This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 125
Capítulo 125




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Capítulo 125 - Semeando o amor

  Por um lado estou aliviado, por outro estou preocupado. Aliviado por ter escapado de sofrer nas mãos daqueles três trogloditas (se é que alguém ainda usa essa palavra). Mas preocupado porque essa escapada nos custou um certo preço: e esse preço é conquistar a garota por quem Abelardo, o pior deles, está apaixonado. Agora, me explica, como vamos ajeitas as coisas para um cara violento daqueles?

- É, gente..precisamos agir rápido - disse Wilson, durante o intervalo, tentando pensar em alguma solução para nosso problema - Como nos aproximar da tal garota?

- A gente não sabe nem o nome dela e nem em que ano ela estuda - falou Demi - Só sabemos quem é, mas não sabemos mais nada sobre ela.

- Se tivermos sorte dela estar solteira - falei - Vamos ter que dar um jeito dela se encontrar com o Abelardo.

- Bom, se conseguirmos marcar um encontro já será grande coisa - falou Jorjão - Se ele estragar tudo durante o encontro, a culpa não vai ser mais nossa.

- A menos que ele queira descontar na gente - falei - Incrível! A gente só se mete em encrenca! O que vamos fazer?

- Você devia dar alguma ideia, Daniel - comentou Karina - De nós, você é o único que tem mais experiências no campo amoroso.

- Eu? De onde você tirou isso?

- Não é a Emília vindo ali - disse Jorjão.

- Quê?! Digam a ela que eu viajei! - minha reação ao me esconder debaixo do banco foi imediata. Mas Jorjão caiu na risada logo depois.

- Brincadeira.

- Ora, não brinque com essas coisas...e além disso, não tenho nada com a Emília...ela que tem alguma fixação doentia por mim.

- Tá legal, gente, vamos focar no problema - lembrou Wilson - O primeiro passo é nos aproximarmos da moça...conseguindo isso, damos um jeito de levar ela na conversa.

- Temos que agir o quanto antes...se bem que agora só vamos encontrá-la na hora da saída - falou Demi, olhando para seu relógio de pulso. O tempo nunca fica do nosso lado quando precisamos dele.

- Tá legal. Vamos nos aproximar dela na hora da saída - disse Wilson - Precisamos chegar de forma sutil, sem constrangimentos ou sustos.

 E essa foi a nossa ideia. Todos concordamos em nos aproximar da mocinha alvo sem causar nenhum incômodo, da maneira mais sutil e delicada que conseguíssemos. Sim, sim, muita calma nessa hora. Esse era o plano. Após a aula, ficamos na passagem do portão de saída, aguardando a tal garota aparecer (era sorte que o Ensino Médio tinha uma aula a mais do que a gente, ou correríamos o risco dela sair antes de nós). Quando avistamos ela sair, segurando seus cadernos e cantarolando, todos ficaram atentos. Era hora de agir! Lembre-se do plano: chegar sutilmente, levemente, tranquilamente...

- Moça!  - gritou Wilson atrás dela.

- Aaaaaah! - gritou ela, derrubando todos os cadernos no chão.

 Mais sutil impossível. Bem, pelo menos chegamos nela. Agora era hora de usarmos nossa lábia, ou melhor, do Wilson jogar a lábia dele, afinal, o especialista em enrolação ali era ele.

- Err...desculpa o susto. Jorjão, pode ajudar ela a pegar os cadernos? - disse Wilson.

- Claro - falou Jorjão. Era uma pena que ele estava enganando o estômago comendo um pacote de salgadinho de pururuca um tanto quanto gordurosos, então, não foi uma ideia tão boa assim.

- Não precisa! - disse a garota, ao receber o primeiro caderno de forma oleosa - Eu pego os outros...ai, o que vocês querem? Não conheço vocês de algum lugar?

 Bem, éramos conhecidos como o grupo mais bizarro do colégio, mas pelo que parece ela não era muito ligada aos assuntos do colégio, ou era uma aluna nova daquele ano. Seja como for, acho que nossa aproximação já não começou muito bem (e é claro que eu dou razão para a garota).

- Desculpe o incômodo, senhorita - disse Wilson, já iniciando seu modo enrolador - É que gostaríamos de ter uma conversa séria com você.

- Comigo? O que vocês querem falar comigo?

- Somos os Notórios Estudantes da Revolução Divertida...também conhecidos como a gangue da justiça.

- Gangue? - a cara da garota revelava um estranhamento que qualquer pessoa normal teria ao ouvir aquilo, mas é claro que Wilson não desistiu.

- Calma, calma, somos totalmente da paz, acontece que estamos aqui como mensageiros do amor - disse ele.

- Mensageiros...do amor? - ela estava cada vez mais receosa. Era melhor alguém colocar um pouco de razão naquela história.

- Existe alguém, aluno dessa escola, interessado em você e estamos aqui para falar sobre isso. A ideia é essa - falei. A garota muda um pouco a expressão, agora mais sorridente.

- Ah, sério? - ela realmente parecia feliz - Hmm...interessante.

- Pela sua reação - comentou Demi, também sorrindo - Não tem namorado, né?

- Ah, não. Hihi. Sou solteira - ela tinha ficado mais tímida. E também mais acessível. Acho que agora poderíamos conversar com um pouco mais de calma.

- Err...o seu nome é? - perguntei.

- Elisabeth. Todo mundo me chama de Beth. Algumas amigas me chamam de Beterraba.

 Tive que me segurar para não rir. Beterraba era um apelido terrível. No entanto, ela disse aquilo sem apresentar nenhum constrangimento. Minha impressão (e meu sonho) de finalmente ter conhecido alguém normal naquela escola estava começando a se dissipar.

- Beterraba? Sério? Haha. Legal - disse Wilson - Então...é um cara bem...diferente.

- Mesmo? Como assim diferente?

- Bom - Demi entrou na conversa - É um rapaz forte e...com um gosto musical peculiar.

- Mesmo? Então ele gosta de samba? - disse ela, toda animada.

 Todos nos entreolhamos. Acho que isso seria um problema. Mas...como nossa missão era arranjar um encontro para o Abel e não garantir o casamento dele, acho que não faria mal contar uma leve mentirinha...uma bem leve mesmo...você sabe, há momentos na vida que a verdade precisa ser..err...adiada!

- Claro - disse Wilson - Ele com certeza é um grande fã de grandes nomes do samba brasileiro.

- Sério? Será que ele já foi no show do Jeito Pimpolho?

 Isso deveria ser o nome de algum grupo. Que seja...como precisávamos garantir o encontro.

- Bom...ele com certeza já foi em vários shows.. - disse Wilson, enquanto desviava o olhar e coçava a cabeça.

- Do Jeito Pimpolho? Ou do Curte Samba talvez...se ele segue esse estilo e for uma pessoa interessante...acho que vou gostar de conhecer!

- Mesmo? Tá falando sério mesmo?! - exclamou Wilson, com todo aquele entusiasmo de sempre. 


- Sim! Sim! Estou mesmo precisando conhecer um cara novo! O meu último namorado foi uma decepção! - disse Elisabeth, mostrando um claro ressentimento em sua voz.


- Mesmo? Qual era o problema com ele? - perguntou Demi - Quer dizer...tudo bem se não quiser falar.


- Ah, ele era um cara meio revoltado, estranho. Manja aqueles roqueiros que querem detonar com tudo? Nossa, isso me irritava! 


 Todos nos entreolhamos mais uma vez. Agora, podíamos até ver a gotinha de suor escorrendo pelo rosto de cada um. Posso dizer que, com certeza, a minha gota era a maior de todas, mesmo que eu não estivesse vendo, podia sentir isso.


Eu gosto de pessoas mais tranquilas, que gostem de músicas mais alegres...sabe..eu sou uma pessoa pra cima! Esse cara é bem pra cima, né?


 - C-Claro - gaguejou Wilson - Estamos achando que você encontrou sua alma gêmea. Hehe.

- Ai, gente. Se for verdade, vai ser ótimo. Quando eu posso encontrar com ele? - perguntou Elisabeth.

- Bom, vamos contar as novidades para ele, mas acho que agora ele já foi embora. Se quiser passar seu e-mail para ele se corresponder com você - falou Wilson, já não tão entusiasmado quanto antes.

- Claro! Vou anotar aqui - disse ela, arrancando uma folha do caderno e escrevendo seu e-mail (pelo que eu li, era elisabeterraba@..alguma coisa). 

- Valeu - agradeceu Wilson.

- Ai, ai, tomara que esse cara seja diferente. Se ele for um outro mala...juro que vou ficar muito brava! - enfatizou ela. Todos nós engolimos seco. 

- T-Tenho certeza que você não vai se decepcionar - falou Wilson, realmente nada entusiasmado. Sorte que a Elisabeth não parecia ter uma percepção emocional muito boa.

- Beleza! - falou ela - Vou esperar uma mensagem dele, heim? Falou, gente.

- Tchau, Beterraba..Ops, quer dizer, Elisabeth - despediu-se Jorjão.

- Falou - e a garota foi embora, confiante de que estávamos colocando ela na fita do partido dos sonhos. O problema é que nossa mentirinha nos daria mais trabalho.

- E agora?! - exclamei assim que ela saiu - Tem ideia da situação onde nos metemos? O Abel é justamente o contrário de tudo que ela tá procurando!

- Não precisa se apegar a detalhes, Daniel - falou Wilson - Afinal de contas, nossa missão era armar um encontro para ele e não garantir o sucesso.

- Bom, isso é verdade - reconheci.

- Mas se der errado, quem vai ficar brava é a Beterraba, quer dizer, a Elisabeth - falou Demi.

- É verdade...seria bem melhor para nosso negócio de agência de relacionamentos se o encontro deles desse certo - falou Wilson.

 Como sempre, ele precisava pensar nas próprias ambições primeiro. No meu caso, estava pensando primeiro na minha própria pele, isso sim.

- É melhor avisarmos para o Abel sobre esse probleminha com a Beterraba, digo, Elisabeth - falei - Viu só? Por que ela foi falar aquele apelido? Agora só vou conseguir pensar nela como Beterraba!

- Tá legal, vamos conversar com o Abelardo - falou Wilson - Tenho certeza que vamos dar um jeito nessa confusão.

 Eu espero mesmo que ele esteja certo. Espero muito.


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Notas finais do capítulo

Eu acho que um capítulo extra na semana por conta do feriado merecia um review.
Obrigado por ler. Até ;)



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