This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 130
Capítulo 130




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Capítulo 130 - Confusões no ônibus

  Como eu poderia me esquecer de que a Emília também viria para o passeio? E, claro, ela não podia perder a possibilidade de sentar ao meu lado. Ou melhor, de me puxar para sentar ao lado dela.

- Ai, que emoção! Sentar do seu lado na ida e na volta vai ser demais! - disse ela.

- C-Como sabia que estaria nesse ônibus? - perguntei.

- Eu vi que você estava resolvendo umas coisas lá fora e deduzi que subiria nesse ônibus por ser o mais próximo de onde você estava. Ou talvez tenha sido minhas vibrações positivas....quem sabe?

  Aquela menina me dava medo. De verdade. Mas agora não tinha como fugir. O único jeito seria tentar sentar ao lado da Demi na volta, mas não sei se a Emília me deixaria em paz até lá.

- Olha, olha, eu trouxe uns sanduíches de ricota - disse ela, tirando um pote quadrado de plástico com dois sanduíches embrulhados em papel alumínio.

- Ricota? 

- Sim. É saudável...e faz a sua aura brilhar mais! - disse ela em tom esotérico.

- E-Espera aí...não quero que minha aura brilhe mais do que já brilha.

- Vai, abre a boquinha, abre.

- E-Espera!

- O Daniel parece estar se divertindo - deu para ouvir Demi comentando dos lugares de trás.

- Eu diria que ele está em um momento de tensão - comentou Karina.

- Aê! A primeira excursão da nossa gangue! - falou Wilson, empolgado como sempre na poltrona de trás junto com Jorjão - Ô, motorista, pode correr! A NERD não tem medo de morrer!

- Cala a boca, Wilson! - gritou alguém (certamente o Dimas) lá do fundo, atirando alguma bola de papel na cabeça do pobre e animado Wilson - A gente tá tentando dormir aqui!

- Dormir? - estranhou Wilson - Dormir numa viagem de excursão?

- Hoje em dia ninguém mais dorme bem...até a criançada tá dormindo tarde demais - comentou Demi, que estava na poltrona ao lado.

- Tsc. Que desanimado - reclamou Wilson.

- A gente já chegou? - perguntou Jorjão.

- A gente nem saiu da escola, Jorjão - respondeu Wilson.

  Enquanto o resto da gangue estava se divertindo ali atrás, eu estava em apuros tentando escapar do tratamento especial de Emília.

- Vai...abre...eu fiz especialmente para você! - disse ela - Vai, diga "aaaah".

- Eu não tô com fome! Sério! - falei.

- Aaah..que pena - disse ela - Queria compartilhar o sanduíche com você...imagino você comendo de um lado, eu do outro, daí vamos comendo, comendo e quando chegar no meio...

- Chega! Não precisa continuar essa imagem! - falei, agitando os braços e sacudindo a cabeça para tirar aquela cena da minha imaginação. Já vi que seria mesmo uma longa viagem.

- Ei, se é sanduíche, pode passar pra mim que eu quero! - falou Jorjão, da poltrona de trás.

- Não - retrucou Emília - Esse é do Danzinho! Vai procurar seu próprio sanduíche, vai!

- Regulada - reclamou Jorjão. Como eu disse e repito, será uma longa viagem. Podemos ir logo? Autorização quase perdida, tensão, sentar ao lado da Emília...o que mais poderia acontecer? E, claro, que esse é o tipo de pergunta que você nunca deve fazer...

- Gente, gente! Fiquem em silêncio um pouquinho! - disse a professora Vitória, chamando a atenção. Embora todo mundo tivesse se acomodado mais para dormir do que para conversar, ainda tinha um ou outro fazendo bagunça. Mas tudo bem. Ela iria dar as instruções básicas antes da viagem e depois iríamos partir. Simples.

- Pode falar, professora - disse Wilson, sem perder o pique.

- Na verdade, só queria dizer para não colocarem a cabeça para fora da janela e...ah, sim, apresentar a vocês os monitores desse ônibus - continuou a professora.

- Monitores? - perguntou Demi - Como assim monitores?

- Bem, é que só eu e uma outra professora iniciante estávamos disponíveis para orientar o passeio. Daí ficou faltando alguém para tomar conta desse ônibus...por sorte, encontramos alguns alunos do Ensino Médio que  adoram crianças e se ofereceram de boa vontade para ajudar na monitoria de vocês!

- Vai mandar alunos de Ensino Médio tomar conta da gente? - perguntei - Não é meio...irresponsável?

- Bom, o nosso orçamento não cobriu monitores de verdade. Mas não se preocupem. Eles já tem experiências com trabalhos que exigem responsabilidade. Além disso, é um grupo de alunos, então um pode ajudar o outro. Ei, pessoal, podem subir.

  E eis que os nossos monitores aparecem. Ainda bem que não estava comendo o sanduíche que a Emília me ofereceu ou eu jogaria tudo para fora.

- Ah, não! Eles não! - lamentei, praticamente me derretendo poltrona abaixo.

- E aí, galerinha? Tudo bem? - disse Jonathan, com uma cara cínica (e eu acrescentaria malvada).

- São seus monitores...Jonathan, Deisy, Roberto e...como é mesmo o seu nome?

- Normalmente me chamam de Montanha - respondeu ele.

- Tá, tudo bem - aceitou a professora - Obedeçam os monitores direitinho, tá bom? Nos encontramos no parque. Até mais!

  E ela saiu do ônibus nos deixando a mercê dos piores monitores que poderiam existir em toda a história das monitorias de excursão. 

- Ai, é o Beto - disseram uma das meninas, ao que o próprio Beto sorriu ao ouvir - Aaaaaah! - gritaram elas, encantadas. Tsc, garotas. Já minha preocupação era com nossa segurança mesmo. Estávamos perdidos com caras como aqueles como nossos monitores.

- Jonathan! O que você tá fazendo aqui? - perguntou Wilson, cujo sorriso desapareceu do rosto por alguns instantes, dando lugar a uma expressão mais tensa (com razão).

- Ora, ora, se não é o nosso velho amigo, Wilson? - disse Jonathan, com um sorriso maléfico na cara - Como vai?

- Não tão bem quanto estava...

- Qual é? Vamos nos divertir, afinal é uma excursão escolar. Nós adoramos excursões. 

- E além disso perderíamos aula com falta justificada se aceitássemos esse trabalho - falou Montanha.

- É...tinha isso também - concordou Jonathan.

- Vai avacalhar com a nossa viagem, não vai? - perguntou Wilson.

- Nós? Nunca - falou Jonathan - Pelo contrário, vamos nos divertir bastante! Aí, motorista, pode partir!

 Agora já era. Não dava mais tempo de chamar minha mãe para me levar de volta para casa. O ônibus saiu e estávamos ali, à mercê daqueles psicopatas. Sem contar que do meu lado tinha uma louca ainda pior.

- Ui. Se o ônibus frear de repente você me segura né, Danzinho? - perguntou Emília.

- Não sei nem se eu vou conseguir me segurar - falei.

- Aí, Jonathan! - gritou Deisy do fundo - Tem gente dormindo aqui no fundo!

- O quê?! - falou Jonathan - Ah, isso não pode ficar assim! Montanha! Pega o bumbo!

 E, de fato, ele levava consigo um tipo de tambor. Imediatamente começou a bater, fazendo um barulho insuportável.

- Se eu não durmo ninguém dorme, se eu não durmo, ninguém dorme! - os monitores começaram a cantar, afastando a ideia dos alunos que dormiram tarde na noite anterior tirarem uma pestana. Para Wilson até que isso foi bom.

- Ah, pelo menos  eles vão animar isso aqui um pouco! - falou ele.

- A gente já chegou? - perguntou Jorjão.

- Acabamos de partir! - falou Wilson.

- Hehe! É isso aí, vamos animar isso aqui, galera! - falou Jonathan - Que tal fazermos alguma brincadeira?

- Tá legal. O que vocês tem? - perguntou Wilson desafiador. Jonathan olhou para seus comparsas, que retribuíram com um olhar ainda mais malvado. Eu já podia prever a resposta deles. Não seria falada, e sim cantada. A canção da brincadeira mais temível dos passeios escolares. 

- O Wilson roubou pão na casa do João...O Wilson roubou pão na casa do João.. - os monitores começaram a cantar. Sim. A clássica e terrível brincadeira do fulano roubou pão na casa do João. A parte mais terrível dessa brincadeira era acusar outra pessoa. Ou seja, passar o mico para outra pessoa. No caso, se Wilson acusasse Jonathan, ele logo passaria para outra pessoa da nossa gangue, mas quem disse que dava para pensar friamente naquela situação? Era preciso ser rápido...

- Quem eu? - respondeu Wilson.

- Você! - gritaram eles.

- Eu não..

- Então quem foi.

- Foi o Daniel!

- QUÊ?! - falei.

- O Daniel roubou pão na casa do João...

- Foi mal, cara. Mas foi o primeiro nome que me veio a cabeça. Pode me acusar de novo na próxima.

- Não posso - respondi - É a regra básico de roubou pão na casa do João. Preciso acusar outra pessoa.

- Mas anda rápido.

- Quem eu? - falei quando a canção terminou.

-Você.

- Eu não

- Então quem foi?

 E agora? Eu precisava apontar para alguém, mas não queria que ninguém pagasse mico. Emília olhou para o mim sorrindo. Deveria acusá-la? Era a única pessoa que restava, sim, seria ela mesmo...

- Foi a..

- Demorou demais pra responder! - falou Beto.

- Nesse caso...não sabe, não sabe, vai ter que aprender... - Jonathan puxou a musiquinha da pagação de mico. Nessa hora, todo mundo do ônibus estava cantando junto (com exceção dos membros da NERD e da Emília, que olhavam com pena para minha pobre situação). 

- Ótimo - falei irônico - Demorei demais para responder. 

- Ah, sim, sua punição ainda não acabou - disse Jonathan.

- Como é?

- Deisy...termina com ele.

- Pode deixar - e ela me atacou com sua terrível técnica de cócegas. Havia esquecido do poder dela. Droga. Eu não parava de rir. Depois dessa acusaria qualquer pessoa da próxima vez. E a viagem havia acabado de começar.

- Acabaram com a brincadeira logo no começo, tsc, que droga - reclamou Jonathan.

- E agora? O que a gente faz? - perguntou Montanha.

- Que tal relembrarmos músicas antigas? - sugeriu Beto.

- Grande ideia - falou Jonathan - Achei que demoraria mais para eu usar o violão!

- Com o que podemos começar? Pagode ou sertanejo? - perguntou Beto.

- O que vocês gostam mais? - perguntou Jonathan para Wilson.

- Entre pagode e sertanejo...acho que sertanejo deve ser melhor - falou ele.

- Preferem sertanejo? Ótimo. Beto, canta um pagode aí!

- É pra já

- A gente já chegou? - perguntou Jorjão.

- Infelizmente não - falei ali da frente.

 Mas as meninas adoravam o Beto mesmo ele cantando "barata da vizinha". Como eu disse, seria uma longa viagem. E as confusões só estava começando. Ainda bem que não era uma viagem de muitas horas. Devido a um trânsito inesperado, demoramos umas duas horas e meia para chegar ao local, mas chegamos. Finalmente poderia sair do ônibus.

- A gente já chegou? - perguntou Jorjão.

- Agora sim. Chegamos - falou Wilson.

- Finalmente - falei - Já pode soltar do meu braço, Emília.

 Ela havia adormecido apoiando a cabeça no meu braço.

- Só mais um pouquinho - insistiu ela.

 Tá legal, vamos ver o que esse parque ecológico artístico tem de tão interessante.


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Notas finais do capítulo

"Roubou pão na casa do João" é obrigatório em qualquer excursão escolar. XD
No próximo capítulo, mais confusões no lugar do passeio.
Até lá! ^^