This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 106
Capítulo 106




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Capítulo 106 - A Grande Jornada


- Quer tentar alguma coisa? - perguntou Cássio - Ok...diga. Se estiver dentro das possibilidades do grupo.


- Existe alguma mina de ouro perto do local onde os personagens começaram? - perguntei, em um raro momento de otimismo na minha vida.


- Bem...não está muito perto - disse ele.


- Mas a Karina tem alguma magia de teletransporte? - perguntei.


- Já quer usar uma magia de teletransporte? - perguntou ele.


- Bom, nos RPGs de videogame, normalmente as habilidades surge apenas depois de muitas batalhas e tempo de jogo. Mas pelo que reparei, no seu RPG, os personagens já vem com todas as habilidades.


 Todos olham para Cássio, que não se deixa intimidar, claro.


- Sim - respondeu ele - É verdade. Demoraria muito se vocês só pudessem aprender as habilidades depois de batalhas. Mas isso não significa que vocês estejam fortes.


- Sabemos disso - disse Karina - Foi exatamente por isso que perguntei se possuia alguma magia que aumente o poder de ataque.


- Bem, você até tem, mas ela gastará seus pontos de magia se usá-la agora - falou Cássio - E, bem, você também tem uma magia de teletransporte que pode levar todos ao mesmo tempo, mas gastará 5 pontos mágicos para cada pessoa que teletransportar contando consigo mesma.


- Não tem problema - disse Wilson - Karina tem 30 pontos de magia. Pode teletransportar todos nós ao tempo e ainda ficar com 5 pontos sobrando.


- Você viu a ficha dela? - perguntou Demi.


- Sim. E vi que você escolheu poucos pontos de agilidade, Demi - disse ele.


- Bem, preferi investir em carisma. Hehe - respondeu ela, de forma fofa.


 É que no começo do jogo, cada um de nós dividiu 100 pontos iniciais nas categorias Ataque, Defesa, Agilidade, Magia, Carisma e Perícia. No caso de Perícia, dependia das habilidades de cada classe (prevendo isso, coloquei muitos pontos nesse categoria). Eram as categorias básicas, mas Cássio tinha acesso a todas as outras informações em seu livro de mestre (inclusive sobre as Perícias). Como eu era preguiçoso demais para ler uma troço longo daqueles (e ainda mais escrito pelo Cássio), o jeito era ir descobrindo aos poucos, mas não iria me admirar se Karina lesse tudo aquilo em poucos minutos (mas acho que ela não tinha leitura dinâmica, mesmo tendo o poder de decorar tudo que lesse).


- Mesmo que ela tivesse menos, ainda assim só precisaria me levar junto - disse Daniel - Mas acho que com todo mundo também pode funcionar...


- O que está planejando? - perguntou Cássio.


- Bem, podemos nos teletransportar para a mina de ouro mais próxima ou não? - perguntei.


- Tá. Que seja. Podem ir. Tem uma mina de ouro próximo a um povoado distante.


- Próximo e distante usadas tão próximas uma da outra fica estranho - comentou Wilson.


- É que...é a única mina de ouro que eu pensei - disse Cássio - Mas...


- Mas o quê? - perguntei.


- Está protegida por um Ogro de Barba.


- Um Ogro de Barba? - perguntou Demi - Ogros não são verdes, anti-sociais e moram em pântanos?


- Na verdade, esse ogro é um anão que foi amaldiçoado para se tornar metade ogro, por isso ele é barbudo - respondeu Cássio.


- Então ele virou um anão gigante! - exclamou Jorjão - Que barato.


- Paradoxal - disse Karina - Até que você é criativo.


 Anão gigante! Estava demorando para chegarmos em uma conversa desse tipo.


- O fato é que ele é uma criatura mais forte que vocês - disse Cássio - Mesmo que estejam planejando algo, como passarão por ele?


- Deixem comigo - falou Daniel - Eu sou um Ladrão, lembram?


- Epa, espera aí - Cássio ficou tenso de repente - O que quer dizer com isso?


- Quero dizer que meu plano não envolve lutas, mas sim roubo. Karina. Teletransporte-nos para próximo da caverna!


- Não sei o que está planejando - falou Cássio - Mas mesmo que possam fazer isso, vai depender do resultado dos dados.


 E Cássio finalmente nos mostrou seu tesouro, com um sorriso triunfante no rosto. Era dois dados de 20 faces. Pelas regras do jogo, a probabilidade de sucesso nos dados aumentava de acordo com os pontos específicos da habilidade desejada. Por exemplo, no caso de teletransporte era necessário levar em conta a distância do local, as pessoas que seriam teleportadas e o grau de poder mágico do usuário. Como Karina tinha muitos pontos mágicos, essa parte era garantida. O problema era que o local ficava distante e a probabilidade nos dados não estaria muito a nosso favor (eu até queria explicar os fatores matemáticos que o Cássio se baseou nisso, se eu também tivesse entendido).


- Para o desejo de vocês dar certo - explicou Cássio - Precisarão tirar uma soma maior que 32 nos dados.


- Maior que 32? - falou Wilson - Bem...para somar 32 podemos tirar 16 e 16, 17 e 15, 18 e 14, 19 e 13, 20 e 12...


- 18 e 18 - disse Karina, enquanto Wilson cantava as possibilidades - Não é tão difícil.


- Tsc - reclamou Wilson - Tudo bem..mas isso não quer dizer que o plano de vocês deu certo.


- Veremos - falei - Como Ladrão aposto que consigo entrar lá sem o Ogro, ou Anão Gigante ou seja lá o que for, perceber.


- Grande Daniel! Sempre lutando pelo bem do grupo!


- Na verdade só quero mostrar que esse jogo pode terminar bem rápido.


- O que disse? - questionou Cássio, evidentemente, nada contente.


- Se o meu plano der certo, você verá - falei - Agora...teletransporte-nos, Karina!


- É pra já! - disse ela - Tenho alguma palavra mágica para isso?


- Bem...não - respondeu Cássio.


- Mesmo? Aposto que você não fez nenhum trabalho de pesquisa elaborado para criar o Universo desse jogo - ironizou ela.


- Grrrr!!! Vamos ver se você é tão engraçadinha assim no território dos anões - falou Cássio, certamente furioso com as provocações de Karina (o que deve ser ainda pior uma vez que ela não dá um único sorriso quando faz isso) - Exatamente onde vocês estão agora!


- Certo - falei - Vamos explorar as possibilidades.


- Bem pensado - falou Wilson - Será que eles tem espadas novas por aí? Anões não costumam ser bons ferreiros?


- Sim - respondeu Cássio - Armas brancas como espadas estão no meio do tesouro dos anões.


- Normalmente eles aparecem trabalhando em minas - comentou Jorjão - Costumam ser a classe operária dos jogos de RPG.


- O marxismo só surgiu anos depois da idade média, Jorjão - disse Karina - E se os anões desfrutam do resultado de seu próprio trabalho, talvez seja inadequado chamá-los de classe operária.


- É...foi meio anacrônico - concordou Jorjão.


- Vão discutir sociologia no meio do jogo? - perguntou Demi - Vamos logo ver o que o Daniel quer fazer!


- Certo - falei - Primeiro...precisamos saber quais entradas existem.


- Duas - disse Cássio - Uma, que é protegido pelo Ogro Barbudo e outra que está nos fundos, mas protegidas por muitos anões de guarda. Todos são inimigos difíceis de derrotar com o nível de poder de vocês.


- Tá. Mas existe algo que impede entrarmos pelo subsolo? - falei.


- Por baixo?! - exclamou Cássio - Querem entrar...cavando?


- Sim - respondi - Cavando. Podemos fazer isso, não podemos?


- Espere...deixa eu conferir no livro - disse ele, com uma cara preocupada.


- E então? - perguntou Wilson, tão empolgado quanto sempre.


- Err..não, não tem nenhum impedimento - disse ele - Na verdade...não previ que podiam pensar nisso...


 Heh. Quem é o gênio agora? Tá, tudo bem, não vou forçar. Mas o raciocínio é simples: sendo um Ladrão, poderia entrar sorrateiramente no domínio dos anões mineradores e roubar um pouco de ouro. Um pouco? Na verdade, muito ouro...Inshalá (*).


- Mas vão ter que rolar os dados para ver se conseguem entrar sem que nenhum dos anões desconfia - disse Cássio - Com cinco de vocês será difícil.


- Não precisa ser todo mundo - falei - Eu posso entrar sozinho não posso?


- Bem...é verdade que se entrar sozinho será mais fácil - falou ele.


- Então pronto! - gritou Wilson - Daniel entrará sorrateiramente na caverna dos anões e pegará o ouro que precisamos. Pode fazer isso, Daniel?


- Se estiver dentro das minhas possibilidades - respondi - E então, Cássio? Quais as chances de eu conseguir entrar e tirar o ouro sem ser percebido?


 Ele fez uns cálculos rápidos e logo voltou com os olhos esbulhados.


- Por ter se atolado de pontos de perícia - disse ele - Você tem 38 chances em 40 de ser bem-sucedido.


- E posso fazer isso quantas vezes quiser? - perguntei.


- O quê?! Não acha arriscado?


- Ué. São 38 chances em 40. Preciso aproveitar.


- Você está...claramente avacalhando o meu jogo - disse ele - Que seja. Tente quantas vezes quiser.


 E assim foi. Fiz dez viagens, carregando o máximo de ouro que pudesse levar (com os dados ao meu favor). Cássio estava furioso, claro, por não ter previsto uma jogada desse ponto.


- Vai tentar mais uma vez? - perguntou ele desolado.


- Talvez já seja o suficiente, mas se precisarmos de mais...é só buscar - falei - Nada como ser um bom ladrão, não é?


- E o que vamos fazer com todo esse ouro? - perguntou Demi - É mais do que podemos carregar.


- Roubar e não poder carregar é a pior coisa que pode acontecer - disse Jorjão.


- Relaxem. Eu disse que tinha um plano, não disse? - falei - Minha ideia é muito simples: Karina, você tem pontos mágicos o suficiente para ir a alguma cidade, certo?


- Dependendo da cidade - falou ela.


- Cássio. Existe alguma cidade onde venda algum item que recupere pontos mágicos?


 Ele engoliu seco. Parece que ele não previu a criatividade dos jogadores ao criar um RPG de mesa tão vagabundo.


- S-Sim. Existem elixires - gaguejou ele - Na cidade mais próxima tem uma loja que vende isso.


- Ótimo. Karina, teletransporte-se para a cidade mais próxima carregando esse ouro e compre quantos elixires for possível. Daí, use um deles para recuperar seu poder mágico e volte até nós. Daí é só usar a magia de aumentar nossos pontos de ataque e pronto. Ficaremos fortes em pouquíssimo tempo!


- E podemos fazer isso? - perguntou Demi.


- Podem - disse Cássio relutante - Eu não previ algo assim no livro de regras.


- Fico feliz que esteja jogando honestamente, Cássio - comentou Demi - Achei que como mestre você pudesse trapacear bem mais.


 A verdade é que Cássio sabia que Karina podia muito bem pedir para conferir o livro de regras caso ele fizesse alguma coisa suspeita. Tudo bem. As coisas saíram melhor do que eu esperava. Como a cidade era próxima e Karina tinha muitos pontos de perícia, foi fácil ir e voltar, podendo comprar grandes quantidades de Elixir com o ouro que roubei. Simples assim.


- Acabaram? - perguntou Cássio, uma hora depois que todo nosso ouro acabou e usamos a magia de Karina para aumentar nossos pontos de ataque (e alguns de defesa e agilidade também) de forma estrondosa. Ele seria mais esperto se permitisse tal magia apenas dentro de batalhas, mas nos RPGs de mesa as coisas são diferentes. Não contavam com minha astúcia. Acho que esse jogo não será tão chato quanto eu pensei.


- Sim - falamos juntos.


- Agora podemos enfrentar qualquer coisa - falou Wilson - Vamos impedir o mago malvado que tem o anagrama do meu nome de uma vez!


- He..hehehe  - riu Cássio - Agora sim as coisas ficarão emocionantes...não pensem que será tão fácil passar pela caverna e..


- Ah, é - interrompeu Wilson - Daniel. Pode voltar para a caverna dos anões e roubar alguma espada para mim?


- O quê?! - ralhou Cássio, com os olhos esbugalhados de frustração - Ainda quer pegar a espada?


- Claro. Uma espada lendária não faz mal a ninguém, né? - disse ele.


- Tsc! Tá bom! Você tem..ah, hehehe, agora você tem só 25 chances em 40 de pegar uma espada sem ser visto. Ela é mais difícil de roubar do que ouro.


- Tá legal - falei - Vou arriscar!


 Na verdade estava confiante por ter mais pontos de ataque do qualquer anão de lá (até mesmo do Anão Ogro Barbudo), mas não é que consegui pegar a espada sem problemas? Cássio estava fervendo de raiva.


- Tá aí a espada, Wilson - falei.


- Beleza - disse ele - Agora sim dá para enfrentar qualquer demônio.


 Cássio estapeia a própria testa. Entendo. Não deve ser muito legal ser trollado em seu próprio jogo.


- Tá legal...vocês estão achando que vai ser fácil, não é? - disse ele - Mesmo com esses pontos de ataque, preparem-se para o pior! Bwahauhauhaha!


- Querem que eu vá buscar mais ouro, pessoal? - perguntei.


- Chega, Daniel - ralhou Demi - Não vai ter graça abusarmos disso.


- Tá legal, vamos continuar a história normalmente - suspirei.


- Isso mesmo - concordou Cássio - Vamos continuar...por que o que espera vocês é algo muuuito terrível!






(*): "Deus queira" em árabe. Mas noveleiros de plantão entenderam essa referência rapidinho.




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Notas finais do capítulo

Para falar a verdade eu nunca joguei RPG de mesa de verdade, mas como o jogo não é oficial (criado pelo Cássio que, apesar de gênio em ciência é amador em literatura) vocês devem engolir algumas coisas toscas que deve ter.
Quem joga rpg seriamente...foi mal!



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