This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 1
Capítulo 01


Notas iniciais do capítulo

Mais uma história na área, gente! Minha segunda história em primeira pessoa e minha segunda comédia (apesar de ainda não ter acabado a primeira). Vamos ver no que sai... ^^



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Capítulo 01 - O Fatídico Primeiro Dia de Aula

 Cala a boca, despertador! Tudo bem, tudo bem...sei que esta não é a maneira mais educada de começar uma história, mas é assim que começa o dia em que a minha história começou. Aquele dia em que estaria entrando numa nova era, a chamada...sétima série.

 Sétima série. É aquela que vem depois da sexta e antes da oitava. Há algum tempo atrás, você até poderia falar que estava quase acabando o ensino fundamental na sétima série, afinal, falta só mais um ano...pois é, poderia. Agora temos nove anos no fundamental, e dizer que está na sétima série não tem mais o mesmo peso quanto antes. Mas não há muito o que eu possa fazer contra isso, tendo apenas doze anos. Um moleque nessa idade não pode mudar a educação de uma hora para outra, não é? Ainda dependo da educação...e dependo da escola. E a escola, segundo os adultos, é um lugar bom e agradável, onde você aprende e convive com seus coleguinhas. Que lindo, não é? É...não sei como foi a escola para os meus pais, mas para mim tudo isso é balela...escola é um lugar barra pesada, cara! E sobreviver lá dentro não é para qualquer um, não!

Claro, você não deve estar entendendo muito do que está acontecendo, não é? Também pudera, eu sequer me apresentei. Meu nome é Daniel Armando Luz, um nome bastante comum parando para pensar. Tem um monte de Danieis por aí, mas eu não reclamo. É bom ter um nome comum...o professor não erra seu nome na hora da chamada, nem nada.

Como eu sou? Bem, até que sou alto para a minha idade, mas isso não importa muito. Meus cabelos são curtos, mais ou menos lisos, sempre bem lavados com o xampu que minha mãe sempre me recomenda usar e óculos com armação azul. Tenho uma mochila do Capitão Zoing, um personagem que nunca ouvi falar e que provavelmente foi inventado APENAS para estrelar na estampa dessa mochila, mas também não tive coragem de dizer que não gostei para a minha tia, que diz ter achado aquilo a minha cara e gastou uma nota para comprá-la. A vida é assim, né? Talvez se eu estivesse na quinta, ou na sexta série, mas estou indo para sétima! As coisas começam a mudar...as crianças começam a crescer, apesar de ainda não serem totalmente adultas. Se bem que minha voz não mudou e não tenho um único pelo de barba na cara. Mas, deixando os nomes, mochilas e barbas para lá e voltando para a minha vida, que é o que realmente importa nessa história, no momento, estou indo para meu primeiro dia de aula numa escola nova.

Puxa, que original! A história de um garoto novo no primeiro dia de aula! Nunca ninguém fez isso antes, não é? Provavelmente é o que você pensou. Eu sei, eu sei. Não é nada original, mas é a minha história e quando é a sua história (mesmo que seja um clichê bem batido de filme da Sessão da Tarde), ela é A melhor..para você!

O fato é que estou meio dividido. Em primeiro lugar, sair da minha outra escola não foi algo tão ruim. Eu estudava lá desde o jardim de infância, mas, se for para dizer que gostava, vou ser sincero: não gostava! Bem, a função social da escola para nós crianças, aquela que diz para conviver com os coleguinhas, era a parte mais difícil. Primeiro, porque todos os meus "coleguinhas" não eram lá muito amigos...bem, se abaixar suas calças no meio do corredor, jogar ovo no dia do seu aniversário e jogar seus óculos na privada (ainda bem que o vaso estava limpo aquele dia) é ser amigo, então, preciso rever meus conceitos de amizade. Fala sério. E olha que ainda era uma escola particular! Aqueles desgraçados...Aaaahh...desculpem, precisava desabafar, hmm...ah, agora sim, posso voltar. Então...minha mãe sempre reclamava com a coordenação sobre as atitudes reprováveis dos meus colegas, mas, eles faziam tudo de novo e, no fim, cheguei a conclusão que falar com meus pais não iria mudar nada. Continuava sendo o alvo de piadas e brincadeiras maldosas da minha sala...

- Ei, Daniel! Sabia que blogardeuarhablur? - dizia um moleque da sala.

- Que? - eu respondia.

- Pzzzzttt!!! - ele fazia um barulho idiota com a língua.

E a sala inteira caía na risada. Cenas como essa eram comuns. Era só eu que achava isso ou essa piada era muito retardada? Acho que era só eu, porque todo mundo morria de rir. Vai entender. Tudo bem. Pelo menos ia mais ou menos nas matérias da escola. Tá. Eu não era lá aquela maravilha nos estudos, mas me viraba. O problema mesmo é quando tinha uma droga de trabalho em grupo em que o professor, por pura maldade, mandava todo mundo falar lá na frente. E esses seminários nunca eram boa coisa.

- Diz aí, Daniel. O que é o verde no mapa mesmo? - um dos palhaços da sala apontava.

- Ah...é a vegetação que... - mas mal me virava para falar e todo mundo começava a rir. Motivo: eu encostava na lousa sem querer e sujava meu uniforme de giz, bem na parte do traseiro.

- Ai, esse menino só faz besteira - dizia a menina metidinha do grupo.

- Nem a pesquisa ele faz direito.. - cochichava ao outra cdf - Só entrou no grupo porque o professor obrigou a gente. Ninguém quer esse cara!

 E claro. O maior pesadelo de todos. Educação Física. Sinceramente, essa matéria deveria ter algo mais de útil, além de mandar a gente fazer um aquecimentozinho de nada, depois separar as meninas para jogar vôlei e os meninos para jogar a paixão nacional, o futebol. Paixão nacional o escambau! Sempre detestei aquele jogo e sempre me dava mal nesse troço. Após eu ser o último das escolhas do time (sempre ficava eu e outro carinha com quase metade do meu tamanho, mas eu nunca era escolhido antes dele), o jogo começava. E...o que era para ser um jogo amistoso entre colegas de uma sala de aula virava algo equiparável a uma final de Copa do Mundo. E, eu, que sempre fora alvo de piada, naquele contexto era algo de ódio mesmo.

- Daniel, seu inútil! Não deixa ele passar...não, não, não passa para o cara do outro time...Não, Daniel, não chuta para o nosso gol! Caramba, você é um lixo!

Nunca entendi porque tanta raiva para um simples jogo de Educação Física, mas devia ter algum motivo. Enfim...minha única alegria era poder chegar em casa à tarde e ficar jogando videogame até o fim da tarde. Até o fim da tarde porque meu pai não gosta muito dessa ideia de jogos eletrônicos e preferia que eu gastasse meu tempo nos esportes (é, ele gosta de futebol e trabalha na administração de uma academia. Até hoje ele não se conforma de eu odiar futebol e me recusar a ter um time. Ele quer a todo custo me "evangelizar" ao Palmeiras). Ele sempre me enche o saco com essas coisas de me arranjar alguma atividade ou esporte, mas eu não me sinto nem um pouco animado com a ideia. A minha sorte é ter uma irmã mais velha chamada Marcela que é fissurada por futebol e esportes. A doida entrou esse ano para Educação Física (é um carma na minha vida mesmo!). A parte boa é que meu pai está tão orgulhoso que nem presta muita atenção em mim. É. Alguns dias até posso jogar videogame à noite sem ele me encher!


Tudo bem. Por que estou mudando de escola? Bem, minha mãe me perguntou se eu gostaria de estudar num colégio que enfatizasse um curso técnico, já que gosto tanto de computadores e games. Não deu outra. Respondi "Sim" na hora! Não, eu não tenho a menor ideia sobre minha futura profissão, mas qualquer coisa para sair daquela maldita escola! E aqui estou, no carro da minha mãe, indo para minha nova escola, após tomar um reforçado café da manhã (falei que meu pai nos obriga a comer frutas com granola toda manhã? Não que eu ache ruim, mas ter uns biscoitos recheados não seria nada mal).

Bem, claro que estou feliz de sair da minha escola antiga, mas...e como será a escola nova? Que garantias vou ter de que não vou passar por todos aqueles apuros de novo? Afinal, escolas sempre são um problema. Sempre. Bem, vou ter que me virar. Claro que minha mochila do Capitão Zoing não ajudava muito (mesmo eu colocando um chaveiro metálico com o desenho de um dragão nela), mas as outras mochilas, pelo que andei observando, também não eram grande coisa. Tudo bem. Acho que dá para sobreviver, por enquanto.

Adentrei os portões da escola e procurei o mural de avisos para novos alunos. Escola Técnica Megatec...vejamos o que ela tem de bom.

Novato. Posição humilhante na vida de qualquer pessoa, porem inevitável. No mural, havia as listas com todos os nomes e divisão por salas. Sétima, sétima. Ali. Sétima B, sala 33. Daniel Armando Luz. Tudo bem. Vi meu nome, o número da sala, tudo ok. Agora era só me adaptar ao novo local de estudo.

Como eram os habitantes da escola? Bem, existiam alunos de todos os tipos. Patricinhas bonitinhas comentando o novo corte de cabelo, playboyzinhos de sétima série achando que já conseguiam ficar com as meninas, retardados do ano anterior zuando o nerd da sala (vi eu mesmo na situação, mas não podia fazer nada para ajudar), enfim, tudo que uma escola particular normal parecia ter. Procurei algum lugar isolado e que não chamasse a atenção para sentar. Ainda tinha algum tempo de paz, mas logo meus fantasmas viriam me assombrar. Logo teria a terrível aula de Educação Física, onde  meu sossego provavelmente chegaria ao fim. Tudo bem, eu não era uma pessoa lá muito popular, mas, comparado com os retardados que vi à minha volta, sou uma das melhores pessoas que conheço, mesmo não sendo popular. Tsc! Mas vai falar isso para pré-adolescentes que não aceitam ninguém fora dos padrões? Por que tem que ser assim? Se pelo menos encontrasse alguém que me entendesse...será que encontraria?

- Ei! - ouço uma voz. Ao me virar, vejo um garoto, não muito alto, cabelo meio tigela, óculos fora de moda e uma camisa amarela muito estranha. Se eu era um arquétipo do nerd, aquele cara ganhava de mim de longe. Mas, calma, ele podia ser só um cara que se vestia mal, mas que logo me zoaria. Gostaria de ignorá-lo, mas, meio que sem pensar, acabei cumprimentando-o.

- Oi - foi tudo o que disse, ainda desconfiado.

- Cara...te vi sentado aí e logo pensei...preciso falar com esse cara!

- Hã? Por que?

- Por que você é exatamente o tipo de pessoa que estou procurando! Senti que somos parecidos assim que o vi!

Aquele papo já estava estranho. Eu mal cheguei na escola e já começam a me zuar? Era melhor sair dali...

- Não sei do que está falando...eu preciso ir ali e...

- Precisa ir ali? O que é isso?  - ele diz, chegando perto de mim e me abraçando com um dos braços - É só o primeiro dia de aula! Não temos nada para fazer!

- Mas...o que você quer de mim?

- Preciso de você...para fazer algo grande!

Grande? Peraí, que história era aquela? Precisava me livrar daquele maluco o quanto antes!

- Olha, eu não te conheço e nem nada, mas...não estou muito interessado em nada grande, tá legal?

- Como assim? Você não parece ser uma pessoa muito popular

- Bem, de fato não sou, mas...ei, do que estou falando?

- É isso! Você não é popular! Só de olhar para você, posso ver que é o típico aluno ruim nos esportes e sem nenhum atrativo físico ou habilidade extraordinária! É a base da base da pirâmide social escolar!

- Que? - aquilo já era demais - Olha, vou nessa, tá?

- Calma, calma - ele volta a me puxar pelo braço - Não falei isso pra te ofender, não. Mesmo porque...eu também sou assim!

- Hã?

Ele se aproxima mais e começa outro discurso.

- Eu entendo muito bem o que é ser um nerd...o que é ser o último a ser escolhido na Educação Física...o que é ser humilhado e zuado por seus colegas de sala o tempo todo! Acredita que uma vez até abaixaram a minha calça no meio do corredor?

Seria possível? Aquele cara...praticamente descreveu a minha vida escolar até então! Será que ele entendia mesmo como eu me sentia? Ou era só mais um idiota tirando uma com a minha cara? Ou as duas coisas? Bem, não iria ficar ali para saber...

- Duvido que você tenha passado por isso. Vou indo nessa e...

- É verdade! Ainda não nos apresentamos...como é seu nome?

Não é a pessoa que quer saber que diz o nome primeiro? Mas tudo bem, vá. Acabei respondendo.

- D-Daniel Luz

- E eu sou Wilson Abadias. Mas pode me chamar só de Wilson

- Então, tá...agora eu vou mesmo e..

- Espere! Ainda nem comecei a te contar o meu plano!

- Plano? - perguntei, mesmo sabendo que não devia dar corda.

- Exatamente - ele coloca as mãos no meu ombro e olha fundo nos meus olhos - Seremos o grupo que fará a história da Escola Técnica Megatec!

- Ah, é? - disse, cada vez com mais certeza da loucura do rapaz à minha frente.

- Por que iremos criar... - ele olha para os lados,  abaixa o tom de voz e me diz, bem baixinho - ...nossa própria gangue!

Aí já é demais! Agora era certeza de que ele estava tirando uma com a minha cara! Já vi que gente normal não era o forte daquela escola...e, pior, se ele era mesmo o nerd que dizia ser...daqui a alguns meses eu poderei estar nas mesmas condições mentais que ele! Viram o que bullying faz com uma pessoa? Mas eu não poderia ceder às loucuras daquele cara..Wilson o nome dele, não é? Não, não! Tudo bem que não tinha amigo nenhum na escola, mas andar junto com um maluco não ajudaria em nada. Gangue? Como assim gangue? Como a daqueles filmes americanos? E nem nos EUA a gente tava! Faça-me o favor! Antes que eu respondesse qualquer coisa para aquela asneira, o sinal toca.

- Olha...tenho que subir, sou aluno novo e tudo...bom, tchau!

- Nos veremos de novo, Daniel! Pense bem no que eu disse!

Era só o que me faltava...de onde ele tirou aquela ideia? Bem, o jeito era ir para a sala e continuar com a minha vida pacata de sempre...quer dizer, pelo menos por enquanto. Logo que entro, já vejo um dos grandalhões da sala me olhando.

- Tá olhando o que? - ele me encara.

- N-Nada - disse, indo para meu lugar.

O resto da sala me olha com aquelas caras de trouxa, aquelas de quando se vê alguém comum e sem-graça chegando. Arranjei um lugar perto da janela (adoro esse lugar) e na frente. É. O fundão era um lugar meio agressivo para mim (experiência própria). Coloquei minha mochila no chão e fiquei olhando para o nada, esperando a aula começar. Mas é aí que eu percebi que meu destino estava selado! Pouco antes do início da aula, quem vejo chegando e sentando-se a meu lado

- Daniel! Sabia que iríamos nos encontrar de novo! - diz Wilson, também deixando a mochila no chão e sorrindo alegremente. Todos em volta começam a comentar.

- Ele conhece o Wilson Abadias? - cochicha um.

- Putz...ele conhece mesmo o cara mais otário dessa escola inteira...esse aí já era - cochicha outro.

- Nossa, e não é que eles são parecidos? - comenta outra nojentinha.

Meu destino estava MESMO selado como um eterno banana. Afinal, quem era esse louco do Wilson Abadias? O que ele queria dizer com gangue? Como vou sobreviver numa escola que, logo no primeiro dia, já sou taxado de um dos mais otários? Eu só queria ter paz! Paaaaazzzz!!!!!!!


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Notas finais do capítulo

Comparado com "Twin Beach" (minha outra história), "This is my Gang!" tem um humor mais inocente. Vamos ver se dessa vez eu consigo fazer uma história para todas as idades. Hehe!

Até!