Meu Pequeno Milagre escrita por Graziele


Capítulo 2
Capítulo 2 - Pequena Esperança


Notas iniciais do capítulo

Oi, amigas :)
Mais um capítulo da nossa histórinha :D
Fiquei imensamente feliz com os comentários. *.* Toda essa aceitação com o meu primeiro bebê me fascina.
E, bem, quem chorou com o primeiro capítulo, irá chorar mais com os próximos, rs.



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Capítulo 2

O dia 30 de junho de 2002 amanhecera com um sol tímido, quase inexistente. Uma brisa fria banhava as folhas molhadas pelo orvalho e a quietude dos animais parecia em sincronia com demasia tristeza de Rosalie.

Estava sentada na poltrona observando as feições pacíficas do marido e da filha. Estava aturdida demais para tentar dormir, e toda a exasperação que sentia não ajudava na inconsciência.

Na ponta dos pés, ela caminhou até a cama e acariciou os cabelos ralos de sua menina. Agora, ela parecia ainda menor. A cama era desproporcionalmente grande demais para o corpo esguio da menina e esta parecia desaparecer entre os lençóis brancos. O cabelo estava ficando ralo e mais fino; os ossos mais proeminentes. Dormia a maior parte do dia e, quando estava acordada, chorava copiosamente, devido a dor.

Emmett não as deixava sozinhas nem um só segundo. O fato de trabalhar no escritório de advocacia de seu pai o ajudava em sua estadia no hospital. Por mais que Carlisle fosse de punho de ferro com os filhos, ele não era insensível a esse ponto.

As famílias Hale e Cullen foram visitar Melanie umas duas vezes naqueles cinco dias de internação. A que mais se solidarizava com a situação de Rose e Emmett era Isabella Swan, pois ela perdera a mãe há um ano, quase nas mesmas circunstâncias. Entedia como aquela angustia era horrível. Mas o desfecho no caso de Isabella não era animador. A mãe da cunhada de Emmett morrera um mês depois de ser internada com Leucemia.

A porta do quarto 231 foi aberta sorrateiramente revelando uma enfermeira com ar materno. O cabelo cor de milho era amarrado num coque disciplinado no alto da cabeça. A pele morena contrastava com o uniforme branco e os olhos, semicerrados por conta da escuridão do quarto, eram de um negro brilhante. Nas mãos calejadas, uma prancheta com anotações e no rosto enrugado, uma expressão de solidariedade.

Sorriu para Rosalie e foi até a cama de Melanie, checar os sinais vitais da menina. Foi meio desengonçado fazê-lo, pois o corpo de um homem enorme repousava na cama, abraçado a paciente.

- Acho melhor descansar, querida – a enfermeira recomendou – o café da manhã chegará apenas às sete.

- Eu não... Consigo – Rosalie balançou a cabeça negativamente.

A enfermeira suspirou e, antes de sair do quarto, deu tapinhas compreensivos no ombro de Rose.

Rosalie respirou fundo e voltou a se sentar na poltrona ao lado da cama hospitalar. Ficou a observar as caretas inconscientes que Emmett fazia em seu sono e a sorrir com elas.

Era impressionante ver como Emmett não mudara nada, quanto ao comportamento. Mesmo com um monte de preocupações e responsabilidades pesando nas costas, ele ainda conseguia ser o mesmo brincalhão. Sempre quando chegava do escritório, conseguia um tempo – ainda que fosse pequeno – para fazer palhaçadas com Melanie.

Era um exemplo de pai, afinal.

Ele não se cansava de dizer que Melanie fora a maior dádiva que Deus podia ter colocado em sua vida. Tentava, ao máximo, ser um pai presente na vida da menina, pois ele sofreu com a ausência dessa presença e não queria ver a filha suportando isso também.

A experiência de ver Melanie vir ao mundo no dia 07 de janeiro de 2000 fora inexplicavelmente mágica. O som esganiçado do choro de Melanie passou a ser o som mais importante da vida dele.

- Por que não tenta dormir um pouco? – Rosalie se sobressaltou ao ouvir a voz masculina e sonolenta de Emmett. Mirou o rosto amassado de Emmett e sorriu.

- Acha que eu consigo? – a pergunta era retórica, mas Emmett já sabia da resposta.

O silêncio foi predominante no quarto pelos segundos seguintes. Só se ouvia os passos de Emmett, que se levantara da cama e caminhava na direção da esposa.

Meio hesitante, ele a pegou pela mão e levantou-a da poltrona. Abraçou-a de forma sufocante, inalando o perfume doce que emanava dos cabelos dourados. Mãos femininas o agarraram nos ombros e se apertaram ali. De forma inconsciente, os corpos dos pais começaram a se movimentar de um lado para o outro, como se fosse uma dança calma.

Ficaram abraçados no meio do quarto 231, numa bolha particular, até que uma tosse engasgada de Melanie os fez despertar. Rosalie correu até o leito hospitalar e levantou a cabeça da menina, para que ela não engasgasse. Mel resmungou alguma coisa, mas voltou a adormecer.

- Hoje Edward e Bella virão nos visitar – Emmet informou, depois do suspiro de Rosalie. Ela sabia que ele queria arranjar um assunto que não fosse a doença de Melanie.

- Espero que eles tragam algum açúcar – Rosalie brincou e Emmett riu.

O silêncio predominou novamente. Era como se eles estivessem se conhecendo de novo. Não tinham nada o que conversar. Normalmente, as conversas se resumiam às contas da casa, mas aquilo era um hospital e esse tipo de prosa naquele ambiente era completamente ridícula – principalmente ao considerar a situação.

E o silêncio deixava tudo mais sombrio.

- Lembra-se da faculdade? – Emmett perguntou de repente, com os olhos azuis nostálgicos fitando Melanie.

Rosalie franziu o cenho, com um sorriso, ao se lembrar da correria que era aquele tempo. Revezavam-se para cuidar da filha, mas ainda era desgastante.

Lembrava-se com perfeição do dia em que Emmett tivera a “brilhante” ideia de levar Melanie – que tinha apenas 10 meses – para a faculdade, a fim de deixar Rosalie fazer uma prova do colégio. A advertência que ele tomara do diretor não fora nada, perto do estrago que Melanie fez nos livros dele. Depois desse episódio, o lema de Emmett passou a ser “algum dia, iremos rir disso”.

- Eu prefiro não lembrar – Rose riu, afinal.

Emmett franziu os lábios, balançando a cabeça negativamente. Ficava indignado ao lembrar de como era incosequente.

- Foi uma época boa, de qualquer forma. – Ele concluiu, sorrindo.

Rosalie sabia ao que ele se referia. Foi uma época em que o sofrimento e a angustia não existia.

- Foi uma época corrida, você quer dizer.

- Eu passaria por tudo novamente.

Rosalie teve que desviar o olhar, pois os olhos azuis de Emmett faltavam perfurar sua alma. Pareciam gelo. Afiados.

Ela se virou na direção da cama de Melanie e ficou a acarinhar os cabelos dela. O sono era o melhor amigo da menina, pois era só desse jeito que a dor cessava.

- Ainda não sei... Como contar a ela – Rose murmurou. Teve de piscar algumas vezes para afastar a ardência dos olhos.

- Talvez... Falar com verdade. – Emmett sugeriu, incerto. A ficha dele, quanto à doença da filha, ainda não havia caído, então ele mesmo não sabia como contar a ela... Talvez preferisse não contar. – Ela está reagindo bem a quimioterapia... Isso vai acabar, Rose.

- O cabelo dela esta afinando...

Isso já era notável. E seria uma adição a mais no sofrimento infringido no casal. Os últimos cinco dias que se seguiram fizeram o resto de coração que sobrevivia no peito de ambos se estilhaçar, pois se resumiram a dores. Tanto de Melanie, quanto deles. Mas, principalmente, de Melanie.

Os efeitos colaterais da quimioterapia estavam cada vez mais presentes. Os vômitos eram quase rotineiros, mas as dores não detinham. Há três dias, a pequena chorou tanto, que chegou a ficar com falta de ar, e a febre chegou a um nível tão absurdo que o banho frio fora a única saída.

Por Deus! Nem palavra de consolo de Rosalie tinha mais para usar! Nem dizer vai passar ela conseguia.

Tinha medo do presente. Não, não era o futuro que a acometia, pois este poderia ser alterado, mas o presente era doloroso. Era o presente que acabava com ela e com suas esperanças.

Recordava-se de que, quando ficara grávida, por falta de instrução materna, achava que aquela experiência fosse ser parecida como brincar de boneca, e que a única diferença que existiria entre um bebê e uma boneca seria o choro. Mas, naquela situação, soube que o choro não seria a única diferença, mas seria a mais angustiante.

- O Doutor Whitlock disse que vai ter um teatro mais tarde, na sala de recreação. – Emmett disse.

Rosalie suspirou e circundou os braços na cintura de Emmett. Inalou o perfume de sabonete que ele exalava e fechou os olhos.

- Você... Poderia ficar um pouco com ela... Só pra eu ir comer alguma coisa? É que eu não comi nada e...

- Tudo bem. Rose, por favor, parece que você ta falando com um estranho – Emmett riu.

Rosalie riu baixinho e assentiu. Espalmou as mãos no peito másculo de Emmett e mirou os olhos azuis dele.

- Tudo bem, então – ela respirou fundo e corou. Emmett franziu as sobrancelhas. Não sabia o porquê da reação dela... Rosalie só corava quando a situação era realmente constrangedora. – Vou comer alguma coisa, marido.

As horas que se arrastaram até que o momento do teatro chegasse foram tediosamente lentas. Naquele quarto, não havia nada que Emmett pudesse fazer para distrair Melanie – que acordara cinco minutos depois de Rosalie sair –, e não que Melanie estivesse com disposição para brincar de qualquer coisa com o pai. Estava quieta demais e bastante abatida.

Emmett tentava, a todo custo, colocar alguma animação na filha, não obtendo muito sucesso. A dor havia voltado novamente e a dose do remédio prescrito teve que ser aumentada. Melanie vomitou muito, antes de voltar a chorar.

Ele queria apenas que ser algum tipo de super herói para resgatar a menina de todos os males que a rodeavam. Queria arrancar, principalmente, aquela coisa ruim que crescia na cabeça dela. Queria ter a certeza de que, no futuro, ele morreria tranquilamente ao lado de Rosalie, sentado numa cadeira de balanço, enquanto via seus netos devidamente casados.

Por mais que tivesse esperança, sabia como seria difícil. Não era idiota ao ponto de acreditar que o câncer seria curado como se cura uma gripe.

Céus! Queria que a percepção do futuro não fosse tão assombrosa pra ele.

Esse tipo de sofrimento não poderia ser infringido nem ao pior dos adultos.

O Doutor Whitlock visitara o quarto 231 e tentara aplacar o sofrimento do pai, dizendo que, talvez, os remédios começassem a fazer efeito. O meduloblastoma era de ocorrência mais freqüente em crianças e, apesar de ser maligno, tinha cura. Depois da cirugia, os riscos seraim poucos.

Mas ainda havia riscos.

-

-

Já se passavam das três horas da tarde quando, de um jeito nada sutil, a porta do quarto 231 foi aberta revelando um Edward e uma Bella animadíssimos. Os sorrisos dos dois eram tão verdadeiros que até deixavam Rosalie sem graça, por não poder retribuí-lo.

Traziam consigo balões coloridos que fizeram uma Melanie muito animada começar a quicar na cama. Os olhos cor de mel ficaram parecidos com duas bolhas de gude, tamanho o brilho.

Emmett bateu no ombro do irmão, como um tipo de cumprimento masculino para depois dar um abraço em Isabella – a garota pequenina dos cabelos achocolatados pareceu desaparecer nos braços grandes do cunhado. Edward apenas sorriu ternamente para Rosalie e depois pegou Melanie no colo, abraçando-a fortemente e girando-a no ar. Nesse ponto, os dois Cullen eram bem parecidos. Conseguiam ser animadoramente espontâneos.

Isabella suspirou e fitou Rosalie. Estendeu os braços frágeis e deu um abraço reconfortante na amiga. Ela conhecia o olhar vazio que Rose tinha. Isabella já teve aquele olhar.

A garota dos olhos de chocolate viu o fogo da aflição queimar os bonitos orbes amareladas de Rosalie e afagou o rosto dela sussurrando um ‘tudo vai ficar bem’. Rosalie sorriu pesarosamente como se respondesse ‘eu queria acreditar nisso’.

Isabella percebeu que, mesmo tendo o sofrimento estampado no rosto, Rosalie conseguia sorrir, nem que fosse um pouquinho, com as gargalhadas da filha.

Era mais do que nítidos o quão Rosalie estava afetada com o sofrimento de Melanie. O cabelo não tinha mais aquele brilho que poderia ser invejado, os olhos que, antes, iluminavam o rosto de boneca agora eram circundados por olheiras que já tomavam uma coloração arroxeada.

Quando Melanie pediu para que o tio parasse com os giros, pois já estava ficando com a cabeça rodando, Bella notou Rosalie apertar fortemente os olhos, impedindo as lágrimas.

Por experiência própria, sabia que nenhuma palavra de consolo seria suficiente para aplacar a dor.

Não era como se acreditassem que, realmente, tudo acabaria bem.

- Parece egoísmo, não é? – Bella perguntou baixinho, seguindo o olhar de Rosalie até o corpo magro de Melanie, do outro lado da sala. Rose franziu as sobrancelhas, sem saber ao que a amiga se referia. – Você a quer aqui... Mas sabe que não é o melhor pra ela – continuou. Rosalie somente ouvia tudo em silêncio. – Sabe que só há um jeito dela se libertar de toda essa consternação...

Rosalie encolheu os ombros, compreendendo do que Isabella falava. Fitou a filha sentada no sofá, com as pernas magras rodeando a cintura do tio, com o cabelo negro fino e ralo... Os olhinhos cansados e sem brilho... Sua garganta fechou forte com a cena.

- Só quer que tudo isso pare... Por Deus, sabe que ela esta lutando inconscientemente somente por você... Cada suspiro que ela dá, ocasiona uma dor diferente e você... Só queria que tudo acabasse, mesmo que isso levasse uma parte sua... Eu sei como é. – Bella concluiu, olhando para Rosalie com um sorriso triste.

Rose apenas piscou algumas, afastando as malditas lágrimas, e fingiu estar muito interessada na arrumação das roupas de Mel.

- O melhor pra Melanie... – Rose lutou com as palavras. – Será somente o melhor para Melanie – fungou – Só ela não vai sofrer com isso... Você sabe.

Bella colocou a mão pequenina por cima da mão de Rosalie, e sorriu compreensivamente.

- E não é isso que você quer? – a garota perguntou retoricamente. – Fazer com que o sofrimento dela pare?

Rosalie arfou e apertou os olhos. Bella pegou as mãos de Rosalie e as apertou, tentando passar compreensão. A loira sentiu os olhos encherem d’água, enquanto, subitamente, sua garganta ficava seca.

Edward e Bella ficaram a tarde toda fazendo bagunça no quarto 231 junto com Melanie. Emmett, para não desapontar a filha, participou das brincadeiras infantis, gargalhando sonoramente. Rosalie apenas ficou sentada na poltrona do quarto, sorrindo para a felicidade de Melanie. Ela queria simplesmente congelar o momento.

No meio da noite do dia 1 de julho de 2002, Melanie acordou chorando desesperadamente de dor. Emmett chamou a enfermeira, que veio e aumentou, novamente, a dose do remédio.

As súplicas que Melanie fazia para que a mãe fizesse a dor passar eram de cortar o coração de qualquer um. Até a enfermeira não agüentou e saiu do quarto com o rosto banhados em lágrimas. Todos do hospital acabaram se solidarizando com a pequena família que passava por problemas sérios.

Rosalie se deitou na cama e apertou sua menina, num abraço de aço, derramando suas próprias lágrimas. Tímidas e dolorosas.

Por Deus, chegava a se perguntar o porquê de estar sofrendo tanto. Existiam tantas pessoas piores no mundo que não recebiam nem metade da provação pela qual ela estava passando.

Perguntava-se como alguém poderia desistir de viver, quando tantas outras pessoas, como Melanie, lutavam pela vida.

Perguntava-se como alguém poderia não dar valor a um filho, quando outras pessoas estavam tão perto de perdê-los.

Céus! Ela nunca quis tanto que sua analogia de um bebê e uma boneca estivesse correta. O máximo que poderia acontecer com uma boneca era seu pano rasgar-se. E isso seria concertado.

-

-

O sol tímido nascia lá fora e era visto por Emmett Cullen de dentro do quarto 231.

Ele queria mesmo era ir pra casa e tomar um banho decente. A barba por fazer já incomodava.

Encostou-se na parede e suspirou pesadamente, observando o corpo da filha adormecida nos braços da esposa. Sabia que Rosalie, provavelmente, teria dores quando acordasse, mas não iria impedi-la de dormir abraçada a filha.

Notou as lágrimas silenciosas que Rose derramou durante a noite e sentiu o coração constringir. Sabia que a cunhada Isabella tinha falado algo a ela, e sabia aquele algo tinha acabado com as estruturas, já frágeis, de Rosalie.

- Emm? – ouviu. Viu que Rosalie o olhava com os olhos abertos minimamente.

- Ah, oi, Rosalie – Emmett sorriu.

- Hoje... Vai ter outro teatro... E acho que, agora, Melanie vai poder ir – ela disse, ajeitando Melanie na cama e se levantando. A menina não fora no outro teatro que houve, por conta de um exame que ela tinha que fazer. Não deu tempo. – É João e Maria. Ela vai gostar.

- Vai, sim. – Num ato impulsionado, Emmett abraçou Rosalie fortemente.

Ela acariciou a nuca do marido, e agarrou a barra da camisa dele. Ele percorreu as mãos pela lateral do corpo dela, inalando o perfume de maracujá que o cabelo dela exalava.

- Emm, vai pra casa... Toma um banho... E durma decentemente por mim – Rose pediu, com ar de brincadeira, tentando minimizar a carga de tensão do quarto.

- Não – Emmett foi decisivo. – Eu vou ficar.

Rosalie suspirou e fitou o rosto cansado de Emmett. Eles ficaram em silêncio apenas fitando-se. Emmett elevou as mãos e limpou uma lágrima solitária que caia pelo rosto de porcelana e insistia em acabar com aquela perfeição.

- Não precisa chorar – Emmett sussurrou. – Tudo vai acabar bem.

- Eu queria tanto ter sua esperança – Rosalie sorriu tristemente, apoiando o rosto na mão máscula de Emmett.

Ele suspirou e colocou seus lábios na testa dela. Não fora um beijo propriamente dito, mas transmitira tanta compreensão e companheirismo, que fez Rosalie estremecer.

- Eu estou com você – ele garantiu. Rosalie respirou fundo enquanto distribuía beijos pelo peito do marido. – Você vai ver, Rose – Emmett continuou, agora mirando os olhos de Rosalie, com um sorriso sapeca – a gente ainda vai brigar muito Melanie, por conta das baladas adolescentes... Vamos chorar de felicidade no casamento dela... Vamos paparicar nossos netos...

Rosalie sorriu, ao ver como Emmett era bem mais forte que ela. Como ele ainda acreditava num final feliz.

Emmett passou os lábios carnudos e vermelhos pelo pescoço de Rosalie, até chegar aos lábios dela.

Ele sentia saudade da doçura dos lábios da esposa. Mãos femininas subiram até sua nuca e uma língua quente pediu passagem para adentrar em sua boca.

A corrente elétrica, tão conhecida por ambos, já estava presente enquanto os beijos sensuais não cessavam.

O momento do casal foi interrompido por uma gargalhada infantilmente gostosa. Era Melanie que havia acordado e olhava cena batendo palminhas.

Eles se afastaram, subitamente envergonhados.

- Mamã! Tamém quero bejo! – Melanie pediu.

Emmett sorriu travesso e foi até a cama. Deu vários beijos na filha e fez cócegas ao mesmo tempo. Mel se contorcia, rindo e pedindo para que o pai parasse.

Rosalie se juntou na bagunça, desfrutando do momento feliz – raro naquele hospital.

Desejou fervorosamente que aquele tipo de momento não acabasse. E que, de alguma fora milagrosa, fosse rotineiro.

-

-

- A febre voltou? – perguntou Jasper Whitlock a Emmett, enquanto Rosalie dava um banho em Melanie a fim de deixá-la cheirosinha, para poder descer até a sala de recreação e ver o tal teatro. O banheiro devia estar a maior bagunça, pois as risadas da duas eram ouvidas por todos que passavam no corredor.

Jasper fora no quarto 231 para ouvir dos próprios pais da menina se as melhoras eram visíveis, pois a tomografia feita no dia anterior mostrou que o tumor não estava nenhum um pouco menor.

- Não, mas a dor continua constante.

Jasper suspirou cansado.

- O tumor não diminuiu... E não podemos aumentar mais a dose da medicação... Ela tem apenas dois anos.

- Doutor, por favor... – Emmett praticamente implorava.

- Senhor Cullen, se quisermos Melanie saudável, não podemos continuar com esses remédios... São evasivos demais.

- Aonde quer chegar, doutor?

- O tumor é grande demais... Ta num lugar delicado, para ser retirado por cirurgia ... E, sinceramente, tenho medo que ele cresça demais e acabe afetando alguns sistemas.

- Fale de uma vez!

- Podemos tentar radioterapia, para diminuir o tumor e só depois tentar retirar com cirurgia.

- Radioterapia?

- Ela só vai passar por quimioterapia depois... Pra limpar as células cancerígenas.

- Por Deus, doutor, onde eu assino? – Emmett já estava desesperado.

Jasper riu e encolheu os ombros.

- Vou pegar o termo de autorização. Os efeitos colaterais vão ser coceira na área afetada, e talvez queda de cabelo. Senhor Cullen, vai parecer psicótico, mas temos sorte por Melanie não ter o crânio totalmente formado... Porque se ela já fosse adulta e o crânio não expandisse para acompanhar as células ela poderia...

- Eu já entendi, doutor. – Emmett interrompeu, balançando a cabeça negativamente.

Rosalie, que ouvia toda a conversa, sentiu os olhos marejarem quando ouviu a frase inacabada do médico. Ela enrolou Mel numa toalha e abraçou fortemente.

O teatro fora divertido, afinal. Melanie resolveu insistir que ia assistir Chapeuzinho Vermelho e ficou meio decepcionada quando viu que se tratava de João e Maria.

Entretanto, ela gostou bastante, também pelo fato de poder interagir com outras crianças. Rosalie olhava em volta da sala infestada de pequenas pessoas com suas mães e pais e viu que seu caso não era pior.

Conversou com uma moça, que tinha um filho de cinco anos, diagnosticado com leucemia. Os médicos deram apenas um mês para ele.

Naquele momento, ela se pegou agradecida a Deus por ele dar uma chance a sua menina.

E, naquela noite, Rosalie não chorou.

Dormiu abraçada a sua menina e ao seu marido, acreditando, pela primeira vez, fervorosamente num final feliz.


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Notas finais do capítulo

Eaê? É, eu sei. Triste. Snif.Gente, isso aqui só vai ficar pior. Então, por favor, depois não venham me dizer que ficaram decepcionadas com o resto.É um DRAMA, verdadeiro, que várias famílias passam, com certeza.Bom, é isso ;)Amores, será que vocês poderaim 'recomendar' a história? *.* Vocês devem ta pensando: "a história só tem DOIS capítulos, e essa maluca já ta pedindo recomendação?" HUAUAAUAU' Mas ela só tem mais um e o epílogo *beicinho* Por favor? *olhos pidões*Vou parar por aqui, porque meus olhos doem, rs.Beijos, amores :*Ah, por favor, comentem O/ HAUAUAUU'