Cap. Único -  A Salvação

A dor era... Atordoante, talvez assim pudesse defini-la, porém sabia que jamais ia conseguir. Era milhões de vezes pior, se fosse possível, mas a jovem alma torturada e que almejava paz, sabia que poderia ser SIM, possível vivendo no mundo de coisas impossíveis, onde caíra de pára-quedas ainda infância.

Fechou os olhos, mesmo sabendo o que viria a seguir de seu delator,  o gozo de felicidade por ferir e alimentar-se do seu desespero, podia ouvir de longe todos os gritos de suplica e misericórdia ouvidos de longe dos outros que também ali estavam.

A faca servia-lhe como pincel para os retratos de tormentos indescritíveis. Se perguntou se poderia chorar, ou ainda gritar por ajuda.

Mas, seu interior lhe dizia que não. Estava lá há anos, mas o irmão jamais veio buscá-lo.

Estava sozinho. E o mais irônico de tudo aquilo: jamais iria parar. Sempre recomeçando, e nada tornava no mínimo suportável.

Porém os movimentos tão bem maneados, pelo agressor, agora faziam uma pausa, um milímetro de segundo talvez, mas então parou.

Seu olhar que implorava, por clemência, deu lugar ao velho lobo solitário, que ocupava lugar no seu coração. O olhar de determinação mantindo dignamente, seguido pelo sorriso cruel do demônio constatando sua vitória.

A faca que agora maneava, não era mais uma ameaça, que lhe torturava nos dias de dor sem fim... Mas uma amiga que o compreendia, que lhe salvaria...

E que lhe era oferecido de bom grado...

- Um presente, para você, oferecido com todos os meus votos de felicidade!

E que precisava de pouquíssimas palavras para lhe estender a mão e ajudá-lo.

 - Aceito.