This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 124
Capítulo 124




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/95454/chapter/124

Capítulo 124 - Os delinquentes também amam

- Como é que é? Apaixonado? - estranhou Solano - O Abel apaixonado?

- Sim - Karina confirmou com a cabeça - Os sintomas são claros.

 Só recapitulando a situação: graças a uma invenção falha de Wilson acabamos caindo nas garras da gangue de delinquentes amantes de roupas pretas, pulseiras com espinhos, cabelos espetados e pulseiras com espetos. É. Não estávamos em boa companhia. Por outro lado, o líder deles parecia estar com outros interesses além de nos matar, o que nos poderia dar uma breve esperança de sair dali com vida. Será?

- Ô, Abel! Abel! - Murilo, um dos caras do trio, estalava os dedos no ouvido dele e depois começou a balançar a mão nos olhos dele. Foi o suficiente para irritá-lo.

- Quem te deu permissão de atrapalhar minha visão, imbecil? - irritou-se Abelardo, agarrando Murilo pela camiseta.

- Ei, calma, calma, a gente só tava preocupado com você!

- Comigo? Se preocupando comigo por quê?

- Você tá aí, sentado há maior cara, olhando para o nada...mó bizarro, aí! - comentou Solano.

- Eu não tava olhando para o nada...tava olhando...para ela - e ele apontou para uma aluna enquanto suspirava prolongadamente. A mocinha tinha provavelmente quinze anos (devia estar no primeiro ano do ensino médio), conversando com algumas amigas. Ela era relativamente alta (maior do que o Abelardo, claro), cabelos lisos e castanhos, olhos brilhantes e um lindo sorriso. Resumindo: era uma linda garota.

- É mesmo como a Karina disse: ele tá apaixonado - falou Demi.

- Apaixonado? Apaixonado mesmo? - estranhava Solano - Peraí! Tem alguma coisa estranha nessa história!  Pô, Abel, aqui é punk! Rock e metal pesado! Nosso coração bate na sola do pé, rapá! Que história é essa de apaixonado?

 A empolgação de Solano fazendo sinal de mão chifrada e todo aquele discurso forte parecem não ter convencido Abel, que continuava olhando para sua musa inspiradora. Tá. Então quer dizer que até mesmo caras como aqueles tinham algum coração? Talvez ainda haja alguma esperança nesse mundo...eu acho.

- Apaixonado? Bom...eu achava que não, mas...não consigo tirar os olhos dela! - disse Abel, com um olhar cada vez mais distante. 

- Parece que o amor chegou para o Abel, não é? - falou Wilson.

- O que vocês tão fazendo aqui?! - exclamou Abel ao ouvir a voz de Wilson.

- Só agora percebeu que eles apareceram aqui? - falou Murilo, coçando a cabeça - Sinal de que tá mesmo desligado, heim?

- Calma, calma, estamos aqui em paz - disse Wilson - Na verdade, admiramos quando o belo sentimento do amor floresce na coração dos jovens.

- O que é que ele tá falando, heim? - perguntou Murilo.

- Alguma bobagem para tentar enrolar a gente - respondeu Solano.

 E Solano não podia estar mais certo. Quando se fala em enrolar, Wilson é ótimo. E, quando se trata de ideias do Wilson, significa que vai sobrar para a gente. Mas como eu estava querendo sair vivo dali, só me restava torcer para que a enrolação dele desse certo.

- Queremos dizer que damos total apoio ao romance do Abelardo. Afinal, um cara forte e estiloso como ele merece ter ao lado uma bela dama, não concordam? - continuou Wilson, usando e abusando da puxação de saco e cara de pau.

- Acha mesmo que eu tenho chance? - perguntou Abel.

- Se eu acho? Se eu acho? - repetiu Wilson - Eu tenho certeza! Que tipo de garota não gostaria de sair com um cara como você? É só perguntar para as meninas aqui...veja a Demi, nossa Miss Megatec, por exemplo. Ele tem ou não tem chances?

- Err....claro que ele tem o seu charme - falou Demi, medindo bem as palavras.

- Hmm...então, vocês tão me dizendo que ela pode gostar de mim também? - perguntou Abel.

- É claro! Aposto que você tem chances de engatar nesse romance! Manda a ver! - confirmou Wilson, fazendo um enorme sinal de positivo com a mão direita. Abel havia ganhado uma certa confiança. Solano e Murilo apenas olham um para o outro sem acreditar muito.

- E é por isso que vamos deixá-los sossegados para pensar bem em como abordar a gatinha, heim? - piscou Wilson, dando leves cotoveladas no braço de Abel (cara de pau não tem limites) - Galera! Vamos nessa! Eles precisam se dedicar a um plano!

 E já íamos saindo de fininho, com nosso guarda-chuva voador em mãos. Realmente Wilson achava que tinha escapado dessa até que Murilo e Solano bloqueiam nosso caminho. É, parece que a enrolação não foi tão boa assim.

- S-Sim? Desejam mais alguma coisa? - perguntou Wilson.

- Acho que ainda temos umas continhas para acertar, não é? - falou Solano que tinha uma altura no mínimo assustadora, assustadora o suficiente para nos fazer engolir seco.

- É isso aí! - continuou Murilo - Essa guarda-chuvada que vocês nos deram vai sair assim de graça?

- Ah, gente, foi só um acidente - disse Wilson - Acontece nas melhores escolas.

- Ah, é? Ser tacado numa lata de lixo também acontece em muitas escolas - falou Solano, preparando-se para pegar Wilson e atirá-lo na lata mais próxima. 

- Esperem!- gritou Abelardo.

- Opa, foi mal, Abel - disse Solano - Quer ter o prazer de você mesmo jogar? Opa, fica à vontade.

- Não, não é isso - corrigiu Abel - Talvez esse cara possa ser útil.

- Como assim? - perguntou Murilo.

- Ei, baixinho - disse Abel (sem muita moral para falar de altura).

- Eu? - perguntou Wilson, surpreso e ajeitando os óculos. Dava pra ver o suor escorrendo, mas eu não podia falar muito (também estava transpirando bastante).

- Você é um cara inteligente, não é? - perguntou ele.

- Bom, modéstia à parte, tenho algumas habilidades - disse Wilson, agora com uma voz mais confiante. 

- E parece ser bom de conversa também...

- É..tenho algumas habilidades de diálogo. Afinal, é sempre melhor resolver as coisas com diálogo, não acha?

- É. A gente tem nossa própria forma de dialogar! - falou Solano, socando a palma da mão, mas Abel o impediu com o braço.

- Se você é tão bom assim - continuou Abel - Então...deve ser bom em criar um plano para me ajudar a conquistar aquela garota!

 "Como é que é?!", exclamei em pensamento. Ele quer mesmo que a gente arme um esquema para aproximá-lo daquela garota? Como a gente vai vender o peixe de um delinquente daqueles?

- Um plano...de conquista? Tipo..uma operação cupido? - perguntou Jorjão.

- Não sei quem é esse cupido, mas a ideia é vocês me ajudarem a chegar na mina - falou Abel - Se fizerem isso, podemos perdoar essa mancada de vocês.

 E agora? Apanhar ou engatar em outro projeto maluco? Como eu gostava dos meus dentes e não queria voltar para casa fedendo por ter sido jogado na lata de lixo, a segunda opção seria a mais viável. Além disso, já tínhamos uma certa experiência com projetos malucos.

- Mas você com o seu charme natural conseguiria chegar nela sem problemas, não conseguiria? - disse Wilson, ainda tentando enrolar.

- O problema... o problema... - Abel balbuciava, mas acabou falando - O problema é que eu não tenho a menor ideia do que dizer para ela!

 Um delinquente tímido? Certo...tudo é possível. Mas entendo que chegar em uma garota não seja uma missão tão simples assim.

- Mas vai chegar uma hora que você precisará falar com ela - disse Demi - É um momento que só você pode enfrentar.

- Eu sei, mas...se alguém fizesse minha fita pra ela, ficaria mais fácil. Por isso eu preciso de vocês!

- Eles? A gente podia te ajudar, Abel! - falou Solano. Abel olhou para Solano e Murilo, ambos sorrindo e mostrando eficiência, mas estava claro que ele não levava muita fé nos seus colegas de gangue.

- Não levem a mal, mas vocês são tão burros que tenho certeza que estragariam tudo! - falou ele - Preciso de uns caras cdfs como eles.

- Hmm...um projeto para formar um casal apaixonado? - e Wilson começou a fazer aquela cara de que estava tendo outra ideia para conquistar a popularidade no colégio - Talvez, no futuro, possamos criar nossa própria agência de encontros. Posso até ver o slogan "Agência NERD. O caminho para sua cara metade!"

- Que seja - falou Abel - Só quero que deem um gás nesse esquema. Vocês tem uma semana para fazer isso, senão..

 Engolimos seco de novo. Tá legal, tá legal. Vamos ver se entendi bem. Precisamos ajudar um delinquente juvenil a conseguir uma namorada. Em especial, uma garota aparentemente comum do colegial. Bem, olhando aquele Abel, tirando a cera do ouvido sem muita cerimônia, posso concluir que entramos em uma missão não muito fácil. 

- Ah, sim - continuou Abel - Se alguma coisa der errado e vocês queimarem meu filme...

 Sabe aquele sinal de atravessar horizontalmente o dedo indicador na frente do pescoço? É...você entendeu.

- Err...assim, só por curiosidade, e...se ela já tiver um namorado? - perguntou Demi.

- Descontamos em vocês do mesmo jeito - falou Abel, com toda a naturalidade do mundo - Agora vão! Já estão perdendo tempo!

 Nisso, o sinal tocou. As aulas já iriam começar, não teríamos tanto tempo assim.

- Podemos começar depois? - perguntou Wilson.

- Quero um relatório ainda essa semana - falou Abel - Acho bom conseguirem alguma coisa...

 Engolimos em seco de novo. É, não seria uma missão fácil. Não mesmo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

É...quero ver como eles vão se virar agora...
Até o próximo capítulo! ^^