Era segunda feira e estava nevando, estavam na segunda semana de Janeiro, e todos estavam retornando. Hora de voltar as aulas, por mais que não quisessem. A maioria tinha gostado das férias porque esta de certo modo estavam livres de toda a confusão que vinha ocorrendo dentro do internato com a história dos sequestros e tudo mais, tanto que alguns casais a mais haviam se formado nesse meio tempo. Ronnie e Juliet não assumiam o namoro, mas teoricamente o que rolava entre eles era um namoro. Max e Lexie, eram os dois e nada mais. No caso de Lee, todos estavam estranhando o fato de que SaintChrist agora a acompanhava até a sala, era todo carinhoso e vinha com todas essas fofuras. E Tom e Rainy, bem, esses dois, não se é possível fazer muitos comentários a respeito.
                 Billie Joe já se preparava para entrar logo antes de seus alunos e menos de dez minutos depois a sala já estava cheia, mas é claro que depois de tudo o que houve, era impossível que não houvesse nenhuma surpresa os esperando.
                 "ESTOU COM SUA IRMÃ DEAN THOMPSON, VOCÊ E SUA NAMORADINHA SÃO OS PRÓXIMOS" era o que estava escrito com tinta vermelha bem grande na lousa que ocupava toda a parede da larga sala do 2ºH. A tinta parecia sangue mas Billie Joe foi conferir, não era sangue, era tinta vermelha mesmo. Pediu para chamarem Dean, que logo menos já estava com Antonietta, Shadows, Amy, Synyster e Rev atrás, tentando saber o que se passava.
                 Dean olhou a escrita na lousa e cerrou os punhos, sentindo o sangue subir e descer de sua cabeça, xingando baixo vários palavrões que provavelmente chegariam próximo de descrever seus sentimentos naquele momento, porque afinal, ele e Burdges eram gêmeos, matariam e morreriam um pelo outro e além de terem sumido com sua irmã ainda dizem que os próximos a sumir seria ele próprio e sua namorada. Era o máximo que poderiam fazer para deixá-lo possesso de ódio. Antonietta engoliu em seco e apertou um pouco mais o pulso do namorado. Tinha medo do que poderia acontecer, até mesmo porque a garota que sumira era uma de suas melhores amigas, era o pico de medo dela, estava assustada por Burdges, por Dean e por si mesma.
                 Amy cravou os dedos no braço de Shadows, tentando controlar-se ao máximo para não entrar em desespero, afinal, ninguém, além dos adultos presentes, sabiam que os gêmeos eram seus filhos, sua menininha tinha sumido. Seus olhos transpareciam completo pânico e os de seu namorado não estavam muito diferentes. Ambos não podiam demonstrar a preocupação paterna destes, então contavam apenas com o olhar de Billie Joe, de James e de Brian que tentava acalmá-los e insinuar visualmente de que não era boa ideia deixar o desespero transparecer.
    -- Vão tomar uma água e vão atrás do seu pai, Amy, vão conferir as câmeras. -- Brian disse pacificamente, sabia que por mais que o melhor amigo estivesse aparentemente calmo, por dentro ele se dividia entre desespero e ódio -- Shadows, fica calmo, entrar em desespero agora não vai ajudar, tenta acalmar a Amy, sua cabeça tá mais no lugar que a dela, apesar do seu instinto paternal estar gritando mais alto.
    -- Tudo bem, vou lá cara.
    -- Beleza, a gente segura um pouco a coisa aqui -- James declarou em sussuro para o amigo depois que Amy já tinha saído da sala -- Pode ir...
                 E assim foram os dois para a sala da diretoria. Matt queria bater a porta mas logo a namorada abriu a porta de rompante vendo que a sala estava vazia e que a porta da sala que levava ao gabinete dos vídeos estava destrancada e que uma luz emanava daquele lugar. Caminharam pacificamente até a localidade e logo a morena viu o pai com um revólver apontado para a cabeça e no chão uma pequena área de plástico e vários estalos vindos de uma "fogueira". O casal observava o mais velho de lábios escancarados sem saber exatamente o que deveriam fazer naquele momento. O diretor olhou diretamente para a filha pesarosamente e declarou mais pesarosamente ainda:
    -- Me desculpe por tudo querida
                 E estourou seus próprios miolos com o revólver , sem gosto e muito desgosto. Dizem que suicídio em idade avançada é uma decisão extremamente complicada, afinal, não ocorre devido à um draminha adolescente, as razões não entram como um amor não correspondido, uma nota ruim, a separação problemática dos pais ou algo assim. Suicídio aos 70 anos envolve a maturidade de saber que não há mais volta e motivos maiores e mais pesados. No caso, Alfred Strumblers Lee envolvia a ciência de que ele estava largando a diretoria de um colégio que há mais de cem anos pertence à sua família. Sabia que Amy não iria querer tomar a direção e sua esposa, Antonietta, havia sumido há duas semanas porque não queria ser considerada culpada por todos os "incidentes" que os nazistas que eram abrigados na escola estavam causando. Mas para o diretor Lee, o suicídio estava se valendo para que a culpa de ter apoiado essa estranha tradição de família e ter visto nas câmeras que uma aluna está se envolvendo com um nazista e que esse nazista tinha sequestrado sua neta. É, apesar de todos os problemas e toda a proibição e controle, Burdges e Dean Thompson eram seus netos sanguineamente.
    -- PAI! -- Amy gritou desesperada ao ver o cadáver jogado no chão e o tal CD queimando no chão -- Pai por favor, você não fez isso, você não fez isso! Matt liga pra ambulância, apaga esse CD antes que ele incendeie a sala!
    -- Calma! -- o maior jogou um pano por cima do CD e o fogo parou, logo depois foi até a namorada e abraçou, tentando separá-la do corpo, que a sujou de sangue por completo, e manter o máximo de calma possível, porque sabia que a moça entraria em crise depois disso. A filha some e o pai comete suicídio, tudo no mesmo dia, era muito para alguém tão frágil quanto Amy -- Não. A emergência não. Não há nada mais nada que possamos fazer por ele...
    -- Não Matt tem que ter algo que possamos fazer! Tem que ter algo! Tem que ter algo -- à essa altura ela já chorava inconsolavelmente aos soluços, não querendo soltar o corpo sem vida do pai -- Por favor Matt, temos que tentar!
    -- Vem Amy, vou ligar pro necrotério, posso resolver a parte burocrática do velório...
    -- Ele não morreu, olha!
    -- Ele morreu Amy, é só um espasmo. São os nervos dele se desconectando...
    -- Não Matt, não me diga isso...
                 Amy estava quase que deitada sobre o cadáver e sobre a poça de sangue que havia se formado no carpete vermelho enquanto chorava inconsolavelmente e sem esperanças de que algo melhor poderia acontecer naquele momento. O homem a abraçou e a aconchegou em seus braços, tomando em sua roupa um pouco do sangue fresco que as mãos da mulher possuíam, acalentando-a o máximo que podia. Não tinha noção do quanto doía no coração da moça tudo o que ocorría. Por mais que tentasse nunca conseguiria compreender completamente a dor dela, que mais cedo chorava por não ter sido permitida de criar seus filhos, e agora sua filha estava desaparecida e seu pai, morto. Agora ele não passava de um cadáver, um corpo sem vida estirado no chão do carpete vinho...

    -- Sua garotinha tonta! Ninguém pode te ouvir aqui! Papai e mamãe não podem vir te salvar! -- o homem loiro e de olhos azuis, extremamente forte, bateu com força na mesinha de madeira, dizendo sarcasticamente, que estava a frente da morena que passava horas e horas gritando por ajuda apesar de não fazer a mínima ideia de onde estava -- Mamãe e papai nunca te ouvirão daqui!
    -- Você tá louco?! -- Burdges protestou -- Meus pais estão mortos! Morreram em um acidente de carro quando eu e meu irmão éramos pequenos!
    -- Ai  que você se engana. Sua mamãe é uma de suas professoras e seu papai saiu em tour sem saber que tinha dois filhos, mas agora os dois estão juntinhos de novo!
    -- Isso é mentira! É mentira! Você não sabe nada sobre mim! É só mais um nazista de merda que precisa sequestrar alunos para fazer a vingança que você nunca fez e agora está descarregando nos filhos de quem você quer se vingar!! -- a morena ia cuspindo as palavras com raiva, ela ACHAVA que ele não sabia de nada, mas simplesmente achava...
    -- Você sabe bastaante garota, mas há muita coisinha que você tolinha não sabe e não quer acreditar.
    -- Tipo...?
    -- Quem são seus pais! O casal que você acredita que são seus pais nem ao menos existe! Foi apenas uma história que o casal que pegou vocês para cuidar contou para que você e seu irmão não soubessem da verdade, porque quando foram saber já era tarde e vocês nunca iriam acreditar na verdade!
    -- Tudo bem então, quem são meus pais na verdade?!
    -- Vocês dois são netos do diretor da escola! Sua mãe é Amy Lee e seu pai o infeliz vocalista do Avenged Sevenfold Matthew Shadows! Foram namoradinhos de adolescência e ela descobriu que estava grávida, mas pouco antes seu [i]vovô[/i] disse que Amy nunca mais queria ver Shadows e ele foi em tour, porque ele ia chamar sua mãe para acompanhar os garotões em tour. Mas quem disse que seu vovô deixou? Ele disse para Amy que Shadows estava com outra e sua mamãe acreditou. Só que ela descobriu que estava grávida e a mamãe de uma de suas amiguinhas não deixou ela abortar, então sua mamãe decidiu criar você e seu irmão. Só que seu vovô contratou subordinados para pagar à um enfermeiro infeliz e pegarem os dois bebês no hospital enquanto ela ainda estivesse dopada. Sua mamãe entrou em desespero e logo depois o diretor, seu querido avôzinho falou pra filha que tinha dado vocês para um casal de idosos que nunca teve filhos, que são quem vocês conhecem como avós. Bem longuinha a história de vocês hein? Poderia escrever um livro sabia? Seria tão legal, tão interessante isso...
    -- Mentira! Mentira! Está dizendo isso apenas para me confundir e fazer com que eu pare de tentar sair daqui!
    -- Mentira? Ai que você se engana querida. Eu já tenho um brinquedinho sexual que vem me ajudando muito com minhas vinganças e também, não estou falando nenhuma mentira, estou apenas contando a parte do seu passado que você não sabia e muito menos seu irmão sabia. Só estou contando a história que você e seu irmão passaram quase 17 anos sem ter conhecimento apesar de ser parte importante da vida de vocês.
    -- Está mentindo! Meus avós nunca mentiriam para nós dois!
    -- É ai que você se engana sua garotinha tosca, é ai que você se engana -- a voz feminina surgiu de um canto mais escuro da sala mal ilumina e logo Burdges reconheceu quem era -- Para você ver como as coisas são, consegui algo muito bom ajudando ele...
    -- Isso prova o quão vadia você é Scout -- Burdges afirmou encarando a outra garota -- Acaba com a vida de várias outras pessoas porque teve a competência de acabar com sua própria e acha que com sexo irá se resolver.
    -- Quem disse que é só de sexo que estou falando?
    -- Você é a cachorrinha de estimação desses nazistas. Que outra coisa você poderia ganhar com isso?
    -- Olha aqui sua... -- Scout pretendia avançar em direção à garota, esta a estava provocando muito, era tão insolente quanto Tweed e ironicamente as duas eram um tanto quanto similares
    -- Chega! Scout, conversamos depois sobre -- o homem ordenou e a mesma saiu andando na hora
    -- VIU?! SUA CACHORRA!
                 Burdges gritou por fim. Não iria deixar barato, ainda mais agora que sabia que Scout estava envolvida, poderia muito bem espalhar esta informação e ela seria expulsa, seria muito mais simples. E era estranha demais a ideia de pensar que ela tinha algo com aquele homem que chegava a ser no mínimo assustador. Qual é, eles tinham uns 20 anos de diferença. Continuou tentando fazer com que alguém a ouvisse, não conseguia encontrar alguma possível saída e sonhava todos os momentos, há aproximadamente dois dias, com o momento em que iria ver o céu mais uma vez. Era o maior desejo da garota naquele momento...