Apenas Um Olhar escrita por Dih_dangerous


Capítulo 13
Capítulo 05 - Parte três.


Notas iniciais do capítulo

Os personagens citados aqui pertecem á Masashi Kishimoto. A história pertence no entanto a minha amiga Rafa que meu deu autorização para poder posta-la !
Boa leitura x3



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— Ela está atrasada – suspirou Hinata sentada num banco do saguão do hotel.

 — Não se preocupe, ela sempre está atrasada – assobiou Shikamaru que estava em pé encostado na parede.

 — Mas ela ta demorando demais! – bufou Naruto com uma cara de desesperado, como se o mundo fosse acabar naquele instante.

 — Fica quieto, nós não estamos na sua casa! – reclamou Temari, entre dentes com Naruto – esperaremos só mais um pouco não é possível que ela demore muito mais.

 — Temari tem razão, um pouco mais de paciência por favor – suspirou de novo Hinata, olhando para aqueles seus amigos que adoravam uma confusão, eles a deixavam cansada.

 — Ei, Hinata com quem você estava falando hoje lá no bar? – perguntou Shikamaru olhando de canto para a garota que estava sentada – era algum amigo?

 — O quê? – Hinata reagiu de forma estranha ao ouvir as palavras que saíram da boca de Shikamaru – não, não eu o conheci hoje mesmo, Shikamaru – ela parecia muito aborrecida pelo fato de alguém a ter visto conversando com o estranho.

 — Conheceu? – Temari olhou para a amiga com um olhar cheio de segundas intenções – como pode não me dizer nada? Ele é bonito? Quantos anos ele tem? É alto? Gosta das mesmas músicas que você? – e soltaram o demônio, Temari começou a fazer tantas perguntas que a pobre Hinata se sentiu nauseada.
 — Temari-san!

 — Tudo bem, tudo bem, pode me dizer ao menos como ele se chama? – falou irritada e ansiosa para saber qual era o número do sapato que o garoto calçava.

 — Nossa, conversa feminina não! Onde está a Sakura, pelo amor de Deus! – reclamava Shikamaru, indo para perto de Naruto para não ficar no meio das duas fofoqueiras.

 — O nome dele é Kiba, Temari-san – respondeu envergonhada – e nós apenas nos conhecemos, nada de mais. Por favor, não comece – implorou Hinata.

 — Ele te chamou para sair? – perguntou Temari obviamente não dando a mínima para o pedido desesperado da garota – você vai aceitar né?

 — NÃO! Ele não me chamou para sair – respondeu com uma gota de suor descendo por sua testa – acho que nem nos veremos de novo aqui, pare por favor – implorou novamente.

 — Agora eu estou sentindo muita pena da Hinata – sussurrou Shikamaru perto de Naruto, enquanto o loiro sorriu discretamente – mas em parte, isso é tudo culpa sua, idiota.

 — Culpa minha como? – perguntou o rapaz sem entender nada.

 — Se você tivesse chamado ela para sair, ela não precisaria se encontrar com outro garoto, então a essa hora vocês estariam juntos – disse desanimado – mas eu não tenho culpa se você ta mais perdido do que cego em tiroteio.

 — Shikamaru, quer saber? Me erra – sussurrou com uma voz cerrada.

 — Porque você é tão tapado? Admita que vocês são feitos um para o outro e pronto! – falou entre dentes, encostando o dedo na testa do outro.

 — Não enche, preguiçoso – respondeu apertando a bochecha dele – eu aviso quando precisar de sua ajuda para fazer algo em minha vida, ok?

 — Teimoso! – agora os dois apertavam as bochechas uns dos outros – vê se me escuta uma vez na vida! – o tom de suas vozes agora já não era mais tão sutil.
 — Ninguém te perguntou nada, narigudo! – dos olhos de Naruto, lágrimas caíam, mas ele não ia dar o braço a torcer.

De repente, Temari e Hinata desviaram as suas atenções da conversa sobre o garoto novo que estava aparentemente interessado em Hinata, para olhar aqueles dois garotos, de 18 e 19 anos de idade, apertando bochechas e discutindo igualmente dois moleques brigam por uma bola de futebol. Naquela hora, tudo parecia ser menos importante do que aquela ‘coisa’ que estava acontecendo bem ali. Era tão estúpido que era impossível tirar os olhos, e tão engraçado que era impossível não rir. Mas o que era mais claramente declarado era que, definitivamente, garotos demoram MUITO para amadurecer. Fato.

 — E eles são seus amigos – disse Temari com um rosto transtornado.

 — ‘Seus’ quem? – respondeu Hinata ainda segurando o riso.

 — Vocês querem parar? – sibilei olhando aquela cena ridícula que os dois protagonizavam – vocês não estão sozinhos sabia?

 — Sakura-chaan... – murmurou a voz de Naruto abafada pela dor – a culpa é dele – terminou apontando para Shikamaru.

 — Parem de agir como crianças, pelo menos este final de semana, por favor – disse Sasuke olhando com um certo descaso para os dois, como se fosse a primeira vez que visse aqueles rapazes neuróticos na vida.

Shikamaru já cansado daquela discurssão inútil, soltou a bochecha de Naruto, mas não sem deixar a marca de dois dedos nela. Ele se recompôs e saiu de perto do loiro encrenqueiro. Era incrível como ele nunca conseguia falar sério com ele, sem é claro que acabasse em tapas, beliscões e chutes. Meninos, vai entender.

 — Teme, pensei que você não viria – disse Naruto emburrado – porque não ficou por lá mesmo?

 — Naruto, não fale assim – disse Hinata baixinho, e mesmo sendo de uma maneira muito gentil eu quase não acreditei que ela tinha respondido algo assim pra ele, sério achei no momento que foi até efeito do remédio para cólica misturado com coca-cola. E, Sasuke nem sequer fingiu ouvir o que Narutinho tinha dito, coitado.

 — Vocês vão ficar aí discutindo, ou nós vamos sai logo daqui? Porque se vão ficar, me avisem que eu vou procurar um lugar para dormir antes que eu caia no chão aqui mesmo – falou Temari como sempre, com seu jeito autoritário e cheio de si.

 — Você não consegue ser legal porque você quer mesmo ou é porque isso faz você começar a derreter? – perguntou Shikamaru olhando para ela, como se fosse uma pergunta retórica.

Ela fulminou-o com o olhar, e se naquela hora o poder do pensamento matasse... nem preciso terminar a frase né?

 — Vamos logo gente, senão vamos chegar lá na hora de voltar – falou Hinata com uma gota de cansaço e ansiosidade descendo.

 — A Hinata tem razão, não vão querer se atrasar por besteira né? – afirmei e fortifiquei a colocação que ela havia feito, com a intenção de tornar aquilo o mais prazeroso e despretensioso o possível – nossa, e minha professora de português disse que eu não tinha jeito com as palavras, na sua cara Senhora Fuusaku!
Então, sem menos imprevistos, discurssões ou amolações. Seguimos para a praia, graças a Deus. Pelo o pouco que eu sabia, tinha um Luau especial para hóspedes, feito por pessoas que moravam perto do hotel. Parece que era um hábito dos moradores, então, foi unido o útil ao agradável. Quando nós já estávamos próximos da praia, as luzes já podiam ser vistas. Era uma visão simplesmente indescritível, a coisa mais linda que já vira em todos os meus 18 anos de vida. A lua, grande e brilhante no topo do céu, iluminando o mar, e com luminárias, todas com velas, o que dava um ar super romântico, um corredor de flores que dava numa tenda onde todos estavam sentados em forma de círculo, cantando músicas ao redor de uma fogueira, com um moço tocando violão, tendas de tecido branco que ficavam balançando de acordo com o vento e, era lindo, lindo demais.

Nós nos sentamos num cantinho e ficamos quietos por uns minutos, só sentindo a energia que saía daquele lugar. Era uma sensação incrível, liberdade.

Um senhor, não muito velho, era quem estava no comendo eu creio que assim se pode dizer. Ele chegou, sentou-se junto a todos nós e começou a contar-nos uma história. Eu não entendi muito bem, porque ele falava muito rápido, mas se tratava da história de amor entre uma princesa e um rebelde, creio eu, segundo ele, os dois marcaram de fugir para um lugar distante onde eles pudessem viver a sua história em paz, sem a intervenção do rei – pai da princesa, dã – ou de qualquer um dos seus subordinados, que nunca permitiriam que eles pudessem ficar juntos.
Eles se encontrariam na floresta, apontada pelo próprio homem que contava a história como sendo um trecho de mata atrás da praia, alguns tantos metros do hotel, de onde eles sairiam. E assim ficou o combinado. Se encontrar na mata, fugir, ter pencas de filhos e ser felizes para sempre. Mas um suposto amigo do rapaz, entregou tudo para o rei, e ele ordenou que matassem o rebelde antes que ele pudesse encontrar sua filha, mas tudo pareceria como se um acidente tivesse acontecido, e assim ela não poderia culpá-lo. Na noite da fuga, armaram uma cilada para o rapaz que aguardava a princesa chegar, e realmente mataram-no e deixaram o corpo estraçalhado para que parecesse que ele fora atacado por algum animal selvagem. Mas, quando a princesa viu que o amor de sua vida estava morto, ela não pensou duas vezes no que fazer; tirou a própria vida para se juntar ao seu amado na eternidade. Ficou meio mal contada, mas deu pra entender né?

Eu só sei que, no final da história eu e as meninas estávamos aos rios de lágrimas, e os insensíveis dos garotos, estavam rindo da nossa situação.

 — Nossa, eu não sabia que robôs eram capazes de sentir emoções – caçoou Shikamaru de Temari – será que você não veio com manual de instruções?

 — Shikamaru, vê se me erra – falou Temari choramingando.

 — De onde eu conheço esse jeito de falar? – perguntou Hinata limpando o rosto das lágrimas derramadas.

 — Você também não fala assim, Naruto? – perguntei entre soluços – é algum tipo de gíria que usam entre vocês?

 — Não, é só a Temari imitando meu jeito mesmo, mas quem se importa? – disse gargalhando, todo alegre, enquanto nós sofríamos.
 — Vocês homens, são tão insensíveis... – continuei soluçando.

 — Vocês mulheres é que são sensíveis demais é só uma história para entreter os turistas – disse Naruto sorrindo.

O moço que contava a história ouviu, e num piscar de olhos ele estava praticamente na cara de Naruto olhando-o com seus olhos cerrados.

 — Aí é que você se engana meu jovem – ele disse encarando o Naruto, como se ele fosse um vovô de 70 anos de idade – essa história aconteceu de verdade, e foi repassada de geração em geração, hoje eu estou passando para vocês, não levem isso como se fosse uma brincadeira para atrair atenção.

Em vez de concordar com o velho, Naruto deu uma de Naruto, e disse que achava que aquilo não passava de enganação, disse também que não gostava do velho, cruzou olhares com ele e pagou o maior papel, tava demorando, o homem ficou tão puto da vida que ele quis provar para Naruto que a história que ele estava contando era a mais pura verdade. Então propôs um desafio.

 — Muito bem, garoto teimoso – pigarreou antes de falar – já que você não acredita nesse conto de fadas que eu acabei de contar-lhes, então não se incomodará de participar do ritual, na verdade, creio que nenhum dos aqui presentes se incomodarão.

Todos os olharem em volta da fogueira fulminaram o loiro que acabara de arrumar outra confusão, mas dessa vez todos pagaríamos o pato. Bravo.

 — Mandou bem, imbecil – sussurrou Sasuke no ouvido de Naruto.

 — Me erra, Sasuke – disse inseguro se aquela noite terminaria sem hematomas.
Depois de segundos, todos estavam quietos, esperando para saber o que esperar do tal desafio. Provavelmente deveríamos fazer uma dança ridícula ou cantar um poema antigo... depois de tossir duas vezes, o homenzinho explicou:


 — Vocês devem se separar, e entrar nesse trecho de floresta aleatoriamente, reza a lenda que, os espíritos da princesa e do rebelde que morreram, agora zelam para que os outros amantes que entrem nessa floresta se encontrem e sejam capazes de viver o amor que existe entre eles, sem restrições. Depois de entrar ali, vocês encontrarão – se ele estiver presente – o amor que esperavam a vida toda. É só entrar ali e pronto – terminou confiantemente.


Ótimo. Estava escuro, estava frio, estava tarde. Ótima hora para procurar pelo amor da minha vida. Claro, o espírito do homem que foi morto vai me ajudar a encontrá-lo – mais fácil ele querer me matar por vingança, como ele pode ter voltado e virado um espírito bonzinho depois do que fizeram com ele? Aham, acredito – eu só espero que ele não tenha medo de um cabelo com frizz, um nariz escorrendo e olhos vermelhos, porque do jeito que a noite está hoje eu vou é pegar pneumonia. Mas vou encontrar o amor! É isso que importa, não?

E começou a caçada ao amor na selva – titulo de futuro reality show que provavelmente se passará em uma imitação de floresta como essa.

Cadê o meu amor?

Depois de uns 15 minutos caminhando no meio do mato. Juro. Prometi pra mim mesma que quando saísse eu ia afogar aquele velho contador de histórias de contos de fadas dentro de um pote de vinho. Eu tava com frio, sozinha, no escuro, e não sei se estava andando em círculos ou só adentrando mais dentro daquela budega. Afinal, não via ninguém, e ninguém me via. Cadê a droga do bofe que ele tinha me prometido? Só podia ser caô. Como se por um toque de mágica um morto que nem sei se um dia existiu fizesse isso de verdade. Eu queria mesmo era que por magia ou milagre eu descobrisse onde fica a saída desse negócio. Saco, melhor lugar pra se perder.
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 — Estou com medo – pensei olhando para todo lugar e não vendo nada – será que me perdi? Ai, não... que sorte a minha.

Andei mais alguns metros e vi que tinha um trecho de rio, pelo menos um lugar mais aberto e claro para ficar, aquela floresta não tinha nada de encantadora e mágica do jeito que o moço fez parecer. Queria encontrar alguém conhecido... e ir embora, rápido. Cheguei no leito do rio e não avistei ninguém, suspirei. Procurei uma pedra grande e sentei-me. Queria mais, de verdade, era que essa lenda fosse verdade. Queria encontrá-lo. Mas alguma coisa me dizia que isso não iria acontecer, numa floresta tão grande e com tanta gente para me encontrar. Isso só me deixava deprimida, e como diria a Sakura: “Acho que é por isso que pensam que eu sou emo”. Decidi esperar alguns minutos e tentar encontrar a saída de novo. Não tinha outro jeito.
Abracei as pernas e fiquei olhando para o reflexo da lua no lago, estava tão brilhante, tão calmo. Que me deixou até meio desnorteada. Mas, mesmo que por um vulto, ouvi alguém – ou alguma coisa – vindo em minha direção. Ótimo. Fiquei desesperada, e comecei a correr para procurar um lugar para me esconder, acabei escolhendo um arbusto bem grande como esconderijo. Fiquei lá esperando para ver o quê sairia e rezando para não ter presas ou garras.

Esperei alguns segundos, com a respiração falhando e ouvi os passos ficarem mais próximos, cada vez mais próximos de onde eu estava. Ao meu lado direito vi uma sombra enorme, parecia um homem, grande, bem grande. Comecei a ficar nervosa demais para raciocinar, então num puro ato de desespero fiz a única coisa que me veio à cabeça.

AAAAAAAAAAAAH!

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Já estava cansada dessa brincadeira de esconde-esconde idiota e infantil, então resolvi voltar e esperar os outros na praia. Para não me perder marquei com meu batom uma seta nas árvores por onde passava, fazendo um caminho sem problemas para voltar. Era muita estupidez ficar doente por uma lenda idiota que não era verdade. A história era linda, verdade, mas não vale a pena estragar o meu fim de semana longe de tudo que me aborrecia. Bom, pelo menos QUASE tudo. Ainda tinha uma coisa, alguém para ser mais exata. Que me irritava mais do que ouvir alguém arranhar um quadro com as unhas. A palavra mais certa para essa pessoa, irritante. Estava bem perto da praia quando vejo a coisa mais absurda que poderia imaginar.

 — Não acredito, o que você está fazendo?

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Eu estava perdida, com fome, com frio, parecendo uma mendiga que fica na porta de padaria, com um puta dor nas costas, de salto no meio do mato, pisando em tudo quanto é buraco, e o pior, sem achar a porcaria da saída dessa floresta amaldiçoada.

 — Por onde eu devo ir, Godô? – perguntei para meu subconsciente gay.

 — Sei lá, mas que você encontre aquele bofe MARAVILHOSO que estava de camisa azul com uns botões abertos, HUM – perguntei para o subconsciente errado. Ele tinha a concentração de uma andorinha comendo alpiste.

 — Não é hora para isso, estou mais perdida do que fiel em peregrinação. Eu vou morrer aqui – disse choramingando, estava desistindo, sérinho.

 — Não faz drama, Sakura – respondeu aquela Bambi revoltada que nunca me apoiava a maldita. Ele era sem dúvida o pior subconsciente que sempre existiu, SEMPRE. Aquela biba mal-acostumada – daqui a pouco você vai achar a saída e vai fazer a maior cena de novela mexicana, dizer que se perdeu, que pensou que ia morrer e chorar nos braços daquela sua amiga de cabelos azuis, como você sempre faz, relaxa.

 — Se eu tivesse o poder de matar com o pensamento, você estaria muito ferrado – disse com um sorriso diabólico – seguraria teu coração e depois estraçalharia, porque parece que de conselheiro, você não tem nem a pinta Godofredo!

Ele me olhou com aquele olhar de quem não quem nada e disse:

 — Cara, tu me assusta.

 — Eu te assusto? Ora sua coisa, você tem é que...

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH...

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 — Você está bem? Por favor, me desculpa, meu deus o que eu fiz! – falei abanando ele.

 — Naruto-kun...

 — Hinata... porque você fez... isso – ele disse com a voz abafada.

 — Desculpa, por favor, Naruto-kun... eu... – eu lutava para que as palavras saíssem da minha boca, mas eu não conseguia, simplesmente de vê-lo, eu ficaria sempre assim, tinha certeza, era involuntário.

 — Calma, respira... fala devagar para eu entender – ele falou comigo como se eu fosse uma retardada, mas isso não me surpreendia, toda vez que ficava a sós com ele, agia como tal.

 — Bom – dessa vez peguei muito ar e falei direito – eu estava sozinha aqui, e não achava o caminho de volta, então, parei para descansar um pouco, logo ia procurar o caminho de volta, eu ouvi um barulho estranho e me assustei... não sabia que era você, me desculpe – pedi envergonhada.

Bom, na verdade, estava pedindo desculpas pelo fato de simplesmente ter quase MATADO ele, novamente, com uma pancada dessa vez com um pedaço de madeira qualquer que encontrei no chão mesmo. Ele desmaiou por um minuto e eu quase pirei, se acontecesse algo, nunca me perdoaria.

 — Então... foi isso né? – ele respondeu com aquele seu sorriso que ilumina tudo ao seu redor – acho que não posso te culpar por sentir medo, se estava sozinha aqui na floresta.

 — É, foi sem querer ta? – disse me sentindo super culpada – ainda está doendo?

 — Não, que nada! – gargalhou e se levantou – já estou ótimo.

Respirei realmente aliviada, era incrível como ele nunca se deixava abater. Qualquer coisa que acontecesse, ele ultrapassava e não olhava para trás, sem arrependimentos e mágoas, era o que me fazia admirá-lo tanto.
- Já que a gente se encontrou, eu te levo de volta pra praia – ele falou sorrindo – eu acho que esse velho enganou a gente de fato com essa tal lenda.

 — Como assim se enganou, Naruto-kun? – perguntei – não entendo...

 — Bom, você encontrou seu grande amor? – ele disse sarcástico – não, pelo contrário, encontrou foi o seu amigo idiota que só faz besteira, então, acho que isso não passou de uma boa perda de tempo... bem, vamos indo logo antes que...

 — ISSO NÃO É VERDADE!

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 — Você é mais idiota do que parece, sério – disse inconformada com o que eu havia visto.

 — Bom, já estou acostumado a não suprir expectativas – respondeu irônico o idiota – mas, se não se importa, eu queria voltar a dormir um pouco, estou cansado, Temari.

 — Não sei de fazer o que? – disse injuriada – você dormiu o dia inteiro!

 — E não tinha coisa melhor para se fazer... – resmungou – bom, eu já falei.

Grunhi algo como um xingamento, era incrível, como alguém podia ser tão idiota? Ele estava no lugar perfeito e com MILHÕES de coisas a se fazer, ele foi logo dormir. Não conseguia entender a mente daquele louco.

 — Mas, se quiser pode ficar e me fazer companhia – ele riu cínico e me chamou para deitar do lado dele – afinal, eu posso ser o amor da sua vida, não?

 — Vai pro inferno!

Saí de lá sem nem dizer tudo que eu queria, maldito garoto extravagante e cínico!

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 — SOCORRO!

 — Deus, por favor, se você me tirar dessa eu juro, nunca mais vou roubar o dinheiro do lanche do moleque que mora no prédio, e também vou obedecer a minha mãe, mesmo quando ela ta de TPM e manda eu me jogar dentro de uma casa de maribondos. Eu vou ser uma boa garota, faço caridade e tudo mais o que for preciso, eu até me livro do Godofredo...

 — De mim? Ora, sua falsa... – revoltou – esquece a última parte do acordo ok!

 — Escuta, Godofredo, to tentando negociar a minha escapatória – respondi com os dentes cerrados – do jeito que você é comigo, eu te trocava por pastilha de menta se me oferecessem, mas ninguém ia aceitar!

 — Ingrata, depois de tudo que fiz pra você – agora magoei o Bambi – quem é que te diz como você está para poder sair de casa? Quem é que diz o que usar? Quem é que mostra os bofes mais bonitos?

 — Geralmente... você escolhe apenas aqueles que servem para você... se é que você me entende.

 — E daí? – disse incrédulo – são lindos ou não?

 — SÃO GAYS!

Ouvi alguns passos, e quase choro pensando que Deus ficou com muita pena de mim, porque eu tinha que agüentar aquele gay falando no meu ouvido tanta bobagem, e resolveu mandar alguém para me salvar. *-*

 — Quem está aí? – opa, eu conheço essa voz.

 — Me ajuda! Por favor, eu caí nesse buraco – odiei implorar tanto, mas não tinha jeito, não dava pra escalar aquela coisa.

 — Não pode ser... Sakura? – falou Sasuke se agachando para tentar me ver naquela escuridão.

 — Não, Coelhinho da Páscoa... – cara, me irritei logo, esse buraco podia ter qualquer tipo de bicho, o que ele tava esperando para me tirar dali?
 — Acho melhor vir te buscar daqui a pouco... amanhã quem sabe? – falou o cínico.

 — NÃO! – quase choro – Sasuke, você é meu amigo né, me tira daqui por favor, Sasuke, ta frio e tem bicho aqui em baixo, Sasuke.

Falei Sasuke umas 3O vezes em uma frase só.

 — Puxa, não sabia que éramos tão amigos assim... – ele falou rindo – se esse é o caso, não posso deixar minha amiga presa num buraco não é?

 — É.

 — Mas, posso perguntar? Como foi para num buraco, amiga? – cada palavra saía com a maior pinta de palhaçada – não se acha azarada demais?

 — Bom, amigão... você está vendo a placa ‘CUIDADO, BURACO À FRENTE’? Não? – perguntei, já fula da vida com ele – Ah, claro. É porque ela não existe!

 — Bom, todos tem seu dia de azar – ele falou ainda rindo – mas, no seu caso TODOS seus dias são de azar.

 — Sasuke, se você não for pegar algo para me tirar daqui, eu juro que...

 — O quê? – perguntou parecendo interessado e desacreditado da minha promessa.

 — Faço da sua vida um inferno.

 — Ora, mas isso você já está fazendo, não vale.

 — Você não viu nada – olhei pra ele com a pior cara que eu pude fazer nessa hora – eu prometo.

 — Bom, já está tarde, vou ver como te tiro daí – ele se virou e nem me respondeu, filho da mãe, como se não se importasse com o que eu fizesse – volto já.

Ele não voltou já já nada. Demorou e muito, aposto que de propósito. Só pra me deixar naquele buraco no meio do mato, com frio e fome. Só de maldade, aposto.

 — Sakura?

 — Ótimo! Me tira daqui logo, acho que eu vou congelar – falei com o queixo batendo.

 — Não achei nada – ele disse.

 — Puxa, então obrigado pela ajuda, a gente se vê, Sasuke! – eu já estava com os neurônios morrendo e ele vem me dizer que não vai me tirar dali? Bom, muito bom.

 — Calma, vou dar um jeito – dizendo isso, ele tirou a jaqueta preta e jogou um braço dela pra dentro do buraco – tenta pegar na manga da jaqueta que eu te puxo.

 — Peraí – falei pulando para agarrar aquele negócio – eu não sou boa atleta, Sasuke – quando consegui agarrar, ele me puxou com força.

 — Vai escalando, Sakura – ele disse ofegante.

 — Falar é fácil, está escorregando – respondi quase sem fôlego – to quase conseguindo.

Com dificuldade, consegui chegar a mais da metade daquele bendito buraco. E já agradecia a Deus por ter atendido o meu pedido.

Mas, um pequeno descuido meu foi o suficiente, eu escorreguei e fiquei pendurada por um segundo, desesperei, a única coisa que tinha em minha mente para fazer era arriscada e mortal, mas era a única escolha.

Então, eu peguei no pé de Sasuke, e fiz força para subir, má idéia. Caímos os dois dentro do buraco.

Poxa, Deus. Foi por um pouquinho. Então, também não vou ser mais boa menina!

Agora eu me ferrei MESMO.



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 — Não fale assim nunca mais...

 — Não entendi, disse algo errado?

 — Você disse tudo errado – respondi – mas não se preocupe, de agora em diante eu direi as coisas certas.

 — Mas...

 — Não fale nada, apenas escute – decidi-me fazer aquilo, era agora ou nunca mais – tenho algo para dizer, e estou criando coragem não sei de onde. Então por favor, não me interrompa.

...

 — Não quero que NUNCA mais você fique dizendo essas coisas. Besteiras – tirei o meu olhar do chão e passei a fitá-lo determinada – Primeiro, porque a única pessoa que pode falar por mim sou eu mesma – notei que ele só estava ficando mais surpreso e confuso com o que eu comecei a contar, parecia não fazer sentido algum, mas eu tinha que falar, aquelas palavras estavam ardendo em minha garganta e sufocando meu coração. Doía, mas era suportável. Faria TUDO para vê-lo feliz, para não ter de magoá-lo, mesmo que isso significasse que eu teria de ser a pessoa magoada na história.

 — Segundo, – puxei o ar, procurando como dizer aquilo e não desmaiar como costume – você é meu amigo, e te conheço a muito tempo. Conheço você melhor do que qualquer um já conheceu ou um dia irá conhecer. Você não é idiota, não é bobo, nem muito menos estúpido ou inútil, e eu sei que mesmo que não leve a sério, esse tipo de comentários devem fazer feridas, em seu coração. Mas não importa para mim, o que os outros digam, eu sei a verdade, sei que você é corajoso, determinado, sincero e verdadeiro. E pode ter certeza de que isso não é brincadeira ou mentira. Você ajuda aqueles que precisam e é a pessoa mais forte que conheci, não se abala com o que os outros pensam. Segue em frente. Lutando. E nunca se arrependendo ou olhando para trás. Isso foi o que me fez pensar, o que me fez mudar e me tornar a pessoa que sou hoje.
Antigamente, eu me importava demais com o que os outros pensavam. Não tinha confiança em mim mesma, nem na minha capacidade. Mas me lembro como se fosse ontem:

‘Quem você pensa que é para dizer o que ela pode ou não pode ser?’

‘Eu não desisto, nem fujo. Pode me bater o quanto quiser, nunca deixarei que você me vença. Eu sou Uzumaki Naruto!’

Trilha Sonora: BROKEN - AMY LEE, SETHEER.

I want you do know,
that I love the way you laugh
I wanna hug you high,
and still your pain, away

Eu queria que você soubesse que eu adoro o jeito que você sorri
Eu quero te abraçar bem forte e levar sua dor pra bem longe
Eu guardo sua foto, e eu sei que ela me faz bem
Quero te abraçar bem forte e roubar sua dor

 — Mas depois de te ver lutar, de te ver não desistir, você me deu coragem. Deu-me uma força que eu nunca imaginara que um dia pudesse ter – meu coração começou a palpitar loucamente e acho que não sentia mais meus pés no chão, as idéias não passavam de vultos e fantasmas à minha mente. Tudo que eu tinha certeza era que, eu tinha que terminar, não podia fugir mais agora.

Because I’m broken, when I’m lonely
I don’t feel right, when you go away

Porque eu fico em pedaços quando estou solitário
E eu não me sinto bem quando você vai embora

 — A garota que um dia existiu dentro de mim, hoje já não existe mais. Porque tudo que eu vejo, meus olhos transformam, em uma perspectiva de como seria se fossem os seus olhos que estivessem vendo – não queria me permitir corar, mas era involuntário – eu imagino como VOCÊ agiria – ele pareceu paralisado, como uma estátua, boquiaberto, mas isso não me assustaria.

Because I’m broken, when I open
And I don’t feel like, I’m strong enough
Because I’m broken, when I’m lonely
And I don’t feel right, when you go away

Porque eu fico em pedaços quando fico exposto
E eu não me sinto como se eu fosse forte o bastante
Porque eu fico em pedaços quando estou solitário
E eu não me sinto bem quando você vai embora

 — E a verdade é que... é que... – minha cabeça fervilhava como se houvesse um enxame de abelhas furiosas dentro dela, e a minha fala começou a fraquejar, mas eu ia conseguir terminar, com certeza, eu acho – a verdade é que EU TE AMO, amo mais do que já amei alguém e mais do que eu possa agüentar – eu o vi ficar mórbido, sem vida – e eu sei que nada mudará o que estou sentindo, porque é muito forte. Porque é sincero e é puro.

 — Eu te amo Naruto.

Quando falei a última frase de meu discursso, perdi o controle. Caí de joelhos ao chão. Pelo nervosismo, pela expectativa, pelo medo. Agora que ele sabia, como ele iria reagir? Correspondendo... ou não... não importava mais...

 — Hi-na-ta... – suas palavras saíram como um sussurro medroso, e senti minha espinha congelar, ele iria dizer algo que eu não queria ouvir... mas era um risco a correr, e eu apostei todas as minhas fichas.

Ele não se mexeu, continuou como estátua. Pensando... processando talvez. Na pior das hipóteses, pensando em como me dizer, de um modo que não me magoe, que não era aquilo que ele queria. Que não podia fazer nada.

E o pior é que, não conseguiria. Não haveria uma gota de remorso por ele em mim, por mais que talvez fosse merecido, eu não seria capaz. Continuaria a amá-lo, mesmo depois de saber que ele não me ama. Continuaria a vê-lo com os mesmos olhos apaixonados de antes. E o meu coração não conseguiria viver sem ele, mesmo que ele o estivesse despedaçado em milhões de pedaços.
 — Não sei o que dizer... – sua voz agora estava mais recomposta, em pouco tempo, iria acabar.

 — Mesmo assim, diga – tremia como se estivesse com minhas roupas cheias de gelo.

 — Hinata, não sei se as coisas são assim – meu coração começou a se apertar – mesmo que me ame do jeito que me disse, acha que as coisas entre nós dariam certo? Somos diferentes... demais – o aperto começou a se tornar uma tortura, estava me sufocando, enquanto eu via minha vida perder o sentido – Eu tenho medo...

 — Medo? Um relacionamento o assusta tanto assim? – no canto de meus olhos o ardor das lágrimas incomodava, elas lutavam para descer e formar a tempestade inevitável. Mas eu queria ser forte, naquele momento. Por ele.

 — Não, nada disso... se fosse isso apenas, que fácil tudo ficaria – seu riso melancólico parecia estar triste, mas aquilo me confundiu – o meu maior medo é que, por algum erro ou besteira, eu venha a te perder... você é minha AMIGA.

Então era isso, para ele eu nunca seria mais que isso... AMIGA.

 — Bom, Naruto-kun – tentei sorrir – eu não esperava que você fosse dizer algo diferente, era só que... precisava dizer, sabe? – virei minha cabeça de lado, com os olhos cerrados e um sorriso no rosto – não se culpe, ou fique triste – continuei, sem olhá-lo mais, por falta de coragem e controle – só espero que tudo continue como antes.

 — Nada mais será como antes, Hinata – ouvi-lo dizer isso me fez entrar em choque. Então era isso, eu o havia perdido, ele não iria mais querer minha amizade. Minha tola e impensada revelação, só me faria ficar cada vez mais longe dele, meu amado.

— Mas... – as lágrimas desceram por meu rosto com urgência e desespero.

 — Não há como voltar a ser como era, agora que eu sei – ele falou com os olhos voltados para a lua, o meu choro continuava e minha visão não se passava de borrões – tudo o que você disse, só confirma o que já era especulado, você gosta de mim, de verdade. E agora que sei isso, não consigo mais ter sua amizade.

Meu mundo caiu, e agora queria apenas chorar, e chorar.

Senti algo quente em meu rosto e espantei-me. As lágrimas foram sendo enxugadas com as costas de suas mãos e meu rosto estava sendo segurado por ele. Até que pude vê-lo com clareza.

 — Agora que sei que você me ama – ele disse cantando as palavras – não sei se consigo esconder o que EU sinto, Hinata. Não sei se te quero APENAS como amiga – não podia falar, não podia me mexer, não podia sequer respirar, o que ele estava dizendo? – a verdade é que, de todos, você me faz sentir mais feliz. Tão feliz como quando meu pai era vivo, Hinata. Você não faz idéia. E já que não há mais segredos, eu vou te contar uma coisa também.

 — Se você me faz sentir assim, tão feliz – ele sorriu docemente – eu quero te fazer se sentir do mesmo jeito. Eu te quero, Hinata.

Seu rosto ficou mais próximo ao meu e seus olhos começaram a se fechar vagarosamente, eu ainda não podia respirar. Ele envolveu minha cintura com seu braço e continuou segurando meu rosto com a outra mão.

 — Eu... te amo também – sussurrando isso ele encostou seus lábios nos meus.
_____________________________________________

Nada. Nem sinal de vida no meu cérebro doente. Parece que Godofredo ficou magoadinho de verdade. E eu não iria fazer declarações em voz alta agora, ELE ouviria. Minha vida era pior do que vida de vagalume sem pisca-pisca. Enfiada num buraco de 10 metros, no escuro. Sem meu celular, que por destino, ficou em minha bolsa, na praia. Sem acomodações decentes, sem televisão, sem contato humano...

...

DEFINITIVAMENTE, sem contato humano.

Ele devia estar muito feliz comigo. Não que eu me importasse. Quem mandou querer ser cheio de gracinha? E não ser capaz de buscar ajuda? Acabou dentro do buraco junto comigo. O diabinho da vida dele. Ele devia estar pensando num modo – discreto e eficiente – de me matar, com muita, muita dor e agonia. Mas eu não me atrevia a ser engraçadinha com ele agora. Daria um tempo, para o ódio passar, e voltar a ser a antipatia normal. Mas a minha língua começou a coçar de tanta vontade – só se for vontade de cometer suicídio – e certeza misturado. É que era engraçado demais para ser controlável. Minha veia cômico-trágica estava me matando. E ele só se sentou, com os braços em cima dos joelhos e a cabeça maio baixa. Não parecia tão furioso, mas eu sabia que estava. Mesmo querendo esconder, era muito fácil – e compreensível – de entender.

Fiquei caladinha alguns minutos - demorados -. Esperava a minha deixa para descarregar todas as piadinhas e comentários infames.

Mas ele não esboçava reação alguma, isso me deixava irritada. E impaciente.
Quem sabe se eu puxasse assunto? Mas que tipo de assunto eu poderia puxar com alguém como ele? Difícil de se dizer, verdade. Futebol? Notícias? Tempo? Moda? Brincadeiras? Prostitutas inglesas? Distúrbios Mentais?

Difícil de dizer, realmente.

Então a primeira coisa que veio, foi a coisa que perguntei.

 — Sasuke, você gosta mais de suco de morango ou de uva?

Ele me olhou com uma expressão hilária. Como se eu tivesse perguntado se ele era um urso panda pintado de rosa e azul com um pirulito gigante. Voei.

 — Como é?

 — Sua audição está afetada? – perguntei com um rosto aborrecido – gosta mais de suco de uva ou de morango?

 — Eu não quero conversar, Sakura - respondeu o simpático vizinho – que agora era de buraco também.

 — Só para passar o tempo Sasuke, seu emburrado idiota – falei com a mão apoiando meu queixo – você deve se cansar de tanto falar, não é?

 — Eu só evito conversas desnecessárias – disse me olhando com aqueles olhos sem sentimento.

 — Tudo bem, tudo bem – sorri tentando não soltar o demônio – eu só queria me distrair, já estou aqui a muito mais tempo do que imagina. E a sua presença não mudou muito o ar do lugar. Quer dizer, mudou sim. Ele se transformou num lugar hostil, onde você e eu foi tudo que sobreviveu. É muito triste e deprimente ficar com esses tipos de pensamentos. Afinal, se eu morrer hoje, quero morrer com um mínimo de felicidade. Se é que isso é possível, na minha situação – sorri sem graça.

Os minutos silenciosos vieram de novo. Queria algo para me cobrir, ou um copo de chocolate quente, ou bater na cara do tiozinho que conta lendas. Tudo me faria me sentir melhor do que o lixo que meu corpo parecia. Mas nada acontecia, ninguém aparecia, a noite não acabava, e meu pesadelo continuava.
Virei a maior poeta melodramática ó – que engraçado... e assustador.

 — Café.

 — O que? – perguntei surpresa.

 — Eu prefiro um bom cappucino a um copo de suco – agora sim, infartei. Algum sinal de vida, do corpo sem vida dele.

 — Eca – fiz uma careta de nojo – praia ou shopping?

 — Casa.

 — Quantos anos você tem? – perguntei incrédula.

 — A mesma idade que você. 18. mas você já sabia, pra que perguntar?

 — Só pra confirmar... você parece um senhor de 30 anos, Sasuke – disse com uma certeza distorcida – não sabe se divertir de vez em quando?

 — Eu sei quais são as minhas responsabilidades.

 — Puxa, isso sim parece ser divertido! – respondi sarcástica – e o que eu estou esperando para me tornar tão responsável quanto você? Deus, meu pai tinha razão!

Ele não respondeu, parece que eu tinha ultrapassado certos limites de novo, os de sua paciência.

 — Nós ainda estamos em trégua? – perguntei, lembrando-o do acordo que fora selado no seu próprio apartamento, quando Hinata nos obrigou a sermos comportados, e racionais.

 — Porque?

 — Só para garantir que você não vai dar um pulo e quebrar meu pescoço – sorri com a piada negra, que não tivera graça nem pra mim. Mas no fundo, estava perguntando seriamente – eu preciso dele, sabe?

 — Não se preocupe, sou novo demais para apodrecer na cadeia – respondeu sem esboçar contentamento algum em imaginar a situação – ainda mais por você.

 — Assim você me magoa, Sasuke – respondi com os olhos cerrados e um biquinho – nada de sexo por um mês pra você.

Ele me encarou perplexo. Como se eu tivesse abaixado as calças bem à sua frente. E devia estar se perguntando por que não considerara a possibilidade do esmagamento de pescoço, anterior.

 — ‘Ela realmente não é normal’ Como é? – perguntou com sua voz alterada.
 — Você ouviu – disse sorrindo ababacada – sem sexo, nem toque, você vai dormir do lado de fora, Senhor Uchiha, na casinha do cachorro.

 — Como se eu precisasse, disso... – acho que foi isso que ele balbuciou mal-humorado no seu canto preto e branco.

 — Está falando das prostitutas? – gargalhei – bem que eu sabia que o barulho que vinha à noite do seu apartamento era suspeito.

 — Você ficava me espionando? – perguntou sério.

 — Não, seu bobo – ri ainda um pouco – as paredes são finas.

Ele não falou nada, e o senhor silêncio voltou, por pouco tempo.

 — Quer me perguntar alguma coisa? Pode ser qualquer coisa... – disse esperançosa de que mais algum progresso acontecesse naquela noite.

 — Sim.

 — Ótimo! O que é? Perguntei satisfeita.

 — Por quantos anos você freqüentou um psicólogo? Porque não foi suficiente se você quer saber... – maldito homenzinho velho em corpo de adolescente gostoso.

 — Quando eu penso que não dá para ser mais idiota... você se supera.

 — Eu faço o que posso.

 — Escuta...

Parei, observei melhor, e senti a falta dele. Não acredito, eu o perdi.

 — Hn?

Meu coração parou por um segundo, de aflição.

 — Eu acho que na queda, eu perdi uma coisinha muito importante... me ajuda a procurar? – perguntei com a mão na testa.

 — Vire-se.

 — É sério Sasuke... por favor... – choraminguei, engolindo o choro que ia sair da minha garganta.

Ele piscou rapidamente umas duas vezes, confuso talvez, se levantou e perguntou:

 — O que você perdeu?

 — Meu... colar – falei sussurrando, com a mão no pescoço, afagando o lugar onde deveria estar o meu tesouro – eu perdi, o meu colar.

 — Colar?

Levantei-me, angustiada, procurando por todos aqueles dez (?) metros quadrados, a coisa mais preciosa que tinha na vida, e aquela também que tinha maior valor sentimental e necessário. Eu sabia, aquele era meu vício. Não conseguir esquecer.






                                                            ••• Continua ~


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Notas finais do capítulo

Aí está como prometido!
gente que raiva da Rafa, ela fez esse cap enormeeee e demorou muito para posta-los.. em várias partes qq
então mais uma vez desculpa ! prometo que vou tentar fazer as partes maiores.. acho que vai ter mais duas ou três partes.. é que complicado para eu postar muito só de uma vez, eu tenho que corrigir e mudar algumas coisas D:
Quero acabar esse cap o mais rápido possível, por isso vou tentar postar com mais frequencia.. só que a escola que pega galerinha, to cheia ABATOLADA de trabalhos pra fazer.. seminários e uma feira de ciências pra arrumar D:
Enfim, espero reviwes hein ? eles me motivam mais e mais b29;
Próximo post : Quarta/Quinta.
beijo beijo