Fix You escrita por BastetAzazis


Capítulo 1
Capítulo 1




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Fix You

 

Escrita por: bastetazazis

 

Sumário: [SasuSaku] “Era o quinto dia do Sasuke de volta à Konoha e a manhã mais difícil para a Sakura. Ela e Naruto estavam lá para apoiá-lo quando tivessem que lhe contar que ele nunca mais enxergaria.” Esta é a história de como o amor é capaz de mudar a vida de um ninja que perdeu tudo por causa do seu ódio. Fanfiction levemente baseada na música “Fix You” da banda “ColdPlay”.

 

Disclaimer: Para quem ainda não sabe, os personagens de Naruto pertencem a Masashi Kishimoto e nenhum lucro será obtido com esta fanfiction. “Fix You” pertence ao Coldplay.

 

-1-

 

Era o quinto dia do Sasuke de volta a Konoha e a manhã mais difícil para a Sakura. Ela estivera com ele todos os dias no hospital, participara da cirurgia substituindo Tsunade quando necessário e cuidava da recuperação dele religiosamente, dispensando qualquer outro dos seus afazeres. Finalmente, seu cuidado e carinho com o antigo membro do Time 7 havia se mostrado útil, e naquela manhã Sasuke receberia alta do hospital. Por isso Sakura estava angustiada; como ele reagiria tendo que encarar tantas mudanças?

 

Eles pouco conversaram durante os últimos cinco dias. O que dizer para alguém que você tentou matar e depois lhe salvou a vida? O que dizer para alguém que ignorou sua declaração de amor, sua súplica para que não partisse? Sakura não tinha estas respostas, e por isso mantinha apenas uma conversa regular, dando-lhe instruções durante o tratamento e tentando parecer o mais impessoal possível. Nos primeiros dias, Sasuke dormira a maior parte do tempo e, mesmo depois de recuperado, ainda parecia não ter assimilado completamente tudo o que havia acontecido. Ele estava ainda mais calado e fechado do que ela se lembrava no passado, espantando qualquer tentativa de começar uma conversa amigável.

 

Mas naquela manhã, Sasuke teria que começar a se virar sozinho em Konoha. Ela sabia que não teria forças para lhe dar todas as notícias sozinha, por isso pediu ajuda ao Naruto. Ele estaria lá, representando o papel de um familiar, quando tivessem contar ao Sasuke que ele nunca mais enxergaria. O ódio emanado pelo Sharingan lhe queimara os olhos, literalmente. Nenhum tipo de transplante seria possível, pois ele já não tinha mais nenhum nervo sadio para fazer este tipo de cirurgia.

 

Ele também não poderia voltar para sua antiga casa no Distrito Uchiha, uma vez que o bairro não existia mais desde que Pain destruíra a vila. Naruto se encarregara de alugar um apartamento ao lado do seu na cidade, onde poderia tomar conta do amigo discretamente, pois sabia que Sasuke jamais aceitaria ajuda direta. Entretanto, eles decidiram que ainda não contariam que o futuro do Uchiha em Konoha continuava indefinido. Naruto, com o apoio de Tsunade e Kakashi, tentava convencer os conselheiros e os representantes dos mais importantes clãs da vila que Sasuke não era mais nenhuma ameaça a Konoha e que sua cegueira já era sofrimento bastante para seus erros. Fora a busca por vingança que o colocara naquele estado, e o perdão do seu melhor amigo que o fizera, no último momento, voltar-se contra Madara e ajudar Naruto a derrotá-lo e salvar a vila. Naruto tentava convencer os governantes de Konoha que não haviam mais motivos para que Sasuke fosse levado a julgamento por ter vivido anos como nuke-nin ou se juntado à antiga organização criminosa conhecida como Akatsuki, uma vez que seus atos, no final, acabaram ajudando a vila a vencer a guerra contra Madara. Entretanto, Sakura sabia que a maioria da população não aceitava de bom grado a presença de Sasuke; muitos não confiavam nele e se sentiriam mais seguros se ele fosse jogado na prisão mais longínqua e segura possível.

 

Era uma ironia do destino, Sakura concluiu enquanto terminava seu caminho em direção ao hospital. Enquanto Naruto era aclamado como um herói, Sasuke era odiado e temido pela vila. Era triste lembrar do garoto lindo que tanto atraía as meninas da academia e admirava os professores com seu excelente desempenho como ninja e saber que ele havia se transformado no louco que enxergava apenas sua vingança irracional pela frente. Ela entendia porque os demais amigos da academia o odiavam, porque não o queriam por perto e até mesmo porque não se sensibilizavam com a nova situação dele. Talvez ela mesma devesse sentir o mesmo, afinal, não foi ela quem procurou matá-lo antes que os outros fossem atrás dele? Ela viu o ódio nos olhos dele quando ele tentou matá-la, não era apenas questão de legítima defesa... Ele a odiou porque ela tentou parar sua busca por vingança. O ódio dele a machucou mais que qualquer golpe que ele teria lhe acertado se não fosse por Naruto aparecer no último instante. Mas mesmo assim, mesmo sabendo que ele havia escolhido um caminho errado, ela não desejava por castigo ou vingança, porque doía vê-lo sofrer, porque ela ainda o amava. Talvez até mais, e provavelmente de uma maneira muito mais amadurecida que anos atrás, quando ela tentou fugir junto com ele.

 

Uma lágrima se formou em seu olho e ficou titubeando entre escorrer pelo rosto abaixo ou permanecer presa sobre os cílios rosados. Ela caminhava quieta e pensativa pelos corredores do hospital, até chegar na porta do quarto onde Sasuke estava internado, e esfregou os olhos com pressa quando viu que Naruto já estava lá, esperando por ela para entrar.

 

O ninja loiro fingiu que não percebeu. Ele ainda sofria ao ver a Sakura chorando por causa do seu melhor amigo, mas há tempos já havia aprendido que ela jamais o olharia com os olhos que destinava ao Sasuke. Só lhe restava agora torcer para que o teme mais cabeçudo que ele conhecia finalmente admitisse que precisava do amor que Sakura sempre guardou apenas para ele. No mesmo instante, sua mente lhe trouxe a lembrança da Hinata no dia da invasão de Pain, e ele se recriminou internamente por julgar a indiferença com que Sasuke às vezes parecia dispensar à kunoichi do time 7.

 

- Ótimo, vocês já chegaram – a voz de Tsunade invadiu o corredor antes que os dois amigos conseguissem trocar algumas palavras. – Vamos entrar? Sasuke já deve estar acordado.

 

Naruto e Sakura assentiram silenciosamente. Tsunade, agora aposentada do cargo de Hokage, também não conseguia disfarçar sua apreensão. A última sannin liderou o grupo quarto adentro, desejando um “bom dia” ao seu paciente.

 

- Você tem visita hoje – anunciou, assim que todos entraram e ela fechou a porta.

 

- Olá, Sasuke! – Naruto tentou seu tom mais animado.

 

Sakura apenas o observou sentado na cama, os olhos vendados pelas ataduras que protegiam seus ferimentos. Ele estava sério como todos os dias que ela cuidara dele no hospital, e não denunciou nenhum reflexo ao ouvir a voz do amigo e antigo rival.

 

Mas por baixo das ataduras, ainda era o mesmo Sasuke de sempre. Ele não enxergava, mas sabia que Sakura também estava no quarto. Logo concluiu o motivo das visitas, e do silêncio delas.

 

- Então vocês finalmente vieram me contar que eu estou cego?

 

Os outros três se olharam entre si. Tsunade respondeu:

 

- Sasuke, é meu dever explicar a você o que aconteceu depois que o trouxeram inconsciente para o hospital de Konoha. Você estava com quase todo o rosto queimado, principalmente na altura dos olhos, e ferimentos graves, alguns deles em pontos vitais.

 

Sakura engoliu em seco ao lembrar da visão que tivera dele quando tudo aconteceu.

 

- Eu e Sakura nos revezamos para salvar sua vida – Tsunade continuou, devagar para ter certeza que ele estava assimilando tudo –, mas a queimadura no seu rosto iniciou nos seus olhos. É um processo irreversível. Não posso realizar nenhum transplante com os seus nervos óticos comprometidos. Você entende o que quero dizer, não é?

 

Sasuke assentiu com a cabeça, em silêncio.

 

Naruto se aproximou da cama e pousou a mão no ombro do amigo.

 

- Não se preocupe, Sasuke. Eu e a Sakura estamos aqui para ajudá-lo em tudo.

 

O Uchiha virou o rosto para o lado oposto ao toque que sentiu no ombro.

 

- Vocês deviam ter poupado seu chakra e me deixado morrer.

 

Não foi um lamento, um pedido desesperado de alguém chocado com sua nova debilidade, um desejo depressivo que Sakura já estava acostumada ao ouvir dos ninjas seriamente feridos em batalha que atendia no hospital. Era uma decisão racional, uma constatação e até mesmo uma reprimenda. Sasuke achava que era um desperdício o sacrifício de seu antigo time. Ele tinha dado as costas a Konoha, não tinha mais um lar na sua antiga vila e, agora, nem ao menos poderia voltar a ser um ninja. Sakura e Naruto, como sempre, agiram por impulso; o que o espantava era o apoio da antiga Hokage nessa idéia absurda de acolhê-lo de volta à vila.

 

Naruto, obviamente, não pensava assim, e franziu o cenho com o comentário do amigo.

 

- Pessoas são mais importantes que missões, Sasuke. Essa é a nova lei em Konoha – Naruto o repreendeu. – Além disso, minha missão e da Sakura sempre foi reunir o Time 7.

 

Sasuke deu de ombros.

 

- Hunf! – resmungou, debochado. – Você e seus sonhos impossíveis.

 

Naruto estreitou os olhos, indignado com o amigo. Entretanto, conseguiu segurar a raiva que Sasuke sempre conseguia incitar quando o desafiava daquele jeito. Sakura olhou aflita para a sua mestra. De todas as lembranças que ela guardava do Time 7, a única que havia voltado junto com o Sasuke era a rivalidade entre ele e Naruto que sempre a fazia sofrer.

 

Tsunade, prevendo que estava na hora de intervir, continuou sua explicação com a voz séria e direta:

 

- Nós fizemos o que tinha que ser feito. Você ainda precisará de cuidados médicos até que todos os seu ferimentos estejam completamente cicatrizados, para evitar infecções. A Sakura cuidará disso.

 

O rosto do Sasuke voltou-se para direção da voz de Tsunade, e ele assentiu após a explicação.

 

- Entretanto, você não precisa mais ficar internado.

 

Normalmente, Tsunade completava esta frase com um “Você já pode voltar para casa”, ou “para a sua família”, mas desta vez ela permaneceu calada.

 

- Eu consegui um apartamento para você – Naruto se adiantou. – Não é muito grande, mas é em frente ao meu. Assim você pode contar comigo para qualquer coisa até estar totalmente recuperado.

 

Sasuke deu de ombros, como se não se importasse para onde seria levado, nem ligasse para o fato de seus amigos já terem cuidados deste detalhe por ele.

 

- Tanto faz – resmungou. – Quando eu saio daqui?

 

Tsunade respirou fundo, pedindo forças para ajudar uma pessoa que, aparentemente, não queria ser ajudada. Naruto e Sakura teriam muito trabalho pela frente.

 

- Eu vim aqui justamente para, como médica, dar-lhe alta do hospital – respondeu. – Você pode deixar o hospital assim que estiver pronto.

 

Para Sakura, este era o pior momento, por isso ela implorara para Tsunade estar junto com eles naquela manhã. Uma coisa era explicar o que aconteceu; Sasuke era inteligente, provavelmente já esperava por esta notícia desde que acordou da cirurgia. Outra coisa era acompanhar sua adaptação. Sasuke havia mudando tanto ao longo dos anos que estivera longe dela que ela não sabia mais o que esperar dele. Raiva quieta e contida, explosões de ódio, depressão? Era mais angustiante imaginar as reações dele, deixando-a sem saber o que dizer ou como agir. Para seu alívio, Naruto se adiantou para o amigo.

 

- Venha, Sasuke. A gente leva você até sua nova casa.

 

Sasuke não demonstrou nenhuma reação, como se não tivesse ouvido as últimas palavras. Sem aceitar ajuda, ele se levantou da cama, mas ao primeiro passo, suas pernas fraquejaram. Era estranho caminhar na escuridão. Não era como acordar no meio da noite, quando aos poucos seus olhos se acostumam com a pouca luz e é fácil se adaptar à penumbra. Com a tentativa falha de dar apenas um passo, Sasuke finalmente entendeu que nunca mais ele veria alguma luz. Ele havia perdido qualquer noção da posição dos objetos, da altura do chão, do caminho que deveria tomar para deixar o quarto, o hospital, para chegar no prédio que Naruto morava e que, aparentemente, seria sua nova morada também. Instintivamente, seus braços se abriram buscando algum equilíbrio.

 

Atenta, Sakura correu para segurá-lo pelo braço esquerdo, mas assim que sentiu o toque dela, ele a repeliu.

 

- Apenas me arranje uma bengala, e eu me viro sozinho – disse secamente.

 

Sakura segurou as lágrimas, perdoando-o pelas palavras duras, dizendo para si mesma que ele apenas estava tentando parecer forte para que não sentissem pena dele. Naruto, entretanto, o respondeu num tom de repreensão:

 

- Nós vamos com você assim mesmo. Você não sabe o caminho.

 

Sasuke bufou e deu de ombros. Naruto, fingindo não ligar para o mau humor do amigo, pegou o braço dele enquanto Sakura buscava a bengala que as enfermeiras já haviam providenciado e encostou a parte de cima na mão direita do Sasuke.

 

- Isto deve ajudar... – explicou, lutando internamente para que sua voz não denunciasse seu estado de espírito.  – Pelo menos até você ter noção da posição de todas as coisas a sua volta.

 

- Hunf! – Sasuke bufou, embora tivesse aceitado a bengala.

 

Ele deu o próximo passo um pouco mais decidido, com um movimento atrapalhado da bengala, mas ao menos ele já tinha alguma noção do ambiente a ser explorado. Com a ajuda de Naruto, o passo seguinte foi ainda mais seguro e, um metro mais a frente, ele já movimentava a bengala próxima ao chão, sem correr o risco de acertar a canela de ninguém.

 

Os olhos de Sakura estavam marejados. Seu desejo de tantos anos finalmente parecia ter se realizado. Sasuke e Naruto estavam de volta em Konoha, não eram inimigos, e parecia que aos poucos Sasuke se habituaria a sua nova condição. Ela os seguiu, guardando na mente cada cena dos seus dois companheiros de time deixando o hospital com esperanças renovadas.

 

Continua...

 


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