Capítulo 133 - Aliança explosiva

  E lá estávamos nós, na excursão escolar no parque ecológico artístico, participando de uma caça ao tesouro estranha, cujo tesouro não tínhamos a menor noção do que poderia ser. Mesmo assim, já que é para vencer, Wilson estava dentro. Não só ele, como seu grande rival Cássio, que também estava na excursão e chegou ao local da primeira pista junto com a gente. O problema é que a primeira pista estava bem no topo da árvore. Como iríamos pegá-la?

- Caraca...como eles conseguiram colocar o papel lá em cima? - perguntou Demi.

- Bom, se conseguiram colocar, deve ter um jeito de tirar - comentou Wilson - Nós vamos pensar em um jeito.

- É verdade...eles devem ter conseguido colocar de algum jeito - comentou Karina - Talvez o Montanha saiba como escalar árvores. 

- Bom, ele é alto, mas nem tanto - comentei - Talvez tenham usado uma corda, uma escada ou algo assim.

- O importante não é saber como colocaram, mas saber como tirar - falou Cássio - E eu vou descobrir antes que se deem conta.

- Hã? - estranhou Demi - Já sabe como tirar a pista lá de cima?

- Claro. Ainda bem que sou prevenido e trouxe minha caderneta de bolso e caneta - disse ele.

- Bah! Grande coisa - ralhou Wilson - Eu também tenho minha caderneta de bolso e minha caneta inseparável.

 É verdade. Wilson sempre andava com uma caneta. Tudo bem que estávamos em uma excursão e não precisávamos escrever nada, mas, bem, era o Wilson. E era o Cássio. Não demorou muito para os dois começarem a traçar suas ideias no papel.

- Muito bem - disse Wilson - Se acharmos uma pedra ou algo assim e atirarmos na direção da árvore com o ângulo de lançamento preciso, ela atingirá o papel e derrubará a pista. Só precisamos calcular exatamente as componentes vertical e horizontal da velocidade de lançamento da pedra e...

- Muito lento - falou Cássio - Eu já estimei a altura da árvore e a velocidade de lançamento da pedra. Finalmente estou um passo à sua frente, Wilson!

- Ora...tsc. Não percam tempo, gente. Achem uma pedra antes dele! - exclamou Wilson.

- Pedra..pedra - Demi começou a procurar, juntamente com Jorjão.

- Ei, não pensem que vão me passar a perna - reclamou Cássio - Eu vou achar uma pedra muito antes de vocês!

- Enquanto isso eu apresso os cálculos...ai, ai - Wilson começou a escrever de forma mais frenética. Sinceramente, acho que poucas pessoas pensariam em calcular o lançamento oblíquo de uma pedra para pegar a pista do topo da árvore. Sendo assim, resolvi aderir a um método mais primitivo, porém útil. Eu me aproximei da árvore e comecei a agitá-la.

- O que está fazendo, Daniel? - perguntou Wilson.

- Balançando a árvore - respondi. Não demorou muito para a folha da pista cair nas mãos de Karina. É. Havíamos conseguido.

- Uau! Balançar a árvore! Que ideia fantástica! Você é mesmo um gênio, Daniel! - elogiou Wilson. 

  Genialidade é uma coisa muito estranha mesmo...como aqueles dois cérebros ambulantes pensam em tudo menos em balançar a árvore? Seja como for, tínhamos a segunda pista. Karina leu claramente:

- Estou cercada de rosas.

- Cercada de rosas? - perguntou Demi - Deve ser em algum jardim de rosas por aqui.

- Sério? Não me diga - ironizou Cássio - Então é para lá que estou indo!

 Cássio começou a correr. Infelizmente, essa é a parte que não éramos muito bons.

- Ah, não! Não vai chegar lá antes da gente! - reclamou Wilson - Vambora, galera. Vamos atrás dele!

- Ah, não, correr não! - reclamei, mas já estávamos indo atrás dele. No meio do caminho, encontramos alguns alunos aleatórios também procurando pela primeira pista e vindo do lugar onde estávamos nos dirigindo.

- Já acharam a primeira pista? - perguntou um deles.

- Não - disse Karina - Não sabemos onde fica a árvore mais alta.

- Ah, tá - falou um deles, certamente pensando que éramos burros e que não iríamos encontrar nada no lado de onde eles estavam voltando. Karina blefava bem.

- Sempre espertinha, heim? - comentei, mas ela não disse nada. De qualquer maneira, estávamos quase alcançando Cássio, quando ele parou, próximo ao campo de rosas. E qual não foi nossa surpresa ao ver que ele não estava sozinho?

- Ora, ora, bem-vindos, meus amores - disse Patrícia, que havia chegado ao campo de rosas primeiro.

- Patrícia?! - todos exclamamos - Como você?!

- Bom, eu sou muito viva. Assim que vi um pedaço de papel no meio de todas essas rosas lindas, só pude concluir que era uma das pistas.

 Olhamos para o lado e vimos as amigas dela um tanto quanto...arranhadas.

- Podemos passar na enfermaria agora, Paty? - disse uma delas.

- A gente se arranhou muito nesses espinhos. Ai, minha pele vai ficar marcada - disse a outra.

- Oh, claro, claro, queridas - disse Patrícia - Vocês foram de grande ajuda! Mas vocês sabem, não podia arriscar minha pele de pêssego no meio de tantos espinhos. Tenho certeza que a vida irá recompensá-las por sua grande ajuda.

- Você não disse que ia nos comprar aqueles pares de sapatos novos? - perguntou uma delas.

- Ah, sim, sim, claro - sorriu Patrícia, obviamente se esquecendo da própria promessa - Vou mandar entregar na casa de vocês. Thank you!

- Não acredito nisso - reclamou Demi - Deixou suas próprias amigas passarem por isso só por vaidade? Como você é má!

- Ah, santa..desculpe se posso fazer isso - disse Patrícia - Mas o importante é que tenho a segunda pista em mãos. E ela é só minha!

- Tsc...tudo bem. É só procurarmos mais folhas de papel espalhadas por aí e... - mas Wilson foi interrompido pela risadinha de Patrícia.

- O que foi? - estranhou ele - Do que está rindo?

- Desculpe, querido - disse ela - But...vocês vão se sacrificar à toa.

- Como assim? - perguntou Cássio.

- Na verdade, eu estou disposta a fazer uma parceria. Já que...a próxima pista está em um lugar bem perigoso..e as frescas das minhas amigas não podem mais me acompanhar.

 Ela não tinha muita moral para chamar as colegas de frescas, mas tudo bem...o que será que ela estava planejando?

- Fazer parceria com você nunca é bom negócio - rebateu Demi.

- Não precisa ser com vocês...sei que o Cássio não se dá muito bem com sua turma. Se só ele quiser se juntar a mim...já tá mais do que bom.

- O quê?! Cássio? Vai deixar seu orgulho de lado assim? - perguntou Wilson.

 Cássio começou a ficar pensativo.

- Se o prêmio for bom, você só precisará dividir com uma pessoa. Euzinha aqui - disse Patrícia - Além disso, posso pagar a mais pelo serviço.

- Sempre comprando os outros. Tsc - reclamei.

- Mas ver a cara de perdedor de vocês não tem preço - disse ela - Topa ou não topa, Cássio?

- Bom... - Cássio ponderou um pouco, mas finalmente respondeu - Se for para derrotar vocês, aceito fazer parceria com a garota.

- Isso! Sabia que você era inteligente! - disse a loirinha - Agora..vamos correr para o lugar da terceira pista. É tão escondido que ninguém vai achar antes da gente!

- Ei, isso não é justo! - reclamou Demi.

- Ah, minha querida, as únicas pistas que eu tenho para você são as palavras hidratante e esfoliante. Passar bem, honey! Uhuhuhuhuhuhu! - e a loirinha continuou em disparada, apenas gargalhando maleficamente.

- Ela é irritante! - disse Demi, com raiva - Agora é que nunca vamos chegar na frente?

- O único jeito - disse Karina - É encontrarmos alguma outra pista antes deles.

- É verdade - falei - Não precisamos achar todas as pistas necessariamente em ordem, precisamos?

- O problema é...onde vamos achar as outras pistas sem dicas das outras pistas? - perguntou Wilson.

 Todos cruzamos os braços e suspiramos (com exceção de Karina, que se mantinha séria como sempre). É. Parece que chegou o momento de aceitarmos nossa derrota. Aquela caça ao tesouro acabaria mesmo daquele jeito?