This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 142
Capítulo 142




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/95454/chapter/142

Capítulo 142 - O terror da enfermaria

- E-Enfermaria?! - agora foi Jorjão que gaguejou ao ouvir o nome - E-esperem...não é tão grave assim! Hehe! Aaii!

- Pelos seus gemidos...parece que está incomodando sim - comentou Demi - Vamos logo para essa enfermaria! É no corredor perto das quadras, não é, Karina?

 Karina confirmou com a cabeça. Entretanto, tanto Wilson quanto Jorjão não pareciam estar gostando muito da ideia de se aproximar daquele lugar.

- Espere um pouco...podemos resolver esse problema procurando algum remédio - falou Wilson - Ainda falta uns dez minutos até as aulas começarem. Posso ir até à farmácia mais próxima e pedir alguma coisa para o estômago. É estômago o seu problema, não é, Jorjão?

- Sem auto-medicação - reclamou Demi, em um momento de espírito maternal que a tornava ainda mais fofa - E além disso, a farmácia mais próxima é a da própria enfermaria. Ora, o que tem demais em ir lá? O máximo que ela vai fazer é indicar alguma medicação ou chamar os pais do Jorjão!

 Mas Wilson e Jorjão se entreolharam de forma desconfortável. Karina parecia compreender o receio deles. Tá legal, quem é que vai explicar essa conversa interna de veteranos, heim? Karina...estou esperando uma explicação.

- Talvez...a dona Amarules não tenha causado uma boa impressão neles - disse a baixinha, da maneira estoica e sem muita expressão de sempre.

- Presumo que "dona Amarules" seja a enfermeira - comentei.

- Ela não é só uma enfermeira...ela é uma enfermeira...diferente... - falou Wilson, em um tom nervoso e tenso.

- Explique-se melhor - falei.

- Bem...tudo começou, quando Jorjão e eu estávamos na segunda série do primário - disse Wilson, olhando de canto para cima.

- Ei, para onde você está olhando? - perguntou Demi.

- É só para dramatizar o flashback - respondeu ele. Tá bom, vamos para o flashback..

* Flashback do ponto de vista de Wilson *

 Tudo começou em uma aula de Educação Física, quando Jorjão e eu fomos obrigados a jogar queimada, um dos esportes mais cruéis e violentos já criados pelo homem, talvez perdendo apenas para o futebol americano, mas enfim...esporte e violência sempre andaram juntos. Na queimada, como vocês sabem, você deve atingir os membros da equipe adversária com boladas e eliminá-los pouco a pouco. Uma verdadeira guerra de monstruosidade. E eu vi os horrores da guerra com meus próprios olhos! 

- Hehehe! - riu um dos jogadores da equipe adversária, segurando aquela terrível bola vermelha nas mãos e pronto para atingir um de nós, pobres pessoas desprovidas de habilidade física - Agora esse gordinho vai ter o que merece!

 O moleque atirou a bola na nossa direção (eu estava perto de Jorjão). Eu, por graça do destino, consegui fugir, mas Jorjão não teve a mesma sorte. Ele levou uma bela bolada no nariz que iniciou um sangramento. O professor Jubal interrompeu a partida e pediu que Jorjão fosse para a enfermaria. Aproveitando a deixa e oportunidade para matar a aula de Educação Física, falei que Jorjão poderia ter algum desmaio no caminho e me ofereci para acompanhá-lo.

  Era uma missão simples. A enfermaria era próxima da quadra e raramente utilizada. Na verdade, ela havia sido implantada há poucos dias e ninguém sabia o que tinha lá dentro. Jorjão e eu seríamos os primeiros alunos a conhecer a enfermeira do colégio. Chegamos próximos à porta e batemos na parte de cima (era daquelas portas com uma parte de cima e uma parte de baixo). Enquanto Jorjão segurava o sangramento do nariz, aguardávamos a chegada da responsável pela enfermaria. Sim, eu me lembro desse dia como se fosse hoje. Dona Amarules, a enfermeira, abriu a parte de cima da porta e se revelou a nós. Era uma senhora que devia ter seus cinquenta e poucos anos.

- Bom dia - disse ela, em uma voz não muito bem-humorada - O que vocês querem?

  Sempre costumo ser simpático com pessoas, mesmo que elas não estejam nos melhores dias. Apesar de quase sempre receber uma resposta mal-educada de pessoas como a cozinheira do colégio ou a tia da limpeza eu mantenho o bom humor. Mas daquela vez, eu não pude segurar meu espanto.

- O que aconteceu? - a enfermeira tornou a perguntar o motivo de estarmos ali. Mas nem Jorjão e nem eu conseguíamos tirar nossos olhos daquela visão. Era algo grotesco, mas chocante. Dona Amarules tinha uma verruga no canto do nariz...mas não era uma verruga qualquer. Tinha um pelinho encravado junto daquela verruga (não me pergunte como ele foi parar ali). E a pior parte é que ela tinha mania de ficar mexendo naquele pelinho enquanto conversava com a gente. Aflição era pouco para o que sentíamos.

- O...meu...amigo aqui - balbuciei, apontando para Jorjão.

- Ah, nariz sangrando? Espera aí...eu já dou um jeito nisso! - falou Amarules, sem cerimônia. Ela puxou Jorjão para dentro e preparou alguns curativos. Não demorou nem cinco minutos, mas saímos de lá assustados e traumatizados. Após darmos alguns passos de distância em relação à enfermaria, olhei para Jorjão e disse:

- Vamos rezar para que nunca mais precisemos entrar ali.

 Jorjão concordou e evitamos ao máximo retornar à enfermaria. Outros alunos já tiveram a terrível experiência de passar por lá e todos não conseguem tirar o pelo da verruga dela da memória. Uma cena daquelas ficaria marcada nas lembranças de qualquer pessoa!

* Fim do flashback *

- E é por isso que não quero ir lá, entenderam? - falou Wilson - De vez em quando ainda tenho pesadelos com aquela verruga...

- Isso é verdade, Karina? - perguntou Demi.

- Nunca fui à enfermaria, mas pelas estatísticas da escola, a enfermaria é um dos locais mais temidos pelos alunos - confirmou Karina - No entanto, estamos em uma situação de emergência.

- Ai, ai, calma...eu aguento...é só uma dorzinha - falou Jorjão.

 Não sei o que comentar dessa história, mas se tem um lugar que até o Wilson acha estranho, então eu não tenho a menor curiosidade de saber como é. Infelizmente, nossa mamãe Demi estava disposta a superar esses obstáculos pelo bem do estômago de Jorjão.

- Que bobagem - disse Demi - Vai deixar de procurar ajuda de um profissional por nojinho de uma verruga? Aposto que essa dona Amarules deve ser uma senhora super simpática que só está cansada dos anos de trabalho. Todo mundo tem um lado amigável. Vamos lá, eu acompanho vocês!

 Todo mundo tem um lado amigável, é? Sei. Mas eu não estava com a menor vontade de ver um pelo encravado em uma verruga e muito menos de ver a dona da verruga mexendo nesse pelo toda hora. Só de imaginar a cena narrada por Wilson meu senso de asco foi ativado. Será que nada naquela escola podia ser normal? Mesmo assim, Demi insistia.

- Vem, Jorjão, vem - disse ela - O sinal já vai tocar.

 Fazer o quê? E lá fomos nós, prontos para encarar a visão infernal que Wilson e Jorjão tanto temiam. Demi assumiu a frente, enquanto Wilson já fechava seus olhos. A garota bateu na porta, mas não obteve nenhuma resposta. Motivo suficiente para Jorjão desistir.

- Viu só, não tem ninguém - disse ele, segurando a barriga por conta da dor de estômago - Vamos embora!

- Espera...vem vindo alguém - falou Demi, ao ouvir alguns passos. Wilson engoliu seco. Jorjão também tremia. Eu estava pronto para desviar o olhar e evitar ter contato visual com a tal enfermeira estranha. No entanto, a pessoa que atendeu não parecia nada de acordo com a história de Wilson.

- Bom dia - disse uma mocinha de cabelos negros lisos e sorriso simpático - Aconteceu alguma coisa?

- Olá - cumprimentou Demi.

 Wilson e Jorjão se espantaram. Aquela não era a dona Amarules, era?

- Dona...Amarules? - perguntou Wilson - A senhora fez plástica?

- Oh, não. HIhihi - riu a mocinha - Eu não sou a dona Amarules. Ela teve alguns problemas de saúde e teve que se afastar da enfermaria por alguns dias. Eu sou a Carol, enfermeira substituta.

 Pelo sorriso lindo e sem nenhuma verruga no rosto, a imagem de Carol me deixou aliviado. Acho que agora estava tudo bem. Pelo menos era o que eu achava...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!