Fix You escrita por BastetAzazis


Capítulo 2
Capítulo 2




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Fix You

Escrita por: bastetazazis

Disclaimer: Para quem ainda não sabe, os personagens de Naruto pertencem a Masashi Kishimoto e nenhum lucro será obtido com esta fanfiction. “Fix You” pertence ao Coldplay.

“Os olhos de Sakura estavam marejados. Seu desejo de tantos anos finalmente parecia ter se realizado. Sasuke e Naruto estavam de volta em Konoha, não eram inimigos, e parecia que aos poucos Sasuke se habituaria a sua nova condição. Ela os seguiu, guardando na mente cada cena dos seus dois companheiros de time deixando o hospital com esperanças renovadas.”

-2-

Entretanto, foi só passarem para a rua que a tristeza voltou a atingi-la. O grupo deixou o hospital atraindo olhares de toda a vila. Ela e Naruto podiam ter perdoado o Sasuke por tê-los abandonado, por ter se unido ao Orochimaru e depois à Akatsuki, por ter colocado a segurança da vila e todos os seus moradores em risco, mas os ninjas que tiveram suas famílias ameaçadas por essa loucura de vingança não o perdoariam tão facilmente. Isso era visível na maneira como as pessoas os encaravam na rua, afastando-se do trio conforme eles avançavam. Naruto e Sakura ficaram sem fala com os olhares ameaçadores em torno deles.

Por um curto instante, Naruto fraquejou, mas depois respondeu às expressões de recriminação com olhos azuis tão seguros que todos desviavam os olhares e fingiam estarem preocupados com suas próprias vidas quando passavam por eles, envergonhados por ainda não serem capazes de perdoar como o provável futuro Hokage. Sakura, por outro lado, voltou a sentir a aflição do início da manhã. Pela primeira vez ela se viu agradecendo em silêncio por Sasuke ser incapaz de enxergar. Ela não queria pensar no quanto seria humilhante e doloroso para ele ver toda a vila o encarando com escárnio ou pior... com pena.

O personagem principal da cena, entretanto, mantinha a expressão indecifrável. Caminhava tateando a rua com auxílio da bengala, tentando evitar ao máximo depender das indicações do amigo que segurava seu braço; mas a cegueira não o deixara alheio do meio à sua volta.

- Aconteceu alguma coisa? – Sasuke perguntou perante o silêncio dos seus companheiros antigamente tão barulhentos.

Naruto e Sakura se entreolharam, mas antes de formularem alguma resposta, ele mesmo concluiu:

- Nem todo mundo em Konoha gostaria que eu estivesse aqui, não é mesmo?

Novamente, os dois continuaram em silêncio.

- Hunf! – Sasuke continuou, dando de ombros. – Talvez eles estejam certos.

Ouvindo isso, Naruto parou, impedindo Sasuke de continuar andando também. O loiro franziu o cenho e finalmente disse firme:

- Não, eles não estão certos. Foi justamente esse tipo de coisa que colocou os clãs Uchiha e Senju em guerra desde o início. Você sabe muito bem quais são as conseqüências do ódio... para os dois lados.

O trio ficou parado e em silêncio por mais alguns instantes, até que Sakura tentou se aproximar do Uchiha com uma palavra de consolo, mas antes mesmo que ela o alcançasse, ele soltou um longo suspiro e concluiu:

- Ah, não importa. Eu não ligo para o que eles pensam sobre mim.

Naruto balançou a cabeça, indignado tanto com as pessoas da vila quanto com o Sasuke quando, de repente, deu meia volta puxando o Uchiha com ele.

- Ai, Naruto! – ele reclamou. – Se você vai ficar me puxando desse jeito, eu me viro sozinho!

- Vamos por esta rua aqui – o loiro respondeu, apressado. – É um pequeno desvio, mas acho que tem menos obstáculos para você.

Sakura, confusa, ainda ficou um tempo examinando o que teria feito Naruto mudar de caminho e de assunto tão repentinamente. A rua não estava tão movimentada, mas uma certa garota Hyuuga, que Naruto vinha tentando evitar desde a invasão de Pain, caminhava distraída na direção deles. Sakura virou o corpo para o lado que os amigos seguiram, franzindo o cenho para Naruto, mas sem dizer nada.

Foi uma caminhada mais demorada que o normal, mas finalmente o grupo estava na nova casa do Sasuke. O apartamento era igual ao do Naruto, exceto pela bagunça. Sakura fizera questão de deixar tudo arrumado e sem nenhum móvel desnecessário no meio do caminho. Era um simples quarto e sala, e ela não queria enchê-lo de obstáculos para Sasuke ficar tropeçando até se acostumar com tudo. Já seria difícil o bastante para ele não estar mais na antiga casa do Distrito Uchiha.

- Chegamos, Sasuke! – Naruto anunciou assim que abriu a porta. – A minha casa é logo na porta em frente. Você pode bater lá sempre que precisar!

- Hunf! – Sasuke resmungou. – Que notícia animadora...

Sakura mordeu os lábios, temendo uma nova briga entre os dois companheiros de time. Antes que Naruto pudesse responder, ela mesma se adiantou:

- Eu vou preparar um chá para nós – disse, tentando fingir animação.

- Não precisa se incomodar, Sakura – Sasuke respondeu.

- Não é incômodo, Sasuke-kun – ela disse, já na cozinha. – Você ainda não está acostumado com a casa nova.

Ouvindo o som da água na pia e de coisas batendo na cozinha, ele concluiu que não adiantaria falar mais nada, Sakura já estava providenciando o tal chá. Entretanto, o silêncio que sentiu entre os dois amigos lhe dizia que eles estavam preocupados com o comentário dela... “Você ainda não está acostumado com a casa nova...” Na verdade queria dizer: “Você ainda não está acostumado com a cegueira...”

Ele não estava ofendido, mas as palavras de Sakura deixavam claro que ainda não estava tudo bem. Ele não precisaria “se acostumar” com uma casa nova se enxergasse como antes. Não precisaria da Sakura para preparar um chá. Não precisaria morar no mesmo prédio que o Naruto, nem depender do dobe para nada. Ele tinha deixado Konoha anos atrás para ficar mais forte, não fazia parte do plano voltar como um imprestável que precisava de ajuda até mesmo para chegar na sua própria casa.

- ...E você não precisa se preocupar com aluguel enquanto, eu e a Sakura vamos dividir as despesas até você decidir o que vai fazer – Naruto explicava para um Sasuke mergulhado em pensamentos.

Excelente! Nem ao menos ele estava na “sua própria casa”; vivendo de favores até Naruto e Sakura se cansarem dele.

- Eu... Vocês não precisam fazer isso – Sasuke protestou. – Eu posso...

- Eu já disse que não é para você se preocupar com isso agora – Naruto o interrompeu. – Enquanto seus ferimentos ainda não estiverem totalmente curados, você vai ficar aqui e eu e a Sakura vamos ajudar você.

Sasuke sabia que seria impossível resistir e, resignado, não disse mais nada. Naruto tentou em vão procurar algum assunto, mas tudo o que conseguia pensar era no risco que Sasuke ainda corria de ser mandado para uma prisão ninja, e ele havia prometido para a Sakura que não entraria nesse assunto com o Sasuke até ele estar totalmente recuperado.

- Naruto! – Foi a voz da Sakura que espantou o silêncio. – Você pode vir aqui me ajudar com uma coisa?

Certificando-se uma última vez que Sasuke ficaria bem deixado sozinho no sofá, Naruto cruzou em apenas alguns passos o pequeno caminho que o separava da parte do apartamento que podia ser chamada de cozinha. Quando se aproximou da Sakura, a amiga o puxou para perto do rosto e cochichou no ouvido dele:

- Naruto... Os curativos do Sasuke já foram trocados hoje no hospital, mas... – Ela olhou por instinto para o Uchiha do outro lado do apartamento, quando se tocou que ele jamais poderia enxergá-los ou tentar adivinhar o que eles estavam conversando apenas com um olhar. Ela baixou os olhos com a constatação, pensativa.

- Mas o que, Sakura? – Naruto insistiu, milagrosamente mantendo sua voz tão baixa quanto da amiga.

Sakura levantou os olhos para ele, um pouco desconfortável.

- Ele vai precisar de um banho mais tarde... e trocar de roupa... e... e... Eu não posso fazer isso.

- Não pode por quê? – o loiro perguntou, inocente.

- Naruto! – Sakura o repreendeu, o cenho franzido e a voz um pouco mais forte, mas ainda baixa para que Sasuke não os ouvisse. As bochechas dela, entretanto, estavam vermelhas como um pimentão.

- Ah...! – Naruto pareceu finalmente entender. Mas então, a constatação do que ela lhe pedia o fez gritar em sussurros: - Pêra aí! Você não está querendo que eu vá dar banho no teme, não é?!

Ele já estava esperando um daqueles socos doídos da Sakura, uma reprimenda, gritos e lições de moral. Mas não... Ela não fez nada do que ele esperava. Os olhos verdes simplesmente perderam o brilho e se entristeceram tão rapidamente que Naruto chegou a duvidar que eram os mesmos olhos que estavam tão brilhantes quando deixaram o hospital.

- Alguém precisa ensiná-lo a se virar neste apartamento – ela explicou, sem ânimo na voz. – Onde estão as coisas... Para que ele aos poucos possa reconquistar sua independência...

Ver a Sakura daquele jeito por sua culpa deixava seu coração apertado. Além disso, era o Sasuke quem estava precisando da ajuda dele. O laço que ele sempre fizera tanta questão de proteger.

- Não se preocupe, Sakura-chan – acabou dizendo. Pegando duas xícaras nas mãos, continuou de modo prático: - Vamos levar isso aqui para o Sasuke, ou daqui a pouco ele vai desconfiar que estamos falando dele.

Sakura sorriu para as costas do amigo, que já estava caminhando para a sala. Ele encostou uma das xícaras na mão do Sasuke, até que o amigo percebesse que deveria segurá-la. No escuro, o Uchiha levantou as mãos devagar até a boca, sentido cautelosamente a cerâmica encostar nos lábios para só então incliná-la e deixar o líquido escorrer para sua boca. Já estava acostumado com essa sensação no hospital, mas era um tanto aterrorizante a idéia de não conseguir enxergar seu próprio alimento.

Entretanto, quando o líquido encostou em sua língua, estava muito quente, e a primeira reação do Sasuke foi afastar a xícara da boca. Atrapalhado com a sensação de queimado, ele perdeu a noção de espaço e, quando percebeu, a xícara já tinha se espatifado no chão e boa parte do chá quente agora queimava sua pele através do tecido leve da calça que estava vestindo.

Toda a frustração que ele tentava segurar desde que percebeu que nunca mais enxergaria e as demais conseqüências disso se libertaram numa única reprimenda.

- Que droga, Sakura! Por que tinha que estar tão quente!

Surpresa com a revolta dirigida a ela, Sakura não soube como reagir.

- Eu... Sinto muito... Não imaginei que... – ela tentou balbuciar alguma desculpa até conseguir segurar a frustração e agir como se não estivesse magoada. – Eu vou limpar essa bagunça – e fingiu um sorriso.

Sasuke se arrependeu da explosão dirigida a ela, mas ainda estava irritado demais com sua situação. O que ele menos queria era agir como um inválido na frente da Sakura e do Naruto, e contudo, era só o que estava acontecendo nas últimas horas.

- Não, Sakura – ele respondeu, mais calmo. – Eu cuido disso depois. Eu gostaria de ficar sozinho agora.

Naruto tentou protestar, mas antes mesmo de dizer alguma coisa, foi interrompido pela Sakura.

- O Sasuke tem razão, Naruto. Ele teve um dia tumultuado hoje, precisa descansar. Vamos.

A voz da Sakura era firme, mas Naruto a conhecia bem para saber que ela estava lutando mais uma vez para segurar as lágrimas. Por um momento, o loiro teve vontade de dar um soco na cara do teme que tinha a ousadia de tratar a Sakura daquele jeito. Mas então ele se lembrou que não podia obrigar o teme a cuidar da Sakura como ele achava que ela merecia, da mesma maneira que não podia obrigar a Sakura a deixar de sempre relevar os tropeços do Sasuke. E talvez a Sakura estivesse certa, Sasuke estava precisando ficar um pouco sozinho para lembrar que foi justamente porque ele decidiu abandoná-los no passado que acabou cego e odiado por quase toda a vila.

- Está bem – Naruto declarou com um suspiro. – Eu estarei logo em frente se você precisar – ainda acrescentou para o amigo antes de sair.

Sasuke apenas soltou um resmungo de assentimento.

Naruto acompanhou Sakura em silêncio até a rua. Antes dela seguir sozinha para casa, entretanto, ele a chamou.

- Eu sinto muito, Sakura-chan. Você conhece o Sasuke, sabe como ele pode ser um cretino quando quer... É o jeito dele... É só porque ele também está sofrendo com tudo o que aconteceu e...

- Você não precisa fazer isso, Naruto – Sakura interrompeu. – Não precisa usar as mesmas desculpas que eu uso para o Sasuke desde que ele foi embora. Eu já conheço esse discurso.

Naruto ainda abriu a boca para tentar consolá-la, mas se calou ao perceber que não sabia o que dizer.

Sakura estava decepcionada e magoada, mas no fundo ela já esperava que fosse assim. E ela não queria despejar no Naruto, que tanto sonhou com ela pelo dia que o Time 7 estaria unido novamente, todas as suas frustrações. Não era justo deixar o fardo novamente para ele. Era pelo Naruto que ela segurava as lágrimas, e antes de deixá-lo, resolveu que ainda precisava resolver uma coisinha com ele.

- Se você quer mesmo me consolar – disse –, não seja como o Sasuke.

- Hã? – O loiro levantou o cenho franzido para ela, sem entender.

- Eu vi muito bem o motivo de você ter desviado o caminho para chegar aqui hoje. Você estava fugindo da Hinata. De novo.

Naruto ficou branco no mesmo instante.

- Não… Não sei d- do que… que você está fa- falando… - balbuciou.

Sakura franziu o cenho.

- Por que você não foi falar com a Hinata até hoje, Naruto? O que ela fez para você estar fugindo dela? Quero dizer, além de salvar a sua vida?

- Você está ficando louca, Sakura-chan – Naruto tentou se defender. – Eu não estou fugindo da Hinata. Eu só não tenho nada para falar com ela.

- O quê?! – Sakura arregalou os olhos, para logo em seguida fitá-los no amigo mostrando toda a sua indignação.

Naruto chegou a temer um daqueles socos carregados de chakra, mas a amiga simplesmente deu meia-volta depois de declarar:

- Humf! Você e o Sasuke são mais parecidos do que pensam!

Naruto ainda ficou algum tempo paralizado, olhando para as costas da Sakura que se afastava, sem entender por que a amiga tinha ficado tão brava com ele. Quando subiu para seu apartamento, ainda pensou se deveria ver o Sasuke e ajudá-lo com a bagunça que ele havia feito ao derramar o chá, mas decidiu que não estava a fim de aturar o mal humor do amigo naquele instante.

Continua…


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