Alma de Tinta escrita por AnneWitter


Capítulo 2
Primeiras Palavras


Notas iniciais do capítulo

- Cap não betado
—Espero que gostem desse cap.
— Não se esqueçam de deixar review!



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Primeiras palavras

Meggie olhou para os lados, certificando que estava realmente sozinha. Seus pais haviam levado Brendan para um passeio, mas não custava nada ela verificar cuidadosamente a sua solidão. Apesar de que não era nem necessário se preocupar com alguma coisa como essa, afinal sentar-se na escrivaninha de seu pai não era crime algum, tampouco o que estava querendo fazer.

Ainda sim, logo que se sentou, ela voltou a olhar a porta, receosa. Ela conhecia Mo suficiente para saber que aquilo poderia não ser grande coisa, mas era o bastante para ele ficar extremamente preocupado e proibi-la de continuar com aquela idéia.

Contudo o que Mo não sabia, era que as malditas palavras de Fenoglio mais uma vez  criaram vidas, e essas adentrava o corpo dela, como se ambas, ela e as palavras, fossem feitas do mesmo material. Talvez fizessem, pensava ela, talvez ambas fossem de tinta. Tão negra quanto as que estavam no papel que ela lera e que agora a entrelaçava. ‘Acho que era assim que Mo se sentia quando ele agia como Gaio’ pensou olhando para a folha diante de si.

Um papel bem cuidado, e feito luxuosamente. A feia, que não era mais chamada assim, a nova senhora de Ombra, foi quem deu aquele papel para Mo, junto com vários outros. E era nele que a primeira gota de tinta tingiu. Meggie nunca se sentiu daquela forma, nem mesmo quando tentara escrever. Ela parou a pena sobre o papel ao se lembrar disso, fazia tanto tempo que ela tentara escrever em seu mundo, antes de Dedo Empoeirado entrar em sua casa numa noite chuvosa. Parecia tão longe de seu alcance aqueles tempos... Tão longe.

Ela voltou a mirar o papel e continuou, escrever era algo fascinante, principalmente quando tinha o que escrever. O que continha naquelas linhas que ela escrevia com ardor, não era nada novo, era apenas uma canção do tempo que Cabeça de Víbora era vivo e que as Damas de branco queria sua vida e de seu pai. Mo. Era num tempo também que Mo não era um encadernador e sim um ladrão cheio de nobreza, o Gaio. Ela sorriu ao lembrar disso, do seu medo, de como temia que Gaio fosse mais forte que seu pai, e então este se deixasse levar para a forma heróica e fria do ladrão. Mas Mo conseguiu, ao voltar para sua antiga paixão, o de encadernar, salvar a si mesmo das palavras. Ela conseguiria também, refletiu, assim que se sentisse entediada com aquela historia de escrever.

Então quando terminou de escrever  ela percebeu que tinha ainda que aprender algumas coisas, as palavras em alguns trechos pareciam simplesmente soltas, mas boa parte daquilo tudo era realmente bom.  Ela então tremeu, imaginando o quão poderosa poderia ser as palavras lidas... Ou seria as escritas. Ela ignorou suas dúvidas e se levantou ao ouvir a porta e rapidamente pegou o papel, e levou as mãos as costas. Para sua sorte era Doria quem estava ali.

Doria. Era outra pessoa que continha naquelas palavras. Ela sorriu para ele quando ele se aproximou. Seu coração batia rápido. Já não era mais estranho para ela o fato de que seu coração escolhera outra pessoa. Farid, embora foi seu primeiro amor, não mais a fazia ficar acordada a noite, e tampouco ocupava sua mente como agora Doria fazia. Há muito tempo ela deixou de pensar em Farid. ‘Nem escrevi sobre ele’ lembrou, se sentindo mal com isso. Apesar dos pesares, ele foi seu primeiro amor, seu primeiro namorado, e durante um tempo seu amigo, e quem lhe ajudou diversas vezes, era horrível esquecer de alguém assim. Mesmo que fazia tanto tempo que não o visse, tempo suficiente para esquecer, e nem saber como ele está.

Todo esse mal estar passou assim que sentiu a mão de Doria em seu rosto.

-Vim até aqui para lhe chamar para irmos até a floresta.

-Tudo bem.

E como sempre ele segurou a mão dela, e carinhoso, como se nunca tivessem feito isso, capturou os lábios dela com os seus. Um beijo carinhoso e prazeroso, que mesmo já naquele um ano de anamoro, continuava novo. Sem pressa. Um beijo melhor que o outro. Apaixonante.

Naquele momento ela esqueceu do papel, o beijo dele a fazia se esquecer de tudo , até das recomendações de seus pais. Mas sempre que terminava o beijo, e ela voltava para terra, ela queria mais, contudo era tempo suficiente para ela acordar para o mundo, e foi neste momento que ela voltou a pensar no papel.  Qual ela segurava com força, Doria olhou o papel curioso.

-Mais uma das canções do Tecelão de tinta? – Indagou Doria.

-Eh... Sim.

Ela dobrou o papel e o guardou na sua bolsa a tiracolo, que dificilmente ela tirava.

-Você poderia continuar a me ensinar a ler através dessa nova canção, o que acha? – perguntou ele carinhoso.

Como ela poderia lhe dizer não?  

-Claro que sim.

Eles então encostaram a porta e se retiram dali, o dia estava ensolarado e bonito e prometia ser mais um divertido dia no mundo de tinta...

 


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