O Soldado da Rosa Vermelha escrita por Mari_Masen


Capítulo 6
A mais bela sinfonia.


Notas iniciais do capítulo

Oe! Mais um capitulo fresquinho para vocês! Obrigada a todos que comentaram e sejam bem vindos leitores novos.

Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/93184/chapter/6

A mais bela sinfonia.

 

 

"Os fatos são sonoros. O que importa são os silêncios por trás deles”.

                                              Clarice Lispector.

 

 

 

O olhar de Bella não lhe saia da cabeça, Edward tentava a todo custo tira-la da mente, esquece-la por completo, mas a imagem da frágil mulher insistia em habitar sua mente e coração. Sua mente insistia em lhe lembrar da corrente elétrica que sacudiu todo o seu corpo, insistia em lembrar de como o seu coração bateu descompassado quando seus lábios frios tocaram a pele macia e perfumada da mão da mulher... Aquilo não era o certo, ele não poderia alimentar sentimentos – antes insuspeitados – para com ela em seu coração. Ele não poderia se comportar como um adolescente com hormônios a flor da pele... Ele não poderia suspirar com um pequeno sorriso toda vez que lembrava o quão belo ela era... Bela... Assim como o seu nome.

 

Nesse momento a velha e grande cama em sua casa nunca lhe pareceu tão fria.

 

*.*.*.*

Ela estava feliz, era notório pelo modo como sorria abertamente ou então quando suspirava alto chamando a atenção de Marlene. Não saia de sua mente o par de olhos incrivelmente verdes que a olharam com tanta intensidade e ela corava toda vez que se lembrava do cálido beijo depositado – com tamanha delicadeza – em sua mão. As vezes se pegava acariciando o local...

 

E a noite, quando teve que se recolher, sentiu sua cama e corpo frio. Ela estava alimentando sentimentos intensos e fortes por aquele homem – cujo nome era Edward – só restava a ela saber se eram bons ou ruins.

Suas pálpebras pesaram anunciando o sono e ela sorriu uma ultima vez antes de se entregar a imensidão desconhecida, criada por sua mente.

 

~ ~ X ~ ~

 

Uma gargalhada alta ecoou pela floresta.

Seu corpo estava repousado em uma toalha xadrez, fazia frio naquela manhã, mas um corpo másculo estava sob o seu e a esquentava de uma maneira especial. 

Grandes mãos a acariciavam por todo o corpo, lábios doces e quentes a beijavam nos lugares mais sensíveis e palavras roucas eram sussurradas em seu ouvido como uma promessa. Ela riu novamente e se arrepiou com a mordida um tanto atrevida que recebera.

 

_ Estas rindo demais esta manhã, camponesa. _ Comentou o homem também sorrindo.

 

_ Acho que é o palhaço disfarçado de soldado que me faz rir assim. _ Retrucou roubando um beijo de seus lábios e rindo novamente com tamanha felicidade.

Mas a face suave do soldado ficou séria e o sorriso desapareceu de seu rosto antes sereno, suas ásperas mãos não a deixaram de acariciar quando ainda sério sussurrou:

 

_ Quero me casar com você, Bella. Quero dar-te filhos e beijar sua barriga grande e saliente que guardará uma criança nossa. Quero acordar toda manhã olhando para você, e quero também fazer amor com ti todas as noites e manhãs que acordarmos juntos. _ O corpo do homem estava apoiado sob os cotovelos e sua voz diminuiu – tornando-se um sussurro. _ Quero sussurrar as palavras que você tanto gosta em seu ouvido... e faze-la rir sempre... Porque já chega o tempo em que esperei para ouvir sua voz... _ As pequenas mãos de Bella o silenciaram, para logo depois percorrer toda a face do homem, memorizando-a, se deliciando com a suavidade. Um beijo fora depositado em cada pálpebra daquele homem.

 

_ Você me ama? _ Também sussurrou, o homem em resposta pressionou mais seu corpo ao da mulher e a fitou do jeito intenso que ela estava acostumada.

 

_ Com cada célula do meu ser.  

 

Bella sorriu abertamente e fechou os olhos lentamente.

 

_ Então que assim seja.

 

~ ~ X ~ ~

A floresta de antes foi substituída pelo quarto e antes o que era um homem, agora, se tornou um cobertor grosso. Bella acordou tão ofegante e suada que achou que havia acabado de sair de uma maratona em que o cavalo era ela. Lágrimas percorreram sua delicada face a medida que ela percebia que tudo não havia passado de um sonho. Chorou ao sentir seu corpo frio e seu quarto vazio e escuro, mas em seus lábios ainda permanecia o gosto doce dos lábios do homem que, num instante, estiveram colados sob os seus.

 

Estava amanhecendo, Bella percebeu que todos ali estavam dormindo e lenta e silenciosamente se levantou, vestiu seu melhor vestido e foi para a cozinha aliviada por saber que o Conde demoraria muito a chegar de sua viajem. Lá ficou por algumas horas tomando seu café quando uma súbita idéia preencheu sua mente. Pegou o mesmo pequeno cesto que levou para a feira e lá colocou diversas frutas – incluindo os morangos que tanto gostava – os embrulhou juntamente com uma fatia da torta de pêssego que Marlene fizera ontem e decidida marchou para fora da Casa Grande, rumo a pequena estrada de chão que a levaria a Edward.

 

... Bella iria agradecê-lo pelo que fez a ela...

 

********

O dia havia acabado de amanhecer e Edward já reclamava, chutou um pequeno banco próximo a ele fazendo-o quebrar com o impacto. Furioso abriu a pequena dispensa e rosnou quando viu que não havia nada ali. Ele era um militar, possuía um enorme corpo e isso requeria uma grande quantidade de alimento o que ela realmente não tinha naquela hora. Seu estomago reclamou e – se não doesse – ele daria um murro ou algo do tipo para fazê-lo calar. Xingando horrores foi até o banheiro onde lavou o rosto e molhou os cabelos puxando-os para trás fazendo-os ficarem ainda mais bagunçados.

 

Roupa do Edward: http://estrelando.r7.com/fotos/51/70/fto_ft1_105170.jpg Imaginem essa roupa limpinha e arrumadinha.

 

Pequenas batinhas chamaram sua atenção. “Quem seria a essa hora?” pensara ele enquanto atravessava a pequena sala e abria a porta; a face que antes estava furiosa agora estava surpresa com a pessoa que estava bem a sua frente, segurando um cesto de frutas e algo mais nas mãos.

 

Bella parou nervosa em frente à porta de madeira, respirou fundo algumas vezes e – adquirindo uma coragem praticamente inexistente – deu duas batidas leves na porta.

Todo o nervosismo e coragem sumiram quando viu o homem que a salvou abrir a porta ruidosamente, ela viu sua face passar de furiosa para surpresa e logo depois – como se fosse mágica – se suavizou.

 

“Ela está ainda mais bela do que antes” pensara Edward analisando a face e o corpo de Isabella minuciosamente, porém rápido o suficiente para ela não perceber. Ela estava com um longo vestido de um verde bem claro, seus cabelos estavam soltos e emolduravam sua face, a fazendo parecer mais bela, os lábios róseos estavam imóveis, mas ela os afastou abrindo um enorme sorriso a Edward. Os olhos castanhos o fitavam com doçura, fazendo sua raiva e curiosidade evaporarem dando lugar a calma e alegria por vê-la ali.

 

E eles ficaram ali, parados em frente ao outro, por alguns poucos e longos minutos, Edward foi o primeiro a quebrar o contato visual, pigarreou – despertando Bella do transe – e quando falou com ela, sua voz não estava fria ou áspera, mas sim rouca e aveludada.

 

_ É um prazer revê-la. _ Aproximou-se mais da mulher e pegou o cesto de suas mãos e o equilibrando – sem dificuldade alguma – no braço esquerdo enquanto o direito tomava a pequena mão de Isabella e a beijava novamente ali, saboreando mais uma vez a suavidade de sua pele.

 

Quando seu olhar encontrou o de Bella a fez corar furiosamente, arrancando um pequeno sorriso dos lábios tentadores de Edward, o mesmo fez menção de entregar o cesto novamente a ela, mas Bella o impediu negando com a cabeça.

 

_ São para mim? _ Perguntou confuso, foi inevitável não sorrir quando viu que a mulher afirmou levemente com a cabeça, ainda sorrindo amorosamente a ele.

 

“Ele é ainda mais lindo quando sorri” concluiu Isabella. O silêncio reinou entre os dois, mas eles sentiam que nenhuma palavra era necessária, pois os olhos supriam essa necessidade e ambos se permitiam mergulhar na profundeza oculta refletida nos orbes que estavam a se fitar. 

 

Porém, algo dizia a Edward para convidá-la para entrar na pequena casa e ficar mais tempo com ela, pois todo o instante ao seu lado era precioso e aproveitado ao máximo. Mesmo agora que estão se conhecendo.

 

_ Seria maravilhoso se você entrasse fizesse companhia a mim. _ Sugeriu Edward com a voz calma e controlada, mas por dentro estava explodindo com tamanha curiosidade sobre a resposta da mulher a sua frente.

 

E Bella, se dando conta de que a mudez nunca lhe fora tão odiada, assentiu timidamente. Edward sorriu vitorioso e logo a guiava dentro da pequena casa.

As “regras” daquela época tão mal lembrada não permitiam que uma moça desacompanhada adentrasse na casa de um homem que não conhecia, mas eles não estavam ligando para isso naquele momento, pois nada existia – etiquetas, regras da sociedade, preconceitos – quando os dois estavam a sós; era como se nada mais importasse, apenas o olhar enigmático que os dois compartilhavam.

 

Edward a guiou até a cozinha, onde pegou dois pequenos pratos de porcelana e colheres, e os colocou a mesa onde Bella estava sentada.

 

Ele não sabia o porquê daquilo, mas sentia que era o seu dever cuidar e amparar Bella, não sabia também da onde vinha à vontade avassaladora de juntar seus lábios aos dela – que tinham a aparência de serem suculentos e doces – ou então de erde-la e acaricia-la com uma ternura antes nunca conhecida por ele. Porém, em meio a tantos desejos, Edward se perguntava se em algum momento teria a chance de ouvir sua voz e faze-la parar de assentir a toda pergunta que fazia... Ele já estava começando a estranhar...

 

 Bella o serviu com a fatia de torta que trouxera – retirando um pequeno pedaço para si – e sorriu satisfeita ao perceber que ele gostara da torta. Sua aparência era calma, mas no fundo estava nervosa e curiosa por perceber que o homem diante de si já dava sinais de curiosidade e sentia a falta da voz de Bella.

 

_ Senhorita, _ Começou ele cauteloso. _ Porque respondes as minhas perguntas com breves acenos ou sorrisos? _ Edward a viu engolir em seco algumas vezes e também viu suas mãos tremerem levemente, ele já começou a deduzir do possível problema que a jovem tinha.

 

Bella sabia que ele tocaria naquele ponto, ela também sabia que ele a rejeitaria quando soubesse de sua deficiência, estava relutante em responder e isso só piorou quando o pânico de perdê-lo apossou-se de si, fazendo com que seus olhos – tão vivos e amorosos – começassem dar sinais de que lágrimas apareceriam. 

 

Edward se assustou quando viu lágrimas nos olhos da mulher, e depois do susto veio à confusão, afinal por que uma pergunta tão simples poderia causar tanto drama?

 

Bella abriu a boca diversas vezes – com esperança de que sua voz saísse –, mas por fim desistiu e deixou que as lágrimas tão odiadas percorressem sua face. Ela não o fitou, assim esperando pela rejeição.

 

Quando pequenas lágrimas rolaram pela face de Bella, Edward se deu conta do que estava acontecendo ali. Ele se deu conta de que a doce mulher a sua frente era muda, ele se deu conta de que nunca iria ouvir a voz de Bella.

 

A fúria veio rapidamente, sua face calma e suave transformou-se numa carranca intimidadora e quando falou sua voz se tornou áspera e seca – como sempre foi.

 

_ Você é muda? _ Bella arfou quando a voz áspera ecoou pela cozinha, dando-lhe um arrepio e a intimidando; ela chorou novamente ao perceber que seu temor havia se realizado.

 

Seus olhos percorreram o corpo de Edward e notou em como suas mãos estavam fechadas fortemente, os músculos do homem estavam rígidos e quando seu olhar encontrou o dele, ela só viu ódio ali.

 

Aquilo foi o suficiente, levantou-se mais que apressada e praticamente correu até a porta, chegando a abri-la, mas uma mão a segurou fortemente pelo pulso e a fez parar. Bella tentou se soltar – em vão – do aperto forte do homem, mas no momento seguinte estava com o corpo colado a parede de músculos.

 

Edward não sabia a origem de sua raiva – talvez pela frustração de saber que jamais ouviria a bela sinfonia que a jovem nunca produziria – e quando viu que causou temor em Bella, sua raiva desapareceu, e ele – ignorando todo o machismo – a abraçou tão forte que chegou a achar que havia a machucado.

 

O abraço foi a melhor forma que encontrou de fazê-la ficar ali, junto a ele.

A sensação dos corpos juntos era prazerosa e, de certa forma, reconfortante.

Edward ainda não acreditava que a mulher, a quem abraçava, era muda. Mas ele estava disposto a lutar contra o pequeno obstáculo que isso era.

Uma verdadeira batalha acontecia em seu coração...

É impossível.” disse o orgulho.
É arriscado.” disse a experiência.
É inútil.” disse a razão.
Dê uma chance.” sussurrou o coração.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem e deixem a sua opiniao.

Beijos e até o proximo.