem telefones.

- Talvez tenha sido apenas uma conversa amigável entre colegas de trabalho - falei, embora soubesse que Wilson não desse ouvidos a explicações tão óbvias.

- Ora, Daniel. Você é muito precipitado. Precisa ler nas entrelinhas - disse ele, com o jeito de uma pessoa muito experiente no assunto (embora o fato de que Wilson era apaixonado pela minha irmã seja algo que eu não queira lembrar) - Está na cara que os dois foram feitos uns para o outro.

 Na cara de quem? Só se for na cabeça dele!

- Os dois precisariam se encontrar, não acham? - comentou Demi.

- E aí que a agência de encontros faz a sua parte - disse Wilson, realmente empolgado - Vamos juntar os dois secretamente e no fim revelar que nós fomos os responsáveis pela união. Carol e Denis irão nos agradecer.

- Isso não tá me cheirando bem... - balbuciei.

- Ei, nem vem. Eu não fiz nada - reclamou Jorjão.

- Não estou falando disso! Estou dizendo que isso com certeza vai dar alguma encrenca!

- Que encrenca, Daniel? Já temos experiência com união de casais. Lembra que quase juntamos o Abel como a Beterraba?

 Preferia não me lembrar daquela noite horrível amarrado no pilar de um boteco de esquina vagabundo por termos fracassado lamentavelmente naquela missão. É...quase conseguir é muito diferente de conseguir. Falo isso por experiência própria.

- E como você pretende juntar os dois? - perguntei, esperando alguma ideia maluca.

- É simples. Basta fazermos um convidar o outro para sair - disse Wilson.

- Mas o professor Denis parece ser do tipo tímido - argumentou Demi - Não vai fazer isso tão fácil.

- Heh! Não poderemos montar uma agência de união de casais se não passarmos por esse tipo de problema - falou nosso animado líder - Basta mandarmos um bilhete para cada um, pedindo para se encontrarem na hora do almoço. Eles não precisam nem saber como o bilhete chegou, só precisam pensar que um mandou para o outro.

- Você acha que duas pessoas adultas cairão nessa? - falei.

- Acho que pode dar certo - falou Demi, otimista como sempre.

- Sim, o amor está no ar - falou Wilson - Por falar nisso...como vai a sua irmã, Daniel?

- Vamos mudar de assunto... - reclamei.

 Bom, como eu não tinha muita escolha a não ser seguir o fluxo, a gangue fez seu trabalho de cupido. Um bilhete deixado na enfermaria de modo sorrateiro (enquanto a pobre Carol continuava a cuidar de aluno fingindo dor de cabeça para ganhar um agradinho da enfermeira) e outro deixado sorrateiramente no armário do professor Denis, na sala dos professores (nada que uma desculpa da Demi sobre tirar uma dúvida de matemática não resolvesse para distrair o único docente na sala, enquanto Karina colocava o bilhete). Primeiro passo, feito. Antes que o sinal de fim o intervalo tocasse, cada um deles já havia recebido seu bilhetinho.

- Ainda bem que Karina consegue fazer letras diferentes. Isso elimina as suspeitas - comentou Wilson.

- Acha mesmo que eles vão cair nesse truque velho? - indaguei - Ninguém seria tão ingênuo!

- Se não der certo...pensamos em outra coisa.

 Isso nunca daria certo. Quando duas pessoas, adultas, crescidas e vacinadas, se deixariam levar por dois bilhetes simplórios, marcando um encontro no horário do almoço? Nem na Megatec isso aconteceria!

- Daniel, Daniel..é o professor Denis - disse Wilson baixinho, enquanto saíamos da sala no final da aula.

- E?

- Como "e"? Ele vai se encontrar com a enfermeira! É claro!

- Duvido - falei - Melhor pensar em outra coisa.

- Será? Vamos atrás dele..

- Mas justo na hora do almoço? - perguntou Jorjão.

- Você não vai morrer se almoçar dez minutinhos mais tarde - reclamou Wilson - Vamos logo antes que a gente o perca de vista.

 E assim o fizemos. Jorjão, Wilson e eu seguimos o professor até o pátio, onde, para minha surpresa, a enfermeira também estava lá.

- Olá, enfermeira - disse Denis, sorrindo - Tudo bem?

- Oi - disse ela, timidamente - Recebi o seu bilhete.

- Heh! Na mosca! - falou Wilson, com um sorriso de satisfação - Somos mesmo bons em juntar casais.

- Impossível - comentei - Eles realmente acharam que o outro escreveu o bilhete?

 Podíamos ouvir mais ou menos a conversa dos dois.

- Meu bilhete? - perguntou Denis - Mas não foi você que mandou um bilhete?

- Hã? Eu? Não...foi você que mandou este bilhete? - falou Carol, mostrando o bilhete que recebeu.

 Os dois mostraram as mensagens que cada um recebeu e caíram na risada.

- Não acredito. Acho que alguém nos enganou - disse ele.

- Pois é...que engraçado - disse ela.

 Claro que eles perceberiam isso na hora. Mas Wilson também previu isso.

- Eles descobriram a armação, mas isso não importa - falou Wilson - Isso quebrou o gelo entre eles e agora vão marcar um encontro de verdade.

- Mas...bem.... - Denis parecia meio vermelho - ...talvez a gente possa almoçar juntos.

- Claro - disse Carol - Eu não tenho companhia para o almoço mesmo.

- Tem um restaurante bom aqui perto - falou Denis - A gente pode ir lá...

- Sério? Então vamos - disse a enfermeira, com um belo sorriso no rosto.

 Eles saíram juntos, embora não de mãos dadas. De qualquer forma, agora era com o Denis. Não tínhamos mais nada a ver com isso.

- Heh! Somos mesmo bons cupidos, não acha? - falou Wilson - Essa experiência valeu a pena.

- Mas nada garante que eles vão ficar juntos - completei.

- Ora, com um almoço romântico você tem um clima perfeito para engatar um romance, Daniel.

 Clima perfeito? Com salário de professor e enfermeira aqueles dois no máximo iriam no self-service da esquina, dividiriam um refrigerante 600ml e estariam acompanhados de um tiozão guloso na mesa do lado que sempre pega a batata-frita.

- Bom, agora podemos organizar mesmo um negócio de união de casais. Vamos dominar o mercado romântico - falou Wilson.

- Existe um mercado romântico? - perguntei.

- Nesse mundo capitalista, tudo é mercado - respondeu Wilson, embora assim que tenha virado as costas já tenha dado de cara com um problema.

- Então...foram vocês que escreveram aquele bilhete? - perguntou a professora Joseane com uma cara não muito boazinha - Bom saber disso..

- P-Professora? - gaguejou Wilson.

 E agora? O que ela queria de gente?


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