Acordei na manhã do dia seguinte me sentindo esplêndida, não via à hora de me encontrar com meu cowboy. Tomei banho cantarolando músicas românticas, coloquei um vestidinho solto desci pra tomar café, e fiquei conversando com minha mãe, que insistia em saber onde eu tinha ido com Edward, e o que tinha acontecido como não podia falar o real pra ela, me limitei a meias verdades, assim não cairia numa armadilha de minhas próprias palavras, apenas disse que fomos dar uma volta no lago e ficamos conversando sobre meus anos na Europa e na faculdade. Ela não acreditou muito, mas deixou pra lá.

          Depois de escapar da mamãe fui pro meu quarto coloquei um avental, peguei uma agenda, um fichário e um estojo com canetas e fui dar uma olhada nos animais, precisava começar a exercer meu trabalho né? Portanto, fui primeiro ver os cavalos, o estábulo estava mais perto, e como eu ia rodar na fazenda a pé, comecei por lá. Era George quem estava lá, e me passou os dados dos cavalos, tais como raça, sexo, idade, alimentação, vacinas, etc.,  para que eu pudesse montar fichas individuais de cada um, e fazer o acompanhamento da saúde deles a partir de agora. George me passou também as fichas antigas, feitas por Edward, que uma vez por mês realizava consulta aos animais da fazenda, agora eu faria esse trabalho. Terminei com os cavalos e fui para o gado, depois para os porcos (e quase passei mal com o cheiro), depois passei pelas galinhas, só pra verificar a alimentação delas, pois esse tipo de animal não dava muitos problemas se na ração fossem servidas as vitaminas corretas.

          Já passava muito do meio dia quanto voltei pra casa, ia montar um banco de dados no computador pra facilitar o controle das atividades que eu estava realizando, quando entrei na sala o telefone estava tocando, minha mãe deveria estar na horta e não ouvira tocar, fui correndo atender antes que caísse a ligação.

   - Alô.

   - Pode se preparar, pois quando eu te encontrar pessoalmente vou acabar com a tua raça. – eu sabia quem estava falando isso do outro lado do telefone. Alice.

   - Minha amiga preferida. – tentei puxar o saco pra amenizar minha situação – Estou com tantas saudades suas. Nem consigo descrever em palavras.

   - Pode parar de tentar me agradar sua desnaturada, sabe de uma coisa, eu nem deveria ter ti ligado, você está na cidade a mais de 24 horas e nem sequer teve a sensibilidade de falar um oi pra mim, e eu boba ainda ligo pra você. – como Alice era dramática.

   - Me perdoe amiguinha, eu ia ter visitar ontem, mas minha mãe quis fazer compras, e Edward ficou de vir aqui, então acabei não tendo muito tempo, e hoje fiquei a manhã toda trabalhando, acabei de chegar na verdade, e não queria te dar migalhas do meu tempo, você merece muito mais. – Esperava que com essas palavras tivesse amansado um pouco a fera.

   - Bom,  me acalmei agora, mas só vou te perdoar se você vier me visitar hoje, eu podia muito bem ir te ver mas estou chateada ainda, então você vai ter que vir aqui.

   - Tudo bem Allie, vou comer alguma coisa rapidinho, pois ainda não almocei, me arrumo e vou , ok?

   - Certo, mas não coma muito, pois minha mãe vai fazer um lanche pra nós, ela também está morrendo de saudades de você.

   - Combinado então, até mais tarde amiguinha. Beijos.

   - Até, e venha logo, beijos.

          Puxa, essa foi por pouco, ter a ira de Alice direcionada a você não era uma coisa muito legal sabe, então corri pra cozinha e tinha um prato preparado com comida pra mim, minha mãe tinha deixado sabendo que eu não tinha almoçado. Comi rapidinho, subi tomei um banho rápido, coloquei um shortinho jeans de barrinha dobrada, uma camisetinha rosa e tênis.

          Deixei um bilhete pra minha mãe avisando onde estava indo, seria bom mesmo sair, pois estava super preocupada com a conversa que Edward ia ter com Tânya, precisava tirar isso da cabeça, a noite ele me contaria tudo mesmo. Quando estava indo pro meu carro Blue veio latido pra mim, resolvi levar ele comigo assim ele passearia um pouco também.

   - Vem garoto vamos passear, mas se comporta hein, nada de ficar se engraçando com as cadelas por ai.

          Ele abanou o rabo, acho que ele tinha entendido minhas instruções. Abri a porta do carro e ele subiu, entrei também, dei partida e saí pegando a estrada que me levava a Água Doce.

          Após alguns minutos dirigindo, já podia avistar as cercas da propriedade, peguei a estradinha que dava diretamente na frente da casa, na verdade era uma mansão na fazenda. Estacionei, desci e Blue já saiu correndo em direção a porta, já estava avisando que eu tinha chegado. Fui caminhando em direção a entrada e antes de chegar a porta se abriu  Alice saiu e começou a acariciar Blue.

   - Você também veio me visitar menininho fofo, estava com saudades de você. – Blue abanava o rabo e lambia Alice onde conseguia. Ela era menor que eu, tinha os cabelos escuros cortado um pouco acima dos ombros, quase na altura do queixo, tinha os mesmo olhos dourados de Edward, era magrinha e graciosa, uma bonequinha e estava usando um vestidinho florido lindo.

   - Oi Allie, demorei muito?

   - Oi bruxinha demorou demais, para ser mais exata doze anos. – disse e me abraçou apertado. Eu senti muitas saudades dela também, só nos falávamos por correspondência e trocávamos fotos, igual com Edward.

   - Mas agora estou aqui gatinha, e você vai enjoar de mim.

   - Você sabe que não, vem vamos entrar que minha mãe também quer ver você. Deixe o Blue passear um pouco, depois ele vem. – e como se tivesse entendido o que ela falou, ele saiu em disparada indo passear.

          Entramos na casa e era linda demais, tinha sido totalmente reformada, já não tinha nada que me lembrasse o passado. Atravessamos a sala visitas e fomos pra sala de TV, onde Esme estava assistindo programas de culinária. Quando a vi fiquei tão feliz, ela era uma segunda mãe pra mim e sempre tínhamos noticias uma da outra através de Edward e Alice. Ela era linda, tinha os cabelos acobreados como Edward, olhos castanhos e rosto angelical. Era linda.

   - Oh Bella, como você está linda. Não posso crer que está tão moça. Todos nós sentimos tanto sua falta. – disse e me abraçou apertado, e eu também senti muitas saudades dela, e agora ela era minha futura sogrinha.

   - Eu também senti dona Esme, mas agora estou aqui e não pretendo ir novamente.

   - Ótimo. E como você está? Seus pais estão bem, tem uns dias que não nos falamos, eles devem estar felizes de você estar de volta.

   - Estou muito bem, e já comecei o trabalho na fazenda. Meus pais estão muito felizes, e estão bem, mamãe queria ter vindo ontem comigo até aqui pra fazer uma visita, mas como Edward ia lá achei melhor deixar pra hoje a visita, mas ela tinha saído quando eu vim, por isso vim só.

   - E também por que eu faria picadinho de você se não viesse logo. – disse Alice fazendo gestos como se realmente estivesse picando algo. -  E agora vamos subir pro meu quarto, temos muitas coisas pra conversar.

   - Desçam pra tomar um lanche depois. – disse Esme.

   - Tá mãe, agora vamos Bella. – disse e saiu me arrastando.

   - Daqui a pouco descemos dona Esme. – falei enquanto era

arrastada.

          Mal entramos no quarto Alice começou a me encher de perguntas. Queria saber como era na faculdade, como era morar sozinha, sobre os garotos que conheci, sobre os encontros e tudo mais, como se já não soubesse, pois eu sempre contava a ela as coisas por email, mas ela disse que queria me ver falar de novo pra ver nos meus olhos se não estava escondendo nada dela. Maluca. Mas a conversa complicou quando ela começou a me perguntar sobre Edward.

   - Me fala Bella, você não está nem um pouquinho chateada sobre a gravidez da Tânya? Eu sei que você sente muito mais que amizade por Edward, mesmo que nunca tenha admitido, e também tenho certeza que ele também sente por você. -  como ela era perceptiva.

   - O que posso fazer Alice? Ficar chateada não vai me ajudar em nada preciso seguir com minha vida. – dei de ombros.

   - Droga Bella, isso não tá certo. Se Edward pelo menos não fosse tão certinho, não achasse que o certo era assumir a Tânya junto com a criança, vocês poderiam ficar juntos, ele pagaria a pensão, visitaria o bebê e pronto, tudo resolvido.

   - Alice, as coisas são como tem que ser. Você sabe se eles vão se casar? – aproveitei e perguntei pra ela, vai que o Edward não me falou toda a verdade.

   - Por enquanto não, mas se ele vai assumir ela também, acho que logo eles casam, talvez depois que o bebê nascer já que a barriga dela tá muito grande, sei lá. Mas ainda tenho esperança que ele caia em si e desista dessa idéia de assumir ela também, não que eu não goste dela, mas não acho que ela combina com meu irmão. – então realmente quem mentiu foi Tânya, mas não contei a Alice o que aconteceu no mercado. Estava com a pulga atrás da orelha, Edward precisava voltar logo pra me contar o que aconteceu.

   - Também acho que eles não combinam Allie, mas não podemos fazer nada, vamos esperar pra ver o que acontece. – fiquei com vontade de contar pra ela a verdade, mas ainda não podia, se um dia ela descobrisse que escondi dela, ia querer me matar.

          Continuamos conversando e ela me contou que estava saindo com Jasper, um amigo de Edward, me lembro que quando conversamos ele mencionou o nome dele, ele fazia parte da turma que se juntava no verão.  Alice estava muito empolgada, achava que ia dar namoro, e fiquei feliz por ela. Ela disse que Jasper era Oficial da Patrulha de Fronteira, um policial na verdade, mas que trabalhava a paisana, pra poder realizar as investigações sobre os imigrantes ilegais com maior eficiência. Ele descobriu que o coiote (pessoa que ajuda os imigrantes ilegais entrarem no país, e explora a mão de obra deles), corta as cercas das fazendas, assim várias pessoas podem passar ao mesmo tempo, só que a cerca acaba ficando aberta e alguns animais fogem. Foi o que aconteceu na fazenda dos meus pais.

          Quando vimos já eram oito horas na noite, tínhamos esquecido de descer pra comer o lanche então fomos jantar. Carlisle já estava em casa, conversei com ele também, matando as saudades, ele era bastante parecido com Edward, os mesmo olhos, o jeito do rosto, era um pouco mais baixo que ele, tinha os cabelos escuros como os de Alice, era um homem muito bonito. Ele comentou comigo um pouco mais detalhadamente sobre o roubo de gado sofrido por ele, entre outros assuntos.

          Estávamos todos comendo e conversando quando Edward chegou. Estava com uma expressão de contrariado, meio nervoso, e quando me viu a expressão mudou, tornou-se receosa. Sentou pra jantar conosco, mas falava pouco, ele tentou disfarçar, mas não estava adiantando muito, seus pais e Alice também perceberam que tinha algo errado, e questionaram ele sobre isso, mas ele dizia que estava tudo bem, era só uma dor de cabeça que logo passaria. Eu sabia que ele estava mentindo, tinha acontecido alguma coisa errada sim, e pelo jeito eu não gostaria de saber.

Continua...