Fix You escrita por BastetAzazis


Capítulo 3
Capítulo 3




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Fix You

Escrita por: bastetazazis

Disclaimer: Para quem ainda não sabe, os personagens de Naruto pertencem a Masashi Kishimoto e nenhum lucro será obtido com esta fanfiction. “Fix You” pertence ao Coldplay.

Naruto ainda ficou algum tempo paralizado, olhando para as costas da Sakura que se afastava, sem entender por que a amiga tinha ficado tão brava com ele. Quando subiu para seu apartamento, ainda pensou se deveria ver o Sasuke e ajudá-lo com a bagunça que ele havia feito ao derramar o chá, mas decidiu que não estava a fim de aturar o mal humor do amigo naquele instante.

-3-

Mas é claro que Naruto não conseguiu permanecer sozinho em casa por muito tempo. O remorso ao saber que no apartamento em frente Sasuke provavelmente estava precisando da sua ajuda fez com que o lámen instantâneo do almoço ficasse com um sabor amargo. Além disso, sabia que se continuasse sem nenhuma distração, voltaria a lembrar da Hinata e todas aquelas palavras que ela lhe dissera antes de enfrentar Pain. Ele não sabia o que fazer a respeito daquilo e já estava farto da angústia que o invadia sempre que lembrava da herdeira dos Hyuuga. Desanimado, seguiu para o apartamento em frente, usando uma cópia da chave para abrir a porta.

Naruto franziu o cenho ao enxergar o cômodo vazio. Com os olhos atentos, percebeu que o chão onde o chá fora derramado ainda estava úmido, mas alguém havia limpado a bagunça; e nem as xícaras que haviam sido largadas a esmo durante o incidente estavam mais à vista. Não encontrar o Sasuke ali causou uma pontada no coração do loiro, acostumado com o comportamento arredio do antigo companheiro de time. Mas sua angústia se dissipou assim que percebeu o som de chuveiro ligado vindo do banheiro.

Feliz, Naruto entrou no apartamento, fechou a porta atrás de si e deu algumas batidinhas na porta do banheiro.

- Sasuke? Você está aí? Precisa de ajuda?

O barulho do chuveiro parou no mesmo instante. Naruto apurou os ouvidos e adivinhou ter ouvido o barulho do box deslizando para abrir. Logo depois, a porta do banheiro também se abriu e a voz de Sasuke anunciou:

- Pode avisar a Sakura que eu não preciso de uma babá.

Sasuke estava no batente da porta, com o cabelo molhado e uma toalha presa na cintura. Por um momento, Naruto abriu a boca de susto ao encarar as cicatrizes profundas espalhadas pelo peito do amigo e, então, lembrou-se do ferimento nos olhos. Preocupado, ficou aliviado ao perceber que a faixa não estava molhada, o que poderia ter arruinado todos os curativos que Sakura havia cuidadosamente preparado.

- Você tomou banho sozinho e nem molhou as faixas no rosto?! – Naruto se espantou.

- Foi fácil encontrar o banheiro e tatear a parede até encontrar as toalhas penduradas. Eu usei uma para proteger os olhos – Sasuke respondeu. – Tinha que fazer isso para não passar pelo vexame de ser tratado como um bebê aos seus cuidados.

A primeira reação de Naruto foi estreitar os olhos ante a provocação, mas depois de alguns instantes ele ficou feliz ao ver o amigo começando a se adaptar a sua nova condição. Enquanto isso, Sasuke já tateava as roupas jogadas no chão, tentando se vestir.

- Espere aí – Naruto interveio. – A Sakura providenciou todo um guarda-roupa para você. Se ela perceber amanhã que eu deixei você vestir roupas sujas, vai passar o dia inteiro brigando comigo. Venha, deixa eu te mostrar onde está tudo – completou, esticando a mão para o amigo.

Obviamente, Sasuke não percebeu a mão que lhe oferecia ajuda, e só então Naruto começou entender o significado de viver eternamente na escuridão. Sem conseguir falar mais nada, esticou o braço até encostar nos ombros do amigo e este, finalmente, poder segurar sua mão para segui-lo.

Sasuke não teve muitos problemas em se vestir sozinho depois que Naruto lhe mostrou a posição de cada peça de roupa. Claro que o processo foi mais demorado que o habitual, o que fez Naruto refletir mais um pouco sobre os últimos acontecimentos do dia. Sasuke estava condenado a depender dele ou da Sakura para o resto da vida, e é claro que seu amigo não devia gostar muito desta idéia. Ele fora teimoso o bastante para arrumar a casa e tomar banho sozinho, mesmo sabendo que devia ser cuidadoso para não molhar os curativos, e parecia ter feito questão de afirmar que Sakura estava errada ao dizer mais cedo que ele precisava ajudar o Sasuke com estes detalhes. Mas isso significava que Sasuke havia ouvido o que a Sakura lhe sussurrara enquanto estavam na cozinha. Seria possível?

De frente para Naruto, Sasuke também refletia sobre sua atual situação. Pelo que o amigo lhe dissera, fora Sakura quem tinha arrumado aquele apartamento com todo o cuidado para que ele pudesse se locomover e fazer as tarefas mais simples com pouquíssima dificuldade. Ela havia pensado em tudo, deixado toalhas prontas para serem usadas no banheiro, louças fáceis de serem identificadas e usadas na cozinha, até as roupas estavam organizadas no armário por cor – segundo Naruto – para que ele conseguisse se vestir sozinho. Ele se arrependeu de ter sido tão brusco com ela mais cedo, mas estava irritado com a preocupação excessiva dela, pedindo para o Naruto cuidar dele como se fosse uma criança indefesa. Ele estava acostumado a se virar sozinho desde a morte do seu clã, ademais, suas recentes ações indicavam que ele não merecia a consideração dela.

- Sasuke... – a voz de Naruto o chamou, fazendo-o mover a cabeça para a direção do som. – Você ouviu eu e a Sakura conversando na cozinha, não foi? Você está bravo com ela, com alguma coisa que ela disse?

Sasuke deu um longo suspiro, avaliando seus sentimentos antes de responder.

- Não, Naruto. Eu só acho que vocês não deveriam se preocupar tanto assim comigo.

Naruto franziu o cenho para o amigo.

- Bem, isso está fora de cogitação – respondeu.

A primeira reação de Sasuke foi se indignar com a teimosia do amigo que insistia em não largar do seu pé. Mas frente a escuridão que não o deixava visualizar o rosto que outrora fora tão odiado, o Uchiha não podia deixar de agradecer silenciosamente pelos amigos que nunca desistiram dele. Levantando um canto da boca, ele assentiu para o amigo.

O gesto fez Naruto saber que estava tudo bem entre eles. Com os pensamentos já em outro assunto, o loiro aproveitou para esclarecer suas dúvidas:

- Eu só não entendi uma coisa, como você conseguiu ouvir o que eu e a Sakura estávamos conversando?

Sasuke deu de ombros.

- Eu estou cego, não surdo.

Naruto pareceu não acreditar na resposta do Sasuke. Mesmo o apartamento sendo tão pequeno, eles estavam longe do amigo naquela hora, e a Sakura sussurrava tão baixinho que até ele teve dificuldade para entender o que ela falara.

- Eu imagino que foi a Sakura quem deixou aquele bento também, não foi? – Sasuke perguntou em seguida.

- Deixou? – Naruto não sabia do que ele estava falando. Quando seus olhos vasculharam a cozinha foi que ele percebeu o embrulho ao lado da pia. A Sakura realmente havia pensado em tudo...

- Você não precisa passar o resto do dia aqui comigo – Sasuke continuou. – Eu me viro com a comida que a Sakura deixou e você pode ir atrás da tal Hinata.

A simples referencia à herdeira dos Hyuuga fez Naruto empalidecer.

- O quê?! Por que você também quer que eu vá falar coma Hinata? O que você sabe dela?

Sasuke se divertiu com a alteração do tom de voz do amigo, e resolveu continuar a importuná-lo.

- Apenas o que ouvi da Sakura. Não sabia que o shinobi mais cotado para ser o próximo Hokage anda fugindo de uma garota...

- Você ouviu da Sakura? Quando? – Naruto estava confuso. – Quando a Sakura falou da Hinata para você?

- Nunca – Sasuke respondeu, tentando imaginar a expressão do amigo que combinaria com a voz acuada que ele escutava. – Vocês dois são tão barulhentos que eu os ouvi lá da rua. Quem é essa Hinata e por que a Sakura o comparou comigo falando dela?

- Você ouviu o que a Sakura disse lá fora? Daqui de dentro? Com a janela fechada? – Naruto indagou.

- Não tente mudar de assunto – Sasuke insistiu, se divertindo cada vez mais. – Você está fugindo de uma garota! Por causa dela você quase me derrubou me fazendo mudar de caminho mais cedo.

Naruto abriu a boca para negar mais uma vez qualquer comentário a respeito de Hinata Hyuuga, mas desistiu de falar. Desde que ouvira a declaração dela que o coração de Naruto estava apertado, sem ninguém para desabafar seus temores e dúvidas. O ero-senin parecia entender de garotas, mas ele já se fora e, provavelmente, lhe daria um conselho inoportuno, que não combinaria com a Hinata. Se recorresse ao Kakashi-sensei, provavelmente daria na mesma, já que a experiência do sensei vinha dos mesmos livrinhos escritos por Jyraia. Conversar sobre aquilo com a Sakura, ou qualquer outra garota, estava fora de questão. Ele lembrou de Shikamaru, o único que entendera sua dor quando descobriu que havia perdido seu sensei, mas falar de senseis mortos não era a mesma coisa que falar da Hinata.

Depois que conheceu a história de seus pais, Naruto estava ainda mais perdido sobre os assuntos do coração. Ele sempre achou que amava a Sakura, mas era diferente do que ele sabia do amor entre seus pais. Ele estava perdido quanto a sensação que se apossou dele quando achou que Hinata havia morrido por ele, mas não tinha um pai ou um irmão para pedir por conselhos.

Finalmente, Naruto considerou o Sasuke. Ele sempre dissera que o Uchiha era o laço mais parecido que ele tinha com um irmão. Mas não poderia encher o amigo com dúvidas ingênuas enquanto este tinha um fardo muito maior para carregar.

- O que foi, dobe? – Sasuke indagou, estranhando o silêncio. – Eu finalmente descobri a fórmula para fazer você parar de berrar no meu ouvido, é?

Naruto examinou o amigo. Embora o tom da voz ainda fosse de brincadeira, a expressão do Sasuke estava séria. Ele parecia realmente preocupado com seu silêncio repentino. Angustiado com a pressão de todos a sua volta insistindo no que acontecera entre ele e a Hinata naquele dia da invasão de Pain, e talvez sentindo pela primeira vez que tinha seu “irmão” de volta, Naruto finalmente se sentiu livre para abrir o coração:

- Ela me salvou... – soltou em meio a um longo suspiro. – Aquele Pain não ia me matar, mas ele tinha conseguido fazer com que eu desistisse de tudo. De lutar, de trazer você de volta, de procurar dias melhores para Konoha e o mundo ninja... Ele me fez acreditar que eu estava errado, que não havia outra alternativa se não deixar que extraíssem a Kyuubi de mim...

Sasuke abandonou totalmente o comportamento provocador e se ajeitou em seu lugar para ouvir atentamente as palavras do amigo.

- E então a Hinata apareceu – Naruto continuou. – Quando eu pensei que não valia nada, que tudo o que eu tinha feito fora em vão... Aquela menina meiga virou um leão só para me defender. E pior! Ainda disse que estava fazendo aquilo porque não podia viver sem mim.

Uma vez que Sasuke estava cego, Naruto não se preocupou em esconder as lágrimas que começavam a se formar nos olhos.

- Como eu posso falar com alguém capaz de fazer isso por mim, Sasuke? Quero dizer... Eu nunca prometi nada a ela, nunca disse nada... Mas ela me protegeu, me salvou... sem exigir nada em troca. Qualquer coisa que eu disser para ela não vai ser o bastante. E agora fica todo mundo me importunando para ir lá falar com ela, querendo saber por que ela fez aquilo por mim... E eu não sei o que fazer... – Naruto terminou, dando outro suspiro e se jogando contra o encosto do sofá em que estava sentado.

Sasuke ficou pensativo por um momento. A história de Naruto o fizera lembrar da Sakura e do aperto que sentira no coração quando ela lhe pediu para ficar em Konoha, anos atrás. Naquela noite, Sakura não tinha se jogado na frente de um adversário para salvá-lo, mas estava disposta a segui-lo para o covil do Orochimaru, sem pensar nas conseqüências, apenas porque – segundo ela – não podia viver sem ele. Justamente ele, que sempre fez questão de repeli-la porque sabia que o dia de deixar Konoha chegaria mais cedo ou mais tarde.

- Eu entendo – ele respondeu para o amigo.

Naruto, que não esperava nenhuma resposta, ou no máximo mais uma recomendação para ir falar qualquer coisa para a Hinata, pulou no sofá.

- Entende? – repetiu, os olhos e a boca arregalados.

- Sim – Sasuke confirmou. – Quando eu decidi seguir o Orochimaru, não sei como, a Sakura estava na saída da vila para tentar me impedir. Ela disse um monte de coisas, chorou, e eu sempre de costas para ela, porque se eu me virasse e a encontrasse chorando daquele jeito, não sei se conseguiria partir.

- A Sakura nunca me contou o que aconteceu quando você partiu... – Naruto constatou. – Eu nunca entendi como ela foi a primeira a saber da sua fuga.

- Ela vivia me perturbando para sair com ela, para treinarmos sozinhos quando você não estava por perto – Sasuke continuou, sem dar muita atenção às palavras de Naruto –, mas eu jamais imaginei que o que ela sentia por mim podia ser tão forte quanto as palavras dela naquela noite.

- Desde aquela época você já estava cego pela sua vingança – Naruto explicou. – Todo mundo na vila sabia o quanto você era importante para a Sakura.

- É provável – Sasuke concordou. – Mas eu só percebi isso naquela noite, quando depois de tentar me convencer a ficar com todos os argumentos possíveis, ela se decidiu a fugir junto comigo.

- O quê?! – Naruto berrou, espantado. – A Sakura queria ir junto com você atrás daquele maldito Orochimaru?!

Sasuke não percebeu, mas junto com o espanto, Naruto também ficara decepcionado.

- Pois é! Você pode imaginar o absurdo! – Sasuke continuou, feliz que ele não fora o único a achar a proposta da Sakura inconcebível. – Ela queria que eu a levasse comigo, para o esconderijo do Orochimaru! Já pensou o que ele poderia fazer com ela? E tudo isso porque, segundo ela, se eu não estivesse em Konoha, sua família e seus amigos não importariam.

- A Sakura disse isso? – Naruto perguntou, sem acreditar que a amiga que ele tanto ajudara chegou a considerar a idéia de abandonar o Time 7 também. – Ela disse que deixaria Konoha... a família... os amigos... ?

Sasuke assentiu com a cabeça.

- É claro que eu não ia levá-la para uma morte certa, ou talvez coisa pior se ela caísse nas mãos do Orochimaru - continuou. – Será que ela não entende a responsabilidade que colocou em minhas mãos? Como eu poderia continuar vivendo sabendo ser o responsável pelo sofrimento dela? E como dizer isso para ela, sem magoá-la? 

- Ela não morreu por sua causa, mas sofreu do mesmo jeito quando você partiu – Naruto respondeu, com um tom de mágoa na voz. – Mas eu entendi o que quis dizer, você acha que não merece tudo o que a Sakura arriscou por você. Mas se falar isso para ela, só vai fazê-la mais infeliz. É o mesmo que eu sinto pela Hinata.

- É... – Sasuke refletiu. – Acho que é isso.

Os dois ficaram em silêncio por um instante, até que Sasuke ouviu Naruto se levantar do sofá e seus passos se afastando.

- Onde você vai?

- Desculpe, Sasuke – Naruto respondeu com a voz baixa e triste. – Mas eu acho que preciso ficar sozinho um pouco. Eu vou estar em casa se precisar de alguma coisa.

Sasuke assentiu com a cabeça e, momentos depois, ouviu a porta do seu apartamento se abrir e fechar. Estava sozinho de novo, e a solidão o fez repensar mais uma vez no trabalho que Sakura tivera para lhe dar um pouco de conforto fora do hospital. Mais uma vez ela colocara a felicidade dele na frente da dela, e como sempre, ele não podia recompensá-la.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando a fic. Estou escrevendo com calma, por isso os caps estão demorando para atualizar. Sei como isso é chato, por isso admiro ainda mais os que ainda lembram de vir conferir cada capítulo. Obrigada mais uma vez.

O capítulo 4 já está bem avançado, e será exclusivamente NaruHina. Aguardem!