Meu Pequeno Milagre escrita por Graziele


Capítulo 4
Epílogo - Recomeçar


Notas iniciais do capítulo

Eaê! Viram, na mesma semana! Nem demorei dessa vez! HAUAUAUAUAU'
Ain, gente to pulando de alegria O/O/O Quatro recomendação eu recebi! *--* Obrigada a Stefannymarie, a Anicaamora, a Mrs_hay, e a kellysolsticio. Vocês me arrancaram lágrimas e me fizeram pular pela casa, rs.
Se ainda tiver alguém que queira recomendar, faça-o! HAUAUAUAU' Vou ficar imensamente feliz :D

Chega de falar e vamos ao epílogo! Snif.



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  Era 20 de dezembro.

E a casa pequenina do casal Cullen ainda estava fria demais. Sinistra demais. Quieta demais.

Mesclados à lágrimas, todos os brinquedos de Melanie ainda estavam espelhados pelos cantos. Intocados, assim como a mamadeira esquecida na pia há tanto tempo. Ou como as fotos da garota sorridente. Ou ainda como os sabonetes, cremes, fraudas, chupetas e bichos de pelúcia.

Era doloroso olhar pra tudo aquilo, sabendo que Melanie não mais apareceria chorando manhosamente procurando a chupeta rosa. Sabendo que nunca mais ela falaria toda orgulhosa que tomara um banho e que estava cheirosa. Sabendo que nunca mais o riso contagiante dela encheria a casa. Nunca mais.

A idéia era apavorante demais. Dolorosa demais.

Era como se eles estivessem presos num pesadelo e que acordariam a qualquer momento com Melanie pulando em cima da cama. Mas nunca mais isso aconteceria.

A situação de Rosalie era deplorável. Diferentemente do que todos pensavam, ela não dava crises de choro, ela não tentava se matar a todo momento e nem amaldiçoava a vida. Era muito pior. A mulher parecia ter se trancado num mundo particular – um mundo em que Melanie ainda estava viva. Interagia com as pessoas, mas nunca dava um sorriso sincero, embora todos se esforçassem para tal.

Emmett e Rosalie pareciam ter se distanciado ainda mais depois da partida de Mel. Não ocupavam o mesmo cômodo e nunca mais jantaram juntos.

Emmett sabia que Rosalie tinha que passar por psicólogos, somente ajuda profissional a ajudaria a sair daquela tristeza, mas, toda vez que ele olhava para os olhos perdidos da mulher, ele tinha a certeza de que somente as mãozinhas gorduchas da filha agarrando-lhe o pescoço é que a tirariam daquele torpor.

Emmett estremeceu ao ouvir o clique metálico de sua maleta e suspirou ao som de seus próprios passos no escritório de advocacia Cullen. Ele tinha que voltar ao trabalho, afinal. Era irônico ter apenas dois dias de luto, quando sua própria dor não se dissiparia nunca.

Os poucos quilômetros que separavam o escritório Cullen da pequena casa se tornaram uma eternidade para Emmett. Todo dia – depois da morte de sua única razão de viver – estava sendo assim. Ele sentia o peito constringir, quando entrava em casa e não ouvia sinais de que Rosalie estava lá e, depois, mais lágrimas se acumulavam quando ele a avistava encolhida na cama rodeada por coisas de Melanie.

Quando estacionou seu carro na garagem de sua casa Emmett estava, sem nenhum motivo aparente, com as mãos trêmulas e garganta seca. Seu peito parecia pequeno para as batidas erráticas de seu coração maltratado; ele sentia essa maldita sensação todo dia. Mas, estranhamente, aquele dia esta parecia mais intensificada.

- Rose? – ele chamou timidamente. – Rosalie? – a voz tornando-se desesperada ao não obter resposta.

Examinou todos os cômodos daquela casa, com os olhos azuis clinicamente observando cada detalhe, à procura de qualquer indicio que a mulher estava perambulando pela casa. Massageou as têmporas, suspirando angustiado.

Deus, esse sofrimento não vai acabar nunca?

Já estava cansado.

Cansado de mais cinco dias sem pregar os olhos. Cansado de ter que chegar em casa todos os dias apenas para ver a mulher que amava se afundando num poço sem fundo. Cansado de sensação de impotência que o dominava. Cansado de esconder suas próprias feridas, para não ver Rosalie sofrer ainda mais. Cansado de sentir o pulmão doer a cada respiração. Cansado de chorar copiosamente todas as noites, pedindo forças para seu anjinho.

Emmett já estava cansado de viver.

Limpou com a manga da camisa os primeiros rastros de lágrimas que já apareciam, antes mesmo do homem notar uma foto de sua menina sorridente, emoldurada num porta retrato de estrelas rosa – a cor preferida de Mel. Sentiu os joelhos cederem, e o corpo cair, esvaecido, em cima da cama macia do casal.

Foi com muito esforço que ele se levantou da cama e se direcionou até o jardim da casa, a fim de espairecer um pouco. Só notou que chovia quando pingos grossos lhe cortaram a face de querubim, mesclando-se com as lágrimas salgadas.

Lembrou-se do primeiro aniversário de Melanie, e de como o riso contagiante enchia os ouvidos de todos os presentes na pequena comemoração. Lembrou-se do bolo, das risadas, da lareira... Da felicidade, a muito não vivida.

Emmett sentou-se na grama lamacenta do jardim e tentou sorrir ao avistar a figura esguia de sua esposa ao longe.

- Desculpe a demora – ela sussurrou. – Mas minha mãe fez um bolo gostoso. – E a tentativa de sorriso fora frustrada. Emmett sentiu todos seus órgãos se contraírem com a visão de uma Rosalie completamente diferente. Os olhos estavam sem vida e adornados por manchas escuras. O cabelo estava bagunçado. O corpo era magro demais. Tudo nela parecia gritar sofrimento.

Eles se fitaram por longos minutos, sentindo a chuva cair em seus corpos, quase que os renovando.

- Sente-se aqui – Emmett pediu, gesticulando para seu lado esquerdo.

- Mas está chovendo – Rosalie argumentou, com sua voz fraca demais. – E... A janta... Tenho que fazer...

- Eu só... Quero ficar com você, um pouco. Por favor.

Rose suspirou, vencida e sentou-se ao lado do marido, com uma distância considerável entre os dois.

- Emm, ainda ta doendo... – Rosalie comunicou, com as sobrancelhas franzidas, segurando o choro.

- Dói em mim também.

- Ela não pode nos deixar, Emmett... – Rosalie olhou nos olhos do marido, mostrando toda sua agonia. Ele teve vontade de reconfortá-la, abraçá-la, beijá-la, amá-la... Mas não ia arriscar fazê-las se afastar novamente. – Estamos incompletos.

- Rosalie, eu... – Emmett não era bom com palavras. Definitivamente. – Apenas... Lembre-se dos momentos bons...

Soluços altos demais interromperam a frase do homem na metade.

- Eu não quero que você tenha que se preocupar com minha dor também... Ela nunca vai passar, Emmett... Talvez seja melhor eu me afastar de você...

Beijos amorosos interromperam a frase da mulher na metade.

Rosalie continuava estática, sentindo os lábios dos quais sentira tanta falta percorrerem um percurso caloroso. Foi só quando esses mesmos lábios tornaram-se compreensivamente urgentes que ela correspondeu.

Não me deixa, as mãos másculas e exigentes demandavam contra a pele macia.

Eu amo você, a respiração falha da mulher gritava à ele.

Eu amo você, os beijos provocantes contra o busto molhado dela confirmavam.

Não vou te deixar, o beijo cálido no maxilar dele prometeu.

- Eu amo você – ele afirmou, em voz alta.

- Não me deixa – ela pediu a mesma coisa que pedira outrora.

- Eu não vou. – E resposta fora a mesma.

-

-

Seis meses depois.

- Rose, você... Tem certeza? –Emmett perguntou pela quinta vez, em apenas cinco minutos.

Estavam em frente ao cemitério de Forks.

Foi só depois de quase um ano que Rose teve coragem de ir visitar o túmulo da filha. A dor era a mesma de dezembro passado, mas a diferença é que ela aprendera a conviver com ela. Passou por psicólogos – juntamente com o marido – para aceitar que seu anjinho não mais voltaria.

Não estava feliz, mas estava quase chegando lá.

E, agora, tinha uma motivação a mais.

Victor Cullen nasceria dali a quatro meses.

Ele não serviria como um substituto para Melanie, é claro, mas conquistaria seu próprio espaço no coração de Rosalie e a ajudaria a superar a perda que tanto a abalara.

A descoberta da gravidez acarretou certo medo para a mulher, mas, com o apoio incondicional do marido, o medo transformou-se em uma alegria descomunal.

- Tenho, Emm – a mulher afirmou – só quero conversar com ela.

Emmett assentiu e amparou a mulher até o tumúlo de sua menina, se afastando depois, tendo a plena certeza de que ela precisava fazer aquilo sozinha.

Com passos deliberadamente lentos, Rose caminhou até a lápide de Melanie, sorrindo debilmente, em meio as lágrimas, ao avistá-lo.

- Oi, meu amor – ela sussurrou – desculpe por não ter vindo antes, mas estava sendo difícil, sem você aqui.

Uma brisa quase sobrenatural soprou, como se Melanie estivesse ouvindo a mãe.

- E, agora, você vai ganhar um irmão – a mulher passou as mãos pela barriga. – Lembra que você cobrou isso uma vez? – as lágrimas já eram torrenciais, enquanto o um riso débil escapava pelos seus lábios. – Espero que você esteja bem, Mel... Porque aqui nada esta bem. Não sem você, minha princesa. – Soluçou de maneira audível demais. – Eu amo você.

Olhou para o lado e notou que Emmett também chorava silenciosamente. Estavam os dois com o coração ainda dolorido, mas, ao mesmo tempo, preparado para um futuro que, certamente, regozijariam de alegria imensa.

Rosalie desviou os olhos para o horizonte e fez uma pequena oração, onde agradeceu. Agradeceu por ter tido seu pequeno milagre, agradeceu por ainda poder lembrar-se de seu cheiro, de seu riso, agradeceu pelos dias abençoados que tivera ao lado de sua menina. Agradeceu pela segunda chance.

Rosalie pediu. Pediu que Victor trouxesse o tanto de alegria que Melanie trouxe. Pediu que ela pudesse lidar com todos os obstáculos que viriam. Pediu que a felicidade viesse novamente.

Foi com o pulmão aliviado que Rosalie sorriu sinceramente ao vento, sentindo o vento frio banhar-lhe o rosto, como o carinho recebido de Mel.

E foi com paz no coração que a mulher jogou uma flor ao vento, esperando que esta encontrasse as mãos pequeninas daquela que tanto a marcou. 

Tributo à Leonides dos Santos.

Aquela que marcou eternamente. Aquela nos fez rir em momentos inimagináveis. Aquela que trouxe alegria ao chegar. Aquela que deixou vazio, tristeza e lágrimas quando partiu.

Espero que todo o sofrimento tenha acabado agora, porque, aqui, esta tudo na mesma. Nós ainda te queremos de volta.


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Notas finais do capítulo

Eaê, gente? Ficou bom?Espero que esse capítulo tenha arracado sorrisos, misturados a lágrimas, pois foi isso que aconteceu comigo.Obrigada a todas que comentaram e me motivaram :D Foi difícil chegar até o final disso aqui, por causa da emoção que essa história exigia, mas eu ACHO que consegui fazer com decência, rs.Obrigada, DE VERDADE, a todas. Vocês deixaram meus dias melhores :)Por favor, deixem comentários. Não custa nada, né? rs.Beijos, meninas :*E, talvez, até a próxima, hehe.