This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 123
Capítulo 123




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Capítulo 123 - Guarda-chuvas e paixonites

  Aquele dia começou um tanto atípico. Digo atípico porque, pela primeira vez, Wilson era o último de nosso grupo que não havia chegado na escola ainda. Estávamos todos ali, no canto mais desconfortável da escola (mas que era o nosso canto), menos o Wilson que ainda não havia dado as caras. Atrasos não são do feitio dele..mesmo que o sinal da primeira aula ainda não tivesse tocado. Enquanto Jorjão abria alguns cookies para tomar seu lanchinho matinal (aquele entre o café da manhã e a primeira aula, já que entre a primeira aula e o intervalo haveria mais alguma boquinha) e enquanto Karina lia os últimos livros que recebera do prêmio de Miss Megatec que a Demi ganhou, eu conversava com a própria Demi sobre esse atraso.

- É estranho o Wilson ser o último a chegar, não acha? - perguntei, olhando para o meu relógio do celular.

- Né? - ela concordou - Será que ele ficou doente?

- Difícil - falou Jorjão - Ele já veio para a escola mesmo com febre. Pelos arquivos da escola ele é o aluno que nunca faltou um único dia sequer.

- É um título bem difícil de ganhar - comentou Demi.

 Aquilo não me admirava muito. Mas se era assim, Wilson faltar às aulas seria um evento histórico. O que poderia ter acontecido? Será que agora a febre foi muito alta ou houve um imprevisto no meio do caminho? Bem, não que ter um dia de sossego, sem ideias malucas, fosse ruim, mas eu sou uma boa pessoa e me preocupo com o bem estar do próximo: mesmo esse próximo sendo a pessoa que mais me dá de dor de cabeça na vida. O que será que..

- Bom dia! - gritou o próprio, chegando animado como sempre. O suficiente para me fazer alguém perdido nos próprios pensamentos como eu saltar. É, eu preciso melhorar minha guarda.

- Wilson! Estávamos preocupados - falou Demi - Você nunca é o último a chegar.

- Perdão, amigos - disse ele - É que...ontem passei algumas horas trabalhando na minha última invenção e queria dar alguns retoques finais antes de trazê-la.

 Quando ele usava a palavra invenção, podia ter certeza absoluta de que algo bizarro iria acontecer. Que tipo de situação ele iria nos colocar agora?

- Invenção? O que é? - perguntou Demi, curiosa. 

- Simples, minha cara. Isso! - ele abriu a mochila e mostrou um guarda-chuva de tamanho médio. Bem, não tem nada de muito estranho em um guarda-chuva preto, médio e comum. Mas como comum e Wilson são duas palavras que não costumam andar muito juntas, era de se esperar que tivesse alguma coisa de diferente naquele negócio.

- Acho que já inventaram o guarda-chuva - falou Jorjão.

- Sim, o guarda-chuva sim. Mas ainda é uma tecnologia muito obsoleta - disse ele, confiante em seu próprio invento (como sempre).

- Está querendo dizer que implementou a tecnologia do guarda-chuva? - perguntei - Mas tudo que um guarda-chuva precisa é abrir e fechar, não?

- Bem, é verdade que não precisamos ser tão exigentes, mas existem muitos outros problemas com os guarda-chuvas - falou Wilson, com a mesma lábia de vendedor de sempre - Por exemplo, pense em quantas vezes a pessoa esquece o guarda-chuva. No meu guarda-chuva especial, você pode se comunicar com um chip instalado em sua mochila que alerta quando o guarda-chuva está muito longe.

- Então...isso nos ajudaria a não esquecer mais o guarda-chuva? Interessante - disse Demi.

 Devo reconhecer que era mesmo interessante. Mas é claro que Wilson ainda não havia acabado.

- E não é só isso. Ele também tem um sensor de umidade. Se o clima estiver úmido, ele também te alerta, dizendo que pode chover e que é melhor abri-lo. Sem contar que ele pode ativar uma camada mais resistente, dependendo do pH da chuva.

- Como é que é? - perguntei.

- Isso mesmo. Ele também aguenta chuva ácida. É um grave problema ambiental, como vocês sabem.

- Muito interessante mesmo - falou Demi - Se patentear isso pode ganhar uma boa grana.

- Hehe. É esse o espírito. Farei versões para cada um dos membros da nossa gangue. Usaremos esses guarda-chuvas por aí e mostraremos o quanto eles são bons. Alcançaremos o sucesso num piscar de olhos!

 Sabia que ele tinha alguma ideia megalomaníaca por trás. A fama e o prestígio da nossa gangue sempre é prioridade. Bem, era de esperar da mente do Wilson.

- E o que mais ele faz? - perguntei.

- Ah, sim, ele também tem uma função automática de voo em caso de vento forte.

- Voo automático? Como assim? - perguntou Demi.

- Bem, quando venta forte, é possível que o guarda-chuva vire, escape da sua mão e você o perca, ficando encharcada no meio da tempestade, certo? Mas graças a função automática de voo dele, ele pode retornar ao dono em caso de um vento muito forte. Aliás, ele tem até um controle remoto que o permite voar.

- Como é que é? O guarda-chuva voa por controle remoto? - estranhei.

- Sim. Quer ver? - disse ele, tirando um controle da mochila. Acho que ele passou o dia anterior tendo aulas com o Pinguim, mas bem ou mal a invenção era interessante. Quer dizer, isso se tudo desse certo mesmo. Na teoria é tudo lindo e maravilhoso, mas como as coisas ficam na prática? Wilson ligou o controle remoto e ativou o guarda-chuva voador. Hélices saíram da parte de cima do guarda-chuva e ele começou a voar como um helicóptero. De fato, assustador ele ter conseguido fazer algo assim de um dia para o outro (ou talvez ele tenha trabalhado naquilo há alguns dias. Não sei o que se passa na cabeça daquele cara). Por outro lado, era mais estranho ninguém do pátio estar de admirando com aquilo. Principalmente para aquelas duas meninas ouvindo música no mesmo fone de ouvido e o guarda-chuva voador ter passado violentamente por cima delas.

- Ops - disse Wilson.

- Detesto quando você fala esse "Ops" - reclamei - O que aconteceu?

- Parece que estamos tendo alguns pequenos problemas com o guarda-chuva - disse ele - Acho que o controle remoto não está funcionando tão bem assim.

- Quer dizer que o guarda-chuva está fora de controle? - perguntei.

- Acho que sim.

- Gente! Precisamos pegar aquilo logo antes que machuque alguém - disse Demi.

- Tudo bem, a velocidade das hélices não é tão alta assim - falou Wilson.

- Mas pode machucar alguém - falei - Vamos logo pegar aquela coisa!

- Tsc. Vou precisar trabalhar nele de novo - reclamou Wilson. Já eu estava meio preocupado onde aquele troço iria parar. E se fosse na sala de algum professor? Ou no meio da cantina? Ou no pior lugar possível que seria no...

- Ai! - gemeu Murilo, assim que nosso pobre guarda-chuva atingiu a cabeça do delinquente - Ei! O que é isso?

- O que foi, Murilão? O que foi que te atingiu aí? - perguntou Solano, o mais alto daquele trio.

- Alguém atirou essa bagaça na minha cabeça. Se eu pegar quem foi!

 E na nossa perseguição ao guarda-chuva acabamos realmente chegando ao canto dos delinquentes. Eram três alunos problemáticos, rebeldes e sem nenhuma chance de negociação. Realmente era o pior lugar possível para aquele guarda-chuva cair.

- Err...bom dia - falou Wilson, chegando ali com um sorriso mais amarelo que a estrada de tijolos do Mágico de Oz - Desculpem, mas...poderiam devolver nosso guarda-chuva?

- Vocês?! - exclamou Murilo.

- Ah, então são esses caras que estão dando guarda-chuvadas em todo mundo por aí? - falou Solano, enquanto socava a própria palma da mão - Acho que eles precisam de uma lição.

- Glup! - engolimos seco (talvez com exceção de Karina que não se surpreendia com nada). A questão é que dessa vez estávamos mesmo encrencados. 

- Err...não precisamos resolver isso com violência. Hehe - sorriu Wilson - Só queremos nosso guarda-chuva de volta para consertarmos os defeitos dele...

- Ah, então vocês querem isso aqui de volta? - falou Murilo.

- S-Sim. Podemos até fazer uma amostra grátis para vocês...talvez uma versão mais hardcore, já que vocês curtem esse estilo super radical..hehe.

 Wilson falava e falava, mas os metaleiros delinquentes não estavam muito contentes. Solano agarrou Wilson pela camiseta e chama por seu líder, o mais baixinho, mas normalmente o mais cruel deles.

- Aí, Abel - chamou Solano - O que vamos fazer com esses caras, heim? Jogar no cesto de lixo? Pendurar no gancho da quadra de vôlei pelas cuecas? 

- A gente podia experimentar aquela de amarrar todos juntos e deitá-los no chão. Demora uma cara para eles levantarem - disse Murilo - Claro, depois de picharmos o rosto dele com caneta preta.

- Hehe. Deixa o Abelardo decidir. Ele sempre tem boas ideias.

 Não estava gostando nada daquilo. Juro que não queria começar o dia de nenhuma daquelas maneiras citadas acima. Por que o mundo tem que ser tão cruel com pobres almas como nós?

- E então, Abel? Qual a ideia?

 Mas Abelardo, que estava ali perto sentado, observando toda a cena, estava distante. Sim, ele parecia nem estar ligando para os acontecimentos. Solano achou aquilo estranho.

- Abel...Abel? Qual o problema, cara? Tá dormindo? - chamou Solano. Ele chegou mais perto e tentou estalar os dedos na frente dele, mas não havia resposta. O que estaria acontecendo?

- Será que ele morreu? - perguntou Murilo.

- Deixa de ser burro! Ninguém morre e continua sentado de olho aberto!

- Então o quê? - Murilo ainda achava estranho. Naquele momento, Karina observou a situação e chegou a uma conclusão lógica.

- Apaixonado - disse ela.

- O que você disse, baixinha? - perguntou Murilo.

- Olhar distante, jeito de bobo, suspiros prolongados..

 E, de fato, Abelardo deu um suspiro prolongado após essa última frase de Karina.

- Sem sombra de dúvidas - continuou ela - Ele está apaixonado por alguém!

 O quê? Aquele cara tinha coração para se apaixonar? Mas por quem? E, mais importante do que isso, no que isso vai influenciar nosso destino? Espero só sair vivo dessa...


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