Saímos do hospital por volta das cinco horas da manhã, e voltamos ao Rancho pra tentar dormir um pouco. Edward estava tão cansado quanto eu, mas parecia uma rocha, não aparentava nem um pouco de cansaço e não reclamou nenhuma vez de eu estar molhando sua roupa com minhas lágrimas ou de ter que ficar ouvindo minhas lamentações, pelo contrário, parecia que ele me entendia perfeitamente e me passava a força dele, me mantendo inteira e de pé.

          Ao chegar encontramos todos na cozinha tomando café. Minha mãe estava melhor, eu tinha ligado avisando sobre o estado de papai, e todos ficaram confiantes que tudo ia dar certo. Eu e Edward comemos com eles, depois subimos pra dormir um pouco, fomos primeiro ao quarto onde estava Blue pra checá-lo, Alice tinha dito que ele estava bem, mas eu queria vê-lo. Ao entrar no quarto ele abanou o rabo pra mim em reconhecimento e choramingou, me abaixei perto dele e o acariciei, tirei um pouco o curativo que Edward tinha feito no lombo dele pra ver o ferimento, era bem superficial, ele logo estaria correndo pelo Rancho novamente. Edward ficou no quarto pra dormir ali, fazendo companhia a Blue e eu fui pro meu quarto, do jeito que estava deitei não conseguiria nem trocar de roupa. Dormi imediatamente.

          Acordei por volta do meio dia, tinha dormido pouco, mas não sentia mais sono, tomei um banho bem quente pra relaxar o corpo, me arrumei e desci, ainda tinha que ir a delegacia com minha mãe, também queria saber o que realmente tinha acontecido no Rancho. Encontrei minha mãe sentada na sala junto a Carlisle, Esme e Alice.

   - Bom dia a todos. – eles responderam em uníssono, me sentei com eles – Mamãe precisamos ir a delegacia, ele querem que a senhora deponha sobre o que aconteceu aqui ontem, assim eles podem ter melhores condições na investigação.

   - Eu sei filha, Carlisle tinha me dito que eu teria que ir lá hoje, estava só esperando você acordar pra podermos ir, vamos todos.

   - Certo, cadê o Edward? – já fui me levantando pra podermos ir logo.

   - Está lá fora falando com George e Sam, eles apareceram logo depois dos tiros então ele quis ouvir a versão deles.

   - Eles já deram o depoimento deles pro xerife?

   - Sim, foram ontem mesmo a delegacia, estão apenas contando a Edward o que disseram a policia.

   - Certo então vamos, ainda quero ir ao hospital ver se papai teve alguma evolução.

   - Também quero, só vou avisar a Leah que vamos sair.

   - Quem é Leah? – minha mãe nunca teve empregada dentro da casa, então estranhei.

   - É a filha de George, ela veio pra me ajudar hoje com as coisas da casa, ela vai ficar tomando conta de tudo enquanto estivermos fora. – acenei em compreensão e fui saindo em direção a varanda, junto com os outros.

          Lá fora estava Edward e os funcionários mencionados por minha mãe, assim que ele nos viu se despediu deles e veio em nossa direção.

   - Estamos indo a delegacia? – perguntou.

   - Sim, a Renné está vindo. – disse Carlisle.

   - Você está se sentindo melhor princesa? – Edward perguntou me acariciou os cabelos e me deu um selinho, fiquei surpresa com sua atitude na frente da sua família, e acho que ele percebeu, pois logo se explicou.

   - Eles já sabem sobre nós, na verdade sobre tudo. Contei hoje de manhã, pois não dormi muito e sua mãe também está sabendo, disse que era uma ótima noticia em meio a tantos problemas. – disse e sorriu torto pra mim.

   - Estamos todos muito felizes por vocês querida, nada nos agradaria mais que ver você e Edward juntos, não é meu bem? –disse Esme e depois olhou pra Carlisle.

   - Sim minha Flor, fazemos muito gosto por essa união. – Carlisle sorriu pra mim, me mostrando que realmente estava contente do meu recente namoro com Edward.

   - Isso ai cunhadinha. – disse Alice toda sorridente – Nada melhor como sua super-hiper-mega-amiga ser sua cunhada também. – piscou pra mim, revirei os olhos, Edward me abraçou e eu agradeci a todos por terem me aceitado. Minha mãe chegou nesse momento.

   - Bellinha, estou tão feliz por você e Edward, uma noticia maravilhosa em meio a toda essa confusão. Eu sempre soube que vocês acabariam juntos, só precisava que você estivesse aqui. E Graças a Deus você está não sei o que faria sem você meu anjo. – ela me abraçou toda emocionada.

   - Você é mais forte que eu mamãe. – dei um beijo nela e fomos abraçadas em direção ao carro de Edward, eu e mamãe fomos com ele, os outros no carro de Carlisle.

          Durante o caminho Edward nos contou que ficou sabendo pelos funcionários, que foram encontrados rastros que iam em direção a Rancho Água Doce, o que significa que quem esteve no Rancho Toretto fugiu através da fazenda vizinha. Os rastros eram de no mínimo seis pessoas, e a baia onde estava um dos novos bezerros adquiridos pelo meu pai, estava com a fechadura estourada, o que mostra que estavam tentando roubá-lo, ou talvez roubar todos os três novos bezerros que estão lá, pois eles são de uma raça caríssima que papai vai começar a produzir, são duas fêmeas e um macho.

            A delegacia ficava no centro de Tucson, como quase tudo, há alguns quilômetros do hospital. Ao chegarmos fomos recebidos pelo oficial James Stanford, que nos conduziu a sala do xerife, onde minha mãe seria ouvida. O xerife McCarty nos recebeu e cumprimentou a todos, deixou que ficássemos em sua sala que era bastante espaçosa enquanto minha mãe desse seu depoimento.

          Mamãe sentou na cadeia bem em frente à mesa do xerife, eu juntos com os outros nos sentamos nos bancos próximos da porta, ao lado tinha um bebedouro e uma mesa com uma garrafa de café e um pote com biscoitos amanteigados.

   - Senhora Renné Swan, por favor, pode começar contando como tudo começou aquela noite? – disse o xerife McCarty – A senhorita Brenda Walker, nossa escrivã vai digitar tudo e no final a senhora assinará se estiver condizente com o que foi dito.  – notei atrás de sua mesa que havia outra mesa com um computador, onde estava sentada uma moça morena muito bonita, com longos cabelos cacheados e olhos castanhos brilhantes, notei também que após ser mencionada ela sorriu e cumprimentou Edward e sua família.

   - Quem é ela amor? – perguntei a Edward.

   - Lembra da nossa turma de férias que te contei? – acenei com a cabeça em afirmativo – Então ela também fazia parte, e agora é a namorada do Jacob.

   - Ah, é a Brenda do Jake. Ela é muito bonita.

   - Você é muito mais princesa. É linda demais. - meu cowboy disse e me deu um rápido beijo na testa, sorri pra ele, que era sempre tão fofo, não tem como não amar uma pessoa assim.

          Mamãe estava há um tempo em silêncio, acredito eu que tentando organizar as idéias pra poder falar as coisas com mais detalhes ao xerife, por fim começou a contar.

   - Bom, eu e Charlie estávamos dormindo quando escutamos nosso cachorro Blue latir muito, de uma forma que não era normal dele, então resolvemos descer e verificar o que estava acontecendo, fiquei na sala enquanto Charlie foi ao escritório pegar uma espingarda para sair, pois ele não sabia o que podia encontrar lá fora, eu o acompanhei até a varanda e fiquei lá olhando ele indo em direção ao estábulo que fica a cerca de 800 metros da casa, seguindo o som dos latidos de Blue até ele desaparecer. No Rancho temos uma pequena vila, onde moram alguns funcionários, então decidi ligar para Sam, um dos nossos capatazes, e avisei o que estava acontecendo, ele disse que iria até o estábulo para verificar junto com Charlie, já que anda tendo vários roubos nas fazendas vizinhas.

“Depois de falar com Sam, fui novamente pra varanda e quando estava chegando lá escutei disparos então resolvi correr em direção ao estábulo, mas depois voltei e entrei em casa pra ligar pra policia. Depois de ligar informando o que tinha acontecido, corri novamente para o estábulo, ao chegar lá encontrei Charlie caído perto da entrada, e Blue choramingando ao seu lado, pois também estava ferido. Tentei falar com ele, mas ele estava desacordado, comecei a gritar pedindo ajuda, uns minutos depois chegaram Sam, George e Jared, que ficaram desesperados com a cena que presenciaram, pois era muito sangue, eles queriam levar ele pra um hospital, mas eu disse que já tinha chamado a emergência, então um deles tirou a camisa e me disse pra segurar ela em cima do ferimento das costas dele onde saia muito sangue, eu fiz isso, depois eles saíram pra procurar quem tinha feito isso, fiquei sozinha, e passados mais uns minutos ouvi sirenes e recomecei a gritar, logo os paramédicos chegaram e começaram os primeiros socorros no meu marido, me disseram que ele tivera sorte, pois eles estavam por perto voltando de uma outra ocorrência, por isso tinham chego tão rápido.” – mamãe chorava muito lembrando o acontecido, e eu também ainda mais agora sabendo dos detalhes.

   - Senhora Swan, quantos animais tinham no estábulo? Tinha algum objeto de valor? – perguntou o xerife, ele esperou um tempo para que minha mãe se recuperasse e voltasse a falar.

   - Temos um pequeno escritório anexo ao estábulo, lá tem um computador bem velhinho, alguns produtos de limpeza, produtos veterinários, arquivos dos animais, essas coisas. Animais temos doze cavalos, três potrinhos e três bezerros recém comprados, é uma nova raça que Charlie quer produzir.

   - Pelo que me consta dos depoimentos dos funcionários que estavam na cena do crime junto a senhora, a baia onde estava alojado um desses bezerros teve o a tranca estourada, a senhora saberia nos informar o porquê? E se tiver algo mais a acrescentar pode falar. – disse o xerife McCarty.

   - O que eu sei é que esses bezerros são de um tipo raro de gado e caríssimo, se não me engano o nome da raça é Milttrer*, Charlie vai começar a criação deles, e pretendia também fazer exposição numa feira. Acredito que se a baia de um deles estava com a tranca arrombada deve ser porque esses bezerros eram alvo do roubo. Só isso xerife.

   - Certo senhora Swan, muito obrigada pela colaboração, agora é só assinar o depoimento e estará liberada. – Ele tirou uns papéis da impressora, minha mãe leu rapidamente e assinou. Despedimos-nos do xerife, que deixou bem claro que investigaria a fundo o caso do meu pai, pois não se tratava mais só de uma tentativa de roubo e sim tentativa de assassinato. Ele achava que meu pai tinha visto algum dos bandidos, e esperava ansiosamente que ele acordasse assim poderia prestar um depoimento muito esclarecedor.

          Depois de lá fomos ao hospital visitar papai, dessa vez entramos no quarto dele. Ele continuava no coma induzido, mas o prazo de quarenta e oito horas acabaria logo e então saberíamos se ele realmente ficaria bom, o médico disse que no monitoramento as respostas dele estavam satisfatórias.

          Edward nos deixou em casa e foi para a sua, seus familiares também, ele prometeu voltar mais tarde. Em casa estava tudo tranqüilo e Leah tinha feito comida pra nós, comi e depois fui ver como Blue estava. Mamãe tinha ido dormir, ainda estava tomando alguns remédios.

          Eram dezoito horas, decidi tirar um cochilo também, mas antes fui pegar a correspondência que tinha visto na mesinha da sala. Ao verificar as cartas encontrei uma estranha, não tinha remetente e do lado de fora estava escrito apenas Família Swan, abri a carta e ao ler seu conteúdo quase tive uma Síncope, ela dizia:

TIRE A POLICIA DESSE CASO OU SOFRERÃO CONSEQÜÊNCIAS PIORES, ISSO FOI SÓ O COMEÇO.

Continua...

N/A: * Eu inventei, essa raça de gado não existe.