O Soldado da Rosa Vermelha escrita por Mari_Masen


Capítulo 27
A única alternativa é ser forte.


Notas iniciais do capítulo

Oe! Cá estou com mais um capítulo fresquinho para vocês. E devo adicionar que nomes e cargos reais foram inventados por mim, não consultei nenhum livro de história. xD

Boa leitura.



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A única alternativa é ser forte.

Você nunca sabe a força que tem.

 Até que a sua única alternativa é ser forte.

(Autor Desconhecido).

A brisa marítima acariciava os longos cabelos castanhos. O vento forte espalhava as lágrimas que insistiam em sair de seus olhos. Isabella não as impedia. Aquilo era o único jeito de suavizar a dor, mas não de curá-la.

Aquele pequeno fragmento de angústia passeou livremente por seu rosto até que grandes mãos espantassem-no para longe.

_ Não chores. _ Suplicou o homem com a voz cansada e corpo tenso. A mulher, impossibilitada de falar, apenas envolveu seus braços ao redor do marido e repousou sua cabeça no peito musculoso que se movimentava rapidamente. Ao longe o som de seu coração era ouvido.

_ Volte para mim... Por favor... Não me deixe aqui. _ Mais lágrimas molharam o terno do soldado. Edward fechou os olhos com força enquanto abraçava Bella fortemente. As másculas mãos infiltradas no cabelo da mulher – saboreando a maciez – e o nariz inalando o aroma que ele tanto amava, memorizavam cada pedacinho de Bella.

O soldado quase fraquejou ao sentir os soluços de sua mulher contra o paletó. Porém aquela não era à hora de se enfraquecer, chorar e fazer juras de amor eterno. Edward não se despediria da mulher como se nunca mais voltasse. Isso era clamar por uma morte que não viria.

Edward afastou a mulher de seus braços, segurando-a pelos ombros firmemente. Ele se abaixou até estar na mesma altura de Bella e com a voz séria – mas, de alguma forma, suave – ordenou a ela:

_ Pare de chorar. _ Isabella o fitou; a face vermelha e olhos inchados. _ Partirei naquele navio e voltarei nele. _ Apontou para a grande embarcação. _ Não se despeças de mim como se fosse à última vez; não chores por algo que não irá acontecer. _ Edward retirou mais lágrimas da face de Bella. _ Eu voltarei, Isabella. _ A certeza era sentida por detrás do discurso.

_ Prometes? _ Sussurrou a mulher, recompondo-se.

_ Prometo. _ O corpo do homem relaxou quando as pequenas mãos de Bella acariciaram sua face, não memorizando nada, não guardando nada. Apenas aproveitando o tempo que lhe restava antes do soldado partir. Edward pegou as mãos de sua mulher e as beijou.

Isabella sorriu pela primeira vez, em dias.

Ao olhar ao seu redor ela pôde avistar alguns homens despedindo-se de suas mulheres de maneira exagerada, abraçando-as em prantos e beijando-as de maneira urgente – ignorando todas as regras da sociedade.

Aqueles homens pareciam desesperador por guardarem tudo na memória, como se nunca mais as vissem.

Um pequeno sino fora tocado por um velho homem que, gritando, avisava que era a hora de embarcar.

O coração de Isabella passou a bater com o dobro de sua velocidade normal; as mãos suaram e os lábios ficaram secos.

Edward havia pedido que não temesse, porém Bella não possuía a mesma destreza de seu marido.

A mulher sentiu um toque sutil em seu queixo, forçando-o para cima. Ela sentiu toda a confiança de seu marido através dos olhos e desfrutou do toque em sua barriga. Edward se aproximou – sempre mantendo o contado visual – para roçar seus lábios ao de Bella.

Ele fechou os olhos e aprofundou o beijo no exato instante em que seu nome tornara-se um sussurro vindo dos lábios da mulher que tanto amava.

O beijo fora lento, prazeroso. Não havia o medo da perda ou o temor da morte. Aquela carícia era o modo que os dois encontraram de expressar seu amor sem precisar de palavras ou atos. Era o jeito que possuíam para construir a confiança, eliminando o medo.

Edward separou seus lábios para que Isabella pudesse respirar, porém seus lábios não deixaram sua pele. Foram para o pescoço onde ele mordiscou e beijou, afastando-se para que assim o soldado se ajoelhasse e beijasse a barriga de Bella, por cima do vestido.

Isabella pôs suas pequeninas mãos no cabelo do marido e, fechando os olhos, ela desfrutou daquela carícia tão íntima feita em público. 

O soldado se levantou, voltando a por os lábios sobre os de Bella para que – instantes mais tarde – os levassem até a orelha e sussurrasse:

_ Não diga adeus.

Quando Bella abriu os olhos, tudo o que pôde ver fora as costas do marido se distanciando.

Ao embarcar Edward não olhou para trás.

**** **** ****                   

O pôr do sol seria algo lindo para se ver naquele dia, mas os olhos de Bella estavam tão marejados ao ponto de não poder enxergar. Era impossível controlar as lágrimas.

Naquele fim de tarde quando se sentou a mesa, sozinha, a mulher procurou não chorar diante dos empregados que a olhavam solidários.

À noite quando se deitou sozinha na imensa cama, Isabella pôde sentir o perfume de Edward impregnado nos lençóis e travesseiros – sentindo falta do seu corpo moldando-se ao dele e de como os seus braços a envolviam com segurança. Fechando os olhos fortemente ela levou as mãos à pequena barriga saliente e pôs-se a orar, implorando que seu marido voltasse vivo.

Os dias não possuíam mais a beleza exuberante e as flores não forneciam mais o perfume que Isabella tanto gostava. A ausência de Edward era a sua ausência; não havia mais chances de um sorriso verdadeiro aparecer e os olhos brilharem felizes como antes faziam na presença do homem.

Mas apesar para toda fraqueza existia a força de Isabella. Ela não vacilaria com a falta de seu marido. Manter-se-ia firme por ele, até que a espera chegasse ao fim e guerra terminasse.

*

_ Veja como está triste. _ Comentou a cozinheira com o mordomo enquanto lançava olhares para Bella, sentada em sua cadeira debaixo da árvore. _ Não há nenhuma correspondência para ela?

_ Não há nada para ela desde que o Sr. Cullen partira. _ Cornélio, o mordomo, respondera com pesar.

_ Soube que a senhora está grávida. _ Comentou a criada. _ Pobrezinha... Uma gravidez não merece essa tristeza.

_ Isso não é de nosso interesse, mulher. _Ralhou Cornélio. _ Agora vá para a cozinha e termine o seu serviço antes que sejamos pegos aqui.

*

Semanas logo tornaram-se meses. A primavera partira e o outono restara em seu lugar – com todos os galhos secos e folhas mortas – com todas as chuvas e ventos gélidos que só uma estação assim seria capaz de realizar.

A dor da ausência ainda estava presente, mas agora era camuflada e ignorada por Isabella que prometera não sentir tanto a falta do marido. Ela ignorou toda lágrima e sofrimento, ocupando-se com tarefas domésticas e desfrutando da companhia agradável que seus criados poderiam proporcionar.

A mulher havia encontrado amigos naquela casa – pessoas que poderiam conceder um pouco mais do conforto necessário.    

Com a passagem do tempo, sua pequena barriga ganhara forma e tamanho graças à criança que crescia em seu ventre; os seios tornaram-se mais frágeis e volumosos e os vestidos não mais serviam em seu corpo.

A visita do médico deixou Bella ciente de que sua criança estava com seis meses e, apesar das circunstâncias, estava saudável.

E o amor incondicional – que uma mãe sempre sente pelo filho – estava brotando no coração de Bella que a cada dia era pega acariciando sua barriga enquanto cantava magníficas canções inventadas por ela.

Aquele pequeno ser preenchera seu coração de uma maneira tão mágica que todo o sofrimento e angústia sentidos por Bella desapareciam quando sua pequenina mão acariciava sua barriga e a criança respondia com pequenos movimentos.

Era a magia indescritível que só uma mãe consegue sentir pelo filho.

Era o amor que aquele pequeno ser – ainda em seu ventre – proporcionava a ela, que fazia o sol brilhar em dias tão nublados.

*

_ Céus, acho que não consigo ver meus pés. _ Exclamou Isabella, na manhã de mais um dia, para a criada que sempre a ajudava a sair de sua cama.

_ É normal para uma mulher com o tempo de gravidez como o seu, minha senhora. _ A criada argumentou com um pequeno sorriso enquanto ajudava Bella a se levantar da cama.

_ Marie. _ Chamou Isabella.

_ Sim?

_ Há alguma correspondência para mim? _ A esperança brilhou nos orbes da mulher, mas morreu no mesmo instante em que a criada negara. _ Bom... Quem sabe amanhã. _ Sussurrou para si mesma enquanto a criada amarrava o corpete do vestido em seu corpo, feito sob medida para o novo corpo de Isabella.

Com o passar do tempo todas as lágrimas se esgotaram e toda dor e temor se evaporaram, restando apenas a inabalável esperança que fazia Isabella crer, dia após dia, que Edward voltaria para casa.

Para ela... Para seu filho.

Londres, Inglaterra.

Toda a nobreza daquele poderoso país estava concentrada em um só lugar. Todos os Barões, Duques e Condes – numa súplica de poder – foram para Londres, para o rei, exigir que seus filhos e parentes voltassem da guerra antes mesmo dela acabar.

E era naquela crescente tensão que Carlisle estava para reivindicar seu poder sobre o rei e exigir – assim como os outros – que seu filho Edward voltasse da guerra.

_ Meu filho é o único herdeiro que possuo. Se ele voltar morto para quem passarei meus dotes e título? _ O Duque de Durham vociferou para o rei sem educação alguma.

_ Tens soldados aos milhões, majestade. Para quê insistes que nossos herdeiros e parentes fossem para a guerra? _ O Conde de York indagou com maior moderação e respeito. Ele era o único no castelo que ainda respeitava o rei.

Todos os nobres com títulos reais estavam em um enorme e luxuoso salão de debates. O rei da Inglaterra – Felipe III – recebia intimidações a cada segundo daquele debate. Os nobres reais daquele país adquiriram tamanho poder que se todos eles unissem forças destruiriam Felipe III mais rápido do que a França.

A elite exigia a volta dos familiares, e se o rei recusasse estaria se alto condenando para a morte.

O rei fitava todos os nobres daquele salão e suas expressões de raiva com certo temor do que estaria por vir.

_ O que farei por eles? _ Sussurrou Felipe III para seu conselheiro.

_ Dê a liberdade aos nobres soldados que estão na guerra, majestade.

_ Mas irei perder a guerra se fizer isso. _ Rosnou o rei. No instante seguinte o Conde de York se levantou dentre todos e apontou para Felipe.

_ Diga em alto e bom som, majestade. _ Gritou. _ Vossa conversa é de nosso interesse!_ A exclamação do Conde fora seguida por uma série de gritos e exigências vindos dos outros que ali estavam. O barulho preencheu todo o salão, tornando impossível a conversa.

_ Silêncio! _ Rugiu Carlisle, sua voz mais alta que os demais, chamando atenção de todos. Ouve silêncio em respeito para que assim o Barão falasse. _ Palavrões e gritos não ajudaram em nada! _ Exclamou alto enquanto se levantava e caminhava para o trono onde o rei estava. _ Comportem-se como os nobres que são! Felipe certamente tem motivos para não conceder liberdade aos parentes que estão na guerra!

_ Então que ele nos conte os motivos. _ O Conde de York provocou. Logo após isso houve silêncio para que o rei pudesse falar.

Felipe III engoliu em seco – abrindo a boca várias vezes, porém emitindo som algum – até que se pôs a falar.

_ Seus filhos, senhores, são de extrema importância para minha frota. Eles lideram e avançam sob minhas ordens e graças a eles obtenho a vitória com precisão e rapidez.

_ Estás mentindo, majestade! _ Rugiu o Conde. Carlisle suspirou dando sinais que não possuía mais paciência. _ Nossos filhos são números para o exército. Números!

_ Cale-se Conde! _ Carlisle gritou e todos os outros fizeram silêncios, espantados com a fúria – nunca vista – do Barão. _ Estás pensando em si mesmo. Esqueceres de que todos possuem filhos na guerra e de que também batalham para libertá-los? Tenha decência o bastante para se calar e esperar o veredito do rei antes que seja condenado por falar demais.

O Conde de York – envergonhado e humilhado – se sentou na cadeira e, sem poder de contestar, se calou para Carlisle.

_ Obrigada Barão Cullen. _ Agradeceu Felipe III.

_ Agora, majestade, dê seu veredito. _ O Barão rosnou, controlando-se.

Felipe III levantou-se e fitou todos ali, gravando na memória cada nome e ofensa dirigidos a ele, respirando fundo e preparando-se para proclamar a sentença de cada um.

_ Eu liberto todo herdeiro real e nobre que se encontra na guerra contra a França. _ Todos os nobres explodiram em aplausos de comemoração. _ Porém... _ O rei levantou sua mãos para obter silêncio. _ Terão de esperar o fim da batalha. Não decreto mais nada, além disso, devo acrescentar que ela só acabará quando eu possuir a cabeça do rei francês. _ Todo o sorriso no rosto dos nobres se desfez.

O rei, sem olhar para trás, saiu de seu salão e deu ordens a seus soldados para que retirassem cada nobre que ali estava.

Carlisle suspirou pesadamente ao perceber que sua única opção era orar para que seu filho voltasse vivo da batalha, pois só assim estaria livre.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Comentem e deixem a opinião de vocês.
No próximo capítulo vocês irão saber o que aconteceu com o Edward na guerra.

Beijos e até o próximo.

P.S.: Não se preocupem, tudo acabará bem... de alguma forma.