Meu Pequeno Milagre escrita por Graziele


Capítulo 1
Capítulo 1 - Diagnóstico


Notas iniciais do capítulo

Oi
Então, essa é minha primeira fic. Quando digo 'primeira' quero dizer que é a primeira que faço sozinha, pois a outra é de parceria.
Espero que gostem e... Comentem! HAUAUAU'



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/93323/chapter/1

   

Hospital geral de Forks – 25 de junho de 2002, 17h 15min.

Rosalie Cullen sentiu o peito constringir em angustia ao ver a careta desesperadora de dor que sua filha Melanie fez. A garotinha de dois anos de idade não era de fazer manha, portanto, se reclamava de alguma dor ou incomodo, era porque, definitivamente, estavam lá.

Com os olhinhos marejados, a menina estendeu os braços para que a mãe a acolhesse em seu colo. Rose a apertou protetoramente contra o peito, fechando fortemente os olhos ao ouvir os soluços baixinhos de sua menina. Era uma mulher forte e decididamente independente, mas ver Melanie sofrendo acabava com suas defesas.

— Mel, meu amor, já vão te chamar... Espera só mais um pouquinho? – pediu Rosalie baixinho, com a voz embargada.

Melanie assentiu fracamente, se recostando ao peito da mãe, com as mãozinhas gorduchas massageando as têmporas.

— Minha bebeça ta doendo – reclamou ela.     

Dor de cabeça de novo. Essa reclamação constante há três dias fora o motivo para a visita ao hospital. O pediatra dela receitara alguns analgésicos para dor, que surtiam efeito pouco duradouro – logo depois de um curto período, Melanie já voltava a chorar de dor. Rosalie desconfiava que esses medicamentos só pioravam a dor dela, então não esperou sintomas piores aparecerem na menina para levá-la ao hospital.

Rosalie sentiu que Melanie estava quietinha e que a respiração estava mais ritmada, presumiu, então, que ela dormia. Deu um beijo no topo da cabeça da menina e, cantando baixo e sofregamente Love Me, dos Bee Gees, observou as feições da filha. O cabelo de caracóis negros que caia delicadamente sobre os ombrinhos pequeninos era a cópia exata das madeixas do pai... Aliás, Melanie era a cópia exata do pai. Até mesmo as covinhas que se faziam presentes toda vez que ela abria aquele sorriso deslumbrantemente infantil eram idênticas as de Emmett Cullen. Da mãe, a menina herdara apenas os olhos cor de mel e as bochechas que avermelhavam quando sentiam vergonha ou nervosismo.

Rosalie era nova demais para ser mãe – tinha apenas 19 anos –, disso, ela não discordava, mas o que não tolerava era que, por causa da pouca idade, duvidassem de sua capacidade de cuidar de Melanie. A filha do Cullen mais velho tinha tudo o que precisava – roupas, carinho e amor. Melanie não fora planejada, mas nem por isso era tratada como um fardo. Vai parecer clichê, mas o projeto de gente com janelinhas era a razão da vida do casal Cullen.

A gravidez da mulher dos cachos claros acontecera da maneira mais chavão possível.

Uma tarde sem aula. Emmett Cullen. Um carro.

O casamento fora arranjado as pressas, pois a família Cullen não queria deixar Rosalie sem apoio naquele momento. Anna Hale, mãe de Rosalie, parecera bem feliz quando soube do casamento – a mulher, de tão artificial que era, nem se preocupou com as sensações e descobertas da filha, quanto a gravidez.

Fazer foi bom... Quero ver manter, dissera Edward Cullen, irmão mais novo de Emmett. Talvez aquela frase tenha sido profética no que dizia respeito ao casamento, porque, realmente, isso sim estava difícil de manter. O matrimônio caiu na temida rotina e a dedicação e felicidade já não existia mais.

Nada de beijos calorosos quando Emmett chegava do trabalho, nem mesmo uma noite árdua de amor – somente monossílabas. Quem mais sofria com toda essa frieza era Melanie. A menina via os pais se distanciarem cada vez mais, sem entender o que aquilo significava, mas com a sensação de que não era nada bom.

— Melanie Cullen – finalmente uma voz de timbre grosso chamou.

Rosalie estava cansada por conta de toda essa consternação, mas levantou a cabeça e procurou, com os olhos, a voz grossa e extremamente masculina que chamara. Engoliu o bolo da garganta e forçou um sorriso para o homem do jaleco. Levantou-se do banco da sala de espera do hospital com Melanie grudada a si.

O médico tentou sorrir também, mas ficou mais parecido com uma careta – devido ao cansaço. Gesticulou com suas mãos pálidas para a porta de seu consultório. O jaleco amarelado era colocado com desleixo sobre os ombros fortes e isso só ressaltava a observação de que o pobre estava realmente cansado. Olheiras profundamente roxas lhe circundavam os olhos verdes e contrastavam com a pele extremamente descorada do rosto. ‘Jasper Whitlock’ era bordado em vermelho no jaleco.

Jasper arregalou, quase imperceptivelmente, os olhos quando notou quem era a mãe da menina. Olhou de esgueira para a ficha da mesma, verificando se estava realmente tudo certo. Talvez tivesse havido um erro, quanto ao parentesco, pois a mulher estava mais para irmã do bebê. O cabelo brilhante caia até o meio das costas e compunham um rosto de modelo. A roupa era despojada demais e isso só evidenciava mais a pouca idade. Porém, as “evidências” quanto ao erro de parentesco tornavam-se ridículas quando Jasper notava a interação clara entre as duas mulheres. Rose não diminuía o espaço entre si e Melanie, enquanto caminhava cautelosamente até o consultório de desenhos infantis na porta, e o medo manifesto de estar levando sua menina ao hospital só aumentava.

O doutor Whitlock sentou-se em sua cadeira e apontou para que Rosalie fizesse o mesmo na que ficava em sua frente. Melanie logo despertou de seu sono leve e tentou ignorar o médico, fitando atenciosamente os enfeites da parede branca e tremendamente hospitalar do consultório. Rosalie acariciou as costas da filha, tentado passar alguma segurança a ela – segurança que nem ela mesma tinha.

— Então... O que temos aqui? – perguntou o médico. Ele tinha um sorriso brincalhão nos lábios e os olhos brilhantes passavam certa confiança. Mel riu fraquinho e escondeu o rosto no pescoço da mãe, envergonhada. — Será uma princesa? – refletiu ele – ou será uma bruxa? Nah... Esqueça. Bruxas não são bonitas assim.

Até Rosalie riu com essa. Doutor Whitlock levava jeito com crianças. Acertou em cheio na escolha da profissão. Melanie finalmente encarou Jasper com um sorriso tímido complementando o rostinho de anjo. Colou uma mãozinha no queixo, pensativa, depois, seu sorriso de covinhas e poucos dentes tornou-se maior.

— Sou uma pilata – declarou, por final com o sorriso vitorioso.

Jasper arregalou os olhos cor de oliveira, numa surpresa ensaiada.

— Oh, capitã – o médico bateu continência, como se falasse com algum superior do exército – alguns marinheiros de seu navio vieram me informar que a senhora esta com problemas.

Melanie franziu o cenho e olhou para Rosalie, sem compreender o que o médico falava.

— Dor. Sente alguma dor, capitã? – Rosalie explicou com um sorriso terno; sorriso esse que mascarava uma tortura derradeira.

Mel mordeu o lábio e apontou para a cabeça. Jasper ficou mais sério e encarou Rosalie, esperando a confirmação dela.

Depois de vários exames corriqueiros e anotações indecifráveis, o médico mandou que mãe filha fossem ao laboratório do hospital, para que Mel fizesse exames de urina e sangue. Desconfiava que fosse labirintite – por conta da dor de cabeça –, mas achou  melhor ter absoluta certeza de qualquer desconfiança – principalmente depois que Rosalie relatou um desmaio como sintoma. Analisou as anotações, somadas ao raio-X de outrora, do médico que fizera a triagem e achou melhor Melanie ficar uma noite no hospital, para poder fazer uma tomografia na primeira hora do dia seguinte. Não era algo assustador, mas, mesmo assim, a garganta de Rosalie se fechou com essa informação. A filha nunca fora internada em sua curta vida – nem mesmo por conta de uma gripe, que quase se transformara em pneumonia, que a menina pegara por causa do pai babão e irresponsável... Pai esse que iria surtar quando soubesse da internação da filha.

-

-

Emmett Cullen revirou os olhos para a lerdeza da recepcionista do hospital em achar a ficha de sua filha Melanie, para informá-lo onde era seu quarto.

Estava mais do que apreensivo, mas parecia que a mulher da recepção não estava querendo colaborar. Era sua filha, sua vida!

Recebera uma ligação chorosa da esposa, informando-o sobre a internação de Melanie, e saíra desesperado do escritório de advocacia em Seattle para ir encontrá-las. Porém, parecia que tivera o azar de chegar bem no dia em que uma novata começava no trabalho – só isso explicava a inexperiência da moça.

Começou a bater os pés masculinos ritmadamente no piso fino na intenção de irritar a mulher e forçá-las a acelerar a busca.

Funcionou.

— Quarto 231. Pediatria – informou ela, mascando um chiclete e fazendo um barulho tremendamente irritante.

— Obrigada – respondeu Emmett sarcasticamente.

Bufando de irritação, seguiu a passos largos na direção apontada. Uma placa branca onde era gravado em preto “Pediatria” grifava o começo da ala.

Não parecia que o lugar abrigava crianças. O silêncio chegava a ser assombroso. Talvez, se prestasse mais atenção, conseguisse até mesmo ouvir som de insetos.

As cores eram mais abundantes naquele local especifico – talvez para que os pequenos  se sentissem mais “confortáveis”. Portas de quartos recebiam a customização do paciente e se diferenciavam entre as outras.

Entretanto, a porta do quarto 231 encontrava-se vazia. Sem vida. Fria. Provocava um arrepio na coluna de Emmett.

Sorrateiramente, ele abriu a porta e congelou de imediato com a cena: Melanie estava deitada na grande cama do hospital com agulhas conectadas ao braço pequenino agulhas essas que estavam ligadas a uma bolsa de soro. O rostinho estava contorcido em algo parecido com dor... Essa dor parecia refletir no rosto perfeito da mulher sentada na poltrona ao lado da cama. Os olhos de Rosalie estavam inchados e vermelhos. Marcas de lágrimas grossas ainda eram visíveis na bochecha – agora pálida – da mulher.

Somente Rosalie parecia ficar pior do que Emmett quanto ao sofrimento de Melanie... Não. Nem Rose estava mais desesperada.

O coração de Emmett parecia ter inflado e estourado dentro de seu peito – agora o sangue escorria e deixava rastros dolorosos dentro de si.

Ele caminhou até a esposa e lhe afagou os cabelos sedosos. Rosalie relaxou ao toque do marido, mas as lágrimas ainda teimavam em cair.

— Isso vai acabar amanhã – Rosalie sussurrou tão baixo que Emmett não teve a certeza de que ouvira. Parecia que ela havia falado para si mesma. Como se fosse um mantra.

— Ela esta dormindo há muito tempo? – perguntou o homem, sentando-se no braço da poltrona e colocando a cabeça de Rosalie em seu colo. Os toques não costumavam ser tão amorosos assim, mas, naquele momento, eles só tinham um ao outro para se apoiarem.

— Faz umas duas horas. O doutor colocou uns analgésicos no soro pra ver se a dor cessava... Ela chorou até que dormiu – a última parte fora um sussurro, sufocado pela angustia.

— Você falou de tudo o que ela sente?

— É claro, Emmett.

Emmett suspirou.

— Até mesmo das mudanças de humor?

Isso parecia um sintoma grave, na percepção dele. Melanie sempre fora muito espevitada, uma bolhinha de energia – como dizia Isabella Swan, cunhada de Emmett –, mas, nos últimos meses, isso estava mudando. Ora a garota ficava quieta demais... Ora muito agitada. Isso não costumava ser normal.

— Emmett, isso não é um sintoma – disse Rosalie com as sobrancelhas franzidas.

— É claro que é, Rose! – replicou Emmett. – Não se sabe de doenças que se originam disso e...

— Não esta ajudando, Emm.

— Desculpa – Emmett parecia envergonhado. – Vamos falar com o médico sobre isso, não é?

— Amanhã – prometeu Rosalie.

— Amanhã nada! Não esta tarde, vamos falar com ele hoje mesmo... Rose, é nossa filha.

Nossa filha. Nossa razão de viver.

Rosalie respirou fundo e se levantou do colo de Emmett. Foi até a cama da filha e depositou um beijo na testa da menina. Virou-se para o marido, limpou as lágrimas do rosto e, sem dizer mais nada, o conduziu para fora do quarto.

Iriam atrás do Doutor Whitlock.

Iriam saber o que estava acontecendo com a vida deles.

-

-

Jasper Whitlock estava sentado em umas das mesas do refeitório do hospital, com umas fotos cerebrais espalhadas pela mesma. Era um pediatra respeitado em seu ramo, exatamente pelo fato de colocar o trabalho sempre em primeiro lugar. Escolhera Oncologia Pediátrica por uma das fatalidades ocorridas em sua vida e, então, dedicava a mesma em curar as crianças.

Gostava delas. Eram puras, verdadeiras, sinceras... E, se não tinham essas qualidades, era por culpa dos adultos.

Sorriu docemente ao avistar Rosalie Cullen vindo em sua direção. A filha dela era sua mais nova paciente e ele havia gostado do laço presente entre as duas. Eram unidas e pareciam viver uma da outra.

Um homem grande demais a acompanhava e devia ser seu marido. Jazz tinha uma visão tão boa que conseguira mirar a aliança no dedo de ambos. Porém, eles pareciam novos demais para serem casados e ainda pais... Ele sempre falava das precações quanto a gravidez na adolescência.

— Olá, doutor Whitlock – Rose cumprimentou, com um sorriso sôfrego no rosto.

— Boa noite. – Respondeu o médico, se esforçando para que seu sorriso não transparecesse seu cansaço de oito horas de plantão. – Sentem-se aqui. Eu... Posso ajudá-los? – Jasper franziu o cenho para a visita inesperada.

Rosalie sentou e puxou Emmett para ele fazer o mesmo. Contaram o porquê de estarem ali e sobre as mudanças de humor de Melanie e que achavam que aquilo poderia ser um sintoma. Jasper sentiu o corpo retesar quando Emmett lhe contou sobre as ânsias que eram seguidas das tonturas e dores rotineiras. Ele já havia visto casos assim e sabia qual seria o desfecho, caso não fossem rápidos.

Melanie era nova demais e ele não permitiria que isso fosse longe demais.

Os pais dela só tinham a ela como filha e ele não permitiria que isso fosse longe demais.

— Será que vocês se importariam se adiantássemos os exames? – perguntou o médico, baixinho.

— Nã-não. De forma alguma – respondeu Emmett, temeroso da preocupação na voz de Jasper. – Tem algum problema, doutor?

Rosalie sentiu o tórax ficar pequeno para o coração que batia erraticamente. Agarrou o braço de Emmett e o apertou forte – como se só tivesse aquilo para se apoiar.

Jasper suspirou e balançou a cabeça negativamente. Os olhos verdes pareciam estar em fogo, de modo que escondesse um segredo enorme. Um segredo que acabaria com as estruturas – já fracas – do casal Cullen.

— Precisamos ser rápidos. O tempo é nosso único aliado... Ou inimigo.

A garganta de Emmett raspou com aquilo. A frase foi dita de maneira tão sombria que provocou um embrulho inexplicável no estômago dele.

-

-

Melanie repousava tranquilamente na cama alta do quarto hospitalar. Os olhinhos abertos fitavam o nada e o único barulho no local era o dos pingos que de soro que caiam ritmada e preguiçosamente.

O rostinho estava pálido e a aparência frágil, vulnerável. Novamente, o coração de Rosalie constringiu com a cena. A filha estava sofrendo e ela parecia estar de mãos atadas. Queria arrancar aquela dor da sua menina e transferi-la para si. Queria vê-la feliz novamente. Brincando novamente. Sorrindo novamente.

Logo que Melanie avistou o pai dentre os adultos presentes ali, seus olhos chegaram a lacrimejar, de tão brilhantes que ficaram. Amava o pai. Amava o jeito brincalhão e, ao mesmo tempo, sério com o que convivia.

— Papa – a menina murmurou, estendendo os braços pequeninos na direção de Emmett para se acomodar no peito do mesmo. Ele alisou as costas da filha e assentou um beijo nos cabelos finos da menina. – Você demolou – queixou-se ela, com um beicinho magoado.

Emmett riu fraquinho e acarinhou as faces de Melanie.

— Desculpa o papai, querida, mas os carros não me deixavam passar – explicou ele inocentemente. A menina concordou um “Ah”, meio sem graça.

Rosalie sorriu para o momento ‘pai e filha’ e se aproximou dos dois. Deu um abraço apertado na filha e um beijo estalado na bochecha. Percebeu que a menina estava meio confusa com a presença do médico e soube que era a hora de explicar o porquê.

— Mel, lembra dele? – Rose perguntou, baixinho.

Melanie franziu as sobrancelhas, como se tentasse se lembrar de onde vira o homem dos cabelos loiros. Ela arregalou os olhos um pouco quando finalmente as imagens lhe vieram na cabeça.

— Ah! Esse aí é o doido que enfiou um palito na minha glaganta – disse a menina, fazendo o Jasper soltar um riso tímido.

— Foi pro seu bem, capitã.

Com aquele jeito cativante que só pertencia ao doutor Whitlock, ele explicou pra menina o que eles iam fazer na sala de exames. Explicou o procedimento da IRM e, de algum modo, fez a garota ficar realmente animada em ir fazê-la. Não pelo fato de ficar praticamente de cabeça pra baixo enquanto uma luz incomoda eram enfiada nos seus olhos, mas sim pelo fato de sair daquele quarto entediante. Quase quicando na cama, Melanie disse que queria brincar daquilo também – sem fazer a menor ideia do que era. Jasper teve que fazer uma encenação para mostrar a criança o procedimento da IRM. Ficaram naquele ficção toda, até que um enfermeiro apareceu para avisar que a sala do exame já estava pronta.

Melanie nem se importou de ter que ir em uma maca até a sala do exame. Estava falante e os olhos de Rosalie brilhavam com aquilo.

Porém, quando Melanie começou a realmente fazer a tal IRM, viu que nada daquilo era legal. Gritou desesperadamente quando fizeram a punção e sua lombar e depois ficou inquieta dentro da máquina. Rosalie via Melanie agoniada por uma parede de vidro, e lágrimas dolentes marcavam, novamente, sua bochecha. Emmett mantinha uma mão pousada na cintura da mulher e a cabeça recostava no topo da cabeça de Rosalie. Suas lágrimas eram silenciosas... Todo o sofrimento era dissipado de forma mais lenta e torturante.

Quando o exame finalmente terminou, Rose pegou Melanie no colo e a abraçou quase que esmagadoramente.

— Ta cholando, mamã? – Melanie perguntou num sussurro esganiçado. Rosalie encarou o rosto da filha e sorriu debilmente entre as lágrimas, negando – eu já palei. Num vou mais chola, mamã.

Rosalie inumou o rosto na curvatura frágil do pescoço da filha e ficou a cheirá-la. Curiosamente, Mel começou a afagar os cabelos da mãe, tentando reconfortá-la. Logo depois, Emmett se juntou as duas e pequenina família ficou a chorar junta. As lágrimas se mesclavam. Os cheiros se mesclavam. As dores se mesclavam.

Agora só restavam a Emmett e Rosalie Cullen esperar. E rezar para que nada de ruim estivesse acontecendo.

-

-

Jasper suspirou cansado segurando fortemente os papeis do resultado de Melanie Cullen em sua mão. A barba por fazer mostrava claramente as nove horas de plantão. Todo seu cansaço, físico e psicológico, chegava a ficar pior quando pensava na notícia que ia dar aos pais de sua paciente. Depois da IRM, exames de sangue e tomografia finalmente descobriu o que tanto incomodava a pequena. Melanie não era mais especial do que suas outras pacientes – ele nem a tratava como tal –, mas algo na ligação entre ela, seu pai e sua mãe o comovia profundamente e deixava toda a situação ainda pior.

Colocou a mão na maçaneta do quarto 231 e respirou fundo antes de bater fracamente. Uma risada fina e infantil ecoou acompanhada por outra, mais grossa e masculina. A porta foi aberta e revelou uma Rosalie um pouco mais contente, com um brilho a mais nos olhos, aquilo só deixou o médico ainda mais apreensivo. No entanto, o sorriso de outrora murchou assim que avistou o doutor Whitlock. A expressão não era animadora e nem o a tentativa de sorriso no rosto dele a acalmava. Notou um monte de papeis brancos na mão de médico e sentiu o coração perder uma – talvez duas – batidas.

— Eu... Posso falar um pouco com vocês? – disse Jasper, tentando manter a frieza.

Emmett retesou os músculos e se levantou da cama indo, por instinto, para o lado da filha – que tinha os olhos confusos e temerosos.

— Cla-claro – Rose não conseguiu conter a gagueira na resposta. – Deixe-me apenas colocá-la pra dormir.

Inventando uma explicação qualquer, Rosalie e Emmett ninaram Melanie mais cedo e seguiram até a sala do Doutor Whitlock. Rosalie insistira que poderia ir sozinha falar com o médico, mas Emmett queria estar por perto e apoiá-la naquilo. Seria rápido.

Chegaram a sala do Doutor Whitlock de mãos dadas e gargantas secas. Jazz abriu os envelopes e anexou as fotos no quadro de luz, no canto leste do escritório. Fitou-as por incontáveis minutos com os braços cruzados no peito largo e as sobrancelhas franzidas.

Rosalie encarou as fotos também, mas não as decifrou. Eram incompreensíveis. A única coisa que via era um cérebro pequeno com uma sombra escura no lado esquerdo. Seu sexto sentido a informava de que aquilo não era bom. Nada bom.

Já sentia o desespero tomar-lhe e os soluços se formarem. Enterrou o rosto no ombro de Emmett e respirou fundo algumas vezes para tentar se acalmar.

Jasper virou-se para o casal e se chutou mentalmente por ter ficado tanto tempo calado. Aquilo só aumentara a agonia da mãe ali.

Depois de um suspiro resignado, Jasper começou a explicar aos dois que aquela mancha escura nas fotos poderia ser um coágulo, de fácil retirada. Quando viu o sorriso de alívio no rosto de Rosalie, arrependeu por dar esperanças, visto que a coisa era mais séria. Explicou, então, que não se tratava de um coágulo, mas sim de uma massa celular, culpada, também, pelas dores de cabeça constantes, por produzirem uma pressão intracraniana. Prosseguiu explicando que essas células estavam com vasos sanguíneos e que ela tinha quase toda a certeza de que eram cancerígenas.

Ao ouvir a palavra relacionada a câncer, Rosalie estremeceu e ofegou, fitando Jasper.

— Câncer? – sussurrou, de forma inaudível, com medo de falar com voz alta e a suspeita do que ouvira ser confirmada.

— Ainda não da pra saber se é maligno ou benigno, mas está bastante grande e isso pode ser perigoso... Talvez esse tumor exista há alguns meses...

— Tumor? – foi Emmett quem perguntara. Sua voz tremida. Sabia que poderia se tratar disso, porém a palavra dita em voz alta se tornava ainda mais apavorante. – Minha menina tem um tumor? No cérebro?

Jasper apenas concordou.

— Por Deus, Doutor! Como?

— Uma proliferação de células no tecido cerebral. – Respondeu Jasper simplesmente. – A ciência ainda não descobriu como surgem as células cancerígenas; existe uma corrente de oncologistas que afirma que algumas pessoas já nascem com elas no corpo e que o meio ambiente vai fazê-las acordarem. Existem pessoas que morrem com as células sem nem saber que possuíam... Acreditem, temos sorte por ter descoberto quase no início.

Rosalie sentia-se estapeada. Nada fazia sentido a ela. Há uma semana, Mel estava feliz e brincalhona e, agora, tem a notícia que sua menina esta com câncer. Era surreal demais. Doloroso demais.

 As lágrimas continuavam a inundar seu rosto, enquanto olhava para seu marido – tão atordoado quanto ela. Rose fungou enquanto sentia a intensidade do olhar de Emmett queimar-lhe os olhos. Talvez acontecera pela agonia do momento, mas ela não soube como fora parar ajoelhada no chão chorando copiosamente.

Queria chorar ou gritar.

Socar ou abraçar.

Queria Melanie junto a si. Para sempre.

Emmett soluçou e abraçou Rosalie fortemente. Estava quase sendo esmagada pelos braços fortes dele, mas não se importava. Precisava descontar sua raiva, sua dor, e tentar retribuir o abraço de urso de Emmett parecia ser uma boa forma de fazê-lo.

Jasper apenas os fitava, deixando que toda a raiva e dor deles fossem extravasada. Foi até sua mesa e preparou alguns papéis, referentes a autorização da biópsia.

Tudo passava na cabeça de Rosalie enquanto manchava a camisa de Emmett com suas lágrimas espessas. Emmett envolveu os braços fortes na cintura fina e delicada dela, tentando fazer uma transferência de dores. Preferia sofrer sua vezes mais a ter que ver a esposa daquele jeito deplorável.

— Tem cura, não tem? – Emmett perguntou.

Jasper apenas olhou Emmett e Rose abraçados no chão de seu consultório e começou a lhes explicar sobre a biópsia e sobre os riscos da mesma – que eram muitos, já que tirariam uma amostra do tecido cerebral –, falou sobre os tratamentos do câncer e expôs sua visão sobre este.

Sem realmente ver, Emmett assinou a autorização da biópsia, pois queria todos os meios possíveis para a cura de Mel. Jasper garantiu que a biópsia seria feita, no máximo, em três dias – tempo suficiente para encontrar um neurologista disponível.

Naquela noite, para Rosalie, foram precisas algumas tentativas frustradas até o sucesso de parar de chorar. Ver Melanie acomodada na cama hospitalar, com o dedo, ainda gorducho, dentro da boca delineada e vermelha, só fez começar mais uma rodada de tortura. Chorou até que em seus pulmões faltaram ar, e em seus olhos não existiam mais lágrimas.

Emmett Cullen poderia ter feito o mesmo.

Poderia gritar. Chorar. Odiar o mundo.

Mas não o fez.

A única coisa que homem de cachos e sorriso encantador fez foi deitar-se desconfortavelmente na grande cama do hospital e dormir abraçado as duas mulheres de sua vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então? Sim, me matem :s HAUAUUAU'
Emmelie são, defitivamente, meu casal favorito na saga Então, achei legal fazer uma fic sobre eles, rs. Esse capítulo foi só pra entender mais do ~teor~ da história... Como uma 'introdução'
E, sim, será um drama :x Então, espero que, quem não gosta, não critique.

Eu sei que não tem muito o que comentar, por ser o primeiro capítulo, mas eu iria amar se vocês escrevessem alguma coisinha nessa caixinha sexy aqui embaixo, rs. Q
Nem que for só um "oi, legal."
HAUAUAUAUAU'
Acho que é só '-'
Beijos e espero as opiniões, hehe.