O Soldado da Rosa Vermelha escrita por Mari_Masen


Capítulo 18
Nem mesmo a fria chuva de Novembro.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Esse capitulo revelador é dedicado a AnaPaulaSouza1 que escreveu uma recomendação digna de aplausos.

Boa leitura.



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Nem mesmo a fria chuva de Novembro.

Então não se preocupe com a escuridão,

Nós ainda podemos encontrar um jeito.

Porque nada dura para sempre.

... Nem mesmo a fria chuva de Novembro...

                                                                                     (November Rain).

Ele estava parado esperando alguma reação da mulher, mas ela nada fez. Aquilo já estava preocupando-o, pois nada ali era pior do que nenhuma reação da parte de Bella – justo ela que sempre fora tão emotiva.

Porém Isabella estava sim em pane, mas por dentro. As vagas e foscas lembranças que tinha de sua infância eram muito escassas, e ela estava fazendo um esforço hercúleo para encaixá-las, mas nada ali fazia sentido. Nem mesmo os nomes de seus supostos pais.

Mas um fragmento perdido insistia em ser lembrado por ela: a primeira vez que viu Marlene.

~ ~X ~ ~

James estava gritando – isso era obvio porque até um surdo ouviria – com Marlene. As grossas botas de couro batiam freneticamente no chão, um claro sinal de estresse. Mas os soluços de Bella eram muito altos e ela nada pode ouvir da conversa; apenas quando parou de chorar brevemente.

_ Meu Senhor, mas ela é só uma criança. _ Insistia Marlene enquanto lançava olhares angustiados a pequena Bella.

_ Achas que eu não sei? Por acaso sou cego? _ Urrou o Conde no momento em que puxava Isabella pelos braços num gesto muito rude. _ Os mercadores ofereceram um leve preço por ela por ela ser muda. _ Comentou ele enquanto segurava o queixo da pequena menina e virava-lhe o rosto banhado por lágrimas afim de fazer uma leve avaliação em seu estado físico.

_ Muda... Senhor esta menina não parece ser muda, caso contrário, nem soluçando estaria. _ Admitiu Marlene enquanto caminhava lentamente até Bella. No rosto um sorriso maternal.

_ Não sabes o que fala ou, por algum acaso, és médica? _ Debochou James. _ Era só o que me faltava...

_ Olá querida. _ Começou Marlene, ignorando James por completo. _ Qual seu nome pequenina? _ A doce voz da mulher fez com que a jovem se lembrasse de sua mãe, consequentemente, fazendo-a se encolher. _ Não temas, querida. Não lhe farei mal algum. Qual o seu nome? _ Insistiu Marlene.

Naquele instante Isabella se sentiu estranhamente segura ao lado de Marlene, sentiu que ali era encontraria abrigo. E num ato de confiança abriu a boca e tomou fôlego para falar, mas a voz não mais estava presente.

~ ~ X ~ ~

Era como se algo bloqueasse o resto da lembrança. Bella tentou lembrar-se de mais e mais coisas, mas nada encontrava; apenas a fosca lembrança de uma noite chuvosa e homens gritando ao longe... Somente isso.

_ Bella? Por favor, olhe para mim. _ Escutou ao longe a voz angustiada de Edward e olhou para ele lentamente, arrancando um suspiro aliviado do homem. _ Céus! Estás bem? Vamos Bella... Fale comigo. _ Pediu Edward sem se dar conta do que havia acabado de dizer. Instantes depois, Isabella estava em prantos.

“Fale comigo” era o que ela mais desejava fazer, mal algo mais forte que si a impedia. Enquanto Edward a amparava – envolvendo-a em um abraço protetor – Bella tentou de todas as formas dizer algo a ele, mas sua garganta estava fechada e a vontade não era maior do que a força.

Céus! Era queria tanto lhe falar; contar tudo o que pensava e sentia naquele exato momento, gritar e rir junto a ele nesse furacão de emoções. Isabella queria falar, pois algo em seu íntimo insistia dizer que aquilo não era uma limitação.

_ Não consigo falar... _ Mexeu seus trêmulos lábios para Edward.

_ Não precisas falar para mim. Eu não me importo. _ Sussurrou ele, desesperado para tranqüilizá-la. Mas seus sussurros ou caricias de nada adiantaram e ele concluiu tarde demais que Isabella estava tendo uma crise de pânico.

_ Bella olhe para mim. _ Pediu enquanto segurava o pequeno rosto entre suas mãos. _ Procure de acalmar, por favor. Nada de ruim vai acontecer a você. Estás comigo... Acalme-se. _ Isabella se separou dele e se levantou da grama para logo depois se por a correr. Mas antes que adentrasse no Palácio, Edward a segurou.

Ele nunca a havia visto assim, desesperada, angustiada e ansiosa por algo. Nada o deixava mais preocupado do que vê-la assim... Era como se sei peito doesse só por avistá-la daquela forma.

Edward a abraçou fortemente – impedindo-a de continuar a correr –, Isabella tentava se soltar, porém sua força não poderia nem ser comparada a de Edward, um soldado treinado.


Edward transformou seus braços numa prisão inescapável e lá ficou até que os soluços cessaram e a respiração acalmou. Minimamente se moveu afim de olhar Bella e instantes depois teve a certeza que ela não mais fugiria. Ele se ajoelhou lentamente – trazendo Isabella consigo – e se sentou no chão, afastando-se de Bella e segurando o rosto feminino entre as suas mãos.

_ Não consigo falar. _ Retomou ela a fala e logo depois olhou para Edward. Ah! Quanta angustia aquele homem carregava!

_ Bella... _ Com cautela ele a acariciou na face, murmurando o nome da mulher do jeito mais doce possível. _ Nada disso importa. _ Balbuciou enquanto pensava seriamente em chamar Emmett. O estado de Bella era deplorável.

_ Não consigo lembrar...

_ Lembrar-se de quê? _ Aos poucos Edward via que a histeria sumia e que as lembranças de Bella estavam voltando.

_ ...Papai... _ Os olhos castanhos perderam o foco e outra lembrança lhe veio a mente.

~ ~X~ ~

_ Mon Petit*... _ Sorriu o homem enquanto afastava as cortinas e ouvia o grito assustado de uma pequena menina. _ Achei você! _ Gargalhou ele enquanto a jogava sob as costas ouvindo o som da gargalhada infantil.

_ Largue-me papa*! _ Mexia-se frenética até que ele a pôs no chão. _ Não quero mais brincar com você! Sempre me achas! _ Apontou para ele no mesmo instante em que batia os pequenos pés no chão.

_ Mon Petit, mas essa é a brincadeira!

_ Brinquemos de outra. _ A carranca infantil se desfez quando o homem pôs-se a gargalhar. Ele se ajoelhou para ficar a altura da criança e afagou o pequeno rosto.

_ Ainda estás nervosa?

_ Oui*.

_ E se eu lhe der uma coisa? _ Sorriu travesso, adquirindo uma expressão mais jovial apesar do negro bigode.

_ E que coisa seria? _ Os olhos da pequena Swan brilharam com a possibilidade de um novo brinquedo.

_ É surpresa, mas dou-lhe se prometeres se acalmar.

_ Prometo.

_ Então feche os olhos, Mon Petit. _ Sussurrou enquanto se colocava atrás dela e envolvia o pequeno e delicado pescoço com refinado colar de outro. _ Agora abra os olhos. _ Ordenou. A menina olhou o presente e sorriu. Um sorriso perfeito com todos os dentes de leite e olhos brilhantes.

_ É para me substituir quando estiveres longe daqui. _ O sorriso da garotinha se desfez e os olhos ficaram, subitamente, assustados.

_ Irás embora papa?

_ Não Mon Petit. Eu nunca deixarei você;

~ ~ X ~ ~

A mão de Isabella fora instintivamente para o pescoço, mas a correntinha de ouro não estava ali. Ela lembrou do homem carinhoso e de voz afável que a chamava de Mon Petit, lembrou-se do sorriso enrugado que ele lhe dirigia e a forma delicada que a pegava.

Lembrou de uma garotinha de olhos castanhos... Aquela garotinha de voz doce era Isabella e o homem carinhoso era seu pai, Charlie Swan.

Vozes ao longe a despertaram das lembranças.

_ Ela está em choque. _ Concluiu Emmett enquanto examinava os olhos de Bella. _ Acho melhor acomoda-la em seu aposento, Edward. Nesse estado desmaios são mais que freqüentes. _ Em seguida braços a envolveram e um calor familiar aqueceu seu corpo. Num piscar de olhos já estava deitada na grande cama se seu aposento.

A quantidade de vozes aumentou.

_ Vamos para o meu escritório, Edward. _ Era Carlisle. Pelo modo em que falava parecia estar furioso.

_ Ficarei até que ela melhore. _ Contra atacou Edward.

_ Emmett ficará aqui. Agora venha comigo antes que eu tome providencias. _ Alguém suspirou e logo m seguida foi depositado um beijo no rosto de Isabella.

Algo afiado perfurou a pele de Bella. Suas pálpebras pesaram e o corpo ficou estranhamente leve. Antes de adormecer uma ultima imagem lhe veio na mente: o sorriso amoroso que seu pai dirigia a ela.

**** **** ****

_ Como podes ser irresponsável deste jeito?! _ Urrou Carlisle. _ Isabella mal se recuperou de um desmaio e queres provocar outro? Por que contou a ela?

_ Ela tem que saber de tudo! _ Rebateu Edward com a mesma intensidade; pouco se importando se o homem a quem se dirigia era seu pai. _ Não ficarei parado diante de toda essa revelação. Contei sim a ela e não me arrependo.

_ Gostas de arriscar a vida da sua mulher. Aprecia vê-la deitada em choque graças a sua irresponsabilidade! _ Gritou o Barão, impondo todo o seu poder e autoridade naquela simples afirmação. Não adiantava discutir com ele. Carlisle Cullen estava certo e nada tiraria isso dele.

_ Pai, brigar agora não mudará nada. _ Interveio Emmett. _ O que disse a ela, irmão?

_ A verdade, resumidamente.

_ Ela esboçou alguma reação? _ Edward franziu o cenho.

_ Comunicou-se comigo. Disse que não conseguia falar e repetiu isso inúmeras vezes. Depois seus olhos perderam o foco e foi quando eu lhe chamei. _ Edward suspirou pesadamente e se sentou no sofá de couro, as mãos na cabeça mostravam a angustia que aquele homem sentia.

O escritório ficou silencioso. Carlisle olhava pela janela – um hábito antigo de procurar por respostas – enquanto Emmett analisava alguns papeis que o historiador trouxera.

_ Devemos chamar um sacerdote? _ Perguntou o soldado sem olhar para o irmão.

_ Não Edward. Algo me diz que isso está relacionado a algum bloqueio mental de Isabella. _ Olhou para o irmão. _ Não há lógica em desesperar-se por não poder falar quando se é mudo.

_ Fréderick mencionou o fato de Isabella Swan possuir fala aguçada. _ Comentou Carlisle.

_ O desespero por não conseguir falar indica que Isabella possui algum trauma que a levou a perda total da fala_ A fala de Emmett chamou a atenção de Edward – que levantou bruscamente da poltrona.

_ O que quer dizeres com isso? _ Uma vã esperança se fez presente naquele cômodo.

_ Comentastes que ela não lembrava-se de sua infância. E quando a verdade é revelada a ela o desespero de não conseguir falar a atinge. _ Emmett parou, olhando esperançosamente para o irmão. _ Esse fato indica que ela lembrou-se de algo muito importante em seu passado... Algo relacionado à fala. A verdade nunca esteve tão evidente... Isabella possui a capacidade de falar.

**** **** ****

Mon Petit: Minha pequenina.

Papa: Papai.

Oui: Sim.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo teve o objetivo de esclarecer um pouco da Bella para vocês. Não tem romance, não tem palavras doces e muito menos momentos calmos e felizes. Alguns de vocês podem não gostar - e nem eu, confesso - mas isso é essencial para a fic.

Ele está pequeno e chato, mas é importante e preciso.
No próximo mais romance e - quem sabe - a Bella não fala? Quem sabe o Edward não revela que a ama?

Comentem por favor. Eu não me importo em receber críticas.

Beijos.